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A nova era da psicologia positiva

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    Quando eu era presidente
    da Associação Americana de Psicologia
  • 0:03 - 0:06
    tentaram dar-me formação
    em meios de comunicação.
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    Um encontro que tive com a CNN
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    resume aquilo de que vou falar hoje,
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    que é a 11.ª razão para se ser otimista.
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    O editor da Discover deu-nos 10 razões.
  • 0:22 - 0:24
    Eu vou dar-vos a 11.ª.
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    Então, a CNN veio ter comigo e disse-me:
  • 0:27 - 0:33
    "Professor Seligman, pode falar-nos
    do estado atual da psicologia?
  • 0:33 - 0:35
    "Gostaríamos de entrevistá-lo sobre isso."
  • 0:35 - 0:37
    E eu disse: "Ótimo."
  • 0:37 - 0:41
    E a jornalista disse: "Mas isto é a CNN,
    só tem algum tempo de antena."
  • 0:41 - 0:44
    Eu disse: "Bem, quantas palavras tenho?"
  • 0:45 - 0:46
    E ela disse: "Uma."
  • 0:46 - 0:48
    (Risos)
  • 0:48 - 0:50
    As câmaras começaram a gravar
    e ela disse:
  • 0:51 - 0:54
    "Professor Seligman, qual é o estado
    da psicologia neste momento?"
  • 0:55 - 0:57
    "Bom."
  • 0:57 - 0:58
    (Risos)
  • 0:59 - 1:02
    "Corta! Corta! Isto não serve.
  • 1:03 - 1:06
    "É melhor darmos-lhe
    mais algum tempo."
  • 1:06 - 1:08
    "Quantas palavras tenho desta vez?"
  • 1:08 - 1:09
    "Tem duas."
  • 1:09 - 1:11
    (Risos)
  • 1:11 - 1:14
    "Doutor Seligman, qual é o estado
    da psicologia neste momento?"
  • 1:16 - 1:17
    "Nada boa."
  • 1:17 - 1:20
    (Risos)
  • 1:29 - 1:30
    "Olhe, Doutor Seligman,
  • 1:30 - 1:33
    "estamos a ver que não está
    muito confortável neste meio.
  • 1:33 - 1:35
    "É melhor darmos-lhe mais tempo de antena.
  • 1:35 - 1:38
    "Desta vez, pode dizer três palavras."
  • 1:38 - 1:42
    "Professor Seligman, qual é
    o estado da psicologia neste momento?"
  • 1:43 - 1:45
    "Não é suficientemente boa."
  • 1:46 - 1:48
    É sobre isto que vou falar.
  • 1:48 - 1:52
    Quero dizer porque é que
    a psicologia era boa, porque é que não era
  • 1:52 - 1:56
    e como se pode tornar bastante boa
    nos próximos 10 anos.
  • 1:57 - 2:01
    Num resumo paralelo,
    quero dizer o mesmo sobre a tecnologia,
  • 2:01 - 2:03
    sobre o entretenimento e o "design",
  • 2:03 - 2:05
    porque penso que
    são questões muito semelhantes.
  • 2:05 - 2:08
    Então, porque é que
    a psicologia era boa?
  • 2:08 - 2:10
    Bem, durante mais de 60 anos,
  • 2:11 - 2:13
    a psicologia trabalhou
    no modelo da doença.
  • 2:13 - 2:15
    Há 10 anos, quando eu viajava de avião
  • 2:15 - 2:19
    e me apresentava ao vizinho do lado
    e lhe dizia o que fazia,
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    ele afastava-se de mim
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    porque, e com toda a razão, dizia-se
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    que a psicologia tratava de encontrar
    o que estava errado com uma pessoa.
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    Descobrir o lunático.
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    Agora, quando digo às pessoas
    o que faço, elas aproximam-se.
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    O que era bom com a psicologia
  • 2:37 - 2:41
    — os 30 mil milhões de dólares investidos
    pelo Instituto Nacional de Saúde Mental,
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    o trabalho no modelo de doença,
  • 2:43 - 2:45
    o que significava psicologia —
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    é que há 60 anos
    nenhum dos distúrbios era tratável;
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    era uma total ilusão.
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    E agora, 14 dos distúrbios são tratáveis,
  • 2:53 - 2:56
    dois deles, na realidade, são curáveis.
  • 2:56 - 3:00
    Outra coisa que aconteceu
    é que a ciência evoluiu,
  • 3:00 - 3:03
    uma ciência da doença mental.
