[aplausos]
Olá, me chamo Franky.
Como vocês já sabem, também
trabalho com o Movimento Zeitgeist.
E gostaria de saudar
todos aqui,
todos que vieram de
longe. Muito obrigado.
Gostaria de aproveitar esta oportunidade
para agradecer especialmente
os times do Movimento Zeitgeist.
Time linguístico,
de Web, de Tecnologia,
de Ativismo e também o time de Projetos
que coordenou este projeto.
O capítulo Alemão todo
fez um grande trabalho
estabelecendo este evento
dentro de apenas um mês.
Eu gostaria pessoalmente
de agradecer a todos.
Que bom ver vocês aqui.
Acho que Peter Joseph
não precisa de introdução.
Acredito que todo mundo
aqui sabe quem ele é.
Para ser curto e preciso, obrigado
e entrego agora o microfone ao Peter.
[Aplausos]
Você pode desligar esse microfone
já que eu não vou usá-lo.
Ah, é este outro... Oi !
Como está todo mundo?
Eu realmente agradeço a
todos vocês por estarem aqui.
Quero agradecer Franky
e o time de Berlim
por agirem tão rápido,
foi realmente fenomenal.
Já realizei muitos eventos ao longo
dos anos, não é uma tarefa fácil.
E sempre me lembro, quando eu viajo,
que o Movimento Zeitgeist é um verdadeiro
fenômeno global, nessa etapa, não?
Não importa qual lugar do planeta
qualquer um de nós está,
não é preciso ir muito longe para encontrar
amigos que partilham valores semelhantes
nesta busca por um mundo melhor.
O título desta palestra é
"Cálculo Econômico em uma economia de
Lei Natural Baseada em Recursos".
Durante os últimos cinco anos ou mais
o Movimento Zeitgeist produziu
um extenso material educacional
no que diz respeito ao que advogamos.
E a curva de aprendizagem
tem sido bastante intensa.
Tem havido uma tendência a generalizar
com relação a como as coisas
de fato funcionam tecnicamente.
Este é o conteúdo desta apresentação.
Na parte um e dois eu vou refinar
as falhas inerentes ao
modelo de mercado atual
a respeito de porque
nós precisamos mudar
apresentando juntamente
as vastas possibilidades
que atualmente temos para
resolver grandes problemas,
melhorar a eficiência e
gerar uma forma de abundância
que possa atender a todas
as necessidades humanas.
O termo comum que ganhou
popularidade nos últimos dois anos
é chamado de pós-escassez,
mesmo que essa palavra seja
um pouco imprecisa semanticamente,
como eu vou explicar.
E na terceira parte vou mostrar
como essa nova sociedade
funciona de modo geral na sua
estrutura e cálculo básico.
Eu acho que a maioria das pessoas
no planeta sabem que há
algo muito errado com a atual
tradição socioeconômica.
Só não sabem como
pensar sobre a solução,
ou, mais precisamente,
como chegar a tais soluções.
E até que isso seja abordado,
não vamos chegar muito longe.
Na mesma nota, dentro de poucos meses,
um texto bastante substancial
vai ser posto em circulação,
disponível gratuitamente
e também em forma impressa
ou disponível para download
a preço de custo, é uma
obra sem fins lucrativos.
Esperamos que seja concluída
até o primeiro mês do próximo ano.
E será a expressão definitiva,
de forma condensada,
sobre o Movimento, algo que
há muito está atrasado.
É chamado de "O Movimento Zeitgeist:
Uma nova forma de pensar" (PT-BR)
e vai servir tanto como
uma orientação, quanto
um guia de referência.
E terá, provavelmente, mais de
mil notas de rodapé e fontes.
Uma vez terminado, uma série de
vídeos educativos será criada,
dividida em cerca de 20 partes
para produzir o material,
juntamente com um guia de
referência para ajudar as pessoas
que querem aprender
a falar sobre essas ideias
porque precisamos de mais pessoas
a nível internacional para sermos capazes
de nos comunicar, como eu tento fazer.
É algo muito importante, e
acho que o futuro do movimento
jaz, em parte, em nossa
capacidade de criar
uma eficiente máquina
educacional internacional
com linguagem consistente
juntamente com projetos de design
reais e suas inter funcionalidades.
Parte 1: Por que estamos aqui?
É este tipo de mudança
em grande escala,
que o movimento defende,
realmente necessária?
Não podemos apenas trabalhar
para corrigir e melhorar o
atual modelo econômico,
mantendo o quadro geral de dinheiro,
comércio, lucro, poder, propriedade
e assim por diante?
A resposta curta é um definitivo "não",
como eu vou explicar.
Se houver qualquer interesse
real para resolver a crescente
crise na saúde pública
e ambiental atualmente,
este sistema precisa acabar.
O capitalismo de mercado, não importa
como você queira regulamentá-lo
ou não regulamentá-lo,
depende com quem você fala,
contém severas falhas estruturais
que irão sempre, de uma
forma ou de outra,
perpetuar o abuso ambiental
e a desestabilização,
desrespeito humano e
cáustica desigualdade social.
Dito de outra forma,
desequilíbrios ambientais e sociais
e uma falta de base de sustentabilidade
ambiental e cultural
é inerente à economia de mercado,
e sempre foi.
A diferença entre o capitalismo de hoje
e, digamos, do século 16
é que a nossa capacidade tecnológica
de acelerar rapidamente
e ampliar este processo de mercado
trouxe à tona consequências que
simplesmente não podiam ser entendidas
ou mesmo percebidas durante
aqueles tempos mais primitivos.
Em outras palavras, os princípios
básicos da economia de mercado
sempre foram intrinsecamente falhos.
Levou todo esse tempo
para a gravidade dessas falhas
surtirem efeito.
Deixe-me explicar um pouco.
De um ponto de vista ambiental,
a percepção do mercado simplesmente
não consegue enxergar a Terra
como nada além de um inventário
para fins de exploração.
Por quê? Porque toda a existência
de uma economia de mercado
tem a ver com manter o dinheiro
em circulação a uma taxa
que possa manter as pessoas
empregadas tanto quanto possível.
Em outras palavras, a economia mundial
é alimentada pelo consumo constante.
Se os níveis de consumo cairem,
a demanda de trabalho cai também,
e assim também o poder de
compra da população em geral
e, portanto, o mesmo acontece
com a demanda por bens
já que o dinheiro não
está lá para comprá-los.
Este consumo cíclico é a força vital
da nossa existência econômica.
A própria ideia de ser conservador
ou verdadeiramente eficiente
com os recursos finitos da
Terra de alguma forma
é estruturalmente contraproducente
para essa necessária
força motriz de consumo.
Se você não acredita nisso,
pergunte a si mesmo por que
praticamente todos os sistemas de suporte
à vida no planeta estão em declínio.
Nós temos a perda crescente
da camada superficial do solo,
perda da água doce, desestabilização
atmosférica e climática,
uma perda de plâncton produtor
de oxigênio no oceano
que é fundamental para a
ecologia marinha e atmosférica,
o esgotamento contínuo
da população de peixes,
a redução das florestas tropicais, etc.
Em outras palavras, uma perda global
generalizada da biodiversidade
está ocorrendo e de forma crescente.
Para aqueles não familiarizados com
a importância crucial da biodiversidade,
bilhões de anos de evolução
criaram uma vasta biosfera
interdependente de seus
sistemas a nível planetário.
E a violação de um sistema tem sempre
um efeito sobre muitos outros.
Isso, claro, não é uma nova observação.
Em 2002, 192 países, em
associação com as Nações Unidas
se reuniram em torno de algo chamado
"Convenção sobre Diversidade Biológica".
Eles assumiram um compromisso público de
reduzir significativamente esta perda até 2010.
E o que mudou oito anos mais tarde?
Nada.
Em sua publicação oficial
em 2010, eles afirmam:
"Nenhuma das 21 sub-metas que
acompanhavam o objetivo global
de reduzir significativamente a taxa
de perda de biodiversidade até 2010
pode se afirmar definitivamente ter
sido alcançada globalmente."
"Ações para promover a biodiversidade recebem
uma minúscula fração do financiamento
em comparação com infraestrutura
e desenvolvimento industrial. "
(Hmm) Eu me pergunto por quê?
"Além disso, considerações
sobre biodiversidade
são frequentemente ignoradas
quando tais desenvolvimentos
são projetados..."
"A maioria dos cenários futuros preveem
a continuidade de elevados níveis de extinções
e perda de habitats ao longo deste século."
Em um estudo publicado em 2011
que foi, em parte,
uma resposta a uma chamada geral
para isolar e proteger certas regiões
para garantir alguma segurança
desta biodiversidade,
constatou-se que, mesmo com milhões de
quilômetros quadrados de terra e oceano
atualmente sob proteção legal,
houve pouco efeito
em diminuir a tendência de declínio.
Eles também fizeram a seguinte
conclusão altamente preocupante,
combinando esta tendência com o estado
do nosso consumo de recursos:
"O uso excessivo de recursos da Terra é possível
porque os recursos podem ser
colhidos mais rapidamente
do que podem ser substituídos.
A excedência de recursos acumulada
a partir de meados da década de 1980 a 2002
resultou em uma 'dívida ecológica'
que exigiria 2,5 planetas Terra para pagar.
Se a tendência atual se mantiver, as
nossas exigências sobre o planeta Terra
poderiam alcançar a produtividade
de 27 planetas em 2050. "
E não há falta de outros
estudos que confirmam,
de uma forma ou de outra, que estamos
realmente excedendo em muito
a capacidade anual de produção da Terra,
juntamente com a poluição
e destruição colateral
causados por padrões
de consumo e industriais.
Mais uma vez, esse tipo de pesquisa
foi publicada por muitas décadas.
Por que é que, mesmo com
todos esses dados coletados,
parece que não conseguimos frear
o esgotamento do suporte à vida
e nossa excessiva tendência de consumo?
Será que é porque há
muitas pessoas no planeta?
Será que é porque nós somos
apenas absolutamente incompetentes
e não temos nenhum controle
consciente sobre nossas ações?
Não.
O problema é que temos
uma tradição econômica
global ainda em vigor
enraizada no pensamento pré-industrial
do século 16 orientados à manufatura
que coloca o ato de consumir,
comprar e vender como o condutor central
de todos os desdobramentos sociais.
A melhor analogia que posso
pensar é a de considerar
o pedal do acelerador em um carro:
Quanto maior o consumo de combustível,
mais rápido ele vai.
E comprar coisas em nosso
mundo é o combustível.
Se você diminuir o consumo,
o crescimento econômico diminui,
pessoas perdem empregos,
poder de compra cai,
as coisas desestabilizam
e assim por diante.
Então, eu espero
que esteja claro
que o sistema simplesmente
não recompensa ou mesmo apoia
sustentabilidade ambiental,
na forma de conservação.
Na verdade, ele não recompensa
a sustentabilidade em nenhuma forma
de eficiência física e planetária,
como explicarei com mais
detalhes em um momento.
Ao invés disso, recompensa o fornecimento
de serviços, de negócios e o desperdício.
E quanto mais problemas
e ineficiências temos,
para não mencionar o
quanto mais inseguros,
materialistas e necessitados nos tornamos,
melhor para a indústria.
O que é melhor para o PIB,
o que é melhor para o emprego,
independentemente do fato de
que nós podemos literalmente
estar matando a nós mesmos no processo.
Meu amigo John McMurtry, um filósofo
canadense, refere-se a este estado
como:
"A fase cancerígena do capitalismo",
um sistema que agora está destruindo
seu hospedeiro, nós e a Terra,
quase sem saber, porque muito
poucos hoje realmente entendem
quão insustentáveis os princípios
condutores do mercado realmente são.
A segunda consequência estruturalmente
inerente que quero mencionar
é o fato de que, empiricamente,
o capitalismo de mercado
é socialmente desestabilizador.
Ele cria desigualdade
desnecessária e desumana,
e consequentemente conflitos
humanos desnecessários.
Na verdade, eu diria que o estado
mais natural do capitalismo
é o conflito e desequilíbrio.
Eu classificaria duas formas
de conflito no mundo:
nacional e de classe.
Eu não vou gastar muito tempo
sobre as causas da guerra nacional,
pois devem ser bastante óbvias para
a maioria de nós neste momento.
Nações soberanas que em parte
são instituições protecionistas
às mais poderosas forças de negócios,
muitas vezes se engajaram
no ato mais primal de concorrência:
assassinato sistemático em massa.
A fim de preservar a integridade econômica
de suas economias nacionais
e selecionar interesses empresariais,
que compõem invariavelmente
o corpo político
de qualquer país.
Todas as guerras da história,
embora muitas vezes
convenientemente mascaradas
por desculpas variadas,
têm sido predominantemente sobre
a terra, os recursos naturais,
ou estratégia geoeconômica
em um nível ou outro.
A instituição estatal
sempre foi impulsionada
por interesses comerciais e de propriedade,
existentes tanto como um regulador
das operações econômicas
internas básicas do dia-a-dia,
na forma da legislação e como uma
ferramenta para a consolidação de poder
e vantagem competitiva das
indústrias mais dominantes
da economia nacional ou mesmo, na
verdade, mais importante ainda, global.
