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Todos os dias que vivemos, exercemos impacto no planeta

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    Chris Anderson:
    Dra. Jane Goodall, seja bem-vinda.
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    Jane Goodall: Obrigada.
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    Acho que não poderíamos
    ter uma entrevista completa
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    sem que as pessoas saibam
    que o Sr. H está aqui comigo,
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    porque toda a gente conhece o Sr. H.
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    CA: Olá, Sr. H.
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    Na sua palestra TED de há 17 anos,
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    a Dra. Jane alertou-nos para os perigos
    da aglomeração humana no mundo natural.
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    De alguma forma sente
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    que a atual pandemia
    é a Natureza a vingar-se?
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    JG: É muito, muito claro
    que estas doenças zoonóticas,
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    como o coronavírus e o VIH/SIDA
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    e todos os outros tipos de doenças
    que nós apanhamos através dos animais,
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    em parte, têm a ver
    com a destruição do meio ambiente,
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    pois, ao perderem o "habitat",
    os animais ficam demasiado juntos,
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    e às vezes, o que acontece é que
    um vírus no reservatório de uma espécie,
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    onde tem vivido harmoniosamente
    durante talvez centenas de anos,
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    passa para outras novas espécies,
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    que depois entram em contato
    mais próximo com as pessoas.
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    E, às vezes, um desses animais
    que tenha apanhado um vírus
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    pode fornecer a oportunidade
    para que o vírus entre nas pessoas
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    e crie uma nova doença, como a COVID-19.
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    E somado a isso,
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    nós estamos a desrespeitar
    muito os animais.
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    Nós caçamo-los,
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    nós matamo-los, nós comemo-los,
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    nós traficamo-los,
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    nós enviamo-los para
    os mercados de animais selvagens
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    na Ásia,
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    onde eles vivem em péssimo estado,
    apertados em gaiolas minúsculas,
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    com pessoas a serem contaminadas
    com sangue, urina e fezes,
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    as condições ideias para um vírus
    se espalhar de um animal para outro,
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    ou de um animal para uma pessoa.
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    CA: Eu gostaria de voltar atrás
    no tempo só um pouco,
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    porque a sua história é tão
    extraordinária...
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    Apesar de todas as possíveis
    atitudes mais sexistas dos anos 60,
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    de alguma forma a Jane foi capaz de inovar
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    e de se tornar uma das cientistas
    pioneiras no mundo,
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    descobrindo essa espantosa
    série de factos sobre os chimpanzés,
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    como o uso de ferramentas, e muito mais.
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    O que é que, na sua opinião, havia em si
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    que lhe permitiu fazer
    um avanço tão grande?
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    JG: Bem, o facto é que eu nasci
    a amar os animais,
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    e a coisa mais importante foi
    ter tido uma mãe muito compreensiva.
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    Ela não ficava aborrecida
    ao achar minhocas na minha cama,
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    ela só dizia que era melhor
    elas estarem no jardim.
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    E não ficou aborrecida
    quando desapareci por quatro horas,
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    e, ao chamar a polícia,
    encontraram-me sentada num galinheiro,
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    porque ninguém me dizia
    onde era o buraco por onde o ovo saia.
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    Eu não tinha o sonho de ser cientista,
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    porque as mulheres
    não faziam esse tipo de coisas.
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    Na verdade, também não havia
    nenhum homem a fazer isso.
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    E toda a gente se riu de mim,
    menos ela, que disse:
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    "Se realmente queres isso,
    terás de trabalhar muito,
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    "aproveitar cada oportunidade,
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    " e se não desistires, talvez
    encontres uma maneira."
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    CA: E de alguma forma, a Jane
    ganhou a confiança dos chimpanzés
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    como mais ninguém conseguiu ganhar.
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    Olhando para trás, qual foi o momento
    mais excitante da sua descoberta
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    ou o que é que as pessoas ainda
    não entendem sobre os chimpanzés?
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    JG: Bem, o ponto é o que diz:
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    "Ver coisas que ninguém viu,
    e ganhar a confiança deles."
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    Ninguém tinha tentado.
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    Sinceramente.
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    Então, basicamente,
    eu usei as mesmas técnicas
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    que tinha para estudar os animais
    perto da minha casa quando era criança.
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    Sentando-me, pacientemente,
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    sem tentar chegar muito perto
    demasiado depressa,
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    mas foi horrível, porque o dinheiro
    só dava para seis meses.
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    Ou seja, o Chris pode imaginar
    como é difícil conseguir dinheiro
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    para uma jovem sem formação
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    ir fazer algo tão bizarro
    como ficar sentada numa floresta.