  • 3:03 - 3:07
    Descobrimos que podíamos
    pegar em conceitos vagos
  • 3:07 - 3:10
    como a depressão, o alcoolismo,
  • 3:10 - 3:12
    e podíamos medi-los com rigor;
  • 3:12 - 3:16
    que podíamos criar uma classificação
    das doenças mentais;
  • 3:16 - 3:21
    que podíamos compreender
    a causalidade das doenças mentais.
  • 3:21 - 3:25
    Podíamos observar ao longo do tempo
    as mesmas pessoas
  • 3:25 - 3:29
    — pessoas que fossem geneticamente
    vulneráveis à esquizofrenia —
  • 3:29 - 3:34
    e perguntar qual o contributo
    dos cuidados maternais, da genética,
  • 3:34 - 3:37
    e podíamos isolar terceiras variáveis
  • 3:37 - 3:39
    fazendo experiências com doenças mentais.
  • 3:39 - 3:43
    E o melhor de tudo é que pudemos,
    nos últimos 50 anos,
  • 3:43 - 3:47
    inventar fármacos
    e tratamentos psicológicos.
  • 3:48 - 3:51
    E depois pudemos testá-los rigorosamente
  • 3:51 - 3:54
    em projetos controlados
    com uma atribuição aleatória de placebos,
  • 3:54 - 3:57
    deitar fora as coisas que não funcionavam,
  • 3:57 - 3:59
    guardar as que o faziam ativamente.
  • 3:59 - 4:01
    E a conclusão disso
  • 4:01 - 4:05
    é que a psicologia e a psiquiatria
    dos últimos 60 anos
  • 4:05 - 4:10
    podem afirmar que tornamos
    menos infelizes as pessoas infelizes.
  • 4:11 - 4:13
    Eu penso que isso é sensacional.
  • 4:13 - 4:15
    Sinto-me orgulhoso disso.
  • 4:18 - 4:21
    Mas o que não era bom,
    as consequências disso,
  • 4:22 - 4:23
    eram três coisas.
  • 4:23 - 4:25
    A primeira foi moral;
  • 4:25 - 4:30
    os psicólogos e os psiquiatras tornaram-se
    especialistas em vitimologia e patologia;
  • 4:30 - 4:31
    a nossa visão da natureza humana
  • 4:32 - 4:34
    era que, quem está com problemas
    irá de mal a pior.
  • 4:35 - 4:38
    Esquecemo-nos que as pessoas
    faziam escolhas e tomavam decisões.
  • 4:38 - 4:39
    Esquecemo-nos da responsabilidade.
  • 4:40 - 4:41
    Esse foi o primeiro custo.
  • 4:41 - 4:45
    O segundo custo foi
    que nos esquecemos das pessoas.
  • 4:46 - 4:49
    Esquecemo-nos de melhorar
    as vidas normais.
  • 4:49 - 4:55
    Esquecemo-nos de tornar as pessoas
    relativamente equilibradas e felizes,
  • 4:55 - 4:58
    mais realizadas, mais produtivas.
  • 4:58 - 5:01
    Então "génio", "grande talento",
    tornaram-se palavrões.
  • 5:02 - 5:03
    Ninguém trabalha nisso.
  • 5:04 - 5:07
    E o terceiro problema
    sobre o modelo de doença
  • 5:07 - 5:10
    é que, na nossa pressa de fazer algo
    pelas pessoas em apuros,
  • 5:10 - 5:14
    na nossa pressa de fazer algo
    para reparar os danos,
  • 5:15 - 5:18
    nunca nos ocorreu desenvolver intervenções
  • 5:18 - 5:22
    para fazer as pessoas mais felizes
    — intervenções positivas.
  • 5:22 - 5:24
    Portanto, isso não foi bom.
  • 5:24 - 5:29
    E foi isso que levou pessoas
    como a Nancy Etcoff, o Dan Gilbert,
  • 5:29 - 5:31
    o Mike Csikszentmihalyi e eu próprio
  • 5:31 - 5:34
    a trabalhar numa coisa
    a que chamo "psicologia positiva",
  • 5:34 - 5:36
    que tem três objetivos.
  • 5:36 - 5:41
    O primeiro é que a psicologia
    devia estar tão preocupada
  • 5:41 - 5:44
    com a força humana
    como com a sua fraqueza.
  • 5:44 - 5:49
    Devia estar tão preocupada
    em criar força
  • 5:49 - 5:51
    como em reparar danos.
  • 5:51 - 5:54
    Devia estar interessada
    nas melhores coisas da vida.
  • 5:54 - 5:56
    E devia estar tão preocupada
  • 5:56 - 5:59
    em tornar mais satisfatórias
    as vidas das pessoas normais
  • 5:59 - 6:03
    e dos génios, nutrindo altas capacidades.
