[Script Info] Title: [Events] Format: Layer, Start, End, Style, Name, MarginL, MarginR, MarginV, Effect, Text Dialogue: 0,0:00:22.57,0:00:25.14,Default,,0000,0000,0000,,Albert Einstein adorava dizer Dialogue: 0,0:00:25.22,0:00:28.47,Default,,0000,0000,0000,,que quando um problema\Nparece não ter solução Dialogue: 0,0:00:28.56,0:00:32.25,Default,,0000,0000,0000,,é porque estamos enfrentando-o\Ncom as premissas equivocadas. Dialogue: 0,0:00:32.60,0:00:36.10,Default,,0000,0000,0000,,Atualmente, há um enorme\Nproblema na ciência, Dialogue: 0,0:00:36.34,0:00:40.35,Default,,0000,0000,0000,,tanto que é denominado\Nde "Problema Difícil" por excelência. Dialogue: 0,0:00:40.96,0:00:45.58,Default,,0000,0000,0000,,Esse problema não se refere\Nà origem do Universo, Dialogue: 0,0:00:46.21,0:00:48.57,Default,,0000,0000,0000,,mas a nós mesmos. Dialogue: 0,0:00:49.10,0:00:50.41,Default,,0000,0000,0000,,O que somos? Dialogue: 0,0:00:50.47,0:00:51.76,Default,,0000,0000,0000,,Onde estamos? Dialogue: 0,0:00:51.85,0:00:55.29,Default,,0000,0000,0000,,Onde nos encontramos no mundo físico? Dialogue: 0,0:00:57.55,0:01:01.43,Default,,0000,0000,0000,,Nos últimos 100 anos, as neurociências Dialogue: 0,0:01:01.55,0:01:03.94,Default,,0000,0000,0000,,têm se concentrado sobretudo Dialogue: 0,0:01:04.42,0:01:07.53,Default,,0000,0000,0000,,no corpo, no cérebro. Dialogue: 0,0:01:07.84,0:01:13.55,Default,,0000,0000,0000,,Têm pesquisado o que somos\Ndentro do nosso sistema nervoso. Dialogue: 0,0:01:14.14,0:01:17.74,Default,,0000,0000,0000,,Entretanto, 150 anos\Nde pesquisas neurocientíficas Dialogue: 0,0:01:17.80,0:01:22.72,Default,,0000,0000,0000,,até o momento não encontraram nada\Nque se assemelhe à experiência Dialogue: 0,0:01:22.80,0:01:25.86,Default,,0000,0000,0000,,que acontece dentro do sistema nervoso. Dialogue: 0,0:01:26.47,0:01:31.41,Default,,0000,0000,0000,,Nem as técnicas de diagnósticos\Nde imagem cerebral disponíveis hoje Dialogue: 0,0:01:31.50,0:01:35.50,Default,,0000,0000,0000,,jamais encontraram dentro do nosso cérebro Dialogue: 0,0:01:35.91,0:01:39.69,Default,,0000,0000,0000,,algo similar à nossa experiência. Dialogue: 0,0:01:40.70,0:01:45.32,Default,,0000,0000,0000,,Então, como dizia Einstein,\Ntalvez devamos colocar em discussão Dialogue: 0,0:01:45.39,0:01:47.82,Default,,0000,0000,0000,,as premissas sobre as quais temos baseado Dialogue: 0,0:01:47.82,0:01:52.08,Default,,0000,0000,0000,,tantos anos de pesquisa científica\Nsobre a consciência. Dialogue: 0,0:01:52.40,0:01:56.26,Default,,0000,0000,0000,,Talvez a consciência,\Na nossa experiência fenomênica, Dialogue: 0,0:01:56.56,0:02:00.68,Default,,0000,0000,0000,,as cores que vemos,\Nos sabores que provamos, Dialogue: 0,0:02:00.79,0:02:03.88,Default,,0000,0000,0000,,não se encontra dentro do cérebro. Dialogue: 0,0:02:04.70,0:02:07.21,Default,,0000,0000,0000,,Mas onde ela pode estar? Dialogue: 0,0:02:07.71,0:02:13.51,Default,,0000,0000,0000,,Peço que vocês peguem a maçã\Nque encontraram