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    E, finalmente,
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    nós conseguimos dinheiro para seis meses
    de um filantropo norte-americano,
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    e eu sabia que, com tempo,
    eu ganharia a confiança dos chimpanzés,
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    mas será que eu tinha tempo?
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    As semanas viraram meses
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    e, finalmente, ao fim
    de cerca de quatro meses,
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    um chimpanzé começou a perder o medo,
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    e foi o que eu vi numa ocasião...
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    Eu ainda não estava muito perto,
    mas eu tinha binóculos...
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    e eu vi-o usar e fazer ferramentas
    para pescar térmitas.
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    Embora eu não ficasse
    assim tão surpreendida,
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    por já ter lido o que os chimpanzés
    em cativeiro conseguiam fazer,
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    eu sabia que a ciência acreditava
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    que os humanos, e apenas os humanos,
    usavam e faziam ferramentas.
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    E eu sabia o quão entusiasmado ficaria
    o Dr. Louis Leakey.
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    E foi essa observação
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    que lhe permitiu ir à National Geographic,
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    e eles disseram: "OK, nós continuaremos
    a dar apoio a essa pesquisa,"
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    e enviaram Hugo van Lawick,
    o fotógrafo cineasta,
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    para gravar o que eu estava a ver.
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    Só que muitos cientistas não queriam
    acreditar no uso de ferramentas.
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    Na verdade, um deles disse que
    eu devia ter ensinado os chimpanzés.
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    (Risos)
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    Como eu não conseguia chegar perto deles,
    isso teria sido um milagre.
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    Mas, enfim, assim que eles viram
    o filme feito pelo Hugo,
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    com todas as minhas descrições
    dos comportamentos deles,
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    os cientistas tiveram de começar
    a mudar de opinião.
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    CA: E desde então,
    inúmeras outras descobertas
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    mostram os chimpanzés muito mais próximos
    dos humanos do que eles queriam acreditar.
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    Eu acho que a vi dizer certa vez
    que eles têm sentido de humor.
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    Como é que já viu a expressão disso?
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    JG: Bem, isso vê-se
    quando eles estão a brincar,
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    e há um maior a brincar com um pequeno
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    que está a seguir uma videira
    ao redor de uma árvore.
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    De cada vez que o pequeno
    está prestes a pegar-lhe,
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    o maior empurra-o para longe,
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    o pequeno começa a chorar
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    e o maior começa a rir.
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    Então, sabemos.
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    CA: Mas, Jane, você observou
    algo muito mais preocupante,
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    que foram os bandos de chimpanzés,
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    tribos, grupos, a serem brutalmente
    violentos uns com os outros.
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    Eu estou curioso em saber
    como é que a Jane processa isso.
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    E se isso a deixou,
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    não sei, um pouco deprimida connosco,
    nós, que estamos tão próximo deles.
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    Isso fê-la sentir que a violência
    faz parte irremediavelmente
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    de todos os primatas, de alguma forma?
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    JG: Bem, é óbvio que sim.
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    O meu primeiro contacto com humanos,
    a que eu chamo maus,
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    foi no fim da guerra
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    com as cenas do Holocausto.
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    Isso realmente chocou-me.
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    Isso mudou quem eu era.
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    Eu tinha 10 anos, nessa época.
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    E quando os chimpanzés,
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    quando percebi que eles têm
    esse lado negro e brutal...
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    eu pensava que eram como nós,
    só que mais amáveis.
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    Foi então que percebi
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    que eles ainda eram mais parecidos
    connosco do que eu pensara.
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    E naquela época, no início dos anos 70,
  • 7:03 - 7:04
    era muito estranho,
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    havia um grande debate sobre a agressão:
  • 7:08 - 7:10
    era inata ou aprendida?
  • 7:10 - 7:13
    E tornou-se uma questão política.
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    Foi uma época muito estranha,
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    e eu estava a aparecer, dizendo:
  • 7:18 - 7:21
    "Não, eu acho que a agressão
    faz, de facto, parte
  • 7:21 - 7:24
    "do nosso repertório
    de comportamentos herdados."
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    E perguntei a um cientista
    muito respeitado
  • 7:28 - 7:30
    o que ele realmente pensava,
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    porque ele afirmava perentoriamente
  • 7:32 - 7:34
    que a agressão era aprendida
    e ele disse:
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    "Jane, eu prefiro não falar
    sobre o que realmente penso."
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    Aquilo foi um grande choque para mim,
    no que diz respeito à ciência.
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    CA: Eu fui educado a acreditar num mundo
    de coisas brilhantes e bonitas.
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    A Jane sabe, inúmeros filmes bonitos
    com borboletas e abelhas e flores,
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    e a Natureza como paisagem deslumbrante.