  • 6:04 - 6:09
    Então, nos últimos 10 anos
    e com a esperança no futuro,
  • 6:09 - 6:12
    temos assistido ao início
    de uma ciência de psicologia positiva,
  • 6:12 - 6:15
    uma ciência que faz a vida valer a pena.
  • 6:15 - 6:19
    Acontece que podemos medir
    diferentes formas de felicidade.
  • 6:19 - 6:23
    E qualquer um de vocês pode visitar,
    grátis, este "website":
  • 6:23 - 6:24
    [www.authentichappiness.org]
  • 6:24 - 6:27
    e fazer toda a panóplia
    de testes de felicidade.
  • 6:27 - 6:30
    Podem perguntar, como é
    que acumulamos emoções positivas,
  • 6:30 - 6:35
    significado, fluidez,
    contra dezenas de milhares de pessoas?
  • 6:36 - 6:41
    Criámos o oposto do manual
    de diagnóstico de demências:
  • 6:41 - 6:46
    uma classificação de qualidades e virtudes
    olhando para a proporção entre sexos,
  • 6:46 - 6:49
    como se definem, como se diagnosticam,
  • 6:49 - 6:52
    como se constituem
    e quais os seus obstáculos.
  • 6:53 - 6:57
    Soubemos que podíamos descobrir
    a causa dos estados positivos,
  • 6:57 - 7:01
    a relação entre a atividade
    hemisférica esquerda
  • 7:01 - 7:04
    e a atividade hemisférica direita,
  • 7:04 - 7:07
    como causa da felicidade.
  • 7:09 - 7:12
    Passei a vida a trabalhar
    com pessoas extremamente infelizes
  • 7:12 - 7:13
    e colocava a questão:
  • 7:13 - 7:17
    Como é que as pessoas extremamente
    infelizes diferem das restantes pessoas?
  • 7:17 - 7:20
    E há questão de seis anos,
    começámos a perguntar:
  • 7:20 - 7:23
    Como é que as pessoas muito felizes
    diferem das restantes pessoas?
  • 7:23 - 7:27
    Acontece que há uma forma,
    muito surpreendente:
  • 7:27 - 7:30
    não são mais religiosas,
    não estão em melhor forma,
  • 7:30 - 7:32
    não têm mais dinheiro,
    não têm melhor aspeto,
  • 7:32 - 7:36
    não vão a mais bons eventos
    e a menos maus eventos.
  • 7:36 - 7:39
    A única forma em que diferem
    é que são extremamente sociáveis.
  • 7:41 - 7:44
    Não assistem a seminários
    num sábado de manhã.
  • 7:44 - 7:46
    (Risos)
  • 7:48 - 7:50
    Não passam tempo sozinhos.
  • 7:50 - 7:52
    Cada um deles está numa relação amorosa
  • 7:52 - 7:55
    e cada um tem um bom repertório de amigos.
  • 7:55 - 7:59
    Mas atenção a isto — são
    meros dados correlacionais, não causais,
  • 7:59 - 8:03
    e trata-se de felicidade
    à moda de "Hollywood".
  • 8:03 - 8:08
    Eu vou falar da felicidade de entusiasmo,
    de risos e de ânimo.
  • 8:08 - 8:11
    E vou sugerir-vos
    que não é suficiente,
  • 8:11 - 8:13
    dentro de instantes.
  • 8:13 - 8:18
    Descobrimos que podíamos analisar
    intervenções feitas ao longo dos séculos,
  • 8:18 - 8:20
    desde Buda a Tony Robbins.
  • 8:20 - 8:22
    Em 120 intervenções, havia sugestões
  • 8:22 - 8:25
    do que alegadamente
    faria as pessoas felizes.
  • 8:25 - 8:29
    E descobrimos que temos conseguido
    manualizar muitas delas,
  • 8:30 - 8:32
    e efetivamente levámos a cabo
  • 8:32 - 8:35
    estudos de eficiência e eficácia
    de atribuição aleatória.
  • 8:35 - 8:39
    Isto é, quais as que tornam as pessoas
    mais felizes de forma duradoura?
  • 8:39 - 8:42
    Dentro de poucos minutos,
    vou contar-vos alguns dos resultados.
  • 8:43 - 8:49
    Mas o resultado disto é que a missão
    que eu quero que a psicologia tenha,
  • 8:49 - 8:52
    juntamente com a missão
    de curar doentes mentais
  • 8:53 - 8:57
    e com a missão de tornar menos infelizes
    as pessoas infelizes é esta:
  • 8:57 - 9:00
    pode a psicologia realmente
    tornar as pessoas mais felizes?