sobre a cadeira Dialogue: 0,0:02:14.29,0:02:16.47,Default,,0000,0000,0000,,e que olhem para ela, Dialogue: 0,0:02:16.92,0:02:18.24,Default,,0000,0000,0000,,que a toquem. Dialogue: 0,0:02:18.29,0:02:23.86,Default,,0000,0000,0000,,Neste momento, vocês\Nestão percebendo este objeto. Dialogue: 0,0:02:24.37,0:02:29.04,Default,,0000,0000,0000,,Na verdade, esta coisa tão simples\Né um mistério para a ciência, Dialogue: 0,0:02:29.54,0:02:33.33,Default,,0000,0000,0000,,porque o que vivenciamos \Nem nossa experiência Dialogue: 0,0:02:33.54,0:02:36.71,Default,,0000,0000,0000,,nenhum neurocientista conseguiu encontrar Dialogue: 0,0:02:36.80,0:02:40.83,Default,,0000,0000,0000,,dentro deste órgão\Nmaravilhoso que é o cérebro. Dialogue: 0,0:02:41.96,0:02:45.73,Default,,0000,0000,0000,,Hoje, as neurociências não têm\Nresposta para esta pergunta: Dialogue: 0,0:02:45.90,0:02:49.100,Default,,0000,0000,0000,,"Como o cérebro pode criar,\Nem seu interior, Dialogue: 0,0:02:49.100,0:02:53.67,Default,,0000,0000,0000,,a nossa percepção da maçã?" Dialogue: 0,0:02:54.23,0:02:59.62,Default,,0000,0000,0000,,E agora proponho que considerem\Numa hipótese radical, Dialogue: 0,0:03:00.51,0:03:03.21,Default,,0000,0000,0000,,que pode parecer bizarra inicialmente, Dialogue: 0,0:03:03.57,0:03:06.93,Default,,0000,0000,0000,,mas que talvez não seja\Ntão estranha assim. Dialogue: 0,0:03:07.25,0:03:11.08,Default,,0000,0000,0000,,Neste momento,\Nvocês estão tocando a maçã. Dialogue: 0,0:03:11.45,0:03:13.05,Default,,0000,0000,0000,,Vocês a veem. Dialogue: 0,0:03:13.26,0:03:14.42,Default,,0000,0000,0000,,E se eu pedisse: Dialogue: 0,0:03:14.42,0:03:18.22,Default,,0000,0000,0000,,"Descrevam o que descobriram\Nna experiência com a maçã". Dialogue: 0,0:03:18.46,0:03:19.74,Default,,0000,0000,0000,,Vocês me diriam: Dialogue: 0,0:03:19.74,0:03:23.69,Default,,0000,0000,0000,,"Percebo que é vermelha, Dialogue: 0,0:03:23.77,0:03:26.31,Default,,0000,0000,0000,,brilhante, redonda. Dialogue: 0,0:03:26.84,0:03:29.00,Default,,0000,0000,0000,,Essa é a estrutura da maçã". Dialogue: 0,0:03:29.70,0:03:32.50,Default,,0000,0000,0000,,Não há nada parecido dentro do cérebro. Dialogue: 0,0:03:33.41,0:03:37.43,Default,,0000,0000,0000,,Então, eis a hipótese que analisamos hoje: Dialogue: 0,0:03:37.62,0:03:42.37,Default,,0000,0000,0000,,e se o resultado da percepção da maçã Dialogue: 0,0:03:42.37,0:03:44.18,Default,,0000,0000,0000,,fosse a própria maçã? Dialogue: 0,0:03:45.13,0:03:49.03,Default,,0000,0000,0000,,E se estivéssemos, literalmente,\Nfora do nosso corpo, Dialogue: 0,0:03:49.74,0:03:54.29,Default,,0000,0000,0000,,e este objeto que seguramos agora Dialogue: 0,0:03:54.51,0:04:00.79,Default,,0000,0000,0000,,fosse a base física,\Nidêntica a nós mesmos?" Dialogue: 0,0:04:02.07,0:04:03.50,Default,,0000,0000,0000,,Se pensarem nisso, Dialogue: 0,0:04:03.50,0:04:07.34,Default,,0000,0000,0000,,essa hipótese simplifica bastante Dialogue: 0,0:04:07.34,0:04:11.05,Default,,0000,0000,0000,,a