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Atividade cerebral: uma nova forma de diagnosticar a demência | Ramtin Mehraram | TEDxNewcastleUniversity

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    Desde que eu era criança,
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    uma pergunta vivia me assombrando:
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    "O que nos torna quem somos?"
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    Certo, vocês vão responder
    essa pergunta dizendo
  • 0:32 - 0:35
    que eu era uma criança esquisita,
    e devo concordar com vocês,
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    mas creio que essa questão
    pode ser muito interessante.
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    O que quero dizer é:
    qual é o cerne de nossa identidade?
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    Alguém poderia dizer:
    nossa aparência física.
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    Bem, faz sentido,
    é assim que eu reconheceria vocês.
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    Outra pessoa poderia sugerir:
    a forma que nos vestimos.
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    Bem, isso definitivamente
    reflete nossa personalidade.
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    Porém, acho que encontrei
    uma resposta mais convincente
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    na aula de biologia no ensino médio,
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    e essa resposta me deixou
    ainda mais curioso para explorar mais.
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    Nossa identidade é nosso cérebro.
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    Pense sobre isso!
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    Nosso cérebro comanda a forma
    com que nos movemos, que falamos,
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    a forma que nos sentimos.
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    Ele preserva nossas memórias.
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    Ele cria nosso pensamento
    e também muda conosco.
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    Um ano e meio atrás, consegui
    uma vaga de estudante de doutorado
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    no Centro de Pesquisa Biomédica Newcastle.
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    Isso me deu a oportunidade de descobrir
    um pouco mais sobre como o cérebro muda
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    quando crescemos, quando envelhecemos,
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    e, em casos infelizes,
    quando ficamos com demência.
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    Hoje, vou levar vocês a uma jornada
    através da história e da mente,
  • 1:51 - 1:53
    e exploraremos uma nova forma eficiente
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    de entender mais sobre como o cérebro
    muda quando alguém tem demência
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    e como isso pode ajudar
    milhões de pessoas no mundo todo.
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    Mas o que é demência?
    O que sabemos sobre a demência?
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    Sempre tivemos o mesmo
    conhecimento sobre isso?
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    Bem, não é esse o caso.
    Vamos voltar 2 mil anos no tempo.
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    A antiga Grécia, grandes mentes
    como Pitágoras ou Hipócrates.
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    Eles já podiam perceber
    um estágio tardio de nossa vida
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    que envolvia algum tipo
    de regressão mental.
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    Mas achavam que era apenas
    uma consequência inevitável do envelhecer.
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    Vamos seguir em frente: Idade Média.
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    Infelizmente, a Idade Média não foi
    proficiente em progresso científico
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    e nada de novo foi descoberto
    sobre demência,
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    até o século 18,
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    quando, graças ao desenvolvimento
    da pesquisa em anatomia,
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    puderam ver pela primeira vez
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    a atrofia cerebral relacionada
    a essa regressão mental.
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    Porém, naquele tempo, se alguém mostrasse
    alguma forma de doença mental,
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    era apenas considerado louco
    e confinado em um hospício,
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    até o século 19, quando
    um cientista chamado Alzheimer
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    pôde ver pela primeira vez
    no cérebro de uma moça morta
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    que a doença que afeta
    nossas habilidades mentais e memória
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    é associada à presença
    de algumas placas em nosso cérebro.
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    Isso é o que hoje é conhecido
    como a doença de Alzheimer,
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    que eu acredito que todos nesta sala
    já tenham ouvido falar.
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    Esta é a causa mais comum de demência.
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    Porém, uma a cada dez pessoas com demência
    é afetada por uma forma diferente,
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    que foi descoberta no século passado
  • 3:47 - 3:50
    por um psiquiatra japonês chamado Kosaka.
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    Esta forma de demência
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    é causada pelo acúmulo de agregados
    anormais de proteínas no cérebro.
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    Estes corpos proteicos são
    chamados de "Corpos de Lewy",
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    em homenagem ao cientista
    que os encontrou primeiro.
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    Esta forma de demência, que é chamada
    demência com Corpos de Lewy,
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    causa problemas em nossos movimentos
    e em nosso caminhar.
  • 4:12 - 4:15
    Mas, bem lá no começo,
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    seus sintomas são muito similares
    aos da doença de Alzheimer.
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    Para fazer um diagnóstico,
    a maneira mais comum usada pelos médicos
  • 4:25 - 4:30
    é pedir à pessoa que tem os sintomas
    que responda alguns questionários.
  • 4:32 - 4:33
    Os resultados desses questionários
  • 4:33 - 4:37
    estão de alguma forma relacionados
    à severidade dos sintomas,
  • 4:37 - 4:41
    e por fim auxiliam no diagnóstico.
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    Mas, como podem imaginar,
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    a similaridade entre os sintomas
    da demência pela doença de Alzheimer
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    e a demência com corpos de Lewy
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    torna muito difícil
    diagnosticar corretamente;
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    e um diagnóstico errado significa
    um tratamento errado.
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    Para melhores diagnósticos
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    os médicos podem contar
    com alguns danos causados pela doença
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    para encontrar a diferença.
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    Até o momento, poucas tecnologias foram
    usadas para avaliar como o cérebro muda
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    quando alguém tem demência.
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    Por exemplo, graças às imagens
    por ressonância magnética,
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    também conhecido como MRI,
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    podemos ver que quando alguém
    possui demência com corpos de Lewy,