Há muitas pessoas no mundo que ainda
olham para essa causalidade em sentido inverso.
Em alguns pontos de vista econômicos,
o governo estatal é considerado
o problema central,
em oposição ao interesse próprio
e à vantagem competitiva
de ethos inerente
ao capitalismo de mercado.
Como o argumento "Se o poder estatal
fosse removido ou reduzido drasticamente,
o mercado e a sociedade seriam livres
da maioria dos seus efeitos negativos. "
O problema com este argumento
é que ele se esquece
que o capitalismo
é apenas uma variação
de um sistema baseado na escassez,
especialização e troca de propriedade.
Um sistema que, na verdade,
remonta a milênios, de uma forma ou de outra.
Assentamentos, na antiguidade,
precisavam se proteger, uma vez que
a aquisição de recursos e de terras
se expandia ao longo do tempo.
Exércitos foram criados para proteger
recursos de forças invasoras e afins.
Ao mesmo tempo, pessoas engajavam-se
em empregar a agricultura e artesanato,
o que revelou "trabalho" e "valor de troca"
em uma forma muito primitiva.
Daí o valor da propriedade,
em meio a essa escassez,
exigiu regulamentação e leis;
não só para proteger a propriedade,
mas para proteger o comércio
e também evitar golpes e
fraudes em transações.
Esta é a semente do estado!
O mercado é um jogo e
pessoas podem trapacear.
Você precisa de regulamentação.
Este é o problema básico.
O mercado também permite,
e aqui está a moral da história,
que a regulação possa ser
comprada por dinheiro.
Portanto, não há uma integridade garantida.
O Estado e o mercado tanto lutam entre si
como complementam um ao outro.
Sempre existirá poderes reguladores centralizados
em uma economia de mercado.
O Estado e o mercado são inseparáveis;
caminham lado a lado.
Agora, como um aparte, algumas pessoas
costumam desafiar essa realidade
com argumentos morais ou éticos,
que, lamento dizer, são inteiramente
subjetivos culturalmente.
Em um mundo onde tudo está à venda,
onde o reforço à recompensa,
a condição operante,
está diretamente ligada à busca
de ganhos e vantagens pessoais,
quem pode dizer onde as linhas
devem ser traçadas?
É por isso que os princípios morais,
sem reforço estrutural
são inúteis.
No final, a questão não é o que é
moralmente certo ou moralmente errado.
A questão é o que funciona
e o que não funciona.
Às vezes é preciso uma
grande quantidade de tempo
para a verdade de tais
padrões se materializar.
Por exemplo, a maioria
das pessoas veem, com razão,
a abjeta escravidão
histórica do ser humano
como uma condição
moralmente errada.
Mas vamos aprofundar as características,
pensar mais profundamente.
Eu acho que é muito mais produtivo
reconhecer que a escravidão não funcionou
no sentido de que foi
culturalmente insustentável.
Fanatismo em todas as formas
não só é horrendo,
é culturalmente insustentável
porque gera conflito.
Eu não estou ciente de qualquer
sociedade escravista
que não sofreu grandes
rebeliões de escravos.
É instável e, portanto, insustentável.
O capitalismo de mercado
está no mesmo caminho.
Há mais escravos no mundo hoje,
operando dentro dos limites
da economia de mercado
do em qualquer momento
na história humana.
E não duvido de que, se conseguirmos
passar por este período árduo
sem destruir a nós mesmos
através de guerra,
revoltas ou colapso ecológico,
as pessoas no futuro vão
olhar para trás e enxergar
o nosso mundo atual com
a mesma repugnância
à violação dos direitos humanos
pelo sistema econômico,
como nós, hoje, enxergamos o período
da abjeta escravidão humana no passado.
Luta de classes.
Isso nos direciona bem
para o tema da luta de classes
e desigualdade socioeconômica.
A longa história do chamado clamor "socialista"
tem sido em grande parte sobre
este desequilíbrio constante e
desumano em um nível ou outro.
Grande parte do tempo foi gasta
por muitos críticos do capitalismo,
descrevendo como ele é, realmente,
um sistema de exploração,
o qual inerentemente separa a sociedade
em camadas econômicas estratificadas
e garante a dominância da classe baixa
pela classe alta estruturalmente.
É estruturalmente parte do sistema.
Se você é uma daquelas pessoas
que não concordam com esta realidade,
pergunte-se por que há greves trabalhistas
uma após a outra durante os últimos 300 anos,
por que sindicatos
trabalhistas sequer existem,
e por que CEOs tendem a ganhar centenas de vezes
mais dinheiro do que o trabalhador comum,
ou por que 46% da riqueza do mundo é, agora,
propriedade de 1% da população,
que são quase exclusivamente algo
que poderíamos chamar de
a classe proprietária capitalista.
Desigualdade e separação de classe
é um resultado matemático direto
da orientação inerentemente
competitiva do mercado
que divide indivíduos em pequenos grupos,
enquanto estes trabalham
para competir uns contra os outros
pela sobrevivência e segurança.
É totalmente orientada ao individualismo;
impulsionada por um sistema de incentivos
baseado em autopreservação individual,
assumindo a necessidade de reforçar
constantemente a própria segurança financeira
uma vez que o ambiente de mercado
não dá nenhuma certeza
de bem-estar por si próprio.
Medo e ganância.
Os ricos ficam mais ricos,
porque o modelo favorece-os,
e os pobres, basicamente, ficam na mesma,
porque este sistema funciona
contra eles, em comparação.
É estruturalmente classificada.
Aqueles com mais dinheiro têm mais opções
e influência do que aqueles com menos.
Você é tão livre quanto
seu poder de compra
permitir que você seja.
O sistema de crédito
é um exemplo perfeito.
O dinheiro é tratado como
nada mais do que um produto
no sistema de crédito / bancário.
Dinheiro é vendido pelos bancos
através de empréstimos, por lucro,
que vem sob a forma de juros.
Se você perder os pagamentos
ou violar seu contrato,
frequentemente, a taxa de juros é elevada
porque você é agora considerado
um consumidor de maior risco.
Se você não conseguir atender
aos juros ou pagamentos futuros,
você se torna inadimplente,
por causa do empréstimo.
Seu castigo é a ruína
de sua avaliação de crédito
ou reputação nos
círculos financeiros.
Quando isso acontece, a sua flexibilidade
financeira é ainda mais sufocada,
pois seu acesso econômico
se torna mais limitado.
As pessoas veem isso como
apenas "a forma como as coisas são",
mas eles não percebem
como isso é insidioso.
Isso força as classes mais baixas
a ficar sempre embaixo
por motivos e forças de coerção
que são incorporados na estrutura
que estão além de seu controle.
Eu poderia dar muitos outros exemplos.
Tudo neste sistema
funciona contra você,
se você não for afluente
na sociedade,
e, adivinhem, estas políticas
financeiras foram criadas
por uma lógica de mercado
orientada pelo interesse pessoal,
e não por algum político
ou algum governo.
E eu não vou nem discorrer sobre
o fato de que os juros cobrados
para a venda de dinheiro, hoje, não existe
no próprio suprimento de dinheiro,
o que cria uma espécie de sistema
à base de coerção social
forçando a inevitabilidade de
inadimplência ao longo do tempo.
Juntamente com atos
de desespero econômico,
como a venda de imóvel
que você preferiria não vender,
apenas para atender
às suas necessidades básicas,
ou assumir cargos de trabalho
que você não gostaria.
O mercado gera desespero
como o seu método de coerção.
Isso nos leva a outra confusão
muito comum sobre "livre mercado",
que frequentemente vejo na
popular comunidade "Laissez-faire".
Eles falam sobre o livre comércio como
o comércio que é inteiramente voluntário
como se tal coisa pudesse existir
em um sentido empírico.
Todas as decisões de comércio
vem de influências e pressões.
Apenas, talvez, o super-ricos
que literalmente não precisam
se preocupar com a sobrevivência
básica devido à sua riqueza,
pode-se dizer, se envolvem no ato
de livre comércio voluntário.
Para o resto dos 99% da população mundial,
ou trocamos ou não sobrevivemos.
Essa pressão é empiricamente coercitiva.
E não, isso não tem que ser assim,
que é o ponto de todo
este novo modelo social.
Assim, com tudo isso de lado,
e com esta compreensão
de que a desigualdade de riqueza
é inerente ao próprio capitalismo
- Você não pode eliminá-la -
A principal questão que
quero abordar aqui tem a ver
com o que a separação de classes
e a desigualdade social nos faz
no contexto da saúde pública.
Não é apenas uma simples questão
de alguns terem mais que outros,
e outros sofrendo a mera
inconveniência material
ou a pressão para se envolver em trabalhos
ou trocas que prefeririam não fazer.
Vai muito além disso.
A desigualdade socioeconômica é um veneno,
uma forma de poluição desestabilizadora
que afeta a saúde psicológica
e fisiológica de maneira profunda,
ao mesmo tempo, muitas vezes acumulando
raiva em relação a outros grupos,
e, por conseguinte, uma
geração de instabilidade social.
O melhor termo que eu conheço que
incorpora esta questão é "violência estrutural".
Se eu colocar uma arma
na cabeça de alguém,
digamos um homem de 30 anos,
puxar o gatilho e matá-lo
- assumindo uma expectativa
média de vida de 84 anos -
você pode argumentar que,
de certa forma, 54 anos de vida
foram roubados dessa pessoa
em um ato direto de violência.
No entanto, se uma
pessoa nasce pobre
no meio de uma sociedade abundante
onde é estatisticamente comprovado
que não prejudicaria ninguém
sanar as necessidades
básicas desta pessoa,
e ainda assim ela morre aos 30 anos,
devido a uma doença cardíaca
a qual hoje é relacionada estatisticamente
àqueles que sofrem o estresse e os efeitos
do baixo status socioeconômico,
é a morte dessa pessoa
- a remoção desses 54 anos -
um ato de violência?
A resposta é "sim, é".
Nosso sistema legal
nos condicionou a pensar
que a violência é um ato
comportamental direto.
A verdade é que a
violência é um processo,
não um ato, e pode
assumir muitas formas.
Você não pode separar qualquer resultado
do sistema a partir do qual ele é orientado.
E isso é praticamente ausente
na forma como as pessoas pensam
sobre causa e efeito em um
sistema socioeconômico.
Os efeitos do capitalismo de mercado
não podem ser reduzidos
ou, devo dizer, não podem
ser deduzidos logicamente
a partir de um exame
local ou reducionista.
É como se as coisas funcionassem
como um relógio:
O mercado é um sistema sinérgico,
a economia é um sistema sinérgico,
e o comportamento do conjunto, ou seja,
as consequências sociais de larga escala
tais como a perpetuação de
desigualdade ou violência,
só podem ser avaliadas em
relação a esse conjunto.
É por isso que tem havido
uma grande dicotomia
entre o que os teóricos
de mercado acham que
supostamente deveria
acontecer em seu mundo
e o que está realmente acontecendo.
Por exemplo,
não há dúvida de que a pobreza
e a desigualdade social
está, e sempre esteve, causando um vasto
espectro de problemas de saúde pública,
tanto no contexto de privação absoluta,
o que significa não ter
o dinheiro para simplesmente sanar as
necessidades básicas, como alimentação,
e no contexto de privação relativa,
que é um fenômeno psicológico
relacionado ao estresse,
o estresse psicossocial
de simplesmente viver
em uma sociedade
altamente estratificada.
Um dos maiores preditores na
redução de saúde pública
é identificado hoje
como desigualdade social.
Se você comparar nações desenvolvidas
pelo nível de desigualdade de riqueza
vai constatar que nações mais igualitárias
têm índices muito melhores de saúde
do que as nações menos igualitárias.
Isso inclui a saúde física, saúde mental,
abuso de drogas, níveis de ensino,
prisão, obesidade,
mobilidade social, a confiança ou o
"capital social",
a vida comunitária, a violência,
gravidez na adolescência,
e bem-estar infantil, em média.
Estes resultados são
significativamente piores
nos países ricos com maior desigualdade.
No entanto, se você tentou reduzir
e analisar, em uma única pessoa,
qualquer um desses fatores
de saúde pública citados,
você nunca teria certeza se essa
pessoa é realmente uma vítima
do estresse psicológico
ou da própria condição da
violência relativa ou absoluta.
A causalidade só pode ser entendida
em larga escala, probabilisticamente,
o que representa a importância
da análise estatística.
O mercado só pode ser
percebido como um todo
para podermos mensurar a
verdade de seus efeitos.
É por isso que o nosso sistema
jurídico é tão básico e primitivo.
Dito isto, gostaria de detalhar outros
exemplos de violência estrutural,
uma vez que, obviamente,
manifesta-se de muitas outras formas.