  • 9:01 - 9:05
    E para fazer esta pergunta —
    "feliz" não é uma palavra que use muito —
  • 9:05 - 9:07
    tivemos de decompô-la
  • 9:07 - 9:10
    no que eu penso
    ser questionável em "feliz".
  • 9:10 - 9:13
    Eu penso que há três vidas diferentes
  • 9:13 - 9:17
    — digo que são "diferentes" porque
    são compostas por diferentes intervenções,
  • 9:17 - 9:19
    é possível ter uma em vez da outra —
  • 9:19 - 9:21
    três vidas felizes diferentes.
  • 9:21 - 9:24
    A primeira vida feliz é a agradável.
  • 9:24 - 9:27
    Esta é uma vida em que temos
    tantas emoções positivas
  • 9:27 - 9:29
    quantas as que é possível ter,
  • 9:29 - 9:31
    e a capacidade para as ampliar.
  • 9:31 - 9:33
    A segunda é uma vida de compromisso:
  • 9:33 - 9:39
    uma vida no trabalho,
    na parentalidade, no amor, no lazer:
  • 9:39 - 9:41
    o nosso tempo fica suspenso.
  • 9:41 - 9:43
    É disto que Aristóteles falava.
  • 9:43 - 9:45
    E a terceira, uma vida com significado.
  • 9:45 - 9:48
    Vou falar um pouco
    sobre cada uma destas vidas
  • 9:48 - 9:50
    e o que sabemos sobre elas.
  • 9:50 - 9:52
    A primeira é a vida agradável,
  • 9:52 - 9:57
    é simplesmente, na nossa opinião,
    ter tanto prazer quanto possível,
  • 9:57 - 10:00
    tanta emoção positiva quanto possível
  • 10:00 - 10:05
    e aprender aptidões
    — valorização, presença —
  • 10:05 - 10:09
    que as ampliam, que as estendam,
    ao logo do tempo e do espaço.
  • 10:09 - 10:13
    Mas a vida agradável
    tem três inconvenientes
  • 10:13 - 10:17
    e é por isso que a psicologia positiva
    não é a ciência da felicidade
  • 10:17 - 10:19
    e não acaba aqui.
  • 10:19 - 10:22
    O primeiro inconveniente
    é que a vida agradável,
  • 10:22 - 10:25
    a experiência da emoção positiva,
  • 10:25 - 10:29
    é cerca de 50% hereditária
  • 10:29 - 10:33
    e, de facto, não é muito modificável.
  • 10:33 - 10:38
    Então, os diferentes truques
    que o Mathew, eu e outros sabemos
  • 10:38 - 10:41
    para aumentar a quantidade
    de emoção positiva na vossa vida
  • 10:41 - 10:45
    são de 15 a 20% truques para obter mais.
  • 10:45 - 10:50
    O segundo é que
    a emoção positiva causa habituação,
  • 10:50 - 10:54
    uma habituação rápida, de facto.
  • 10:54 - 10:56
    É como o gelado de baunilha francês:
  • 10:56 - 10:59
    o sabor da primeira colherada é 100%,
  • 10:59 - 11:01
    quando chegamos à sexta colherada,
  • 11:01 - 11:02
    desapareceu.
  • 11:04 - 11:07
    E como disse antes,
    não é particularmente maleável.
  • 11:08 - 11:10
    E isto leva-nos à segunda vida.
  • 11:10 - 11:12
    Tenho de vos falar do meu amigo Len
  • 11:12 - 11:18
    para explicar porque é que a psicologia
    positiva é mais do que emoção positiva,
  • 11:18 - 11:20
    mais do que criar prazer.
  • 11:20 - 11:23
    Em duas das três grandes áreas da vida,
  • 11:23 - 11:27
    o Len, quando tinha 30 anos,
    era imensamente bem-sucedido.
  • 11:27 - 11:30
    A primeira área era o trabalho.
  • 11:30 - 11:33
    Quando ele tinha 20 anos
    era negociador de opções.
  • 11:33 - 11:35
    Aos 25 era multimilionário
  • 11:35 - 11:38
    e diretor de uma companhia
    de negociação de opções.
  • 11:38 - 11:42
    Em segundo lugar, no jogo,
    ele é campeão nacional de bridge.
  • 11:45 - 11:50
    Mas na terceira área da vida, no amor,
    o Len é um fracasso terrível.
  • 11:50 - 11:55
    E a razão para isso é que
    o Len é um bicho do mato.
  • 11:56 - 11:57
    (Risos)
  • 11:58 - 12:00
    Len é um introvertido.