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    algumas partes do cérebro se tornam
    mais finas do que o comum.
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    Contudo, essas e outras tecnologias
    ainda são muito caras, demoradas,
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    ou desconfortáveis para os pacientes.
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    Há alguma outra forma melhor
    para obter um diagnóstico certo
  • 5:42 - 5:44
    nos estados iniciais da demência?
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    Esta é a principal questão que tento
    responder com minha pesquisa.
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    Agora, quero que todos vocês pensem
    sobre seu próprio cérebro
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    como um computador poderoso.
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    Um computador usa eletricidade
    para processar o texto digitado,
  • 6:00 - 6:03
    as imagens que vemos na tela,
    ou os jogos que jogamos.
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    Ele não é apenas um bloco
    de metal e plástico.
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    É feito de várias partes independentes,
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    que se relacionam
    através de cabos coloridos.
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    De forma muito similar,
    seu cérebro usa eletricidade
  • 6:18 - 6:21
    para processar todas as informações
    coletadas do mundo ao redor.
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    Podemos chamá-la de atividade elétrica.
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    Nosso cérebro não é apenas
    uma esponja de matéria cinzenta.
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    Ele é feito de várias
    áreas independentes ou regiões
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    que falam entre si
    através de vias conectadas.
  • 6:37 - 6:40
    Podemos encontrar
    tanto vias lentas quanto rápidas,
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    e a eletricidade flui através delas
    e conecta nosso cérebro.
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    Neste ponto, podemos fazer a hipótese
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    que devido à doença que causa demência,
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    essas vias elétricas podem ser
    de alguma forma afetadas, certo?
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    Mas para provar essa hipótese,
    nós precisaríamos de um jeito
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    para registrar a atividade
    elétrica do cérebro.
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    Há algum jeito de fazer isso?
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    Bem, a resposta para essa pergunta
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    é uma tecnologia chamada
    eletroencefalograma, ou EEG.
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    O EEG consiste basicamente em um capuz
    feito de pequenos objetos
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    chamados eletrodos,
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    que acompanham continuamente
    a atividade elétrica do cérebro
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    a partir do couro cabeludo.
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    Comparada a outras tecnologias,
    o EEG é muito mais fácil, barato e rápido.
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    Então, recentemente,
    cientistas tentaram avaliar
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    como essas vias elétricas
    do cérebro são afetadas
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    quando alguém tem demência, usando o EEG.
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    Interessantemente, descobriram
    que quando alguém tem demência,
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    todas essas vias elétricas estão
    de alguma forma defeituosas.
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    Isto significa que a eletricidade
    não consegue fluir corretamente
  • 8:00 - 8:02
    da forma que deveria,
  • 8:02 - 8:05
    e a informação não é processada
    de forma adequada
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    pelas diferentes áreas do cérebro.
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    Mas o achado mais interessante foi
    que na demência com corpos de Lewy,
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    as vias mais rápidas estão
    ainda mais prejudicadas.
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    Isso significa que a informação
    é mais lenta em todo o cérebro,
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    e isso leva a todos os sintomas associados
    à demência com corpos de Lewy,
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    como a perda temporária de consciência,
    alucinações visuais, problemas de sono.
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    Como podem ver, graças a uma ferramenta
    fácil e conveniente como o EEG,
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    podemos ter melhor compreensão
    sobre como o cérebro lida com a demência.
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    Porém,
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    ainda há uma grande questão não resolvida:
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    onde está a fonte dessas mudanças anormais
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    dentro do cérebro?
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    Com a minha pesquisa, eu espero bolar
    uma estratégia para encontrar a posição,
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    a força, e o tamanho dessa fonte,
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    e acredito que a forma de fazer isso pode
    estar mais perto do que pensamos.
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    Agora, quantas pessoas no auditório têm
    um smartphone? Levantem a mão!
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    Era exatamente isso que eu esperava!
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    Se vocês pegarem os smartphones,
    se abrirem o mapa nele,
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    a primeira coisa que vão ver é
    algo parecido com isto:
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    um ponto azul mostrando sua posição atual.
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    Alta tecnologia, não é?
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    Já se perguntaram como isso funciona?
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    Basicamente, há objetos chamados satélites
    que giram em volta da Terra.
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    Cada satélite coleta algumas informações
    sobre a posição de seus smartphones.
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    Finalmente, seus smartphones
    reúnem todas essas informações,
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    e coletam a sua própria posição,
    a de cada um de vocês.
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    Talvez se perguntem por que comecei
    a falar de smartphones...
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    não estou tentando vender nada a vocês.
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    O que estou tentando dizer
    é que podemos utilizar a mesma estratégia
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    para encontrar aquela fonte no cérebro.
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    No nosso caso, os satélites serão
    os eletrodos do capuz de EEG.
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    O smartphone será a fonte cerebral
    que estamos procurando.
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    Se tudo isso funcionar, graças
    a ferramentas poderosas como o EEG,
  • 10:17 - 10:21
    estaremos muito mais perto
    da fonte da doença em si,
  • 10:21 - 10:23
    e isso será uma grande contribuição
  • 10:23 - 10:25
    em um futuro próximo
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    para encontrar uma maneira eficiente
    de diagnosticar a demência,
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    para curar as pessoas afetadas,
  • 10:30 - 10:36
    e, finalmente, consertar este incrível
    computador que é o nosso cérebro.
  • 10:37 - 10:38
    Obrigado.
  • 10:38 - 10:39
    (Aplausos)
Title:
Atividade cerebral: uma nova forma de diagnosticar a demência | Ramtin Mehraram | TEDxNewcastleUniversity
Description:

