Oi pessoal. Aqui é a Bárbara.
Estou em Vêneto, no norte da Itália,
e hoje faz uma semana que estou em
quarentena em casa.
Eu recebi muitas perguntas desde então,
por isso decidi responder a elas
A primeira pergunta foi:
"Você pode sair de casa?"
A resposta é sim e não.
Nós podemos sair.
As regras não são rigorosas demais,
mas as exceções não são tão claras.
Nós podemos sair para ir na farmácia ou
no mercado, por exemplo.
Podemos sair para qualquer coisa que
seja considerada realmente necessária.
Sair para se exercitar, por exemplo
correr ou até caminhar,
que é comum os idosos fazerem aqui,
não é proibido, mas, por exemplo, um amigo
me disse que em Nápoles havia um senhor
fazendo e um policial abordou ele, aí ele
respondeu que estava apenas caminhando,
e a polícia mandou ele voltar para casa.
Então, a polícia pode te obrigar a voltar
para casa.
Muitas pessoas estão perguntando
se não vai faltar comida. Não, tem comida
o bastante. O básico do comércio ainda
funciona. Há vans que entregam as compras
dos mercados, e eles estão entregando
as coisas nas casas usando
máscara e luvas.
O lixeiro ainda está passando.
O básico ainda está sendo feito.
Vai ter comida suficiente, vocês não
precisam se preocupar com isso.
Vi muitas pessoas perguntando
quando isso tudo vai acabar.
Não sabemos quando ainda, e essa
é a questão.
Não só na Itália, mas também
na Europa, no mundo todo,
ninguém sabe quando isso
vai acabar.
Os números continuam crescendo,
estão bem altos. Todos os dias
há centenas de pessoas com os sintomas
sendo testadas.
E nós não sabemos quando isso
vai acabar. Ainda é difícil dizer.
Há uma pergunta relacionada a essa última:
por que há tantos casos na Itália?
Principalmente por três razões.
Uma delas foi o turismo.
A Itália recebe muitos turistas.
As pessoas adoram vir aqui, até porque
é um dos lugares mais bonitos
e incríveis do planeta...
Muitas pessoas gostam daqui, então, claro,
muitas acabam visitando o país.
Assim o vírus se espalhou aqui,
então essas pessoas começaram
a voltar
para seus países, mas alguns acabaram
Outra razão é o fato de que
há muitos idosos no país.
A expectativa de vida é de uns
oitenta, oitenta e cinco anos.
É por volta dessa idade que as pessoas
costumam falecer aqui.
É uma idade bem alta, por isso há
tantos idosos no país.
E são justamente eles os que
mais precisam ser cuidados porque
são mais vulneráveis, então a situação
é especialmente perigosa para eles.
E, para mim, a última razão é o fato
de que os italianos mantêm
um espaço muito pequeno
uns dos outros.
Por exemplo, nos países nórdicos
(Suécia, Noruega, etc.) as pessoas estão
mantendo um grande espaço
entre si. Elas ficam pelo menos um metro
de distância umas das
outras para conversar.
Para os italianos, essa distância é de
uns 20 centímetros.
É uma distância muito curta, e isso
torna mais fácil
a transmissão do vírus, por isso eu acho
que o distanciamento é a terceira razão.
"Como é viver em quarentena?"
Eu diria que
continua a mesma coisa.
Eu faço as mesmas coisas
de sempre.
Como eu sou artista,
estou lendo muito,
pintando e trabalhando, também,
editando vídeos...
Minha rotina continua a mesma.
Mas tem uma coisa:
eu não estou saindo de casa.
Não estamos podendo sair,
e por enquanto tudo bem, mas
Por sorte eu tenho meu namorado
e o pai dele aqui, então
não estou sozinha. Mas acho que,
cedo ou tarde, eu vou sentir faltar de
de me encontrar com outras pessoas.
Por enquanto, eu estou bem.
Eu falo com muitas pessoas,
meus amigos pelo Skype,
e fazemos chamadas de vídeo também.
É bom que possamos manter contato assim,
tenho pensado até em tomar um vinho
enquanto converso com eles
no Skype, então acho que dá, sim, para
continuar dessa forma,
ainda que seja um pouco estranho
ficar de pijama o dia todo. Mas, no final
das contas, minha rotina não mudou muito.
Sílvia perguntou:
"Você chegou a estocar comida, remédios?",
"Os mercados estão abertos?",
"Li que em alguns lugares as pessoas não
podem sair de casa. É verdade?"
Temos bastante comida no momento.
Fizemos compras ontem, mas não estamos
indo todo dia. Estamos tentando ir
semana sim, semana não ao mercado
comprar o que estiver faltando.
Quanto aos remédios, temos alguns em casa.
Febre, dor de cabeça, dor de barriga...
Temos remédios para essas coisas comuns.
Mas os mercados estão abertos, sim.
Yamato Damashii perguntou:
"Não é melhor voltar para a Hungria?
Itália está em uma situação delicada
de novo e não passar tão cedo."
Eu não quero voltar para a Hungria.
Quando isso tudo começou,
quando não havia infectados na Hungria,
ou pelos menos não havia casos reportados,
eu decidi não ir porque
eu não queria ser a pessoa
responsável por levar o vírus para lá.
Havia esse nacionalismo em mim
me dizendo que eu deveria proteger
a minha terra natal, então eu decidi
não voltar para a Hungria porque,
caso eu tivesse o vírus,
eu não queria levá-lo para lá, não
queria ser essa pessoa.