  • 12:03 - 12:06
    As mulheres americanas,
    quando saíam com ele, diziam-lhe:
  • 12:06 - 12:10
    "Não és divertido. Não tens
    emoção positiva. Desaparece."
  • 12:11 - 12:16
    E o Len tinha dinheiro suficiente para
    pagar a um psicanalista em Park Avenue
  • 12:16 - 12:20
    que, durante cinco anos,
    tentou encontrar o trauma sexual
  • 12:20 - 12:23
    que, de alguma forma, tinha bloqueado
    as emoções positivas dentro dele.
  • 12:24 - 12:27
    Mas afinal não havia nenhum trauma sexual.
  • 12:27 - 12:29
    O que acontece é que
  • 12:30 - 12:32
    o Len cresceu em Long Island,
  • 12:32 - 12:37
    jogava futebol, via futebol,
    e jogava bridge.
  • 12:38 - 12:43
    O Len está nos 5% daquilo
    a chamamos afetividades positivas.
  • 12:43 - 12:45
    A pergunta é: O Len é infeliz?
  • 12:45 - 12:46
    E eu quero dizer que não.
  • 12:46 - 12:49
    Ao contrário do que
    a psicologia nos disse
  • 12:49 - 12:53
    sobre os 50% da raça humana
    na afetividade positiva,
  • 12:53 - 12:56
    acho que o Len é uma das pessoas
    mais felizes que conheço.
  • 12:56 - 12:59
    Ele não está relegado
    para o inferno da infelicidade
  • 12:59 - 13:03
    e isso acontece porque o Len,
    como a maioria de vocês,
  • 13:03 - 13:05
    é muito capaz de fluir.
  • 13:05 - 13:08
    Quando ele entra na Bolsa de Valores
  • 13:08 - 13:10
    às nove e meia da manhã,
  • 13:10 - 13:12
    o tempo para ele fica suspenso.
  • 13:12 - 13:13
    Fica suspenso até ao toque de fecho.
  • 13:13 - 13:16
    Quando se joga a primeira carta
    e até 10 dias depois,
  • 13:16 - 13:18
    quando o torneio acaba,
  • 13:18 - 13:20
    o tempo fica suspenso para o Len.
  • 13:20 - 13:23
    E isto é, de facto, aquilo
    de que Mike Csikszentmihalyi
  • 13:23 - 13:25
    tem falado, é fluidez.
  • 13:25 - 13:28
    E é diferente do prazer
    de uma forma muito importante:
  • 13:28 - 13:30
    o prazer sente-se nu e cru
  • 13:30 - 13:33
    — sabemos que está a acontecer;
    é pensamento e sentimento.
  • 13:34 - 13:37
    Mas o que o Mike vos disse ontem
    — durante a fluidez...
  • 13:39 - 13:42
    não conseguimos sentir nada.
  • 13:43 - 13:45
    Nós e a música somos um só.
  • 13:45 - 13:46
    O tempo fica suspenso.
  • 13:46 - 13:48
    Temos uma concentração intensa.
  • 13:48 - 13:53
    E isto é de facto a característica
    do que julgamos ser uma boa vida.
  • 13:53 - 13:56
    E pensamos que há uma receita para isso
  • 13:56 - 13:59
    que é saber quais são as nossas qualidades
  • 13:59 - 14:01
    — uma vez mais, há um teste válido
  • 14:01 - 14:03
    para descobrir as nossas
    cinco melhores qualidades —
  • 14:03 - 14:06
    e depois remodelar a nossa vida
  • 14:06 - 14:09
    para usá-las o máximo possível.
  • 14:09 - 14:12
    Remodelar o nosso trabalho,
    a nossa vida amorosa,
  • 14:12 - 14:15
    o jogo, as amizades, a parentalidade.
  • 14:15 - 14:17
    Só um exemplo.
  • 14:17 - 14:21
    Uma pessoa com quem trabalhei
    foi embaladora num supermercado.
  • 14:21 - 14:22
    Ela odiava o trabalho.
  • 14:22 - 14:24
    Está a estudar na universidade.
  • 14:25 - 14:28
    A sua melhor qualidade
    era a inteligência social.
  • 14:28 - 14:33
    Então remodelou o embalar
    para que o contacto com os clientes
  • 14:33 - 14:36
    fosse o apogeu do dia a dia.
  • 14:36 - 14:38
    Obviamente, falhou.
  • 14:38 - 14:41
    Mas o que ela fez foi pegar
    nas suas melhores qualidades
  • 14:41 - 14:45
    e remodelar o trabalho
    para usá-las o máximo possível.
  • 14:45 - 14:47
    O que recebemos disso não são sorrisos.