Quando vemos que 1,5 milhões de crianças
morrem a cada ano por doenças diarreicas,
um problema totalmente evitável,
o qual não é resolvido
devido a uma limitação financeira em todo o mundo,
vemos, na verdade, o assassinato
de 1,5 [milhões] de crianças
por um sistema que é tão ineficiente em seu processo,
que não consegue tornar disponíveis
os recursos necessários
em determinadas regiões,
mesmo que eles já estejam lá.
Dependência de drogas,
que se tornou uma praga
da sociedade moderna em todo o mundo,
não apenas trazendo mortes,
mas também um espectro de sofrimento,
comprovou-se ter raízes no estresse.
Tem a ver com a falta de apoio
que cria uma reação
em cadeia psicológica
que leva a preencher seus sentimentos
de dor com auto-medicação.
Você raramente vai encontrar um estudo
sobre os padrões de dependência
que não vê uma correlação direta
com as condições de vida
instáveis e estresse.
E qual seria a característica
psicológica dominante da pobreza?
Sentimentos de insegurança e submissão.
Até mesmo a grande maioria
dos comportamentos violentos
surgem de condições
prévias que foram ligadas
a privações e abusos
induzidos pela pobreza.
O ex-chefe de estudos sobre Violência
de Harvard, Dr. James Gilligan,
foi um psiquiatra penitenciário
por várias décadas,
analisando as razões para atos
extremos de assassinato e afins.
Em praticamente todos os casos, altos
níveis de privação, negligência e abuso
ocorreram na vida dos criminosos.
E adivinha o quê?
A pobreza é o melhor preditor
de abuso infantil e negligência.
Em um estudo realizado nos EUA,
as crianças que viviam em famílias
com uma renda anual
inferior a 15 mil dólares
têm risco 22 vezes maior de serem
abusadas ou negligenciadas
do que crianças que vivem em famílias
com renda anual de 30 mil dólares ou mais.
Aristóteles disse:
"A pobreza é a mãe da revolução e do crime."
Gandhi disse:
"A pobreza é a pior forma de violência."
E o interessante nisso tudo
é que todos nós somos
possíveis vítimas de seus efeitos,
pois cada vez que você
ouvir falar de um roubo,
ato de violência, assassinato, ou similar,
é provável que as origens
desse comportamento
vieram de uma forma de privação evitável.
Digo "evitável" porque hoje
não há absolutamente
nenhuma razão técnica para
qualquer ser humano viver em situação
de pobreza e privação de recursos.
Resolver a desigualdade social
não é apenas uma boa ação,
é um verdadeiro imperativo
de saúde pública.
Assim como ter certeza que
a nossa água não está poluída,
para que não fiquemos doentes.
E cada um de nós não tem ideia de quando
poderemos ser submetido a, digamos,
violência produzida por essa privação.
É uma forma de efeito colateral.
Assim como o que alguns teóricos
sociais pensam sobre as razões
do terrorismo moderno oriundo
de países que sofrem abuso.
Um país como os Estados Unidos
bombardeiam alguma cidade;
as pessoas nessa cidade perdem tudo.
Certas pessoas são profundamente afetadas
e não encontram nenhum
outro recurso emocional
além de vingar-se de
forma mais violenta possível.
Em seguida, uma bomba explode em um café
em sua cidade, matando seu irmão.
Em suma, se você quer produzir uma
mentalidade criminosa ou de quadrilha,
deixe-os serem criados num
ambiente onde crescem
com a sensação de que a sociedade
não se preocupa com eles.
Assim, eles não têm necessidade de
se preocupar com a sociedade.
Esta é a marca registrada,
a característica essencial
da ordem social capitalista.
E, antes de seguir em frente,
acho muito interessante
que a grande maioria das
instituições de direitos civis hoje,
ou instituições de direitos humanos,
que ainda exigem mais igualdade
de raça, sexo, crença e igualdade política,
tendam a fazer muito pouco para abordar
as raízes da desigualdade econômica.
É uma contradição muito interessante.
Estou firmemente convencido de que,
à medida que o tempo avança,
a igualdade econômica vai se transformar
e adquirir o mesmo papel que
a igualdade de gênero e raça,
em que suprir as necessidades humanas
e prover um alto padrão de vida
será uma questão de
direitos humanos,
não uma conveniência de mercado,
nem do darwinismo social
em que se baseia.
Parte Dois: Pós-Escassez.
Eu gostaria de passar um
momento esclarecendo o que
"Sociedade Focada em Abundância"
realmente significa
e dar algumas extrapolações
estatísticas tangíveis
para confirmar esse potencial.
A Economia Baseada em Recursos
e Lei Natural (EBRLN) não é uma utopia.
O Movimento Zeitgeist busca uma
abundância alta, relativa e sustentável
aliviando as formas mais
relevantes de escassez.
Muitos que ouvem tais distinções
desconsideram imediatamente
tais qualificações como meras opiniões.
O fato é que não há opinião quando
se trata de suporte à vida
ou necessidades humanas empíricas.
Abundância sustentável
relativa significa
buscar mais do que o suficiente para
atender todas as necessidades humanas e além,
enquanto se mantém o equilíbrio ecológico.
"As formas mais relevantes de escassez"
significa diferenciar
entre a escassez que se
refere às necessidades humanas
e a escassez que se refere
aos desejos humanos,
já que não são a mesma coisa.
Infelizmente, a lógica do mercado
faz de conta que são.
O mercado não tem como separar
necessidades de desejos.
E isso nos leva a raiz do
transtorno do sistema de valores,
que continua a distorcer nossa cultura.
A lógica é a seguinte: se existir
qualquer forma de escassez de
qualquer coisa, em qualquer nível,
então precisamos de dinheiro e
do mercado competitivo para regulamentá-la.
Deixe-me explicar isso um pouco mais.
Um dos membros da nossa equipe
de palestras internacionais, Matt Berkowitz,
entrevistou para o rádio um economista
austríaco muito popular pouco tempo atrás,
e quando o tema da escassez surgiu,
esse economista respondeu assim:
"Nem todo mundo pode ter um
bife de primeira ou uma Ferrari!"
Essa foi a sua posição definitiva
em relação à escassez.
Isso pode até ser verdade.
Nem todo ser humano
pode ter uma mansão de 500 quartos,
com três aviões no gramado da frente,
e metade do continente africano
como seu quintal.
Em teoria, poderíamos
evocar qualquer coisa
e defender a escassez
através do luxo,
assim fundamentando a existência
de um mercado competitivo.
Então, quais são as necessidades humanas?
Seriam subjetivas?
As necessidades humanas foram criadas
pelo processo de evolução
física e psicológica.
O não cumprimento dessas necessidades
virtualmente empíricas gera,
como observado anteriormente,
um espectro desestabilizador,
estatisticamente previsível,
de distúrbios físicos,
mentais e sociais
Os desejos humanos, por outro lado,
são manifestações culturais
que foram sujeitas a uma enorme
mudança subjetiva ao longo do tempo,
revelando, na verdade,
algo de natureza arbitrária.
Isto não quer dizer que obsessões compulsivas
não podem ser tão desejadas
que começam a assumir
o papel de necessidades.
Esse é um fenômeno que ocorre facilmente
em nossa sociedade
materialista, na verdade.
É exatamente por isso que as questões de
desigualdade financeira anteriormente assinaladas,
ou seja, a resposta de
estresse psicossocial
resultante da comparação social,
são o que são.
É uma parte da nossa psicologia
evolutiva de muitas maneiras.
Mas é em parte por isso que as
sociedades mais desiguais também
são as sociedades menos saudáveis,
porque perpetuamos isso.
O Movimento Zeitgeist não está promovendo
uma abundância universal infinita de tudo,
o que é claramente impossível
num planeta finito.
Em vez, promove uma visão de
mundo "pós-escassez" ou de abundância,
reconhecendo os limites naturais
de consumo no planeta,
e procurando um equilíbrio.
E o que separa o mundo de hoje
do mundo do passado
é que a nossa capacidade
científica e tecnológica
chegou a um ponto de
aceleração da eficiência
onde a criação de um alto padrão de vida,
para todas as pessoas do planeta
com base nas preferências
culturais atuais, na verdade,
é possível agora dentro
destes limites sustentáveis
sem a necessidade destrutiva de competir
através do mecanismo de mercado.
Isto é feito com a chamada
'efemerização',
um termo cunhado pelo engenheiro
R. Buckminster Fuller,
e o entendimento é muito simples:
"A quantidade de recursos e energia necessárias
para executar uma determinada tarefa
diminuiu constantemente ao longo do tempo,
enquanto a eficiência da tarefa
tem aumentado, paradoxalmente."
Um exemplo é a comunicação por satélite,
que usa exponencialmente menos material
do que o fio de cobre grosso tradicional
e é mais versátil e eficaz.
Em outras palavras, estamos sempre
fazendo mais com menos,
e essa tendência pode ser notada em todas
as áreas de desenvolvimento industrial,
dos processadores de computador ou a Lei de Moore
até a rápida aceleração
do conhecimento humano
ou da tecnologia da informação
E não é apenas nos bens físicos.
Também se aplica a processos ou sistemas.
Por exemplo, o sistema de trabalho,
hoje com a automação,
mostra exatamente o mesmo padrão.
A indústria se tornou mais produtiva
com menos pessoas,
máquinas cada vez mais eficientes
com um consumo de energia e materiais cada vez
menor por operação ao longo do tempo.
Agora um breve parêntesis, alguns podem ter notado
que constantemente uso a seguinte frase:
"Alto padrão de vida".
O que isso significa?
Quem pode dizer o que um
alto padrão de vida deve ser?
A resposta a essa pergunta
não "quem", é "o quê".
E 'o quê' determina o nosso padrão de vida
é justamente o nosso
estado atual da tecnologia.
e o que é necessário para manter
a sustentabilidade social e ambiental
em um planeta finito.
Essa é a equação.
Se nós, como sociedade, desejamos
manter os valores do materialismo,
crescimento e consumo, promovendo
a virtude de ter desejos infinitos
então podemos muito bem
nos matar agora mesmo,
já que será o resultado final
se continuarmos a ultrapassar
os limites do mundo físico em relação
à nossa exploração dos recursos
e à perda da biodiversidade.
Então quero deixar bem claro:
esta nova proposta econômica
não trata apenas de ver como
o mercado é obsoleto por si só,
dada a nossa nova e poderosa
percepção de eficiência técnica,
também trata do fato de
que precisamos sair
do paradigma do mercado
o mais rápido possível
antes que cause ainda mais danos.
OK, Pós-Escassez.
As quatro categorias que eu quero
abordar em detalhes em relação a isso
são alimentos, água,
energia e bens materiais.
Por favor, notem que,
para alimentos, energia e água,
esta é uma avaliação realmente
muito conservadora,
através de estatísticas e medidas
baseadas apenas
em métodos existentes que
foram postos em uso industrial,
não em coisas teóricas de que
pessoas falam o tempo todo.
E tudo o que eu vou fazer
é aumentar a escala,
usando o contexto da
teoria dos sistemas.
Alimentos.
De acordo com as Nações Unidas,
uma em cada oito pessoas na Terra,
quase um bilhão de pessoas,
sofrem de desnutrição crônica.
No entanto, admite-se que há
comida suficiente, produzida hoje
pelos métodos tradicionais do mercado,
para fornecer a todos no mundo
pelo menos 2720 kilocalorias por dia,
que é mais que o suficiente para
manter a saúde básica para a maioria.
Portanto, em princípio, neste momento,
a existência de um grande número
de pessoas cronicamente famintas
revela, no mínimo, de que há algo
fundamentalmente errado
com o processo industrial
e econômico global.
De acordo com a Instituição
de Engenheiros Mecânicos,
"Estima-se que 30 a 50% de todos
os alimentos produzidos
nunca atinge o estômago humano
e este número não reflete o fato
de que grandes quantidades de terra,
energia, fertilizantes e água
também foram perdidos
na produção de gêneros alimentícios
que simplesmente vão para o lixo. "
Enquanto há certamente
um imperativo
para considerar a relevância
destes padrões de desperdício,
parece que o jeito
mais eficiente e prático
de superar completamente
essa deficiência mundial
é atualizar o próprio sistema
de produção de alimentos
com a localização mais estratégica
a fim de reduzir o desperdício causado
pelas deficiências na cadeia
de fornecimento global atual.
Talvez o mais promissor
desses arranjos é algo chamado
agricultura vertical, com o qual suponho
que muitos já estão familiarizados.
A agricultura vertical tem sido
posta à prova em várias regiões
com resultados extremamente promissores
em relação à eficiência e à conservação.
Este método de produção de
alimentos abundantes não apenas
usa menos recursos por unidade produzida,
gerando menos desperdício,
tem um impacto ecológico reduzido,
alimentos de melhor qualidade,
como também usa uma
superfície menor do planeta,
usa menos área de terra
do que estamos usando hoje.
Pode ser feito até mesmo
no mar, de tão versátil,
permitindo que certos tipos de alimentos,
impossíveis de serem produzidos em certos climas e regiões,
possam ser cultivados, simplesmente
porque é um sistema fechado.