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    Muitos ambientalistas, muitas vezes,
    parecem tomar essa posição
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    — "Sim, a Natureza é pura, é bela,
    os humanos é que são maus" —
  • 8:06 - 8:08
    mas depois, temos
    outro tipo de observações
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    em que realmente olhamos ao pormenor
    para qualquer parte da Natureza,
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    e vemos coisas que nos aterrorizam,
    honestamente.
  • 8:14 - 8:17
    O que é que a Jane acha da Natureza,
    o que pensa sobre isso?
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    Como deveríamos pensar sobre isso?
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    JG: A Natureza é...
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    Quero dizer, pensamos no inteiro
    espetro da evolução,
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    e torna-se emocionante
    ir para um lugar primitivo,
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    e a África era muito primitiva
    quando eu era jovem.
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    Havia animais em toda parte.
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    Eu nunca gostei do facto
    de os leões matarem,
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    eles têm que... quero dizer,
    é o que eles fazem,
  • 8:43 - 8:46
    e se eles não matassem animais,
    morreriam.
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    Acho que a grande diferença
    entre eles e nós,
  • 8:50 - 8:56
    é que eles fazem o que fazem
    porque é o que têm de fazer.
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    E nós podemos planear fazer as coisas.
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    Os nossos planos são muito diferentes.
  • 9:01 - 9:05
    Podemos planear o corte
    de uma floresta inteira,
  • 9:05 - 9:08
    porque queremos vender a madeira,
  • 9:08 - 9:10
    ou porque queremos construir
    outro centro comercial,
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    ou algo assim.
  • 9:11 - 9:16
    Então, na nossa destruição da Natureza
    e na nossa guerra,
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    nós somos capazes de fazer mal
    porque nos podemos sentar confortavelmente
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    e planear a tortura de alguém distante.
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    Isso é maldade.
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    Os chimpanzés têm uma espécie
    de guerra primitiva,
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    e eles podem ser muito agressivos,
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    mas é no momento.
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    É como eles se sentem.
  • 9:32 - 9:35
    É a resposta a uma emoção.
  • 9:35 - 9:38
    CA: Então a sua observação
    da sofisticação dos chimpanzés
  • 9:38 - 9:42
    não vai tão longe quanto
    algumas pessoas gostariam de dizer
  • 9:42 - 9:44
    que é tipo um superpoder humano,
  • 9:44 - 9:50
    sermos capazes de simular o futuro
    nas nossas mentes em grande detalhe
  • 9:50 - 9:52
    e de fazer planos a longo prazo.
  • 9:52 - 9:58
    E agir, incentivando-nos uns aos outros
    para alcançar esses planos de longo prazo.
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    Que isso parece, mesmo para alguém
    que passou tanto tempo com chimpanzés,
  • 10:01 - 10:04
    parece um conjunto
    de diferentes competências
  • 10:04 - 10:07
    pelas quais temos que nos responsabilizar
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    e usar mais sabiamente do que fazemos.
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    JG: Sim, e eu acho, pessoalmente,
  • 10:11 - 10:14
    que há muita discussão sobre isso,
  • 10:14 - 10:18
    mas eu acho que é um facto que
    desenvolvemos a forma da comunicação
  • 10:18 - 10:20
    que você e eu estamos a usar.
  • 10:20 - 10:22
    E porque temos palavras,
  • 10:22 - 10:25
    quero dizer, a comunicação animal
    é muito mais sofisticada
  • 10:25 - 10:26
    do que costumamos pensar.
  • 10:26 - 10:28
    E chimpanzés, gorilas, orangotangos
  • 10:28 - 10:32
    podem aprender a linguagem gestual
    humana dos surdos.
  • 10:33 - 10:38
    Mas nós crescemos
    a falar qualquer que seja o idioma.
  • 10:38 - 10:42
    Então eu posso falar-lhe sobre coisas
    que você nunca ouviu falar.
  • 10:42 - 10:44
    E um chimpanzé não pode fazer isso.
  • 10:44 - 10:50
    Nós podemos ensinar
    coisas abstratas aos nossos filhos.
  • 10:50 - 10:52
    E os chimpanzés não podem fazer isso.
  • 10:52 - 10:55
    Mas os chimpanzés podem fazer
    todo o tipo de coisas inteligentes,
  • 10:55 - 11:00
    assim como os elefantes, os corvos
    e os polvos também podem,
  • 11:00 - 11:04
    mas nós projetamos foguetes
    que vão para outro planeta
  • 11:04 - 11:06
    e pequenos robôs para tirar fotografias,
  • 11:06 - 11:11
    e nós projetámos esta maneira
    extraordinária de podermos conversar
  • 11:11 - 11:13
    nas nossas diferentes partes do mundo.