  • 14:47 - 14:49
    Não parecemos a Debbie Reynolds.
  • 14:49 - 14:51
    Não nos rimos muito.
  • 14:51 - 14:54
    O que recebemos é mais absorção.
  • 14:54 - 14:56
    Então, este é o segundo caminho.
  • 14:56 - 14:58
    O primeiro caminho, emoção positiva;
  • 14:58 - 15:02
    o segundo caminho é a fluidez
    da eudaimonia;
  • 15:02 - 15:04
    e o terceiro caminho é o significado.
  • 15:04 - 15:08
    Tradicionalmente,
    esta é a mais venerável das felicidades.
  • 15:08 - 15:11
    E, deste ponto de vista,
    o significado consiste
  • 15:12 - 15:14
    — de forma paralela à eudaimonia —
  • 15:14 - 15:18
    consiste em saber quais são
    as nossas maiores qualidades
  • 15:18 - 15:23
    e usá-las para pertencer a algo
    e ao serviço de alguma coisa
  • 15:23 - 15:25
    maior do que nós mesmos.
  • 15:27 - 15:30
    Eu mencionei que,
    para todos os três tipos de vida
  • 15:31 - 15:35
    — a vida agradável, a boa vida
    e a vida com significado —
  • 15:35 - 15:37
    as pessoas estão a esforçar-se
    para responder à questão:
  • 15:38 - 15:41
    Há coisas que mudem essas vidas
    de forma duradoura?
  • 15:42 - 15:45
    E a resposta parece ser sim.
  • 15:45 - 15:47
    E vou dar-vos alguns exemplos disso.
  • 15:48 - 15:50
    Está a ser feito de forma rigorosa.
  • 15:50 - 15:53
    Está a ser feito da mesma forma
    que testamos medicamentos
  • 15:53 - 15:55
    para ver o que realmente funciona.
  • 15:55 - 15:59
    Fazemos estudos com atribuição aleatória,
    controlados por placebos,
  • 15:59 - 16:02
    estudos a longo prazo
    de diferentes intervenções.
  • 16:02 - 16:07
    Só como exemplo dos tipos de intervenções
    em que encontrámos um efeito:
  • 16:07 - 16:10
    quando ensinamos às pessoas
    a vida agradável,
  • 16:10 - 16:12
    como ter mais prazer na vida,
  • 16:12 - 16:16
    uma das tarefas é aprender
    aptidões de plena consciência,
  • 16:16 - 16:18
    aptidões para saborear
  • 16:18 - 16:22
    e são encarregados
    de criar um dia bonito.
  • 16:22 - 16:27
    No próximo sábado, reservem o dia,
    criem um dia bonito para vocês
  • 16:27 - 16:31
    e usem o saborear e a plena consciência
    para potenciar esses prazeres.
  • 16:32 - 16:36
    Dessa forma podemos demonstrar
    que a vida agradável é melhorada.
  • 16:38 - 16:39
    Uma visita de gratidão.
  • 16:41 - 16:44
    Por favor, agora façam isto comigo.
  • 16:44 - 16:46
    Fechem os olhos.
  • 16:47 - 16:51
    Lembrem-se de alguém
  • 16:51 - 16:54
    que tenha feito uma coisa
    muitíssimo importante
  • 16:54 - 16:58
    que tenha mudado a vossa vida
    numa boa direção
  • 16:58 - 17:00
    e a quem nunca
    agradeceram devidamente.
  • 17:01 - 17:03
    Essa pessoa tem de estar viva.
  • 17:04 - 17:06
    OK, agora podem abrir os olhos.
  • 17:06 - 17:09
    Espero que todos vocês
    tenham alguém assim.
  • 17:09 - 17:12
    A vossa tarefa, quando aprendem
    a visita de gratidão,
  • 17:12 - 17:16
    é escrever um testemunho
    de 300 palavras a essa pessoa,
  • 17:17 - 17:19
    telefonarem-lhe em Phoenix,
  • 17:19 - 17:22
    perguntarem-lhe se a podem visitar
    mas não digam porquê.
  • 17:22 - 17:24
    Apareçam à porta dela,
  • 17:24 - 17:29
    leiam o testemunho
    — toda a gente chora quando isto acontece.
  • 17:30 - 17:32
    Quando isto acontece,
    quando testamos as pessoas
  • 17:33 - 17:36
    uma semana depois,
    um mês depois, três meses depois,
  • 17:36 - 17:39
    estão os dois mais felizes
    e menos deprimidos.