pergunta sobre onde estamos\Ne o que somos. Dialogue: 0,0:04:11.14,0:04:14.03,Default,,0000,0000,0000,,Somos um mundo, um objeto. Dialogue: 0,0:04:14.39,0:04:17.41,Default,,0000,0000,0000,,Não estamos atrás dos olhos,\Nentre as orelhas, Dialogue: 0,0:04:17.48,0:04:19.98,Default,,0000,0000,0000,,mas diante do nosso corpo. Dialogue: 0,0:04:20.60,0:04:24.54,Default,,0000,0000,0000,,Na verdade, essa ideia Dialogue: 0,0:04:24.80,0:04:28.36,Default,,0000,0000,0000,,entra em contradição\Ncom duas alegações fundamentais, Dialogue: 0,0:04:28.66,0:04:30.78,Default,,0000,0000,0000,,que são o motivo\Npelo qual as neurociências Dialogue: 0,0:04:30.78,0:04:35.39,Default,,0000,0000,0000,,têm pesquisado a nossa experiência\Ndentro do sistema nervoso. Dialogue: 0,0:04:35.73,0:04:37.86,Default,,0000,0000,0000,,Vamos abordá-las juntos. Dialogue: 0,0:04:38.10,0:04:44.62,Default,,0000,0000,0000,,O primeiro problema do qual partiremos\Né a chamada "variabilidade subjetiva", Dialogue: 0,0:04:44.84,0:04:48.84,Default,,0000,0000,0000,,ou seja, esta maçã pode parecer\Ndiferente para cada um de nós. Dialogue: 0,0:04:49.69,0:04:52.76,Default,,0000,0000,0000,,Para mim, ela tem um vermelho vibrante, Dialogue: 0,0:04:52.76,0:04:56.87,Default,,0000,0000,0000,,mas, para um daltônico,\Né um vermelho bem menos intenso. Dialogue: 0,0:04:56.87,0:04:58.78,Default,,0000,0000,0000,,Pode parecer fria Dialogue: 0,0:04:58.78,0:05:01.26,Default,,0000,0000,0000,,se minhas mãos estiveram\Nem contato com algo quente. Dialogue: 0,0:05:01.26,0:05:05.00,Default,,0000,0000,0000,,Pode parecer quente se minhas mãos\Ntocaram um recipiente frio. Dialogue: 0,0:05:05.10,0:05:08.43,Default,,0000,0000,0000,,Para explicar essa variabilidade, Dialogue: 0,0:05:08.43,0:05:12.16,Default,,0000,0000,0000,,no passado presumimos\Nque existia uma maçã Dialogue: 0,0:05:12.20,0:05:16.62,Default,,0000,0000,0000,,e que todos nós tínhamos\Nexperiências subjetivas, Dialogue: 0,0:05:17.36,0:05:20.38,Default,,0000,0000,0000,,as quais, portanto, permaneciam na mente. Dialogue: 0,0:05:20.50,0:05:22.42,Default,,0000,0000,0000,,Mas não é necessariamente verdade. Dialogue: 0,0:05:22.42,0:05:26.17,Default,,0000,0000,0000,,O mundo, a maçã,\Ne não a nossa percepção dela, Dialogue: 0,0:05:26.17,0:05:27.92,Default,,0000,0000,0000,,mas a própria maçã, Dialogue: 0,0:05:28.00,0:05:30.96,Default,,0000,0000,0000,,é muito mais rica do que acreditamos. Dialogue: 0,0:05:31.06,0:05:34.40,Default,,0000,0000,0000,,Vamos examinar uma propriedade\Nsimples da maçã: Dialogue: 0,0:05:34.40,0:05:35.100,Default,,0000,0000,0000,,a velocidade. Dialogue: 0,0:05:36.16,0:05:39.96,Default,,0000,0000,0000,,Neste momento, esta maçã\Nestá parada ou em movimento? Dialogue: 0,0:05:40.23,0:05:43.08,Default,,0000,0000,0000,,Está parada em relação ao palco, Dialogue: 0,0:05:43.20,0:05:46.79,Default,,0000,0000,0000,,mas está se movendo\Nem relação aos outros objetos, Dialogue: 0,0:05:46.79,0:05:49.02,Default,,0000,0000,0000,,como