(Sopro) (Sopro) (Sopro) (Sopro) (Canto) (Fim do canto) (Sopro) Eu sou Tashka Yawanawá. Estou aqui com a minha mulher. Venho da comunidade Yawanawá, que está localizada no estado do Acre na Amazónia brasileira. Leva alguns dias para chegar aqui. Fiz esta canção para restabelecermos a ligação com o espírito da floresta tropical. Desde tempos antigos o meu povo vive no território Yawanawá. Vemos essa forma abrangente de como a natureza é. A natureza, para nós, pertence a toda a humanidade. E nós, os Yawanawá, vemos o ambiente, a floresta, como seres vivos. Mas tudo é sempre um desafio. Principalmente agora, acho que a maioria de vocês sabe que a Amazónia está em chamas. Isso afeta-nos a todos. Destruir a Amazónia não afeta só os indígenas, porque todos estamos interligados. Qualquer coisa que eu faça na minha comunidade, se eu queimar tudo, isso vai afetar a chegada da neve aqui no Natal. Se vocês poluírem aqui, isso vai afetar a chegada da chuva no meu país. Costumava dizer que todos nós pertencemos a uma aldeia global. Costumava dizer que a Amazónia pertence à humanidade, e que a humanidade também precisa de a cuidar, assim como os indígenas fazem no mundo. E por essa razão, hoje é o momento para acordar, para nos unirmos. Nós, os Yawanawá, estamos a fazer a nossa parte. Nós cuidamos da Mãe Terra. E agora, vou passar para a minha mulher. Laura Yawanawá: Estamos aqui com os nossos corações em lágrimas. Estou aqui, a sorrir, mas o meu coração está a chorar, porque muitas das nossas florestas estão a ser destruídas. E só quero dar-vos uma mensagem. Esta crise está a deixar duas opções à humanidade. Uma opção é vocês ajudarem a destruir e a exterminar todas as nossas florestas e culturas que as acompanham. Ou então, transformamos esta crise numa oportunidade para dar força aos povos indígenas, para apoiar os povos indígenas e salvar a floresta tropical e as culturas deles. E como podemos fazer isso? Temos os Yawanawá, criámos um plano de vida, que é o nosso plano estratégico que nos indica os passos para proteger o nosso território. Tomamos conta de cerca de 200 000 hectares de floresta tropical. Mas agora ela está ameaçada. Então, esse plano de vida mostra os passos para protegermos a nossa terra, a nossa biodiversidade, a nossa cultura, a nossa educação. Convido-vos a todos, convido todas as empresas, convido todos os governantes, toda a sociedade civil a escutar os povos indígenas, para voltarmos às nossas raízes. Estamos aqui há muitos, muitos... séculos. E temos tentado gritar ao mundo que precisamos de proteger o nosso território, a nossa natureza. Mas vocês nunca nos escutam. Nunca. Acredito que esta crise está a ensinar à humanidade que agora precisa de nos escutar e apoiar diretamente os povos indígenas, apoiar diretamente as iniciativas deles. Então, essa é a mensagem que gostaria de vos deixar. Os indígenas têm a resposta, e se querem salvar a Amazónia, temos de agir agora. (Sopro) (Aplausos)