Um sistema de fazenda vertical
em Cingapura, por exemplo,
tem um gabinete transparente
construído sob medida,
que usa um sistema hidráulico
automatizado em circuito fechado
para fazer as plantas circularem
entre a luz do sol
e tratamento de nutrientes orgânicos,
custando apenas cerca 3 dólares por mês
em eletricidade para cada gabinete.
Este sistema também é relatado
em ter 10 vezes
mais produtividade por metro quadrado
do que a agricultura convencional,
novamente, usando muito
menos água, trabalho e fertilizantes.
Estudantes da Universidade
de Columbia nos EUA
determinaram que, para alimentar 50 mil pessoas,
uma fazenda de 30 andares
construída no espaço de
um quarteirão seria necessário,
o que dá cerca de 2,5 hectares.
Se extrapolarmos isso no contexto
da cidade de Los Angeles, Califórnia
de onde venho, com uma população
de mais ou menos de 4 milhões,
com uma área total de,
aproximadamente, 128 mil hectares,
levaria 78 estruturas para
alimentar todos os residentes.
Isso equivale a cerca de 0,1%
da área total de Los Angeles
para alimentar toda a população.
Se aplicarmos esta extrapolação para a Terra
e à população humana de 7,2 bilhões
de pessoas, acabamos precisando de
cerca de 144 mil fazendas verticais
para alimentar o mundo todo.
Isso equivale a cerca de 368 mil hectares
de terra para colocar essas fazendas que,
dado que uns 38% das terras do planeta
são, atualmente, utilizadas
para a agricultura tradicional,
chegamos à conclusão que precisamos
de apenas cerca de 0,006%
das terras agrícolas existentes na Terra
para atender às necessidades de produção.
Vamos ser um pouco mais coerentes.
Dentro dessa estatística de 38%
de uso do solo para a agricultura,
muitas dessas terras
são também utilizadas
para a criação de gado, e não apenas
para o cultivo de safras.
Assim, se fôssemos usar, teoricamente,
somente as terras de produção de safras,
que são cerca de 1,6 bilhões de hectares,
substituindo o cultivo em terra
por estas fazendas verticais de 30 andares
colocadas lado a lado, em teoria
a produção de alimentos seria suficiente
para atender as necessidades nutricionais
e alimentar 34,4 trilhões de pessoas.
Dado que só precisaremos alimentar
cerca de 9 bilhões de pessoas em 2050,
precisamos aproveitar apenas cerca de 0,02%
desta capacidade teórica, que,
como poderiamos argumentar,
torna bastante discutível as objeções práticas
comuns contra as extrapolações
mencionadas acima.
Em suma, temos um potencial
de completa abundância global de alimentos.
Água.
Segundo a Organização Mundial de Saúde,
cerca de 2,6 bilhões de pessoas,
metade do mundo em desenvolvimento,
carecem de saneamento básico adequado
e cerca de 1,1 bilhão
de pessoas não têm acesso
a qualquer tipo de
fonte de água potável.
Devido ao esgotamento em curso, em 2025,
estima-se que cerca de
2 bilhões de pessoas
viverão em áreas duramente
afetadas pela escassez de água,
com 2/3 de toda a população mundial
vivendo em áreas com
períodos de falta de água.
A causa? Obviamente
desperdício e poluição,
mas não vou falar sobre isso.
Os detalhes, causas e prevenção,
não são o tema aqui.
Em vez disso, vamos adotar, mais uma vez,
apenas uma abordagem da capacidade tecnológica,
considerando os sistemas modernos
de purificação e dessalinização
na escala macro industrial.
A purificação.
Globalmente, cada pessoa usa, em média,
1.385m³ de água por ano.
Isso leva em conta toda a atividade industrial,
bem como a agricultura.
Por uma questão de argumentação,
vamos considerar o que levaria para purificar
toda a água doce que é usada no mundo, em média, por ano.
Dada a média global de 1385m³
e uma população de 7,2 bilhões,
chegamos a um consumo anual total
de cerca de 10 trilhões de m³.
Usando como base uma uma estação de desinfecção
por Raios UV do Estado de Nova Iorque,
que possui capacidade de produção de cerca
de 3 bilhões de metros cúbicos por ano,
ocupando cerca de 0,9 hectares de terra,
precisaríamos de 3.327 estações
para purificar toda a água utilizada
por toda a população global,
ocupando cerca de 3.000 hectares de terra.
Nem é preciso dizer que há
muitos outros fatores que entram em jogo,
tais como as necessidades de energia,
localização, etc. Isso faz sentido.
No entanto, esse é um pequeno problema.
3.000 hectares não são nada comparados
aos 9 bilhões de hectares
de terra do planeta.
Para dar um exemplo mais prático:
os militares dos EUA, sozinhos,
tem cerca de 845 mil bases militares
e edifícios.
Foi relatado que isso usa até 7,5 milhões
de hectares em todo o mundo.
Somente 0,04% dessa terra seria necessário
para tratar a água fresca total
que o planeta inteiro consome.
Isso caso fosse necessário, o que, obviamente, não é.
Dessalinização.
Vamos usar a mesma extrapolação
teórica para a dessalinização.
O método de dessalinização mais comum hoje
é chamado de "osmose inversa".
De acordo com a Associação
Nacional de Dessalinização,
é responsável por 60% do tratamento
de dessalinização, a nível mundial.
Há uma série de outros métodos
que estão emergindo muito rapidamente
com níveis elevados de eficiência, os quais podem
tratar a água muito mais rapidamente.
Mas não vou falar sobre isso.
Quero falar somente dos métodos
comuns, aplicados hoje.
Apenas tenha em mente que
tudo o que eu estou falando
tem imensas melhorias
chegando muito em breve.
Há uma estação de dessalinização da água do mar
por osmose inversa avançada na Austrália
capaz de produzir cerca de
150 milhões de m³ de água doce por ano
ocupando aproximadamente
13 hectares.
Dado que uso anual total
de água do mundo, hoje,
é cerca de 10 trilhões
de metros cúbicos,
levaria 60 mil estações
para produzir
toda a água usada globalmente hoje.
Considerando as dimensões
dessa estação, que é muito grande,
tal façanha levaria mais ou menos
29 mil quilômetros de litoral,
ou 8,5% dos litorais do mundo.
Obviamente, isso não é o ideal, é muito litoral,
mas este exercício é sobre proporções.
É óbvio que não precisamos
dessalinizar toda a água usada,
nem ignoraríamos o uso
de processos de purificação
ou ignoraríamos as vastas reformas necessárias
para preservar a eficiência e a água doce;
ou, de igual importância, os sistemas
de reuso que estão vindo à fruição
onde os edifícios são capazes
de usar a água várias vezes,
reciclando a água que vem da pia
para ser usada em descargas,
e outros mecanismos que, infelizmente,
não são usados pela a grande maioria.
Vamos fazer uma extrapolação
um pouco mais prática e real,
combinando apenas
purificação e dessalinização,
com estatísticas reais
de escassez regionais.
No continente africano,
há cerca de 345 milhões de pessoas
que não têm acesso a água potável.
Se aplicarmos a taxa de
consumo média global observada,
novamente: 1385m³ por ano,
procurando fornecer essa quantidade
a cada uma dessas 345 milhões de pessoas,
precisaríamos produzir cerca de 480 bilhões
de metros cúbicos anualmente.
Se dividirmos esse número na metade
e usarmos a purificação para uma parte
e dessalinização para a outra parte,
o processo de dessalinização usaria 1,9%
ou 795 km de litoral para suas instalações,
e apenas cerca de 118 hectares de terra
para instalações de purificação,
que é uma fração minúscula
do continente africano
que possui cerca de
2,8 bilhões de hectares.
Portanto, isso é altamente realizável,
mesmo neste exemplo bruto.
De qualquer maneira, maximizaríamos
estrategicamente o processos de purificação,
já que é claramente mais eficiente,
e usaríamos a dessalinização
apenas para a demanda restante.
Em suma, é um absurdo
para qualquer um no planeta
ficar sem água doce,
sem falar, entre parêntesis,
que 70% de toda a água doce usada hoje
vai para a agricultura em nossos métodos
agrícolas com alto desperdício. 70%!
Se, por exemplo, aplicássemos sistemas
de fazendas verticais cuja economia
de água já foi constatada em mais de 80%,
veríamos um enorme aumento
na disponibilidade
desse recurso escasso.
Passando para a energia.
Vivemos em uma massiva máquina de
motor-perpétuo conhecida como Universo.
O fato de ainda estarmos usando reservas
de combustíveis fósseis poluidores na Terra
ou o fenômeno nuclear
incrivelmente instável,
o qual deixa pouco espaço
para a falibilidade humana,
é verdadeiramente assustador.
Existem quatro principais
ontes de energias renováveis
de grande capacidade
que são atualmente ideais,
conforme o nosso estado atual
da aplicação tecnológica.
São as estações
geotérmicas, eólicas,
solares e energia
à base de água.
Devido à falta de tempo,
não vou explicar o que são
e suponho que a maioria já sabe.
Eu só vou fazer
uma comparação da abundância.
Geotérmica.
Um relatório de 2006 do MIT
sobre energia geotérmica
constatou que 13 mil zettajoules de energia
estão atualmente disponíveis na Terra,
com 2 mil zettajoules ao alcance
com o aperfeiçoamento
de tecnologias.
O consumo total de energia de
todos os países do planeta
é apenas metade de
um zettajoule por ano.
Isto significa, literalmente, que milhares
de anos de energia planetária
poderiam ser aproveitados
apenas por este meio.
A energia geotérmica também usa muito menos
área do que outras fontes de energia.
Por aproximadamente 30 anos,
um período de tempo
comumente usado
para comparar o impacto do ciclo
de vida de diferentes fontes de energia,
verificou-se que uma instalação
de energia geotérmica
usa 404 m² de terreno
por gigawatt hora,
enquanto uma
termelétrica a carvão
usa 3.632 m² por
gigawatt hora.
Se fizessemos uma comparação básica
entre energia geotérmica e a carvão,
usando essa proporção
de m² por gigawatt hora,
veríamos que dá para encaixar
9 usinas geotérmicas
no espaço de uma usina a carvão.
E isso sem contar a enorme
quantidade de terra
que é utilizada atualmente para
a extração do carvão.
Esses enormes buracos
que vemos na terra.
E alias a beleza da energia
geotérmica e, de fato,
de todas as fontes de energias
renováveis sobre as quais vou falar,
é que o local de
extração [de energia]
é quase sempre no mesmo lugar
da produção [de eletricidade]
e da distribuição também.
Todas as fontes de hidrocarbonetos,
por outro lado, exigem que a extração
e as instalações de produção de energia
fiquem quase sempre em locais separados,
e às vezes refinarias também,
em outro local.
Em 2013, foi anunciado que uma
termelétrica de 1.000 megawatts
seria construída na Etiópia.
Vamos usar isso como uma
base teórica para extrapolação.
Se fosse uma usina geotérmica
de 1.000 megawatts
operando a plena capacidade,
24 horas por dia,
365 dias por ano,
produziria 8,7 milhões de
megawatts hora por ano.
A demanda atual de energia
mundial é de mais ou menos
153 bilhões
megawatts hora por ano,
o que significa que seriam
necessárias, teoricamente,
umas 17 mil usinas geotérmicas
para suprir a demanda global.
Há mais de 2.300 termelétricas a
carvão em operação no mundo hoje.
Usando a comparação de tamanho
mencionada anteriormente,
de nove usinas geotérmicas cabendo
no espaço de uma termelétrica a carvão,
seria necessário o espaço de
1.940 termelétricas a carvão
para conter as 17 mil
usinas geotérmicas
ou 84% do total das termelétricas
a carvão existentes hoje.
Além disso, dado que o carvão
corresponde por apenas 41%
de produção de
energia atualmente,
esta extrapolação teórica
também mostra
como, em 84% do espaço atualmente
usado por termelétricas a carvão,
as usinas geotérmicas
poderiam fornecer
100% da demanda
energética global.
Parques eólicos.
Calcula-se, hoje, com a tecnologia
de turbinas existentes,
que está melhorando rapidamente,
que a Terra pode produzir
centenas de trilhões de watts
de potência, muitas vezes mais
do que o mundo
consome no total.
No entanto, de forma simplificada,
usando os 3600 hectares
do Parque Eólico Alta, na Califórnia,
como base teórica,
que tem uma capacidade ativa
de 1320 megawatts de potência,
uma produção anual de 11 milhões
de megawatts hora é possível, em teoria.
Isso significa que 13 mil
parques eólicos de 3600 hectares
seriam necessários para atender
demanda global total de
153 bilhões de megawatts hora.
Isso requer cerca de 48 milhões
de hectares de terra
ou 0,3% da superfície da Terra
para fornecer energia ao
mundo todo, em abstração.
No entanto, a energia eólica
em mar aberto
é geralmente muito mais poderosa
do que quando baseada em terra.