um avião ou um carro, Dialogue: 0,0:05:49.02,0:05:52.73,Default,,0000,0000,0000,,que estão em movimento\Nem relação a este auditório. Dialogue: 0,0:05:53.05,0:05:55.52,Default,,0000,0000,0000,,Embora possa parecer estranho, Dialogue: 0,0:05:55.52,0:05:57.96,Default,,0000,0000,0000,,e sabemos disso desde a época de Galileu, Dialogue: 0,0:05:57.96,0:06:01.26,Default,,0000,0000,0000,,esta maçã está parada e em movimento. Dialogue: 0,0:06:01.26,0:06:02.98,Default,,0000,0000,0000,,Pelo contrário, esta maçã, Dialogue: 0,0:06:02.98,0:06:04.78,Default,,0000,0000,0000,,por mais estranho que pareça, Dialogue: 0,0:06:04.78,0:06:08.24,Default,,0000,0000,0000,,está se movendo em todas as direções, Dialogue: 0,0:06:08.36,0:06:11.89,Default,,0000,0000,0000,,porque existem inúmeros objetos\Nque estão se movendo, Dialogue: 0,0:06:11.89,0:06:15.09,Default,,0000,0000,0000,,como as moléculas do ar,\Nos planetas, os aviões e os carros. Dialogue: 0,0:06:15.09,0:06:18.04,Default,,0000,0000,0000,,Assim, esta maçã possui\Ninúmeras velocidades Dialogue: 0,0:06:18.04,0:06:21.81,Default,,0000,0000,0000,,mesmo que possamos\Nidentificar apenas uma. Dialogue: 0,0:06:22.22,0:06:25.66,Default,,0000,0000,0000,,Mas esse mesmo raciocínio serve\Ntambém para outra propriedade. Dialogue: 0,0:06:25.73,0:06:27.46,Default,,0000,0000,0000,,Vamos analisar a cor. Dialogue: 0,0:06:27.46,0:06:31.73,Default,,0000,0000,0000,,Observem esse quadrado\Natrás de mim, no telão. Dialogue: 0,0:06:33.42,0:06:38.41,Default,,0000,0000,0000,,Parece mais ou menos branco,\Ncomo fica a tela do computador. Dialogue: 0,0:06:38.47,0:06:40.32,Default,,0000,0000,0000,,Mas, à medida que nos aproximamos, Dialogue: 0,0:06:40.32,0:06:44.74,Default,,0000,0000,0000,,veremos que, na verdade, é uma grade\Nde pontinhos vermelhos, verdes e azuis, Dialogue: 0,0:06:44.74,0:06:47.44,Default,,0000,0000,0000,,o chamado "mosaico de filtro Bayer". Dialogue: 0,0:06:47.50,0:06:50.62,Default,,0000,0000,0000,,É uma grade branca\Nou tem pontos coloridos? Dialogue: 0,0:06:50.62,0:06:52.73,Default,,0000,0000,0000,,A resposta é que é branca Dialogue: 0,0:06:52.73,0:06:57.66,Default,,0000,0000,0000,,em relação a um corpo humano\Na mais de um metro de distância. Dialogue: 0,0:06:57.66,0:07:01.72,Default,,0000,0000,0000,,E é colorida quanto a um corpo humano\Na poucos centímetros de distância Dialogue: 0,0:07:01.72,0:07:04.41,Default,,0000,0000,0000,,ou para um corpo diferente, Dialogue: 0,0:07:04.41,0:07:09.79,Default,,0000,0000,0000,,talvez os olhos de uma águia,\Ncuja resolução é muito maior. Dialogue: 0,0:07:10.60,0:07:15.27,Default,,0000,0000,0000,,Vamos analisar um objeto\Num pouco mais complexo: Dialogue: 0,0:07:15.79,0:07:17.55,Default,,0000,0000,0000,,o pôr do sol. Dialogue: 0,0:07:17.80,0:07:19.45,Default,,0000,0000,0000,,Sou da Ligúria. Dialogue: 0,0:07:19.45,0:07:23.68,Default,,0000,0000,0000,,No telão, vocês podem ver\No pôr do sol na praia da Lavagna. Dialogue: 