  • 11:13 - 11:15
    Quando eu era jovem, quando cresci,
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    não existia TV, não existiam telemóveis,
  • 11:18 - 11:19
    não existiam computadores.
  • 11:19 - 11:21
    Era um mundo muito diferente,
  • 11:21 - 11:25
    Eu tinha apenas um lápis,
    uma caneta e um caderno.
  • 11:25 - 11:27
    CA: Então, voltando à questão
    sobre a natureza,
  • 11:27 - 11:29
    porque penso muito nisso,
  • 11:29 - 11:32
    e debato-me com isso, honestamente.
  • 11:33 - 11:37
    Tanto do seu trabalho,
    tantas das muitas pessoas que eu respeito
  • 11:37 - 11:44
    falam dessa paixão de tentar
    não estragar o mundo natural.
  • 11:44 - 11:47
    Então é possível, é saudável,
    é essencial, talvez,
  • 11:47 - 11:52
    aceitar simultaneamente
    que muitos aspetos da Natureza
  • 11:52 - 11:54
    são aterrorizantes,
  • 11:54 - 11:57
    mas também que é fantástico,
  • 11:57 - 12:02
    e que algumas das maravilhas
    vêm do potencial de ser aterrorizante
  • 12:02 - 12:07
    e que é também somente
    uma beleza de tirar o fôlego,
  • 12:07 - 12:11
    e que não podemos ser nós mesmos,
    porque fazemos parte da Natureza,
  • 12:11 - 12:13
    não podemos ser um todo
  • 12:13 - 12:17
    a menos que, de alguma forma, aceitemos
    fazer parte disso?
  • 12:17 - 12:22
    Ajude-me com a linguagem, Jane,
    diga como essa relação deveria ser.
  • 12:22 - 12:26
    JG: Bem, acho que é um dos problemas,
    à medida que desenvolvemos o intelecto,
  • 12:26 - 12:29
    e nos tornámos cada vez melhores
  • 12:29 - 12:32
    na modificação do ambiente
    para nosso próprio uso,
  • 12:32 - 12:35
    e criámos campos e terrenos de cultivo
  • 12:35 - 12:38
    onde costumava haver
    uma floresta ou um bosque,
  • 12:38 - 12:41
    mas não vamos entrar nisso agora,
  • 12:41 - 12:45
    mas temos a capacidade
    de mudar a Natureza.
  • 12:45 - 12:49
    E à medida que nos mudámos mais
    para vilas e cidades,
  • 12:49 - 12:53
    e confiámos mais na tecnologia,
  • 12:53 - 12:57
    muitas pessoas sentiram-se
    separadas do mundo natural.
  • 12:57 - 13:00
    E há centenas, milhares de crianças
  • 13:00 - 13:01
    a crescer dentro dessas cidades,
  • 13:01 - 13:04
    onde, basicamente, não existe
    nenhuma Natureza,
  • 13:04 - 13:07
    e é por isso que o movimento atual
    para tornar as cidades verdes
  • 13:07 - 13:09
    é tão importante.
  • 13:09 - 13:12
    Eles fizeram experiências,
  • 13:12 - 13:15
    — acho que foi em Chicago,
    não tenho a certeza —
  • 13:15 - 13:18
    e havia diversos lotes vazios
  • 13:18 - 13:22
    numa parte muito violenta da cidade.
  • 13:22 - 13:25
    Então, tornaram verdes
    algumas dessas áreas,
  • 13:25 - 13:30
    colocaram árvores, flores e coisas,
    e arbustos, nesses lotes vazios.
  • 13:30 - 13:33
    E a taxa de criminalidade começou a cair.
  • 13:33 - 13:36
    Por isso, claro, eles colocaram
    árvores na outra metade.
  • 13:37 - 13:39
    Isso só mostra, também,
  • 13:39 - 13:41
    que foram feitos estudos
    mostrando que as crianças
  • 13:41 - 13:46
    precisam da Natureza verde para
    um bom desenvolvimento psicológico.
  • 13:47 - 13:50
    Mas, como o Chris diz,
    nós fazemos parte da Natureza
  • 13:50 - 13:54
    mas desrespeitamo-la, por sermos assim,
  • 13:54 - 13:59
    e isso é terrível
    para os nossos filhos e netos,
  • 13:59 - 14:03
    porque confiamos na Natureza
    para termos ar limpo, água limpa,
  • 14:03 - 14:06
    para regular o clima e a pluviosidade.
  • 14:06 - 14:09
    Veja o que nós fizemos,
    veja as crises climáticas.
  • 14:09 - 14:11
    Fomos nós que fizemos isso.