De acordo com a
'Avaliação de Recursos Eólicos em
Mar Aberto para os Estados Unidos':
um potencial de 4150 gigawatts
em turbinas eólicas
poderia ser gerado
em mar aberto, apenas
nos Estados Unidos.
Supondo que esta fonte de energia
fosse estável durante um ano inteiro,
ficaríamos com um total de energia de
36 bilhões de megawatts hora no ano.
Sendo que Estados Unidos, em 2010,
usou 25,7 bilhões
de megawatts hora,
concluímos que a produção de
energia eólica em mar aberto sozinha
atenderia e excederia
o uso total nacional
em cerca de 10,6 bilhões
megawatts hora, ou 41%.
E axiomaticamente, extrapolando
esse nível nacional de capacidade
para as demais linhas
costeiras do planeta,
levando também em conta as estatísticas
baseadas em terra mencionadas anteriormente,
é claro que podemos abastecer
em energia o mundo várias vezes
com energia eólica e
de forma bastante prática.
Usinas solares.
Se a humanidade pudesse capturar 0,1%
da energia solar que incide na Terra
teríamos acesso a
seis vezes mais energia
de que consumimos em
todas as formas hoje.
A capacidade de aproveitar essa
energia depende da tecnologia
e do percentual de
conversão da radiação.
O Sistema Solar Elétrico Ivanpah,
na Califórnia,
é um campo de
1400 hectares
com uma geração anual de cerca de
um milhão de megawatts hora.
Se extrapolássemos, utilizando
isso como a base teórica,
levaria cerca de 142 mil campos ou
cerca de 200 milhões de hectares de terra
para atender ao consumo
global atual de energia.
Isso dá cerca de 1,5% da
área total da Terra.
Os desertos cobrem cerca de 1/3 do mundo,
ou cerca de 4,8 bilhões de hectares
e eles tendem a ser bastante
favoráveis a usinas solares,
embora muitas vezes a menos propícios
ao suporte à vida para o ser humano.
Tendo em conta os cerca de
200 milhões de hectares
teoricamente necessários para abastecer
o mundo com energia, como calculado,
apenas 4,1% dos desertos do
mundo seriam necessários
para conter essas usinas.
É terra que praticamente
não tem outra utilidade.
Energia baseada em água.
Existem cinco tipos dominantes de
energia a base de água: ondas, das marés,
corrente oceânicas, osmótica,
oceano térmica, e cursos de água.
Em geral, a tecnologia para
o aproveitamento do oceano
está em sua infância,
mas o potencial é muito grande.
E com base em
estimativas tradicionais,
seguem os potenciais globais
geralmente aceitos,
estimados usando
os métodos existentes.
Não estamos usando tecnologia avançada
que não já esteja em aplicação.
A soma dá em torno de
150 mil terawatt hora por ano
ou 96% do uso global atual
de meio zetta joule.
É o suficiente para abastecer o mundo a partir
de uma só fonte, se fosse explorada.
No entanto, para dar uma ideia do
potencial tecnológico crescente,
porque eu acho que isso é importante,
considerando como a tecnologia
de energia orientada a água está
profundamente em sua infância,
desenvolvimentos recentes no
aproveitamento das correntes oceânicas
- as correntes que existem no fundo do oceano -
que podem abranger velocidades muito
mais baixas agora do que costumavam,
foi estimado que o oceano,
sozinho, poderia hoje,
teoricamente, abastecer o mundo inteiro,
se explorado corretamente.
Vamos recapitular:
Eólica, solar, d'água e a
energia geotérmica demonstraram,
como grande fontes de
energia renovável,
que são capazes, individualmente,
de atender e até exceder em muito
a demanda anual global
de energia neste momento.
E, obviamente, uma abordagem de sistemas,
harmonizando uma fração otimizada
de cada uma dessas fontes
renováveis, estrategicamente,
é a chave para alcançar a
abundância total e global de energia.
Por exemplo, não é
inconcebível imaginar
uma série de ilhas
artificiais flutuantes
em litorais selecionados, projetadas
para aproveitar, de uma só vez,
o vento, o sol, a diferença térmica,
as ondas, as marés e as correntes,
todos ao mesmo tempo
e no mesmo local.
Tais ilhas de energia enviariam, então,
sua colheita de volta a terra
para armazenamento
e distribuição.
Projetar coisas desse tipo depende
apenas da nossa engenhosidade.
Localização e reuso.
A última coisa que quero
mencionar sobre energia,
que se baseia explicitamente
neste pensamento sistêmico,
tem a ver com a localização
e esquemas de reuso.
A exploração local de energia
não recebe um décimo
da atenção que
precisa hoje.
Métodos renováveis de pequena
escala menor que favorecem
estruturas individuais
ou pequenas áreas
se enquadram na mesma lógica de sistemas,
qualquer que seja a combinação.
Esses sistemas locais poderiam
também, se for necessário,
estar ligados com o sistema
de carga base maior,
criando uma rede global integrada
e de fontes diversificadas,
que acontece às vezes hoje
com a energia solar.
Existem muitos sistemas localizados
lá fora que pode extrair energia
do ambiente próximo:
há matrizes de energia solar,
há sistemas de captação
de vento de pequeno porte,
aquecimento e
arrefecimento geotérmico
e até mesmo projetos arquitetônicos
que simplesmente tornam o uso
da luz natural e o isolamento
térmico mais eficientes.
Buckminster Fuller foi genial
com suas estruturas geodésicas
e como elas conseguem reter
energia muito bem. É a mesma ideia.
Olhando para a
infra-estrutura das cidades,
vemos o mesmo desperdício de
eficiência possível em quase toda parte.
Uma tecnologia simples
chamada piezoeletricidade
é capaz de converter energia mecânica
e pressão diretamente em eletricidade.
É um excelente exemplo de um método de
reaproveitamento de energia com grande potencial.
As aplicações existentes
incluem a geração de energia
por pessoas simplesmente andando
sobre estes pisos e calçadas,
ruas que podem gerar energia
pelo tráfego de veículos,
e sistemas ferroviários que
também podem capturar energia
da passagem de trens
através de pressão.
Pessoas que estudaram
isso sugeriram
que um trecho de estrada de
um quilômetro e meio de comprimento,
quatro faixas de largura,
uma rodovia,
e trafegada por cerca de
mil veículos por hora
pode criar cerca de
0,4 megawatts de energia,
o que é suficiente para
alimentar 600 casas.
Agora, extrapole para o grosso
das estradas do mundo,
você tem uma fonte muito poderosa
de energia regenerativa.
No geral, se pensarmos sobre o enorme
desperdício de energia mecânica
apenas por veículos e pedestres
em centros de alto tráfego,
o potencial de energia a
ser regenerada é substancial.
É este o pensamento
sistêmico que é necessário
para manter a sustentabilidade
e ao mesmo tempo buscar essa
abundância de energia global.
O último assunto, mais complexo,
além da energia,
será o tema de
abundância material
e da criação dos bens de
consumo necessários à vida.
Ao contrário da categoria
anterior, mais simples,
a pós-escassez da água
e da energia e etc.,
a criação de uma ampla
abundância material
de todos os itens básicos que compõem
a média atual, pode-se dizer,
do que é culturalmente considerado
um "alto padrão de vida", hoje,
é substancialmente mais
radical em sua necessidade
de revisão e mudança
da cadeia industrial.
Como dito anteriormente, o método
atual altamente ineficiente
de design industrial, produção,
distribuição e regeneração
é uma das principais razões
por estarmos em um estado constante
de excesso global na
utilização dos recursos
e de perda desestabilizadora
de biodiversidade.
Além disso, como observado antes,
o mercado não incentiva
estados avançados
de eficiência,
já que a eficiência sempre
reduz a quantidade de trabalho,
recursos e serviços necessários
para um determinado fim
e, portanto, reduz a
circulação monetária.
Não consigo deixar
de reforçar isso sempre.
Portanto, um nova visão
sistêmica sinérgica da indústria
focalizada explicitamente na eficiência
no uso dos materiais e da mão de obra
juntamente com uma estratégia otimizada
para a sustentabilidade está em pauta.
Por uma questão de tempo e como
transição para a última parte dos cálculos,
eu vou focar em alguns
princípios ou protocolos
e como cada protocolo
auxilia na eficiência
para esta abundância
pós-escassez.
Sem isso levaria uma
quantidade enorme de tempo.
Não é tão simples quanto
as extrapolações anteriores.
No entanto, neste livro que
eu mencionei haverá um capítulo
dedicada a esta temática,
com muitos detalhes.
1) Acesso, não propriedade privada.
Uma sociedade baseada na propriedade
incentiva a preferência de possuir
um determinado produto, em vez de alugar
ou ter acesso, quando necessário.
Eu sou um cineasta e apesar, de alugar
alguns equipamentos de vez em quando,
é muito mais econômico e
inteligente comprar as coisas
porque elas têm
valor de revenda.
Este incentivo à propriedade universal
é um incrível desperdício
quando examinamos o tempo de
uso real de um determinado bem.
Facilitar os meios de acesso quando as
coisas podem ser compartilhadas
permitirá que muitos ganhem acesso aos bens
que de outra forma não poderiam usar
bem como a redução na produção,
em proporção, desses bens.
Numa Economia Baseada
em Recursos e Lei Natural
procuramos criar uma abundância de acesso,
não uma abundância de propriedade
que é inerentemente
um desperdício.
Em paralelo, também é importante
notar que a propriedade
não é um
conceito empírico.
Apenas o acesso é
empiricamente válido.
Propriedade é um
artifício protecionista.
O acesso é a realidade
da condição social humana.
Para que você possa realmente
dizer que "possui" um computador,
você tem que ter
chegado sozinho
a todo o processo tecnológico
que fez essa coisa
juntamente com as ideias
que compõem as ferramentas
que você poderia ter usado
para fazer esse computador.
Isso é literalmente impossível
e é o que destrói a antiga
teoria do valor-trabalho.
- propriedade é o que é apresentada
pelos economistas clássicos -
Não existe propriedade.
Há apenas o acesso e partilha,
não importa o sistema
social que usa.
2) Reciclagem no próprio Design.
Ao contrário da nossa intuição,
não existe desperdício
no mundo natural.
Não só do ponto de vista
da biosfera, que reutiliza
tudo em seu processo,
os 92 principais elementos que ocorrem
naturalmente na tabela periódica
que compõem toda a matéria
não podem ser esgotados.
A humanidade tem dado
muito pouca consideração
para o papel de regeneração dos materiais
e como todas as nossas práticas de design
devem levar em conta
essa reciclagem.
Na verdade, como alguns devem saber,
o mais elevado estado desta reciclagem
eventualmente acabará vindo
com a nanotecnologia.
A nanotecnologia será
capaz de criar produtos
no nível atômico e
desmontá-los de volta
praticamente para
o ponto de partida.
É a forma perfeita de reciclagem.
Por sinal, não estou sugerindo isso.
Não estou sugerindo que a nanotecnologia
seja mesmo necessária neste momento,
como se fosse o que
estamos fazendo agora.
É que este é um grande
princípio para referenciar
em relação à importância
da regeneração.
Hoje, a indústria tem pouco senso
de sinergia nesse contexto.
A reciclagem é pensada depois.
As empresas continuam fazendo coisas
como revestir cegamente materiais
com tintas químicas e afins
que distorcem as propriedades
desses materiais
fazendo com que sejam
menos reaproveitáveis,
ou talvez completamente irrecuperáveis
pelos métodos de reciclagem atuais.
Isso acontece o tempo todo.
Então, resumindo,
a reciclagem estratégica
é, provavelmente, o mais importante
núcleo para a
abundância sustentada.
Cada aterro na Terra é apenas
um desperdício de potencial.
Número 3: adequação estratégica
ao design correto.
para o uso dos materiais
mais abundantes e
propícios conhecidos.
Você vai notar essa qualificação
da eficiência no que eu disse:
propício e abundante.
Propício significa mais adaptados com
base nas propriedades dos materiais.
Abundante significa que
você leva também em conta
a acessibilidade do material
e o impacto ambiental
na comparação com outros materiais
que podem ser menos ou mais propícios.
Esta é uma comparação
da eficiência sinérgica.
Me desculpem se o vocabulário
fica um pouco complicado.
Provavelmente o melhor exemplo disso
seja a construção de um lar ou domicílio.
O uso comum de madeira, tijolos,
parafusos e a vasta gama de peças
típicas de uma casa comum é muito
ineficiente comparado com
materiais mais modernos, simplificados
e pré-fabricados ou moldáveis.
A casa tradicional de 200
metros quadrados requer cerca de
40 a 50 árvores,
ou seja um hectare.
Compare isso com casas que podem
ser criadas com processos de pré-fabricação
com polímeros
ecológicos simples,
concreto ou outros métodos
facilmente moldáveis.
A impressão em 3D, por exemplo,
está a caminho.
Estas novas abordagens têm um impacto
ambiental muito pequeno quando comparado
à continua destruição das florestas
do planeta para extração de madeira.
A construção civil é, hoje, um dos setores
industriais que mais consome e desperdiça
matéria prima no mundo.
com cerca de 40% de toda a
matéria prima usada na construção
acabando como lixo
no final da obra.
