0:00:19.676,0:00:20.920 No filme "Interestelar", 0:00:20.920,0:00:24.597 temos uma visão detalhada[br]de um buraco negro supermassivo. 0:00:24.597,0:00:26.624 Em contraste com um fundo[br]de gás brilhante, 0:00:26.624,0:00:28.740 a força gravitacional[br]massiva do buraco negro 0:00:28.740,0:00:30.319 direciona a luz em um círculo. 0:00:30.319,0:00:32.342 No entanto, essa não é[br]uma fotografia real, 0:00:32.342,0:00:34.308 mas uma versão de computação gráfica, 0:00:34.308,0:00:37.698 uma interpretação do que pode ser[br]a aparência de um buraco negro. 0:00:38.351,0:00:39.517 Cem anos atrás, 0:00:39.517,0:00:43.118 Albert Einstein publicou[br]sua teoria da relatividade geral. 0:00:43.166,0:00:47.305 Desde então, cientistas já apresentaram[br]muitos indícios que a confirmam. 0:00:47.626,0:00:50.614 Mas algo previsto nessa teoria,[br]os buracos negros, 0:00:50.614,0:00:53.084 ainda não foi observado diretamente. 0:00:53.108,0:00:56.078 Embora tenhamos uma ideia sobre[br]a aparência de um buraco negro, 0:00:56.078,0:00:59.117 na verdade, nunca fotografamos um. 0:00:59.141,0:01:01.104 Entretanto, ficarão espantados em saber 0:01:01.104,0:01:05.508 que talvez vejamos a primeira fotografia[br]de um buraco negro nos próximos anos. 0:01:05.532,0:01:09.374 Para isso, será necessária[br]uma equipe internacional de cientistas, 0:01:09.374,0:01:13.811 um telescópio do tamanho da Terra[br]e um algorítimo que monta a imagem final. 0:01:14.621,0:01:17.899 Não poderei mostrar uma fotografia[br]real de um buraco negro hoje, 0:01:17.899,0:01:20.734 mas quero dar a vocês uma breve visão[br]do esforço envolvido 0:01:20.734,0:01:22.421 em conseguir essa primeira foto. 0:01:23.968,0:01:27.564 Meu nome é Katie Bouman[br]e sou doutoranda no MIT. 0:01:28.028,0:01:30.055 Faço pesquisas em um laboratório 0:01:30.055,0:01:33.273 que tenta fazer com que computadores[br]vejam além de imagens e vídeo. 0:01:33.801,0:01:35.557 Apesar de não ser astrônoma, 0:01:35.897,0:01:40.192 hoje quero mostrar como pude contribuir[br]para esse interessante projeto. 0:01:42.223,0:01:45.154 Se olharem além das luzes da cidade hoje, 0:01:45.154,0:01:48.950 poderão ter a sorte de uma vista[br]deslumbrante da Via Láctea. 0:01:49.655,0:01:52.117 E, se olhassem além[br]das milhões de estrelas, 0:01:52.117,0:01:55.872 26 mil anos-luz em direção[br]ao interior do espiral da Via Láctea, 0:01:55.920,0:01:59.171 encontrariam um aglomerado[br]de estrelas bem ao centro. 0:01:59.425,0:02:02.585 Espiando além da poeira galáctica[br]com telescópios de infravermelho, 0:02:02.585,0:02:06.562 astrônomos vêm observando[br]essas estrelas por mais de 16 anos. 0:02:06.562,0:02:09.665 Mas o mais espetacular[br]é o que eles não veem. 0:02:10.199,0:02:13.265 Essas estrelas parecem orbitar[br]em torno de um objeto invisível. 0:02:15.559,0:02:18.944 Monitorando o trajeto dessas estrelas,[br]astrônomos concluíram 0:02:18.944,0:02:22.229 que a única coisa pequena e pesada[br]o suficiente para gerar o movimento 0:02:22.229,0:02:24.345 é um buraco negro supermassivo, 0:02:24.345,0:02:28.523 um objeto tão denso que suga[br]tudo que passa por perto, 0:02:28.523,0:02:30.017 até a luz. 0:02:30.017,0:02:33.078 Mas o que acontece[br]se olharmos mais a fundo? 