0,0:07:23.68,0:07:28.56,Default,,0000,0000,0000,,O pôr do sol é algo visto\Nde modo diferente Dialogue: 0,0:07:28.56,0:07:32.49,Default,,0000,0000,0000,,por cada corpo que se move pela praia. Dialogue: 0,0:07:32.74,0:07:36.99,Default,,0000,0000,0000,,De fato, duas pessoas,\Nem dois lugares diferentes, Dialogue: 0,0:07:36.99,0:07:40.40,Default,,0000,0000,0000,,fotografarão dois pores do sol diferentes. Dialogue: 0,0:07:41.15,0:07:45.38,Default,,0000,0000,0000,,E o pôr do sol se desloca\Nà medida que nos deslocamos. Dialogue: 0,0:07:45.38,0:07:49.46,Default,,0000,0000,0000,,Ele existe relativamente ao nosso corpo. Dialogue: 0,0:07:49.65,0:07:54.97,Default,,0000,0000,0000,,É possível ampliar o mesmo raciocínio\Npara todas as propriedades da maçã Dialogue: 0,0:07:55.79,0:08:01.23,Default,,0000,0000,0000,,e mostrar que ela não\Nexiste absolutamente, Dialogue: 0,0:08:01.23,0:08:04.04,Default,,0000,0000,0000,,mas relativamente. Dialogue: 0,0:08:04.74,0:08:07.29,Default,,0000,0000,0000,,Então, a ideia ingênua\Nda qual tínhamos partido, Dialogue: 0,0:08:07.54,0:08:11.90,Default,,0000,0000,0000,,de que, em relação às várias\Npercepções da maçã, Dialogue: 0,0:08:11.90,0:08:15.06,Default,,0000,0000,0000,,apenas uma delas é a verdadeira, Dialogue: 0,0:08:15.06,0:08:18.81,Default,,0000,0000,0000,,não se justifica cientificamente. Dialogue: 0,0:08:20.37,0:08:22.96,Default,,0000,0000,0000,,Não é verdade que existe uma maçã Dialogue: 0,0:08:22.96,0:08:25.96,Default,,0000,0000,0000,,e que todas as outras\Nsão percepções individuais. Dialogue: 0,0:08:26.14,0:08:31.03,Default,,0000,0000,0000,,A maçã existe proporcionalmente \Nàs nossas percepções, Dialogue: 0,0:08:31.03,0:08:34.23,Default,,0000,0000,0000,,assim como tem tantas velocidades Dialogue: 0,0:08:34.23,0:08:38.23,Default,,0000,0000,0000,,em relação aos objetos\Nem movimento neste auditório. Dialogue: 0,0:08:38.39,0:08:42.32,Default,,0000,0000,0000,,As cores existem conforme\Nos sistemas que interagem com ela. Dialogue: 0,0:08:42.46,0:08:45.20,Default,,0000,0000,0000,,Podemos resumir assim: Dialogue: 0,0:08:45.50,0:08:50.21,Default,,0000,0000,0000,,não vemos uma maçã\Nde 100 maneiras diferentes Dialogue: 0,0:08:50.21,0:08:52.17,Default,,0000,0000,0000,,se existirem 100 pessoas aqui. Dialogue: 0,0:08:52.17,0:08:56.66,Default,,0000,0000,0000,,Mas vemos 100 maçãs diferentes, Dialogue: 0,0:08:57.22,0:09:02.56,Default,,0000,0000,0000,,porque cada uma destas maçãs existe\Nrelativamente a cada corpo aqui. Dialogue: 0,0:09:03.72,0:09:09.66,Default,,0000,0000,0000,,E isto resolveria o problema\Nda variabilidade subjetiva. Dialogue: 0,0:09:10.25,0:09:12.65,Default,,0000,0000,0000,,A subjetividade não é mais variável, Dialogue: 0,0:09:12.65,0:09:15.98,Default,,0000,0000,0000,,mas o mundo o é. Dialogue: 0,0:09:16.13,0:09:20.04,Default,,0000,0000,0000,,Mas devemos enfrentar\Noutro problema muito sério Dialogue: 0,0:09:20.04,0:09:22.66,Default,,0000,0000,0000,,quanto à hipótese que apresentei a vocês. Dialogue: 