  • 17:40 - 17:42
    Outro exemplo
    é um encontro de pontos fortes
  • 17:42 - 17:46
    em que fazemos com que os casais
    identifiquem os seus maiores pontos fortes
  • 17:46 - 17:48
    num teste de pontos fortes
  • 17:48 - 17:53
    e depois planeiam uma noite
    em que ambos usam esses pontos fortes.
  • 17:53 - 17:57
    Descobrimos que isto
    fortalece as relações.
  • 17:57 - 17:59
    E a diversão em confronto
    com a filantropia.
  • 17:59 - 18:02
    É muito animador estar num grupo assim,
  • 18:02 - 18:05
    em que muitos de nós viraram
    a vida para a filantropia.
  • 18:05 - 18:09
    Os meus alunos e as pessoas
    com quem trabalho não descobriram isto,
  • 18:09 - 18:12
    então fazemos com que
    as pessoas façam algo altruísta
  • 18:12 - 18:14
    e façam algo divertido,
  • 18:14 - 18:16
    e comparem as duas coisas.
  • 18:16 - 18:18
    Descobrimos que,
    quando fazemos algo divertido
  • 18:18 - 18:20
    há um pico de satisfação
    que diminui rapidamente.
  • 18:20 - 18:24
    Quando fazemos algo filantrópico
    para ajudar outra pessoa
  • 18:24 - 18:26
    isso dura imenso tempo.
  • 18:27 - 18:30
    Estes são exemplos
    de intervenções positivas.
  • 18:31 - 18:34
    Então a penúltima coisa que quero dizer é:
  • 18:35 - 18:38
    estamos interessados em saber
    quanta satisfação têm as pessoas na vida.
  • 18:38 - 18:40
    Isto é mesmo o que vocês são.
  • 18:40 - 18:42
    E esta é a nossa variável alvo.
  • 18:42 - 18:46
    E colocamos a questão como
    uma função das três vidas diferentes,
  • 18:46 - 18:48
    quanta satisfação na vida temos?
  • 18:49 - 18:52
    Então perguntamos
    — e fizemos isto 15 vezes,
  • 18:52 - 18:54
    envolvendo milhares de pessoas:
  • 18:54 - 18:57
    Até que ponto a busca de prazer,
  • 18:57 - 18:59
    a busca de emoções positivas,
  • 18:59 - 19:00
    da vida agradável,
  • 19:01 - 19:04
    a busca de compromissos,
    a paragem do tempo para nós
  • 19:04 - 19:07
    e a busca de significado
    contribuem para a satisfação de viver?
  • 19:07 - 19:11
    Os nossos resultados surpreenderam-nos;
    foram o contrário do que pensávamos.
  • 19:11 - 19:14
    Acontece que a busca de prazer
    quase não contribui
  • 19:14 - 19:16
    para a satisfação na vida.
  • 19:16 - 19:19
    A busca de significado é a mais forte.
  • 19:19 - 19:23
    A busca de compromisso
    também é muito forte.
  • 19:23 - 19:26
    O prazer tem importância
  • 19:26 - 19:29
    se tivermos compromisso
    e tivermos significado.
  • 19:29 - 19:32
    Assim o prazer é a cereja no topo do bolo.
  • 19:32 - 19:38
    Ou seja, numa vida plena
    a soma é maior que as partes,
  • 19:38 - 19:40
    se tivermos todas as três.
  • 19:40 - 19:43
    Inversamente, se não tivermos
    nenhuma das três, numa vida vazia,
  • 19:43 - 19:45
    a soma é menor que as partes.
  • 19:45 - 19:48
    E o que perguntamos agora é:
  • 19:48 - 19:54
    Será que a saúde física, a morbidez,
    o tempo que vivemos e a produtividade
  • 19:54 - 19:55
    seguem a mesma relação?
  • 19:56 - 19:59
    Isto é, numa empresa,
  • 19:59 - 20:04
    a produtividade será função da emoção
    positiva, do compromisso e do significado?
  • 20:04 - 20:07
    Será a saúde uma função
    do compromisso positivo,
  • 20:07 - 20:10
    do prazer e do sentido da vida?
  • 20:10 - 20:14
    Há razões para pensar que
    a resposta para ambas poderá ser sim.
  • 20:16 - 20:21
    Então, o Chris disse que
    o último orador tinha a oportunidade
  • 20:21 - 20:23
    de tentar integrar o que tinha ouvido
  • 20:23 - 20:25
    e isso foi fantástico para mim.
  • 20:25 - 20:28
    Nunca tinha estado num encontro assim.
  • 20:29 - 20:33
    Nunca tinha visto oradores
    esforçarem-se tanto para além de si mesmos
  • 20:33 - 20:35
    o que foi uma das coisas extraordinárias.