0:02:33.078,0:02:37.811 É possível enxergar algo que,[br]por definição, é impossível de ser visto? 0:02:39.509,0:02:42.753 Ocorre que, se dermos um close[br]ao comprimento de ondas de rádio, 0:02:42.777,0:02:46.809 esperamos ver um círculo de luz gerado[br]pela lente gravitacional do plasma quente 0:02:46.828,0:02:48.747 movendo-se em torno do buraco negro. 0:02:48.771,0:02:52.801 Ou seja, o buraco negro lança uma sombra[br]nesse cenário de material brilhante, 0:02:52.801,0:02:54.733 criando uma esfera de escuridão. 0:02:55.446,0:02:58.785 Esse círculo brilhante revela[br]o horizonte de eventos do buraco negro, 0:02:58.809,0:03:01.209 no qual a força gravitacional[br]torna-se tão intensa 0:03:01.233,0:03:03.399 que nem a luz consegue escapar. 0:03:04.793,0:03:07.652 As equações de Einstein preveem[br]tamanho e forma do círculo, 0:03:07.676,0:03:10.858 então fotografá-lo não seria apenas legal: 0:03:10.858,0:03:13.470 também ajudaria a verificar[br]se as equações se sustentam 0:03:13.470,0:03:16.106 nas situações extremas[br]ao redor do buraco negro. 0:03:16.480,0:03:19.038 No entanto, esse buraco negro[br]está tão distante de nós 0:03:19.038,0:03:22.136 que, da Terra, esse círculo[br]aparece incrivelmente pequeno: 0:03:22.136,0:03:25.726 do mesmo tamanho de uma laranja[br]na superfície da Lua. 0:03:26.328,0:03:29.152 Isso faz com que seja[br]extremamente difícil fotografá-lo. 0:03:30.215,0:03:31.517 Mas por quê? 0:03:32.082,0:03:35.270 Tudo se resume a uma simples equação. 0:03:35.270,0:03:37.716 Devido a um fenômeno chamado difração, 0:03:37.716,0:03:41.419 há limites fundamentais para os menores[br]objetos que conseguimos ver. 0:03:42.359,0:03:45.885 Essa equação governante diz que,[br]para vermos coisas cada vez menores, 0:03:45.885,0:03:48.642 precisamos construir[br]telescópios cada vez maiores. 0:03:48.642,0:03:51.711 Mas, até com os telescópios ópticos[br]mais potentes aqui na Terra, 0:03:51.711,0:03:54.270 não chegamos nem perto[br]da resolução necessária 0:03:54.270,0:03:56.328 para retratar a superfície da Lua. 0:03:56.424,0:04:00.011 Aliás, mostro aqui uma das imagens[br]com maior resolução já tiradas 0:04:00.011,0:04:01.438 da Lua daqui da Terra. 0:04:01.438,0:04:03.995 Possui aproximadamente 13 mil pixels, 0:04:03.995,0:04:08.045 e, ainda, cada pixel contém[br]1,5 milhões de laranjas. 0:04:08.966,0:04:10.938 Então, quão grande deve ser o telescópio 0:04:10.938,0:04:13.713 para podermos ver uma laranja[br]na superfície da Lua 0:04:13.713,0:04:15.965 e, por extensão, nosso buraco negro? 0:04:15.989,0:04:17.793 Bem, analisando os números, 0:04:17.793,0:04:21.503 calculamos facilmente que precisaríamos[br]de um telescópio do tamanho da Terra. 0:04:21.574,0:04:22.648 (Risos) 0:04:22.648,0:04:24.847 Se conseguíssemos[br]construir esse telescópio, 0:04:24.847,0:04:27.614 poderíamos começar a avistar[br]esse distinto círculo de luz 0:04:27.614,0:04:30.337 que indica o horizonte[br]de eventos do buraco negro. 0:04:30.731,0:04:33.539 Essa fotografia não mostraria[br]todos os detalhes que vemos 0:04:33.539,0:04:35.225 nas versões de computação gráfica, 0:04:35.225,0:04:37.724 mas permitiria que tivéssemos[br]a primeira visão 0:04:37.724,0:04:40.211 do ambiente intermediário[br]ao redor do buraco negro. 