0,0:09:23.43,0:09:27.30,Default,,0000,0000,0000,,Quando percebemos a maçã\Nmas ela não está presente, Dialogue: 0,0:09:27.44,0:09:30.67,Default,,0000,0000,0000,,como no sonho ou na alucinação, Dialogue: 0,0:09:30.91,0:09:33.58,Default,,0000,0000,0000,,não será essa a prova de que o que vemos Dialogue: 0,0:09:33.82,0:09:38.06,Default,,0000,0000,0000,,não existe no mundo físico\Ne é uma criação do cérebro? Dialogue: 0,0:09:38.06,0:09:43.16,Default,,0000,0000,0000,,Na verdade, se estivermos atentos\Naos sonhos e às alucinações, Dialogue: 0,0:09:43.16,0:09:46.22,Default,,0000,0000,0000,,descobriremos que são quimeras. Dialogue: 0,0:09:46.60,0:09:51.21,Default,,0000,0000,0000,,Como sabem, a quimera\Né uma criatura fantástica, Dialogue: 0,0:09:51.37,0:09:55.26,Default,,0000,0000,0000,,formada por três animais. Dialogue: 0,0:09:56.18,0:10:02.12,Default,,0000,0000,0000,,De maneira análoga, os sonhos são\Numa composição da nossa vida passada, Dialogue: 0,0:10:02.37,0:10:06.66,Default,,0000,0000,0000,,porém não contêm nenhum\Nelemento totalmente novo. Dialogue: 0,0:10:06.80,0:10:10.24,Default,,0000,0000,0000,,Vocês já sonharam com uma cor\Nque nunca viram? Dialogue: 0,0:10:10.40,0:10:12.88,Default,,0000,0000,0000,,Já sonharam\Ncom um componente elementar, Dialogue: 0,0:10:12.88,0:10:17.41,Default,,0000,0000,0000,,uma dimensão geométrica\Nque vai além da nossa? Dialogue: 0,0:10:17.41,0:10:18.42,Default,,0000,0000,0000,,Não. Dialogue: 0,0:10:18.42,0:10:21.84,Default,,0000,0000,0000,,Nossos sonhos não criam, mas reorganizam. Dialogue: 0,0:10:21.84,0:10:25.09,Default,,0000,0000,0000,,Mas vocês poderão perguntar:\N"Tudo bem que os sonhos reorganizam. Dialogue: 0,0:10:25.09,0:10:29.26,Default,,0000,0000,0000,,Mas, quando durmo, a maçã não existe,\Nmesmo que eu sonhe com ela". Dialogue: 0,0:10:30.73,0:10:35.96,Default,,0000,0000,0000,,Então, como Einstein sugeriu,\Ndevemos dar um passo atrás Dialogue: 0,0:10:36.08,0:10:38.37,Default,,0000,0000,0000,,e considerar também o tempo, Dialogue: 0,0:10:39.13,0:10:41.88,Default,,0000,0000,0000,,ou seja, a nossa ideia\Ningênua de presente. Dialogue: 0,0:10:42.57,0:10:46.36,Default,,0000,0000,0000,,A maçã, aqui e agora, é o nosso presente? Dialogue: 0,0:10:46.53,0:10:48.37,Default,,0000,0000,0000,,De maneira relativa, Dialogue: 0,0:10:48.57,0:10:54.78,Default,,0000,0000,0000,,porque a maçã está entre 15 e 300\Nmilissegundos antes da atividade cerebral, Dialogue: 0,0:10:54.93,0:10:58.17,Default,,0000,0000,0000,,pois a luz leva tempo\Npara atingir a retina, Dialogue: 0,0:10:58.17,0:11:00.41,Default,,0000,0000,0000,,bem como os fotorreceptores, Dialogue: 0,0:11:00.41,0:11:02.18,Default,,0000,0000,0000,,e assim por diante. Dialogue: 0,0:11:02.79,0:11:04.52,Default,,0000,0000,0000,,E o que dizer da Lua, Dialogue: 0,0:11:05.19,0:11:08.82,Default,,0000,0000,0000,,que se encontra a 1,3 segundo Dialogue: 0,0:11:09.30,0:11:11.50,Default,,0000,0000,0000,,e seria como uma maçã,\Num pouco mais distante? Dialogue: 