  • 20:35 - 20:39
    Mas descobri que os problemas
    da psicologia pareciam ser paralelos
  • 20:39 - 20:43
    aos problemas da tecnologia,
    do entretenimento e do "design",
  • 20:43 - 20:45
    da seguinte maneira:
  • 20:45 - 20:48
    todos sabemos que a tecnologia,
    o entretenimento e o "design"
  • 20:48 - 20:53
    têm sido usados e podem ser usados
    para fins destrutivos.
  • 20:54 - 20:58
    Também sabemos que a tecnologia,
    o entretenimento e o "design"
  • 20:59 - 21:01
    podem ser usados
    para aliviar a infelicidade.
  • 21:02 - 21:05
    A propósito, a diferença entre
    aliviar a infelicidade
  • 21:05 - 21:08
    e criar a felicidade
    é extremamente importante.
  • 21:08 - 21:12
    Quando me tornei terapeuta há 30 anos,
  • 21:12 - 21:16
    pensei que, se conseguisse
    fazer com que alguém
  • 21:16 - 21:20
    deixasse de estar deprimido,
    ansioso ou zangado,
  • 21:21 - 21:23
    esse alguém seria feliz.
  • 21:23 - 21:24
    Mas nunca vi isso;
  • 21:24 - 21:26
    Descobri que o melhor que podia fazer
  • 21:26 - 21:28
    era chegar a zero;
  • 21:28 - 21:30
    que eles ficassem vazios.
  • 21:30 - 21:35
    As aptidões para a felicidade,
    as aptidões para a vida agradável,
  • 21:35 - 21:38
    as aptidões para o compromisso,
    as aptidões para o significado,
  • 21:38 - 21:42
    são diferentes das aptidões
    para aliviar a infelicidade.
  • 21:42 - 21:47
    Acontece o mesmo com a tecnologia,
  • 21:47 - 21:49
    o entretenimento e o "design",
    segundo creio.
  • 21:49 - 21:56
    Ou seja, é possível que
    estes três motores do nosso mundo
  • 21:56 - 21:59
    aumentem a felicidade,
  • 21:59 - 22:02
    aumentem a emoção positiva.
  • 22:02 - 22:04
    E é assim que têm sido
    habitualmente usados.
  • 22:04 - 22:07
    Mas depois de fracionar
    a felicidade da forma que eu faço
  • 22:07 - 22:10
    — não apenas a emoção positiva,
    isso não é minimamente suficiente —
  • 22:10 - 22:13
    há uma fluidez na vida
    e há um sentido na vida.
  • 22:14 - 22:15
    Como a Laura Lee nos disse,
  • 22:15 - 22:19
    o "design" e, penso eu, também
    o entretenimento e a tecnologia,
  • 22:19 - 22:23
    também podem ser usados para aumentar
    o compromisso do sentido da vida.
  • 22:23 - 22:25
    Portanto, concluindo
  • 22:25 - 22:28
    a 11.ª razão para o otimismo,
  • 22:28 - 22:31
    para além do elevador espacial,
  • 22:31 - 22:36
    é que eu penso que, com a tecnologia,
    o entretenimento e o "design"
  • 22:36 - 22:40
    podemos de facto aumentar
    a quantidade de tonelagem
  • 22:40 - 22:42
    de felicidade humana no planeta.
  • 22:43 - 22:47
    E se a tecnologia puder,
    dentro de uma ou duas décadas,
  • 22:47 - 22:51
    aumentar a vida agradável,
    a boa vida e a vida com significado,
  • 22:51 - 22:52
    será suficientemente bom.
  • 22:52 - 22:58
    Se o entretenimento puder ser desviado
    para também aumentar a emoção positiva,
  • 22:58 - 23:01
    ou seja, a eudaimonia,
  • 23:01 - 23:03
    será suficientemente bom.
  • 23:03 - 23:07
    E se o "design" puder aumentar
    a emoção positiva,
  • 23:09 - 23:12
    a eudaimonia, a fluidez e o significado,
  • 23:12 - 23:15
    o que faremos juntos
    será suficientemente bom.
  • 23:15 - 23:17
    Obrigado.
  • 23:17 - 23:20
    (Aplausos)
Title:
A nova era da psicologia positiva
Speaker:
Martin Seligman
Description:

Martin Seligman fala sobre a psicologia como um campo de estudo e também da sua abordagem frente-a-frente com cada paciente e cada profissional. Ultrapassando o foco na doença, interessa-se por aquilo que a psicologia moderna pode contribuir para o desenvolvimento pessoal de cada um de nós.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
23:24

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