  • 14:11 - 14:13
    CA: Há pouco mais de 30 anos,
  • 14:13 - 14:18
    a Jane fez a mudança de cientista
    para ativista, creio eu.
  • 14:18 - 14:20
    Porquê?
  • 14:22 - 14:25
    JG: A conferência científica, em 1986,
  • 14:25 - 14:27
    — na altura, eu já tinha o doutoramento —
  • 14:27 - 14:31
    era para descobrir como o comportamento
    dos chimpanzés diferia, e se diferia,
  • 14:31 - 14:32
    de um ambiente para outro.
  • 14:32 - 14:35
    Havia seis locais de estudos
    em toda a África.
  • 14:35 - 14:38
    Nós pensámos: "Vamos colocar
    estes cientistas juntos
  • 14:38 - 14:40
    "e explorar isso",
  • 14:40 - 14:41
    o que foi fascinante.
  • 14:41 - 14:43
    Mas também tivemos uma sessão
    sobre conservação
  • 14:43 - 14:48
    e uma sessão sobre condições
    em situações de cativeiro,
  • 14:48 - 14:49
    como pesquisa médica.
  • 14:50 - 14:54
    Aquelas duas sessões foram
    muito chocantes para mim.
  • 14:54 - 14:57
    Eu fui para a conferência como cientista,
  • 14:57 - 14:59
    e saí como ativista.
  • 14:59 - 15:02
    Eu não tomei uma decisão,
    alguma coisa aconteceu dentro de mim.
  • 15:02 - 15:06
    CA: Então, a Jane passou
    os últimos 34 anos
  • 15:06 - 15:09
    a fazer campanha, incansavelmente,
    por uma relação melhor
  • 15:09 - 15:12
    entre as pessoas e a Natureza.
  • 15:14 - 15:18
    Como deveria ser essa relação?
  • 15:20 - 15:24
    JG: Bem, mais uma vez o Chris
    levanta todos estes problemas.
  • 15:24 - 15:27
    As pessoas têm de ter espaço para viver.
  • 15:27 - 15:30
    Mas eu acho que o problema
  • 15:30 - 15:33
    é que nos tornámos,
    nas sociedades abastadas,
  • 15:33 - 15:35
    demasiado gananciosos.
  • 15:35 - 15:40
    Quero dizer, honestamente, quem precisa
    de quatro casas com terrenos enormes?
  • 15:40 - 15:44
    E porque é que precisamos
    de mais um centro comercial?
  • 15:44 - 15:46
    E assim por diante.
  • 15:46 - 15:51
    Andamos atrás de um benefício
    económico de curto prazo,
  • 15:51 - 15:54
    o dinheiro tornou-se
    uma espécie de deus para adorar,
  • 15:54 - 15:57
    porque perdemos a ligação espiritual
    com o mundo natural.
  • 15:58 - 16:03
    Por isso, andamos à procura
    de um curto ganho monetário, ou poder,
  • 16:03 - 16:06
    ao invés da saúde do planeta
  • 16:06 - 16:08
    e do futuro dos nossos filhos.
  • 16:09 - 16:12
    Parece que já não nos importamos com isso.
  • 16:12 - 16:15
    É por isso que eu nunca
    vou parar de lutar.
  • 16:15 - 16:19
    CA: No seu trabalho, especificamente,
    na preservação do chimpanzé,
  • 16:20 - 16:24
    a Jane criou como prática
    colocar as pessoas no centro disso,
  • 16:24 - 16:26
    as pessoais locais, para as envolver.
  • 16:26 - 16:28
    Como é que isso tem funcionado?
  • 16:28 - 16:31
    Acha que essa é uma ideia essencial,
  • 16:31 - 16:33
    se quisermos ter sucesso
    na proteção do planeta?
  • 16:33 - 16:35
    JG: Depois daquela famosa conferência,
  • 16:35 - 16:37
    achei que precisava de saber
  • 16:37 - 16:40
    porque é que os chimpanzés
    estavam a desaparecer em África,
  • 16:40 - 16:42
    e o que estava a acontecer nas florestas.
  • 16:42 - 16:46
    Juntei algum dinheiro
    e percorri um conjunto de seis países.
  • 16:46 - 16:50
    E aprendi muito sobre os problemas
    enfrentados pelos chimpanzés,
  • 16:50 - 16:52
    como a caça por carne
    de animais selvagens
  • 16:53 - 16:55
    e o comércio de animais vivos
    apanhados em armadilhas
  • 16:56 - 16:59
    e a população humana a aumentar
    e a precisar de mais terra
  • 16:59 - 17:02
    para o seu cultivo,
    o seu gado, e as suas aldeias.
  • 17:02 - 17:08
    Mas eu também estava a descobrir
    a situação que muitas pessoas enfrentavam.