Número 4: Design propício para
a automação do trabalho.
Bom isso é muito
estranho para muitos.
Quanto mais nos conformamos
com o estado atual
dos processos de produção
rápida e eficiente,
maior a abundância gerada.
Se você ler textos sobre
processos de fabricação,
eles normalmente separam
o trabalho em três categorias.
Há a montagem humana, a
mecanização e a automação.
Montagem humana
significa feito à mão.
Mecanização significa máquinas
auxiliando o trabalhador,
e automação significa que
não há participação humana.
Imagine que você está precisando de
uma cadeira e existem três modelos.
O primeiro é elaborado e complexo
e só pode ser feito à mão.
O segundo é mais simples,
e poderia ser feito de peças
feitas por máquinas, mas
teria que ser montado à mão.
A terceira cadeira é produzida por um
processo completamente automatizado.
Esta última cadeira seria, em teoria,
o objetivo de design
desta nova abordagem.
Isso teria por efeito reduzir a
complexidade do processo de automação,
com pouco ou nenhum
trabalho humano.
Imagine uma fábrica que
não só produz carros,
mas produz praticamente
qualquer tipo de coisa
feita dos mesmos
materiais básicos.
Isto é muito viável.
Isto iria aumentar a
produção significativamente.
Em outras palavras, estamos
otimizando os meios de produção.
E entre parêntesis, muitos que
vêem coisas como esta
acham que isso significa que não vai
existir mais qualquer variedade no futuro,
que tudo vai ser básico e uniformizado e
todo mundo vai ter as mesmas coisas.
Não, eu só estou usando isso como um
exemplo para falar sobre eficiência.
Ser propício para a automação não
significa a uniformidade universal
porque a quantidade
de variações possíveis
com nossa tecnologia de automação
atual é incrível e está acelerando.
Robótica modular: há muitas
máquinas de auto-mudança
que podem criar uma grande
quantidade de variações.
Tudo isso significa os processos
existentes em seu estado atual
devem ser respeitados
para facilitar a produção.
Por favor, não confunda isso com
"todo mundo tem o mesmo modelo de tudo".
O que eles recebem são os mesmos
princípios básicos de sustentabilidade,
que vêm em em formas diferentes,
se você conseguir compreender isso.
Estes 4 parâmetros sendo utilizados,
juntamente com a intenção básica
de auxiliar a tendência de
efemerização em todos os níveis,
há pouca dúvida de
que todo ser humano
poderia ter um
alto padrão de vida.
É simplesmente uma questão de
converter toda a ineficiência que temos
diretamente em produtividade,
de forma estratégica.
Vou concluir esta seção, sinalizando
que R. Buckminster Fuller
foi provavelmente o único
ser humano que já tentou
levar em conta e quantificar o
estado dos recursos e seu potencial
dentro dos últimos cem anos e,
apesar de primitivo,
ele foi capaz de chegar
à seguinte conclusão em 1969:
"O ser humano desenvolveu uma mecanização
tão intensa na Primeira Guerra Mundial
que a percentagem da população
total do mundo dos "ricos" industriais
subiu, em 1919, para 6%.
Esta foi uma mudança
muito brusca na história.
Até a segunda guerra mundial,
20% de toda a humanidade
tinha se tornado parte
dos "ricos" industriais.
Atualmente, a proporção desses
"ricos" é de 40% da humanidade.
Se aumentássemos o desempenho
dos recursos do nível atual
para a eficiência global
altamente viável de 12% acima
- aumentar o uso em 12%
de forma holística, em média -
toda a humanidade
pode ser atendida."
O aumento exponencial da tecnologia
da informação desde 1969,
junto com a tecnologia aplicada e
o entendimento sinérgico
avançado que temos hoje,
eu suspeito que, agora,
excede em muito.
Ou seja, estamos muito além do aumento de
eficiência de 12%, que ele viu como necessário.
O problema agora, em parte, é se adequar
à facilitação industrial da maneira correta,
o que atualmente não é feito.
Isso nos leva à Parte III:
Organização e Cálculos Econômicos.
Se você está se perguntando
por que eu passei tanto tempo
nos pontos anteriores
de pós-escassez
e esses dois problemas centrais
inerentes ao capitalismo de mercado,
desequilíbrio social e
desequilíbrio ambiental,
é porque não dá para entender
a lógica dos fatores econômicos
envolvidos neste modelo sem
essas percepções anteriores.
A Economia Baseada em Recursos e Lei Natural
não é apenas uma consequência progressiva
da nossa capacidade crescente de
sermos produtivos como espécie,
como se fôssemos simplesmente evoluir
gradualmente para fora do sistema de mercado,
um passo de cada vez,
sob esta abordagem.
Não. A extrema necessidade
de remoção deste sistema
deve ser percebida mais uma vez.
Tem que se tornar
uma parte, na verdade,
da estrutura de incentivos
do novo modelo:
a compreensão histórica de que
se não nos ajustarmos desta forma
vamos reverter para o
período altamente instável
no qual estamos
neste momento.
Um modelo econômico
é uma construção teórica
que representa processos compostos
por um conjunto de variáveis ou funções,
descrevendo as relações
lógicas entre eles.
Definição básica.
Se alguém já estudou modelagem econômica
tradicional ou baseada em mercado,
uma grande quantidade de tempo muitas vezes
é gasta em coisas como a tendências de preços,
padrões de comportamento,
funções utilitaristas,
inflação, flutuações cambiais, etc.
Raramente, ou nunca, algo é dito
sobre a saúde pública ou ecológica.
Por quê? Porque o mercado é,
novamente, cego em relação à vida
e dissociado da ciência de
suporte à vida e sustentabilidade.
É simplesmente um
sistema de procuração.
A melhor maneira de pensar sobre esta
economia não é com termos tradicionais,
mas sim como um sistema
avançado de produção,
distribuição e gerenciamento, no qual
o público é democraticamente envolvido,
via uma uma espécie
de economia participativa
que facilita os processos de entrada,
como propostas de design
e avaliação da demanda,
enquanto filtra todas as ações
através do que vamos chamar de
protocolos de sustentabilidade e eficiência.
Estas são as regras básicas
de ação industrial
estabelecidas pelas leis da natureza,
não a opinião humana.
Como observado antes, nenhum desses
interesses são estruturalmente inerentes
ao modelo capitalista e é claro que
a humanidade precisa de um modelo
que tem esse tipo de coisa
embutida para consideração.
Objetivos do sistema estrutural.
Todos os sistemas econômicos
têm objetivos estruturais
que podem não ser óbvios.
O objetivo estrutural do capitalismo de mercado,
conforme descrito, é o crescimento
e manutenção das taxas de consumo altas o
suficiente para manter as pessoas empregadas
a todo momento, e o emprego exige também
uma cultura, real ou percebida,
de ineficiência, e isso
significa, essencialmente,
a preservação de escassez,
de uma forma ou de outra.
Este é o seu objetivo estrutural.
E boa sorte em fazer com que
um economista de mercado admita isso.
O objetivo deste modelo [a EBRLN]
é otimizar a eficiência técnica
e criar o mais alto nível de
abundância que for possível,
dentro dos limites da
sustentabilidade na Terra,
buscando atender as necessidades
humanas diretamente.
Panorama do sistema.
Um dos grandes mitos sobre este modelo
é que tem um planejamento central.
Tenho certeza que muitos
de nós já ouvimos isso.
O que isto significa baseado em
precedentes históricos é que supõe-se
que um grupo de elite basicamente
tomará as decisões econômicas
para a sociedade.
Não. Este modelo é um sistema
de design colaborativo:
CDS (Collaborative Design System).
Sem planejamento central.
É baseado inteiramente em
interações com o público
facilitadas por um sistema programado
em linguagem aberta (Open-Source),
que permite um fluxo constante
de informação e resposta
e que pode, literalmente, permitir
a opinião do público
sobre qualquer assunto industrial,
seja pessoal ou social.
Agora, uma pergunta comum,
quando se fala desse assunto:
"Quem programa esse sistema?"
A resposta é:
todo mundo e ninguém.
As regras concretas das
leis da natureza, como se aplicam
à sustentabilidade ambiental
e à eficiência da engenharia,
são um quadro de referência
completamente objetivo.
As nuances podem mudar em
algum grau ao longo do tempo,
mas os princípios
gerais permanecem.
Ao longo do tempo, a lógica dessa abordagem
também irá se tornar mais rígida
porque aprendemos mais de acordo com
o aperfeiçoamento do nosso entendimento
e, portanto, menos espaço
para a subjetividade
em certas áreas que
poderiam ter tido antes.
Mais uma vez, vou descrever
isso melhor num momento.
Além disso, os próprios programas estarão
disponíveis em uma plataforma open source
para avaliação e críticas do público,
absolutamente transparente.
E se alguém notou
um problema
ou percebe que uma estratégia de otimização
não foi aplicada, como provavelmente será o caso,
isso é avaliado e testado
pela comunidade
como uma espécie de
Wikipedia para cálculos,
mas muito menos subjetivo
do que a Wikipedia,
sem aqueles administradores
temperamentais.
Outra confusão tradicional
envolvendo o conceito
e, que para muitos, passou
a definir a diferença
entre capitalismo
e todo o resto.
E tem a ver com o fato
de os meios de produção
serem de propriedade
privada ou não.
Aparece em todas as toneladas
de textos literários tradicionais
sobre o capitalismo
quando eles descrevem
isso como a manifestação final do
comportamento humano, da sociedade.
Se você não souber o que isso
significa, os "meios de produção"
se referem aos ativos não-humanos
usados para criar bens, como máquinas,
ferramentas, fábricas,
escritórios e similares.
No capitalismo, os meio de
produção são de propriedade
do capitalista, por definição histórica,
daí a origem do termo.
Estou abordando isso porque existe
uma discussão centenária
que qualquer sistema cujos meios de
produção não sejam de propriedade privada,
não vai ser tão eficiente
em termos econômicos
como um sistema onde são, ou talvez
nem mesmo tenha eficiência alguma.
Isso, como o argumento descreve,
é por causa da necessidade de preço:
o mecanismo de preços.
O preço, que tem
uma capacidade fluida
de permitir a troca de bens de
praticamente qualquer tipo,
devido à indivisibilidade de seu valor,
cria de fato um mecanismo de retorno
que liga a totalidade do sistema de
mercado de um modo restrito.
O preço é uma maneira de alocar recursos
escassos entre interesses conflitantes.
Preços, propriedade e dinheiro
traduzem, em suma,
as preferências subjetivas
de demanda
em valores de troca
semi-objetivos.
Digo "semi" porque é apenas uma
medida culturalmente relativa,
ausentes a maioria dos fatores que consideram
a verdadeira eficiencia técnica
para um determinado
material ou bem.
Não tem nada a ver com o que
os materiais ou mercadorias são.
É apenas um mecanismo.
Talvez o único dado
realmente técnico, na verdade,
que o preço abrange, de
forma bem grosseira,
tenha a ver com a escassez de
recursos e a energia de trabalho.
A escassez de recursos
e energia de trabalho.
Você pode encontrar
isso no valor do "preço".
Então neste contexto,
a pergunta se torna:
Será possível criar
um sistema que pode,
com eficiência
igual ou melhor,
facilitar o retorno dos consumidores em
relação às suas preferências, da demanda,
do valor do trabalho e da escassez
de recursos ou de componentes
sem o sistema de preço ou os valores
subjetivos de propriedade ou de troca?
E é claro que é possível.
O truque é eliminar
completamente a troca
e criar uma ligação
de controle e feedback direto
entre o consumidor e os
próprios meios de produção.
O consumidor se torna parte
dos meios de produção
e o "complexo industrial" se torna
nada mais do que uma ferramenta
acessada pelo público
para gerar bens.
Na verdade, conforme mencionado,
esse mesmo sistema
pode ser usado para virtualmente
qualquer cálculo societal
praticamente eliminando
o governo, de fato,
e a política como
a conhecemos.
É um processo participativo
de tomada de decisão.
Entre parêntesis, na medida em
que realmente sempre haverá
escassez de alguma
coisa no mundo,
que é a própria base da existência do
preço, do mercado e do dinheiro,
os seres humanos podem entender
novamente a extrema necessidade
de existir em uma relação estável
e constante com a natureza
e a espécie humana global
para a sustentabilidade
cultural e ambiental,
ou não.
Podemos ou continuar no mesmo
caminho em que estamos agora
ou nos tornarmos
mais conscientes,
responsáveis com o mundo
e com os outros,
buscando a pós-escassez e usando
as leis da natureza para a sustentabilidade
e a eficiência para decidirmos
a melhor forma de alocar
nossa matéria-prima, ou não.
Mas eu acho que o dito
caminho é o mais inteligente.
Digo isso porque este
argumento dos recursos
sempre se resume à
abstração da escassez.
Nunca especifica o que a
escassez é em certos contextos.
Não separa a escassez,
e isso é a sua falha fatal,
entre as necessidades
e os desejos humanos.