0:04:40.767,0:04:42.420 No entanto, como podem imaginar, 0:04:42.420,0:04:46.044 construir um telescópio[br]do tamanho da Terra é impossível. 0:04:46.092,0:04:49.509 Mas, nas palavras de Mick Jagger:[br]"Você nem sempre consegue o que quer, 0:04:49.509,0:04:53.005 mas, se tentar, às vezes, vai perceber[br]que consegue o que precisa". 0:04:53.268,0:04:55.732 Conectando telescópios do mundo todo, 0:04:55.732,0:04:59.310 uma parceria internacional[br]chamada Event Horizon Telescope 0:04:59.310,0:05:02.427 está criando um telescópio[br]computacional do tamanho da Terra 0:05:02.451,0:05:06.258 que soluciona estruturação no nível[br]do horizonte de eventos do buraco negro. 0:05:06.535,0:05:10.372 Essa rede de telescópios deve tirar[br]a primeira foto de um buraco negro 0:05:10.372,0:05:11.861 no ano que vem. 0:05:13.945,0:05:17.283 Todos os telescópios nessa rede[br]mundial trabalham juntos. 0:05:17.283,0:05:19.813 Ligados pelo horário preciso[br]dos relógios atômicos, 0:05:19.813,0:05:22.614 as equipes de pesquisadores[br]em cada local congelam a luz 0:05:22.614,0:05:25.686 coletando milhares de terabytes em dados. 0:05:25.686,0:05:30.723 Esses dados são processados[br]em um laboratório aqui em Massachusetts. 0:05:32.631,0:05:34.425 Então, como funciona isso? 0:05:34.425,0:05:37.566 Lembram-se de que, para vermos[br]o buraco negro no centro na galáxia, 0:05:37.566,0:05:40.858 precisamos construir aquele[br]telescópio do tamanho da Terra? 0:05:40.882,0:05:44.664 Por um momento, vamos imaginar[br]que conseguimos construir esse telescópio. 0:05:44.874,0:05:48.649 Seria como transformar a Terra[br]em uma bola de espelhos gigante. 0:05:49.254,0:05:51.228 Cada espelho receberia luz 0:05:51.228,0:05:54.075 que poderíamos, então, juntar[br]para formar uma imagem. 0:05:54.075,0:05:56.750 Agora, imaginem que removamos[br]a maior parte dos espelhos, 0:05:56.750,0:05:58.756 deixando restar apenas alguns. 0:05:58.780,0:06:03.047 Ainda poderíamos juntar essas informações,[br]mas agora há muitos buracos. 0:06:03.698,0:06:08.071 Os espelhos restantes representam[br]os locais onde temos telescópios. 0:06:08.095,0:06:12.174 É um número incrivelmente pequeno[br]de leituras para formar uma imagem. 0:06:12.198,0:06:16.036 Mas, apesar de só recebermos[br]luz em alguns locais, 0:06:16.060,0:06:19.483 conforme a Terra gira,[br]podemos ver outras leituras. 0:06:19.507,0:06:23.290 Ou seja, conforme a bola de espelhos gira,[br]os espelhos mudam de lugar 0:06:23.290,0:06:26.249 e podemos observar[br]partes diferentes da imagem. 0:06:26.273,0:06:30.291 Os algorítimos de imagem que desenvolvemos[br]preenchem os espaços na bola de espelhos 0:06:30.291,0:06:33.312 para reconstruir a imagem[br]subjacente do buraco negro. 0:06:33.452,0:06:36.032 Se tivéssemos telescópios[br]em todos os lugares do globo, 0:06:36.032,0:06:37.937 ou seja, a bola de discos inteira, 0:06:37.937,0:06:39.381 isso seria trivial. 0:06:39.405,0:06:42.727 No entanto, vemos apenas[br]algumas amostras e, por isso, 0:06:42.751,0:06:45.139 há um número infinito de imagens possíveis 0:06:45.163,0:06:48.127 que são coerentes[br]com as leituras dos telescópios. 