  • 17:08 - 17:11
    A pobreza absoluta,
    a falta de saúde e educação,
  • 17:11 - 17:13
    a degradação da terra.
  • 17:13 - 17:19
    Eu percebi, quando sobrevoei
    o minúsculo Parque Nacional Gombe.
  • 17:19 - 17:22
    Fizera parte da cintura equatorial
    florestal de toda a África
  • 17:23 - 17:24
    até à Costa Oeste,
  • 17:24 - 17:26
    e em 1990,
  • 17:26 - 17:29
    havia só um pedacinho de floresta,
    só um pequeno parque nacional.
  • 17:29 - 17:32
    Por toda parte, as colinas estavam nuas.
  • 17:32 - 17:33
    E foi então que me apercebi.
  • 17:33 - 17:35
    Se não fizermos alguma coisa
  • 17:35 - 17:38
    para ajudar as pessoas
    a encontrar maneiras de viver
  • 17:38 - 17:39
    sem destruir o seu ambiente,
  • 17:39 - 17:42
    não podemos nem sequer tentar
    salvar os chimpanzés.
  • 17:42 - 17:46
    Assim, o Instituto Jane Goodall começou
    esse programa "Take Care",
  • 17:46 - 17:48
    nós chamamos de "TACARE."
  • 17:48 - 17:52
    E é nosso método de conservação
    baseado na comunidade,
  • 17:52 - 17:54
    totalmente holístico.
  • 17:54 - 17:58
    E agora colocamos as ferramentas
    de conservação
  • 17:58 - 17:59
    nas mãos dos aldeões,
  • 17:59 - 18:02
    porque a maioria dos chimpanzés
    selvagens tanzanianos
  • 18:02 - 18:04
    não estão em áreas protegidas,
  • 18:04 - 18:07
    estão nas reservas florestais
    nas aldeias.
  • 18:07 - 18:12
    Assim, eles agora medem
    a saúde da sua floresta.
  • 18:12 - 18:15
    Eles entenderam agora
  • 18:15 - 18:18
    que proteger a floresta
    não é só para a vida selvagem,
  • 18:18 - 18:20
    é para o seu próprio futuro.
  • 18:20 - 18:22
    Que eles precisam da floresta.
  • 18:22 - 18:24
    E eles orgulham-se muito disso.
  • 18:24 - 18:26
    Os voluntários vão a "workshops",
  • 18:26 - 18:28
    aprendem a usar "smartphones",
  • 18:28 - 18:32
    aprendem a fazer carregamentos
    na plataforma e na nuvem.
  • 18:33 - 18:35
    E assim é tudo transparente.
  • 18:35 - 18:38
    E as árvores voltaram,
  • 18:38 - 18:40
    já não há colinas nuas.
  • 18:40 - 18:44
    Eles concordaram em fazer uma zona
    de tampão em volta do Gombe,
  • 18:44 - 18:48
    para que os chimpanzés tenham mais
    floresta do que tinham em 1990.
  • 18:48 - 18:51
    Eles estão a abrir corredores florestais
  • 18:51 - 18:55
    para ligar grupos de chimpanzés dispersos,
    para que não haja muita consanguinidade.
  • 18:55 - 18:58
    Sim, funcionou, e está agora
    em seis outros países
  • 18:58 - 19:00
    a mesma coisa.
  • 19:01 - 19:05
    CA: A Jane tem sido uma extraordinária
    e incansável voz, em todo o mundo,
  • 19:05 - 19:07
    viajando tanto,
  • 19:07 - 19:11
    falando em todos os lugares, inspirando
    pessoas em todos os lugares.
  • 19:11 - 19:15
    Como é que a Jane encontra a energia,
  • 19:15 - 19:18
    o alento, para fazer isso,
  • 19:18 - 19:20
    porque isso é esgotante,
  • 19:20 - 19:23
    tantos encontros com tantas pessoas,
  • 19:23 - 19:25
    é fisicamente esgotante,
  • 19:25 - 19:28
    e no entanto,
    ainda aqui está a fazer isso.
  • 19:29 - 19:31
    Como é que faz isso, Jane?
  • 19:31 - 19:37
    JG: Bem, suponho que sou
    muito obstinada, não gosto de desistir,
  • 19:37 - 19:42
    E eu não vou deixar os CEOs
    das grandes empresas
  • 19:42 - 19:44
    que estão a destruir as florestas,
  • 19:44 - 19:50
    ou os políticos que estão a abolir
    as proteções postas em prática
  • 19:50 - 19:52
    pelos presidentes anteriores,
  • 19:52 - 19:54
    e o Chris sabe de quem
    é que eu estou a falar.