0,0:11:11.75,0:11:13.41,Default,,0000,0000,0000,,O que dizer do Sol? Dialogue: 0,0:11:14.21,0:11:16.20,Default,,0000,0000,0000,,E das constelações? Dialogue: 0,0:11:16.50,0:11:18.54,Default,,0000,0000,0000,,Sim, sei que sempre nos disseram Dialogue: 0,0:11:18.54,0:11:22.17,Default,,0000,0000,0000,,que talvez as constelações\Nnão existam mais quando as vemos, Dialogue: 0,0:11:22.17,0:11:26.44,Default,,0000,0000,0000,,porque a luz leva anos para chegar aqui\Ne a estrela talvez já tenha explodido. Dialogue: 0,0:11:26.44,0:11:29.91,Default,,0000,0000,0000,,Os astrônomos são sempre exagerados! Dialogue: 0,0:11:31.24,0:11:35.99,Default,,0000,0000,0000,,Mas, na verdade, talvez a maçã\Nnão exista mais quando a vemos Dialogue: 0,0:11:35.99,0:11:38.75,Default,,0000,0000,0000,,se alguém a comesse nos 300 milissegundos Dialogue: 0,0:11:38.75,0:11:43.24,Default,,0000,0000,0000,,que os processos físicos levam\Npara chegar ao nosso cérebro. Dialogue: 0,0:11:43.82,0:11:45.70,Default,,0000,0000,0000,,Todos esses exemplos nos mostram Dialogue: 0,0:11:45.70,0:11:50.77,Default,,0000,0000,0000,,como o nosso presente\Nse prolonga no tempo. Dialogue: 0,0:11:50.77,0:11:53.34,Default,,0000,0000,0000,,O nosso presente não é um ponto, Dialogue: 0,0:11:53.46,0:11:56.25,Default,,0000,0000,0000,,é algo que se distribui Dialogue: 0,0:11:57.71,0:11:59.61,Default,,0000,0000,0000,,em uma extensão temporal. Dialogue: 0,0:11:59.61,0:12:03.57,Default,,0000,0000,0000,,E isso não apenas se dá\Nna memória ou no sonho, Dialogue: 0,0:12:03.57,0:12:05.49,Default,,0000,0000,0000,,mas também na percepção. Dialogue: 0,0:12:05.49,0:12:10.08,Default,,0000,0000,0000,,Basta sair, sentar-se na grama,\Nolhar para o sol, as estrelas, Dialogue: 0,0:12:10.10,0:12:15.85,Default,,0000,0000,0000,,e o nosso presente se prolonga\Npor minutos, horas, décadas. Dialogue: 0,0:12:16.38,0:12:17.88,Default,,0000,0000,0000,,Então, qual é a hipótese? Dialogue: 0,0:12:17.88,0:12:19.74,Default,,0000,0000,0000,,Durante o sonho, Dialogue: 0,0:12:19.74,0:12:22.86,Default,,0000,0000,0000,,nós nos isolamos do presente Dialogue: 0,0:12:22.86,0:12:28.25,Default,,0000,0000,0000,,e começamos a perceber,\Nem variadas combinações, Dialogue: 0,0:12:28.78,0:12:31.84,Default,,0000,0000,0000,,o nosso passado, a nossa vida, Dialogue: 0,0:12:31.98,0:12:34.92,Default,,0000,0000,0000,,que se apresenta a nós de modo fantasioso, Dialogue: 0,0:12:34.92,0:12:37.76,Default,,0000,0000,0000,,mas sem acrescentar nada totalmente novo. Dialogue: 0,0:12:37.76,0:12:43.14,Default,,0000,0000,0000,,Segundo esse ponto de vista, os sonhos\Nseriam uma percepção do passado. Dialogue: 0,0:12:44.50,0:12:46.11,Default,,0000,0000,0000,,Concluindo, Dialogue: 0,0:12:46.30,0:12:48.90,Default,,0000,0000,0000,,nesse sistema de coordenadas espaço-tempo Dialogue: 0,0:12:49.81,0:12:53.19,Default,,0000,0000,0000,,que é a casa da ciência, Dialogue: 0,0:12:53.61,0:12:55.65,Default,,0000,0000,0000,,temos dois objetos: Dialogue: 