0:06:48.751,0:06:51.767 Mas nem todas as imagens[br]são criadas igualmente. 0:06:52.209,0:06:56.667 Algumas parecem mais com nossa ideia[br]de imagem do que outras. 0:06:56.667,0:06:59.719 Meu papel ao ajudar a fotografar[br]o buraco negro pela primeira vez 0:06:59.719,0:07:02.707 é desenvolver algorítimos[br]que encontrem a imagem mais aceitável 0:07:02.707,0:07:05.139 que se encaixe nas leituras do telescópio. 0:07:06.487,0:07:10.429 Assim como desenhistas forenses[br]usam descrições limitadas 0:07:10.453,0:07:13.987 para reconstruir uma fotografia[br]com conhecimento em estruturas faciais, 0:07:13.991,0:07:17.306 os algorítimos que desenvolvo[br]usam dados limitados do telescópio 0:07:17.306,0:07:21.628 para nos levar a uma imagem que também[br]se pareça com as substâncias no universo. 0:07:22.176,0:07:25.827 Usando esses algorítimos,[br]podemos reconstruir imagens 0:07:25.851,0:07:28.031 a partir desses poucos dados ruidosos. 0:07:28.055,0:07:32.584 Aqui está um exemplo de reconstrução[br]feita com dados simulados, 0:07:32.584,0:07:36.507 em que simulamos apontar os telescópios[br]para o buraco negro no centro da galáxia. 0:07:37.174,0:07:39.253 Apesar de ser apenas uma simulação, 0:07:39.253,0:07:41.513 esse tipo de reconstrução nos dá esperança 0:07:41.513,0:07:45.106 de que logo poderemos, de fato,[br]fotografar um buraco negro 0:07:45.130,0:07:47.775 e, a partir disso, determinar[br]sua circunferência. 0:07:50.178,0:07:53.091 Gostaria muito de falar[br]sobre os detalhes desse algorítimo, 0:07:53.091,0:07:55.575 mas, para a sorte de vocês,[br]não temos tempo. 0:07:55.599,0:07:57.600 Ainda assim, quero dar uma breve noção 0:07:57.600,0:07:59.902 sobre como definimos[br]a aparência do universo 0:07:59.902,0:08:03.692 e como usamos isso para reconstruir[br]e verificar nossos resultados. 0:08:05.180,0:08:07.676 Como há um número infinito[br]de imagens possíveis, 0:08:07.676,0:08:10.041 que bem explicam[br]as determinações do telescópio, 0:08:10.041,0:08:12.686 temos que escolher[br]entre elas de alguma forma. 0:08:12.758,0:08:14.596 Fazemos isso classificando as imagens 0:08:14.596,0:08:17.430 com base na probabilidade de serem[br]imagens do buraco negro 0:08:17.430,0:08:19.912 e escolhendo a mais provável. 0:08:19.984,0:08:22.378 O que isso significa? 0:08:22.402,0:08:24.270 Imaginem que tentamos montar um modelo 0:08:24.270,0:08:27.563 que mostra a probabilidade[br]de uma imagem aparecer no Facebook. 0:08:27.611,0:08:29.312 Seria preferível que ele mostrasse 0:08:29.312,0:08:32.557 que é bem improvável que alguém poste[br]essa imagem ruidosa à esquerda, 0:08:32.557,0:08:36.376 e que é bem provável que alguém poste[br]uma "selfie" como a da direita. 0:08:36.638,0:08:38.261 A imagem ao centro está desfocada, 0:08:38.261,0:08:41.790 então, embora seja mais provável vê-la[br]no Facebook do que a imagem ruidosa, 0:08:41.790,0:08:44.900 é menos provável vê-la[br]ao compará-la com a "selfie". 0:08:45.712,0:08:47.986 Mas, quando se trata[br]de imagens do buraco negro, 0:08:47.986,0:08:51.528 deparamo-nos com um enigma:[br]nunca vimos um buraco negro. 0:08:52.012,0:08:54.327 Então, como deve ser[br]a imagem de um buraco negro, 0:08:54.327,0:08:57.265 e o que supor sobre a estrutura[br]dos buracos negros? 