  • 19:54 - 19:56
    E como sabe, eu continuarei a lutar.
  • 19:56 - 20:00
    Eu importo-me,
    sou apaixonada pela vida selvagem.
  • 20:01 - 20:03
    Sou apaixonada pelo mundo natural.
  • 20:03 - 20:07
    Eu adoro as florestas,
    magoa-me vê-las destruídas.
  • 20:07 - 20:10
    Eu preocupo-me apaixonadamente
    com as crianças.
  • 20:10 - 20:12
    E nós estamos a roubar o futuro delas.
  • 20:13 - 20:14
    Eu não vou desistir.
  • 20:14 - 20:19
    Acho que sou abençoada
    com bons genes, isso é um dom,
  • 20:19 - 20:23
    e o outro dom, que eu
    descobri que tinha,
  • 20:23 - 20:25
    era a comunicação,
  • 20:25 - 20:27
    quer seja escrita ou oral.
  • 20:28 - 20:29
    O Chris sabe,
  • 20:29 - 20:32
    se andar assim por aí não funcionasse...
  • 20:32 - 20:35
    Mas sempre que eu faço uma palestra,
  • 20:35 - 20:37
    as pessoas vem ter comigo e dizem:
  • 20:37 - 20:39
    "Bem, eu tinha desistido,
    mas você inspirou-me,
  • 20:39 - 20:41
    "prometo fazer a minha parte."
  • 20:42 - 20:46
    E temos o nosso programa juvenil
    "Roots and Shoots" agora em 65 países
  • 20:46 - 20:47
    e está a crescer depressa,
  • 20:48 - 20:50
    todas as idades, todos a escolher projetos
  • 20:50 - 20:52
    para ajudar as pessoas,
    os animais, o meio ambiente,
  • 20:53 - 20:55
    arregaçando as mangas,
    e fazendo acontecer.
  • 20:55 - 20:58
    E sabe, eles olham para nós
    com os olhos brilhantes,
  • 20:58 - 21:00
    querendo dizer à Dra. Jane
    o que eles têm feito
  • 21:00 - 21:02
    para fazer do mundo um lugar melhor.
  • 21:02 - 21:04
    Como posso dececioná-los?
  • 21:04 - 21:08
    CA: Como é que vê o futuro do planeta?
  • 21:08 - 21:10
    O que mais a preocupa, na verdade,
  • 21:10 - 21:13
    o que mais a assusta sobre o ponto
    em que nos encontramos?
  • 21:14 - 21:19
    JG: Bem, o facto de termos uma
    pequena janela de tempo, creio eu,
  • 21:19 - 21:23
    em que podemos ao menos começar
    a reparar alguns dos danos
  • 21:23 - 21:26
    e desacelerar as mudanças climáticas.
  • 21:26 - 21:28
    Mas está a fechar-se,
  • 21:28 - 21:33
    e já vimos o que acontece
    com o confinamento ao redor do mundo,
  • 21:33 - 21:35
    por causa da COVID-19:
  • 21:35 - 21:37
    céu limpo sobre as cidades,
  • 21:38 - 21:41
    algumas pessoas a respirar ar puro,
    que nunca tinham respirado antes,
  • 21:42 - 21:44
    e a olhar para cima,
    para os céus noturnos brilhantes,
  • 21:44 - 21:47
    coisa que nunca tinham visto antes.
  • 21:47 - 21:49
    E... sabe,
  • 21:49 - 21:52
    o que me preocupa mais
  • 21:52 - 21:55
    é como conseguir pessoas suficientes
  • 21:55 - 21:58
    — as pessoas entendem,
    mas não estão a tomar medidas —
  • 21:58 - 22:01
    como conseguir pessoas
    suficientes para agir?
  • 22:01 - 22:06
    CA: A National Geographic acaba de lançar
    um filme extraordinário sobre si,
  • 22:06 - 22:09
    destacando o seu trabalho
    ao longo de seis décadas.
  • 22:10 - 22:13
    O título é "Jane Goodall: A Esperança."
  • 22:14 - 22:16
    Qual é a esperança, Jane?
  • 22:16 - 22:18
    JG: Bem, a esperança,
  • 22:18 - 22:20
    a minha maior esperança
    são todos os jovens.
  • 22:20 - 22:22
    Na China, as pessoas vão aparecer e dizer:
  • 22:22 - 22:24
    "Claro que me importo
    com o meio ambiente,
  • 22:24 - 22:27
    "eu estive no 'Roots and Shoots'
    na escola primária."
  • 22:27 - 22:30
    Nós temos "Roots and Shoots"
    agarrando-se aos valores
  • 22:30 - 22:35
    e eles são tão entusiastas,
    assim que conhecem os problemas
  • 22:35 - 22:37
    e se capacitam para agir,
  • 22:37 - 22:40
    eles estão a limpar as correntes,
    a remover espécies invasivas,
  • 22:40 - 22:42
    humanamente.