0,0:12:56.29,0:12:58.73,Default,,0000,0000,0000,,o exterior, a maçã; Dialogue: 0,0:12:59.79,0:13:02.56,Default,,0000,0000,0000,,e o corpo, o cérebro. Dialogue: 0,0:13:03.60,0:13:07.27,Default,,0000,0000,0000,,Qual desses dois objetos é o que somos? Dialogue: 0,0:13:08.26,0:13:11.50,Default,,0000,0000,0000,,Até o momento, as neurociências\Nestudaram, embora sem sucesso, Dialogue: 0,0:13:11.51,0:13:14.50,Default,,0000,0000,0000,,a nossa experiência dentro do cérebro. Dialogue: 0,0:13:15.24,0:13:18.07,Default,,0000,0000,0000,,E se fosse o objeto exterior? Dialogue: 0,0:13:18.17,0:13:20.38,Default,,0000,0000,0000,,E se fosse a maçã? Dialogue: 0,0:13:21.10,0:13:25.99,Default,,0000,0000,0000,,Essa hipótese nos permite superar\Nos limites do antropocentrismo, Dialogue: 0,0:13:26.61,0:13:29.07,Default,,0000,0000,0000,,que se refletem na ideia Dialogue: 0,0:13:29.07,0:13:33.07,Default,,0000,0000,0000,,de que o centro da nossa\Nexistência é o corpo. Dialogue: 0,0:13:33.66,0:13:36.24,Default,,0000,0000,0000,,É ainda uma forma de antropocentrismo. Dialogue: 0,0:13:37.27,0:13:39.78,Default,,0000,0000,0000,,É a ideia de que o homem, Dialogue: 0,0:13:39.99,0:13:43.07,Default,,0000,0000,0000,,representado idealmente\Npor Leonardo da Vinci, Dialogue: 0,0:13:43.07,0:13:46.79,Default,,0000,0000,0000,,o "Homem Vitruviano",\Nestá no centro do Universo. Dialogue: 0,0:13:47.42,0:13:52.26,Default,,0000,0000,0000,,Ao contrário, talvez não\Nsejamos o nosso corpo, Dialogue: 0,0:13:52.58,0:13:55.54,Default,,0000,0000,0000,,mas o mundo exterior. Dialogue: 0,0:13:55.72,0:13:58.67,Default,,0000,0000,0000,,Talvez o homem não esteja\Nno centro do Universo, Dialogue: 0,0:13:58.78,0:14:02.58,Default,,0000,0000,0000,,como Darwin e Copérnico demonstraram Dialogue: 0,0:14:03.43,0:14:06.05,Default,,0000,0000,0000,,em dois momentos importantes. Dialogue: 0,0:14:06.52,0:14:10.11,Default,,0000,0000,0000,,Talvez a realidade esteja\Nno centro dela mesma, Dialogue: 0,0:14:10.41,0:14:14.32,Default,,0000,0000,0000,,que existe relativamente ao nosso corpo, Dialogue: 0,0:14:14.51,0:14:17.60,Default,,0000,0000,0000,,que faz com que ela exista\Nde tantas maneiras diferentes, Dialogue: 0,0:14:17.60,0:14:22.20,Default,,0000,0000,0000,,não porque sejam especiais,\Nmas porque fazem parte da realidade. Dialogue: 0,0:14:22.40,0:14:25.26,Default,,0000,0000,0000,,Portanto, a mensagem\Nque quero transmitir as vocês hoje Dialogue: 0,0:14:25.26,0:14:28.39,Default,,0000,0000,0000,,é que talvez não sejamos neurônios, Dialogue: 0,0:14:28.67,0:14:31.87,Default,,0000,0000,0000,,informações dentro do cérebro. Dialogue: 0,0:14:31.92,0:14:33.66,Default,,0000,0000,0000,,Mas somos o mundo. Dialogue: 0,0:14:33.66,0:14:35.81,Default,,0000,0000,0000,,Somos as nuvens, o céu. Dialogue: 0,0:14:35.98,0:14:37.98,Default,,0000,0000,0000,,Somos a realidade. Dialogue: 0,0:14:38.88,0:14:40.32,Default,,0000,0000,0000,,Obrigado. Dialogue: 0,0:14:40.32,0:14:42.54,Default,,0000,0000,0000,,(Aplausos)