0:08:57.789,0:09:00.421 Podemos tentar usar imagens[br]de simulações que fizemos, 0:09:00.445,0:09:02.975 como a imagem do buraco[br]negro de "Interestelar", 0:09:02.975,0:09:05.913 mas, se fizermos isso,[br]podemos causar sérios problemas. 0:09:07.461,0:09:10.841 O que aconteceria se a teoria[br]de Einstein não fosse sustentada? 0:09:10.865,0:09:14.876 Ainda íamos querer reconstruir um cenário[br]preciso do que estava acontecendo. 0:09:14.900,0:09:18.271 Se incorporarmos demais as equações[br]de Einstein em nossos algorítimos, 0:09:18.271,0:09:21.026 vamos acabar vendo o que esperamos ver. 0:09:21.074,0:09:23.044 Queremos deixar as opções em aberto 0:09:23.044,0:09:26.297 para caso haja um elefante gigante[br]no centro da galáxia. 0:09:26.321,0:09:27.471 (Risos) 0:09:27.942,0:09:30.931 Tipos diferentes de imagens[br]têm características bem distintas. 0:09:30.955,0:09:34.177 Podemos diferenciar facilmente[br]imagens de simulação do buraco negro 0:09:34.177,0:09:36.803 das fotos tiradas[br]todos os dias aqui na Terra. 0:09:36.827,0:09:39.931 Precisamos saber dizer[br]aos algorítimos como as imagens são 0:09:39.955,0:09:43.204 sem aplicar somente[br]um tipo de característica. 0:09:43.755,0:09:45.648 Uma forma de contornarmos isso 0:09:45.648,0:09:48.710 é aplicando características[br]de diferentes tipos de imagens 0:09:48.710,0:09:52.840 para ver como o tipo de imagem[br]que adotamos afeta as reconstruções. 0:09:54.542,0:09:57.947 Se todos os tipos de imagem[br]produzem uma imagem similar, 0:09:57.947,0:09:59.918 podemos começar a ficar mais confiantes 0:09:59.918,0:10:04.341 de que as suposições que estamos fazendo[br]não influenciam muito a foto. 0:10:04.365,0:10:07.155 É quase como dar a mesma descrição 0:10:07.155,0:10:10.351 a três desenhistas[br]de diferentes partes do mundo. 0:10:10.399,0:10:13.259 Se todos produzirem um rosto parecido, 0:10:13.259,0:10:14.860 podemos começar a confiar 0:10:14.860,0:10:18.356 que não estão aplicando[br]suas tendências culturais nos desenhos. 0:10:20.040,0:10:23.355 Uma forma de aplicarmos diferentes[br]características de imagem 0:10:23.379,0:10:25.900 é usando partes de imagens existentes. 0:10:26.374,0:10:30.834 Pegamos um grande conjunto de imagens[br]e as repartimos em pequenos pedaços. 0:10:31.300,0:10:35.585 Podemos considerar cada pedaço[br]uma peça de quebra-cabeça. 0:10:35.609,0:10:39.737 E utilizamos peças comumente vistas[br]para montar uma imagem 0:10:39.737,0:10:42.409 que se encaixa nas leituras do telescópio. 0:10:46.600,0:10:50.343 Tipos diferentes de imagens[br]têm conjuntos diferentes de peças. 0:10:51.367,0:10:54.173 Então, o que acontece[br]quando pegamos os mesmos dados 0:10:54.173,0:10:58.303 mas usamos conjuntos diferentes[br]de peças para reconstruir a imagem? 0:10:58.303,0:11:02.243 Vamos começar com as peças[br]da simulação da imagem do buraco negro. 0:11:03.941,0:11:05.554 Bem, parece aceitável. 0:11:05.554,0:11:08.094 É como esperamos que seja um buraco negro. 0:11:08.094,0:11:09.287 Mas será que a obtivemos 0:11:09.287,0:11:12.601 porque utilizamos partes de imagens[br]de simulação do buraco negro? 