  • 22:42 - 22:44
    E eles têm tantas ideias.
  • 22:45 - 22:48
    E depois existe
    este nosso extraordinário intelecto.
  • 22:48 - 22:52
    Estamos a começar a usá-lo
    para criar a tecnologia
  • 22:52 - 22:55
    que realmente nos ajude
    a viver em maior harmonia,
  • 22:55 - 22:58
    e nas nossas vidas individuais,
  • 22:58 - 23:02
    vamos pensar sobre as consequências
    do que nós fazemos cada dia.
  • 23:02 - 23:04
    O que compramos, de onde veio,
  • 23:04 - 23:05
    como foi feito?
  • 23:05 - 23:08
    Prejudicou o meio ambiente,
    foi cruel para os animais?
  • 23:08 - 23:11
    É barato por causa do trabalho
    escravo infantil?
  • 23:11 - 23:12
    Façam escolhas éticas.
  • 23:12 - 23:16
    O que vocês não podem fazer se,
    por acaso, estiverem a viver na pobreza.
  • 23:16 - 23:18
    E então, finalmente,
    esse espírito indomável
  • 23:19 - 23:21
    das pessoas que lidam
    com o que parece impossível
  • 23:21 - 23:23
    e não vão desistir.
  • 23:23 - 23:26
    Não se pode desistir
    quando se tem aqueles...
  • 23:26 - 23:29
    Mas há lutas que eu não posso lutar.
  • 23:29 - 23:32
    Eu não posso combater a corrupção.
  • 23:33 - 23:37
    Eu não posso lutar contra
    regimes militares e ditadores.
  • 23:38 - 23:41
    Eu só posso fazer
    o que eu posso fazer,
  • 23:41 - 23:44
    e se todos nós fizermos a parte
    que podemos fazer,
  • 23:44 - 23:48
    certamente fará um todo
    que acabará por ganhar.
  • 23:48 - 23:50
    CA: Última pergunta, Jane.
  • 23:50 - 23:52
    Se houvesse uma ideia, um pensamento,
  • 23:52 - 23:56
    uma semente que pudesse plantar
    na mente de todos os que estão a assistir,
  • 23:56 - 23:58
    qual seria?
  • 23:58 - 24:02
    JG: Basta lembrar que a cada dia
    que vivemos,
  • 24:02 - 24:05
    fazemos impacto no planeta.
  • 24:05 - 24:08
    Não podemos deixar de causar impacto.
  • 24:08 - 24:11
    E a menos que estejamos
    a viver em extrema pobreza,
  • 24:11 - 24:14
    temos uma escolha quando ao tipo
    de impacto que fazemos.
  • 24:14 - 24:16
    Até mesmo na pobreza temos escolha,
  • 24:16 - 24:19
    mas quando somos mais prósperos,
    temos uma escolha maior.
  • 24:20 - 24:23
    E se todos fizermos escolhas éticas,
  • 24:23 - 24:26
    então começamos a caminhar
    em direção a um mundo
  • 24:26 - 24:31
    que não será tão desesperado
    para deixar para nossos bisnetos.
  • 24:31 - 24:35
    Acho que isso é alguma coisa para todos.
  • 24:36 - 24:39
    Porque muitas pessoas
    entendem o que está a acontecer,
  • 24:39 - 24:41
    mas sentem-se desamparadas
    e sem esperança,
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    sobre o que podem fazer,
  • 24:43 - 24:45
    então, eles não fazem nada
    e tornam-se apáticos.
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    E isso é um enorme perigo, a apatia.
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    CA: Dra. Jane Goodall, uau!
  • 24:50 - 24:53
    Eu quero agradecer-lhe
    pela sua vida extraordinária,
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    por tudo o que tem feito
  • 24:56 - 24:58
    e por passar este tempo connosco, agora.
  • 24:58 - 24:59
    Obrigado.
  • 24:59 - 25:01
    JG: Obrigada.
Title:
Todos os dias que vivemos, exercemos impacto no planeta
Speaker:
Jane Goodall, Chris Anderson
Description:

A lendária primatóloga Jane Goodall diz que a sobrevivência da Humanidade depende da conservação do mundo natural. Em conversa com o presidente da TED Chris Anderson, ela conta a história dos seus dias de formação a trabalhar com chimpanzés, como é que a respeitada naturalista se transformou numa ativista dedicada, e como é que ela está a fortalecer comunidades ao redor do mundo para salvar "habitats" naturais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
25:14

Portuguese subtitles

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