Demência é uma consequência de diferentes doenças que afetam nossas funções cerebrais. Devido a seus sintomas similares, nem sempre é fácil diagnosticar suas várias formas. A atividade elétrica do cérebro poderia ser uma forma mais efetiva de diagnosticar demência?

A conferência anual TEDxNewcastleUniversity discutiu o tema "Construindo um Futuro Melhor", em março de 2019, visando conectar nosso potencial presente com as infinitas possibilidade adiante. Ramtin Mehraram obteve grau de mestre em Neuroengenharia em 2017 na Universidade de Gênova (Itália) e é atualmente aluno de doutorado em Neurociência na Newcastle University e no NIHR - Newcastle Biomedical Research Centre (UK). Com essa pesquisa, Ramtin tem como objetivo avaliar como a atividade elétrica cerebral é afetada quando alguém tem demência. Especificamente, ele tenta desenvolver pistas biológicas, conhecidas como "biomarcadores", baseado em eletroencefalogramas (EEG), para efetivamente discriminar a doença de Alzheimer de demência com corpos de Lewy, cuja similaridade de sintomas leva frequentemente a diagnósticos errados. A carreira paralela de Ramtin e sua outra grande paixão desde a infância é a música - ele é pianista, cantor e compositor.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:44

Portuguese, Brazilian subtitles

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