0:11:12.829,0:11:16.869 Vamos tentar outro conjunto de peças[br]de outros objetos astronômicos. 0:11:18.274,0:11:20.400 Conseguimos uma imagem semelhante. 0:11:20.424,0:11:22.480 E que tal partes de imagens cotidianas, 0:11:22.480,0:11:25.445 como as fotos que tiramos[br]com nossas câmeras? 0:11:26.642,0:11:28.787 Ótimo, vemos a mesma imagem. 0:11:28.787,0:11:32.153 Quando obtemos a mesma imagem[br]de todos os conjuntos de peças, 0:11:32.153,0:11:34.153 podemos começar a ficar mais confiantes 0:11:34.153,0:11:38.749 de que as suposições que fazemos[br]não influenciam muito a imagem final. 0:11:40.046,0:11:43.299 Também podemos pegar[br]o mesmo conjunto de peças, 0:11:43.323,0:11:45.812 como aquelas extraídas[br]de imagens cotidianas, 0:11:45.836,0:11:49.436 e usá-las para reconstruir vários tipos[br]diferentes de imagens originais. 0:11:49.460,0:11:50.731 Então, nas simulações, 0:11:50.755,0:11:54.530 imaginamos que um buraco negro se parece[br]com outros objetos astronômicos, 0:11:54.530,0:11:58.379 bem como imagens cotidianas se parecem[br]com elefantes no centro da galáxia. 0:11:58.379,0:12:01.199 Quando os resultados dos algorítimos[br]abaixo são semelhantes 0:12:01.199,0:12:03.715 à simulação de imagem real acima, 0:12:03.715,0:12:07.061 podemos começar a confiar[br]em nossos algorítimos. 0:12:07.109,0:12:10.816 E quero destacar aqui[br]que todas essas images foram criadas 0:12:10.816,0:12:13.794 juntando pequenas peças[br]de fotografias cotidianas, 0:12:13.918,0:12:16.353 como as que tiramos com nossas câmeras. 0:12:16.377,0:12:19.853 Então, uma imagem[br]de um buraco negro jamais vista 0:12:19.853,0:12:24.331 pode ser criada se juntarmos[br]imagens que vemos o tempo todo. 0:12:24.682,0:12:27.021 Ideias de imagens como essas permitirão 0:12:27.021,0:12:29.748 que tiremos as primeiras[br]fotos de um buraco negro 0:12:30.026,0:12:32.447 e, com sorte, comprovemos[br]as famosas teorias 0:12:32.447,0:12:35.125 com as quais os cientistas[br]contam diariamente. 0:12:35.603,0:12:38.275 Mas é claro que a obtenção[br]de ideias como essas 0:12:38.275,0:12:41.662 nunca teria sido possível sem a incrível[br]equipe de pesquisadores 0:12:41.662,0:12:43.835 com quem tenho o privilégio de trabalhar. 0:12:43.957,0:12:45.122 Ainda me surpreende 0:12:45.122,0:12:48.445 que, embora tenha começado o projeto[br]sem conhecimento em astrofísica, 0:12:48.445,0:12:50.908 o que alcançamos por meio[br]dessa colaboração singular 0:12:50.908,0:12:53.766 poderá resultar nas primeiras[br]imagens de um buraco negro. 0:12:54.410,0:12:57.024 Mas grandes projetos[br]como o Event Horizon Telescope 0:12:57.024,0:12:59.924 obtêm êxito devido a todo[br]o conhecimento interdisciplinar 0:12:59.924,0:13:02.060 que pessoas diferentes trazem. 0:13:02.122,0:13:06.014 Somos uma mistura de astrônomos,[br]físicos, matemáticos e engenheiros. 0:13:06.014,0:13:10.077 Em breve, será possível alcançar algo[br]que já foi considerado impossível. 0:13:10.523,0:13:12.829 Gostaria de encorajá-los a saírem 0:13:12.829,0:13:15.020 e ajudarem a ampliar[br]os limites da ciência, 0:13:15.020,0:13:18.634 mesmo que, no início, pareça[br]tão misterioso quanto um buraco negro. 0:13:18.906,0:13:20.079 Obrigada. 0:13:20.319,0:13:21.654 (Aplausos)