Além disso, eu quero
salientar outra falácia
sobre a propriedade privada
dos meios de produção.
Uma falácia desse conceito amplo
é o seu atraso cultural.
Hoje estamos vendo uma
fusão de bens de capital,
bens de consumo
e força de trabalho.
Máquinas estão substituindo
a força de trabalho humano
tornando-se bens de capital
e ao mesmo tempo
reduzindo seu tamanho para se
tornarem bens de consumo.
Tenho certeza que quase todos nesta
sala têm uma impressora em casa.
Quando você envia um arquivo para a
impressora a partir de seu computador,
você está no controle de uma
mini-versão de um meio de produção.
E quanto a
impressoras 3D?
Em algumas cidades, hoje, já existem
laboratórios de impressão 3D
onde as pessoas podem
enviar seu projeto
para imprimir
um objeto físico.
O modelo que eu vou descrever
é uma ideia similar.
O próximo passo
é a criação
de um complexo industrial
estrategicamente automatizado,
localizado o mais próximo possível,
que se destine a produzir,
através de meios automatizados,
a média de tudo que uma determinada
região expressou demanda.
Pense nisso: produção sob
demanda em uma escala maciça.
Considere, por um momento,
quanto espaço de armazenamento,
energia e transporte
e excedentes inúteis
seriam imediatamente eliminados
por esta abordagem.
Eu acho que os dias da produção desperdiçante
em massa e de economias de escala,
estão chegando
ao fim.
Bem, se nós quisermos.
Este tipo de pensamento:
cálculo econômico real,
no sentido mais técnico do termo.
Estamos calculando como ser tão
tecnicamente eficientes e conservadores
quanto possível, que, de novo e quase
paradoxalmente, é o que vai facilitar
uma abundância de acesso mundial, para
atender todas as necessidades humanas e além.
Estrutura e processos.
Vou percorrer os
três processos seguintes:
(1) A interface de design colaborativo
e esquemática industrial;
(2) Gestão de recursos,
feedback e valor; e
(3) Princípios gerais de sustentabilidade
e de cálculo macro.
A interface de design colaborativo é,
essencialmente, o novo mercado;
é um mercado de ideias.
Este sistema é o primeiro passo
para tudo que seja de interesse produzir.
Pode ser iniciado por uma única pessoa,
pode ser iniciado por uma equipe,
se você tem amigos e pretendem
trabalhar em conjunto,
como as empresas funcionam;
pode ser iniciado por todos.
É de linguagem aberta (open-source)
e de acesso aberto.
E a sua ideia está aberta para a contribuição
de qualquer pessoa interessada
nesse tipo de produto ou qualquer um
que esteja on-line e que queira contribuir.
Obviamente, toma a forma
de um site, como eu disse,
e da mesma forma, o que quer
que exista como produto final,
tudo o que é colocado em
produção, embora em teoria
tudo estará sob
modificação constante,
mas o que foi aprovado, por assim dizer,
é armazenado de forma digital
em um banco que disponibiliza
o produto para todos.
Como uma espécie de
catálogo de produtos,
exceto que contém todas
as informações digitais
necessárias para produzi-las.
É assim que a
demanda é avaliada.
A partir de feedback
do usuário e é imediato.
Em vez, é claro, de
fazer propaganda
e do sistema de proposta
de produtos unidirecional
que temos hoje, onde as empresas basicamente
dizem o que você deveria comprar,
com o público em geral
indo com o fluxo,
favorecendo um bom componente
ou funcionalidade usando o preço,
e se o público não gostar de algum produto,
este, obviamente, não será mais produzido,
para podar a oferta
e a demanda.
Este sistema funciona
da maneira oposta.
Toda a comunidade tem
a opção de apresentar ideias
para que todos possam
ver, avaliar e acrescentar.
Qualquer coisa que não interessa
simplesmente não será executada.
Não há teste nenhum aqui,
como você vê no marketing,
o que é um desperdício
incrível. É simples assim.
O mecanismo de proposta
será uma interface
de design interativo
como vemos com Design por Computador,
ou "CAD", como é chamado,
ou, mais especificamente,
Engenharia Assistida por Computador
que é um processo
sinérgico mais complicado.
Entre parêntesis, alguns veem programas
de computador para realizar projetos
como muito demorados para
aprender a utilizar, e de fato são,
mas, assim como os
primeiros computadores
eram interfaces baseadas
em códigos muito difíceis
que mais tarde foram substituídos
por pequenos programas
com os ícones gráficos com os quais
estamos todos tão familiarizados,
os futuros programas de CAD poderiam
ser orientados exatamente da mesma forma
para se tornarem
mais fáceis de utilizar.
Obviamente, nem todo mundo
tem de se envolver com projetos.
Algumas pessoas, como a maioria hoje em dia,
apenas aprecia o que já foi criado.
Eles absorvem e utilizam
o que outras pessoas inventaram.
Portanto, haverá uma tendência menor de
projetos falhos, de uma certa maneira.
Nem todo mundo vai querer exercer
algum papel nesse tipo de projeto.
Mas muitos vão e muitos
vão gostar do processo.
E você pode personalizar as coisas durante
o processo, o que é uma grande vantagem.
Há diversas minúcias durante a produção de um
produto as quais muita gente não faz nem ideia,
mas talvez a pessoa só
queira mudar a cor e pronto.
Obviamente, isso não precisa
de muito conhecimento.
Mais importante,
tecnicamente falando,
a beleza desses programas
de design e engenharia hoje,
é que incorporam
simulações físicas avançadas
e outras propriedades da
lei natural do mundo real.
Assim, um produto não é apenas
visível como um modelo 3D estático.
Pode ser testado
digitalmente ali mesmo.
E embora a capacidade de teste
possa ser limitada hoje,
é simplesmente uma questão de foco
para aperfeiçoar esses meios digitais.
Por exemplo, na indústria automobilística,
muito antes das novas ideias serem construídas,
elas passam por processos
de testes digitais similares
e não há nenhuma
razão para acreditar
que não acabará sendo
possível representar,
imitar e implementar,
digitalmente,
praticamente todas as leis
conhecidas da natureza,
e ser capaz de aplicá-las a diferentes contextos.
Da mesma forma,
e isto é importante,
o desenho proposto no
presente sistema é filtrado
através de uma série de protocolos
de sustentabilidade e eficiência
que se relacionam não só
à situação do mundo natural
mas também ao
sistema industrial total,
analisando o
que é compatível.
Os processos de avaliação
e sugestão incluiriam o seguinte:
durabilidade maximizada
estrategicamente,
adaptabilidade,
padronização dos gêneros
de componentes,
facilitação da reciclagem estrategica, como eu mencionei antes,
e facilitação estratégica
do projeto em si,
tornando-os propícios para
automação do trabalho.
Vou passar por cada
tópico rapidamente.
Durabilidade significa apenas
construir os produtos tão resistentes
e tão duradouros quanto é relevante.
Os materiais utilizados, considerando
possíveis substituições,
devido aos níveis de escassez e outros fatores,
seriam calculados dinamicamente,
de fato automaticamente
pelo sistema de projetos,
para que sejam os mais propícios a um
padrão de durabilidade otimizada.
Adaptabilidade.
Isto significa o estado mais
elevado de flexibilidade
para a substituição
de componentes.
Alguém viu essa coisa
chamada "Phonebloks"?
[phonebloks.com]
Brilhante.
No caso de um componente
de qualquer produto quebrar
ou ficar ultrapassado, o projeto
facilita, sempre que possível,
que tais componentes sejam
facilmente substituídos
para maximizar a vida útil
do produto como um todo.
Padronização dos gêneros
de componentes.
Quaisquer novos projetos deverão estar
em conformidade com ou substituir,
caso estejam desatualizados,
componentes que,
ou já são muito utilizados,
ou estão ultrapassados devido a uma
relativa falta de desempenho.
Muitos não sabem, mas em 1801
um homem chamado Eli Whitney
foi o primeiro a realmente aplicar
a padronização na produção.
Ele fazia mosquetes e na
época eram feitos à mão,
e eles não eram intercambiáveis.
Então se alguma peça
do mosquete quebrasse
não podia ser trocada por uma
peça de outro mosquete.
Ele foi o primeiro até a criar as
ferramentas para isso
e foi o que basicamente começou todo
o processo de padronização,
e os militares dos EUA eram então capazes
de comprar grandes lotes de mosquetes e
repor suas peças.
Era muito mais sustentável,
mesmo sendo para
matar pessoas. (risos)
O que é interessante para os militares,
porque se você pensar nisso,
as forças armadas são um dos
sistemas mais eficientes do planeta
porque não há economia de mercado.
Se você realmente quer olhar
onde a eficiência industrial nasceu,
por mais que eu não goste deles,
foi justamente com os militares
que houve o máximo
de aproveitamento [de recursos].
De qualquer forma, essa lógica não se
aplica apenas a um determinado produto,
é aplicada a todos os gêneros
produzidos: padronização.
Inclusive, essa eficiência nunca vai
acontecer em uma economia de mercado
com a sua base na concorrência,
já que a tecnologia proprietária
remove toda essa eficiência
colaborativa. Ninguém quer isso.
Ninguém quer
compartilhar tudo assim.
Caso contrário, as pessoas não teriam
que voltar para a empresa de origem
e comprar a peça, elas
iriam para outro lugar
onde têm acesso através
de outros meios.
Facilitação da reciclagem.
Como observado anteriormente, isso significa
que tudo deve estar em conformidade com
o estado das possibilidades
de regeneração.
O desmonte de qualquer
produto deve ser previsto
e pensado da maneira
mais otimizada
e facilitar a automação
de trabalho.
Isto significa que o
estado atual da produção
automatizada otimizada é
diretamente levado em conta,
buscando refinar
o processo
(perdão), buscando refinar
o projeto que é apresentado
para que seja mais favorável para
o estado atual de produção
com a menor quantidade de trabalho
ou monitoramento humano.
Procuramos simplificar a maneira que os
materiais e os meios de produção são usados
de modo que o número máximo de
produtos podem ser produzidos
com a menor variação de materiais e
equipamentos de produção.
É um ponto muito importante.
Esses cinco fatores serão
o que nós podemos chamar
de Função de Eficiência de Projeto
Otimizado, em termo técnico.
Tenha isso em mente pois retornarei
a este assunto em um momento.
Passando para o complexo industrial, o layout.
Ou seja, a rede de instalações
que é diretamente conectada
ao sistema de projetos e banco de dados
que acabei de descrever.
Basicamente os servidores, a produção,
a distribuição e a reciclagem.
Além disso, teríamos que relacionar
o estado atual dos recursos,
de importância crítica, de acordo com
a rede global de gestão de recursos,
outra camada, a qual também
vou descrever em um momento.
Produção.
No caso, o ato de
produzir evoluiria,
pois, como dito antes,
fábricas automatizadas
seriam cada vez mais
capazes de produzir mais
com menos insumos materiais e menos máquinas:
a chamada "Efemerização".
Se pudermos remover questões complexas
desnecessárias dentro de um projeto
Podemos aprofundar ainda mais
esta tendência à eficiência.
Com níveis cada vez mais baixos de impacto
ambiental e utilização de recursos,
enquanto maximizamos nosso
potencial de produção de abundância.
O número de unidades de produção,
seja homogêneo ou heterogêneo,
como eles seriam chamados,
seriam distribuídos estrategicamente
baseados de acordo
com a topografia e estatísticas demográficas,
coisas muito simples.
Não é diferente do que como
supermercados funcionam hoje
onde eles tentam manter
distâncias médias
entre grupos de pessoas e bairros
da melhor forma possível.
Você pode chamar isso de
"estratégia de proximidade",
que eu vou falar novamente
em um momento.
Distribuição.
Pode ser efetuada diretamente
através da unidade de produção
como no caso de uma produção por
demanda única e personalizada
ou pode ser enviada para uma
"biblioteca" de distribuição
para o acesso do público em massa,
com base na demanda e
interesse naquela região.
O sistema de "biblioteca" é o lugar
onde os bens podem ser obtidos.
Alguns produtos podem ser
propícios à baixa demanda
e produção personalizada
e alguns não serão.
A comida é um exemplo fácil de uma
necessidade de produção em massa,
enquanto uma peça única
de mobilia sob medida
viria diretamente das instalações industriais,
quando fosse produzida.
Eu suspeito que este processo
de produção por demanda,
o qual será igualmente tão utilizado
quanto a produção em massa,
será uma enorme vantagem.
Como se observa, a produção
por demanda é mais eficiente
uma vez que os recursos vão ser
utilizados para a demanda exata
em oposição à produção em
grandes lotes que fazemos hoje.
Distribuição
Desculpe-me, deveria dizer
E no contexto de distribuição:
Biblioteca de Distribuição.
O inventário é avaliado em trocas
diretas de informação e feedback
entre a produção,
distribuição e demanda.
Se isso não faz sentido para você,
você só precisa pensar em
como funciona o rastreamento e
gerenciamento de inventário
de qualquer grande centro de
distribuição comercial atual,
com, naturalmente, alguns ajustes
feitos para este novo modelo.
Nós já fazemos este
tipo de atividade.
E independentemente do local para onde
este produto está destinado a ir,
se é personalizado ou não, para
bibliotecas ou para um usuário direto,
este ainda é um
sistema de acesso.
Em outras palavras, a qualquer momento,
o utilizador desse produto personalizado
pode devolver o item
para reprocessamento
assim como a pessoa que obteve
algo da biblioteca pode também.
Uma vez que, como observado anteriormente,
o produto foi pré-otimizado
- Todos os bens são pré-otimizados
para reciclagem inteligente -
as instalações de reciclagem serão,
na verdade, construídas diretamente
na unidade de produção ou de acordo com
o gênero da unidade de produção,
dependendo do número de
instalações que você precisa
para atender à variedade de demanda.
Portanto, não há lixo aqui:
se é um telefone,
um sofá, um computador,
uma jaqueta ou um livro,
tudo volta ao local de onde foi produzido
para reprocessamento direto.
Idealmente, esta é uma
economia de desperdício zero.
Gestão de Recursos, feedback e valor.
O processo de desenho assistido
por computador e engenharia
obviamente não existe no vácuo.
Processando a demanda requisitada a partir
dos recursos naturais disponíveis.
Assim, ligado a este processo de
projeto e literalmente inserido
na Função de Eficiência de Projeto Otimizado,
a qual observamos antes,
está a dinâmica troca de informações
a partir de um sistema de
gerenciamento em escala global
o qual nos dá dados sobre
todos os recursos relevantes
que contabilizam todas
as demandas e produções.
Hoje, a maioria das grandes indústrias
mantém dados periódicos
de seus materiais no que diz respeito
à quantidade que elas possuem,
mas evidentemente é difícil
determinar o total [global]
devido à existência de segredos
corporativos e coisas semelhantes.
Mas ainda assim é feito.
Na proporção em que
é tecnicamente possível,
todos os recursos seriam
rastreados e monitorados,
o mais próximo do
tempo real possível.
Por quê? Principalmente porque
temos de manter o equilíbrio
com processos de regeneração da Terra,
em todos os momentos,
ao mesmo tempo que, como dito antes,
trabalharíamos para maximizar estrategicamente
a utilização de materiais
mais abundantes,
enquanto tentaríamos minimizar
qualquer recurso que
tivesse perigo de escassez.
Valor.
Como medida do valor,
as duas medidas dominantes,
que serão constantemente submetidas
a novos e dinâmicos cálculos
através do feedback, à medida
que a indústria se desenvolve,
é "escassez" e "complexidade do trabalho."
Ao valor de escassez,
sem um sistema de mercado,
pode ser atribuído
um valor numérico,
dizer, de 1 a 100.
1 denotaria a
escassez mais grave
no que diz respeito à
taxa atual de utilização,
e 100 a menos grave.
50 marcaria a linha divisória
de estado estacionário.
Por exemplo, se a
utilização de madeira chega
abaixo do nível de
equilíbrio de 50,
o que significaria o
consumo está superando
a taxa de regeneração
natural da Terra,
isso resultaria em um
movimento de retenção,
tal como o processo de
substituição de materiais,
encontrando alternativas
para substituição da madeira,
em quaisquer
produções futuras.
E, se você é daquela mentalidade de
livre mercado, ouvindo isso
vai provavelmente se opor a este ponto,
dizendo "sem um sistema de preços,
como você pode comparar o valor de um
material com outro ou com vários materiais?"
Simples: você organiza gêneros
ou grupos de materiais
com utilidades similares
e quantifica, da melhor maneira possível,
as suas propriedades relacionadas
e grau de eficiência
para um determinado fim.
Em seguida, você aplica um espectro geral
de valores numéricos
a essas relações também.
Por exemplo, há um
espectro de metais
que têm diferentes eficiências
de condutividade elétrica.
Estas eficiências podem
ser quantificadas.
Se elas podem ser quantificadas,
elas podem ser comparadas.
Então, se o cobre vai abaixo do valor médio
de 50 em relação à sua escassez,
cálculos são desencadeados
pelo programa de gerenciamento
para comparar o estado de outros materiais
favoráveis na sua base de dados,
comparar o seu nível de
escassez e sua eficiência,
preparando para a substituição,
e esse tipo de informação
é enviada diretamente de
volta para os projetistas.
Naturalmente, este tipo de raciocínio
pode ficar extremamente complicado,
como são inúmeros recursos e
inúmeras eficiências e propósitos,
e é exatamente por isso que ele é calculado
por uma máquina, não pessoas,
e é também por isso que
supera o sistema de preços,
quando se trata de verdadeira consciência
dos recursos e gestão inteligente.
Complexidade de Trabalho.
Isto significa simplesmente estimar a
complexidade de uma determinada produção.
Complexidade, no contexto de uma
indústria orientada à automação,
pode ser quantificada
definindo e comparando
o número de etapas do
processo, por assim dizer.
Qualquer bem de produção
pode ser prefigurado
sobre quantas "etapas de produção" ele irá
requerer antes do ato de produzir.
Ele pode, então, ser comparado
a outros bens de produção,
de preferência no mesmo gênero,
para uma avaliação quantificável.
Em outras palavras, as unidades
de medida são as etapas.
Por exemplo, uma cadeira que pode
ser moldada em 3 minutos,
a partir de polímeros em um
simples processo terá um menor
valor de complexidade de trabalho do que
uma cadeira que requer montagem automatizada,
uma cadeia produtiva mais trabalhosa
com utilização de materiais diferentes.
Caso o valor de um determinado processo
seja muito complexo
ou ineficiente em termos do que é
atualmente possível em produção
ou muito ineficiente em comparação
a outro projeto já existente
da mesma natureza; o projeto,
juntamente com outros parâmetros,
seria sinalizado para
ser reavaliado.
Tudo isso viria de informações de feedback
da interface de Projetos,
e não há nenhuma razão para supor que,
com o avanço contínuo
em IA, inteligência artificial,
[o sistema] de feedback não só
destacaria o problema
mas também daria
sugestões ou substituições
para melhor entendimento,
diretamente na interface.
Macro-cálculo.
Vamos colocar alguns
destes raciocínios juntos.
Espero que todos tenham
paciência comigo. (risos)
Se o objetivo for
analisar um bom projeto
na forma mais ampla possível no que
diz respeito ao desdobramento industrial,
acabaríamos com cerca de
quatro funções ou processos
cada relativa aos quatro estágios
dominantes e contínuos de projeto,
produção, distribuição e reciclagem.
As seguintes proposições devem ser
óbvias o suficiente como regra estrutural.
Todos os Projetos de produto devem
adaptar-se à eficiência do projeto otimizado.
Todos eles devem se adaptar a
eficiência da produção otimizada.
Eles devem se adaptar a
eficiência da distribuição otimizada,
e eles devem se adaptar a
eficiência de reciclagem otimizada.
Parece redundante, mas é assim
que temos que pensar nisso.
Aqui é um esquema linear de blocos e
a representação simbólica da lógica,
que incorpora os
sub-processos ou funções
as quais irei simplificar
de forma bem genérica.
Processo 1: O Projeto (Design).
Eficiência do projeto otimizado.
A concepção do produto deve atender
ou adaptar-se a um conjunto de critérios
pelo o que chamamos os
padrões de eficiência atuais.
Este processo eficiência tem
cinco sub processos avaliativos,
como observado anteriormente
na apresentação:
durabilidade, capacidade de
adaptação, a estandardização
reciclagem inteligente, maximização
inteligente da automação.
Uma maior simplificação dessas
variáveis e associações lógicas
pode ser feita, figurativamente,
mas não acho que seja
propício para esta apresentação
pois estaríamos nos perdendo
em minúcias reducionistas,
mas este material será desenvolvido
muito mais e colocado
no livro anteriormente citado,
e estará disponível gratuitamente.
Vou tentar fazer o meu melhor para demonstrar
o processo de eficiência geral aqui.
Então por fim, tratando-se deste processo
de Eficiência do Projeto Otimizado
chegamos a esta função
de projeto no topo.
Só para demonstrar, vou listar todos
os significados de cada função no final.
Passamos para
o processo 2.
Eficiência da produção.
Em suma, este
é o filtro digital
que aloca o projeto para um dos
dois tipos de instalações de produção:
Uma de alta demanda
ou produção em massa,
e outra de demanda menor,
personalizada ou sob medida.
A primeira utiliza automação
fixa, o que quer dizer
produção sem variações,
ideal para alta demanda.
E a segunda utiliza
automação flexível,
a qual pode fazer uma variedade de coisas,
geralmente mais eficiente em pequenas tiragens.
Esta é uma distinção
que é comumente feita
em produções tradicionais.
Esta estrutura supõe apenas
dois tipos de instalações,
mas, obviamente, poderia haver mais,
baseadas em outros fatores de produção.
Entretanto se as regras do processo
projetual forem respeitadas,
como dito antes, é provável que não haja
muitas variações [em tipos de instalações]
Ao longo do tempo, as coisas
ficam cada vez mais simples.
Vou resumir rapidamente
para aqueles
que gostam de
coisas simplificadas:
Todos os projetos de
produtos são filtrados por
uma Determinação Classificatória
de Demanda, processo "D".
O processo de Determinação Classificatória
de Demanda faz a filtragem
com base nas normas estabelecidas
para baixa ou alta demanda.
Todos os projetos de
produtos de baixa demanda
serão fabricados pelo processo
de automação flexível.
Todos os projetos de
produtos de alta demanda
serão fabricados pelo
processo de automação fixa.
Além disso, os projetos de Produtos,
tanto de baixa quanto de alta demanda,
serão distribuídos regionalmente de
acordo com a estratégia de proximidade
da instalação de fabricação.
Isto significa simplesmente
vamos manter as coisas o mais perto possível,
tanto baseado na distância média
de qualquer demanda, quanto no tipo
de instalação que você está usando.
Isso vai mudar ao longo do tempo de
acordo com mudanças populacionais,
portanto continuamos atualizando.
Processo 3.
Depois que processo 2 for concluído,
o projeto do produto é
agora um produto físico
e será alocado de acordo com a
Eficiência de Distribuição Otimizada.
Em suma, todos os produtos
são previamente alocados
com base na Determinação Classificatória
de Demanda, citada anteriormente.
Assim, produtos de baixa demanda
seguem o processo de distribuição direta.
Produtos de alta demanda seguem
o processo de distribuição em massa,
que, neste caso, seriam
as "Bibliotecas de Acesso".
Ambos os produtos, de
baixa e alta demanda,
serão atribuídos regionalmente
pela estratégia de proximidade.
E o processo 4, muito simples: o produto
passa por seu período de vida útil.
Idealmente, este foi atualizado e
adaptado, utilizado em sua plenitude
e feito da forma mais avançada
tecnologicamente possível dentro sua vida útil.
E ao perder sua função e tornar-se
obsoleto, passamos para o processo 4,
que é a Eficiência de Reciclagem Otimizada.
Todos os produtos obsoletos
seguirão um protocolo regenerativo
que é um sub-processo que
eu não vou me aprofundar
pois é bastante complexo,
e cujo papel cabe aos engenheiros
em desenvolver ao longo do tempo.
Esta é apenas uma simples
macro-representação
uma vez que estas sub-variáveis e
sub-processos são ainda mais amplos.
Mantendo tudo isto em mente, mais uma
vez, grande quantidade disso estará no livro,
e espero que outras pessoas
que sejam proficientes nisso
e que estejam de acordo com este tipo de pensamento,
possam ver este material
e aprimorar mais, aperfeiçoar
essas equações e relações.
O que eu tentei fazer
aqui é mostrar um esboço
de como este tipo de
coisa se desenvolve.
E como conclusão eu
diria, mais ou menos,
que este esboço de
sustentabilidade e eficiência,
é uma coisa muito
simples e lógica.
Você não tem que ser um cientista
para entender como as coisas funcionam.
A criação de um programa real que
pode calcular e levar em consideração
centenas, se não milhares de
sub-processos, de forma algorítmica,
os quais dizem respeito a um
complexo econômico é, de fato,
um grande projeto em si, mas
é mais um projeto tedioso.
Você não precisa ser um gênio
para conceber uma coisa dessas.
Acho que este é um excelente
programa para 'Think Tanks'
para todos que estejam
interessados em projetos.
Eu tenho vários pequenos projetos
que estou tentando por em prática
quando eu tiver tempo, um deles se
chama Instituto Global de Redesign (GRI),
que é uma abordagem
macro-económica a fim de
redesenhar toda a superfície
do planeta, basicamente.
E neste outro conceito de programação que
nós criamos uma plataforma open source
onde as pessoas podem começar
a projetar este mesmo programa
o qual acabei de descrever.
E é isso. Eu ia fazer uma conclusão
para essa conversa,
mas já falei demais.
Portanto, espero que isso dê uma
compreensão mais profunda do modelo
e como ele funciona e
agradeço pela atenção.
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