O espírito malicioso de Jane Austen — Iseult Gillespie
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0:08 - 0:11Quer quando descreve
discussões familiares, -
0:11 - 0:12secretas declarações de amor
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0:12 - 0:14ou mexericos saborosos,
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0:14 - 0:18a escrita de Jane Austen, por vezes,
parece ter sido escrita só para nós. -
0:19 - 0:23O seu espírito mordaz, atrevido
e brincalhão, dá vida às suas heroínas, -
0:23 - 0:27cujo tom coloquial acolhe as leitoras
com um piscar de olhos cúmplice. -
0:28 - 0:30Até já tem sido dito que algumas leitoras
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0:30 - 0:32se sentem como confidentes
secretas da autora, -
0:32 - 0:36trocando cartas com a sua amiga Jane,
deliciosamente maliciosa. -
0:36 - 0:39Mas esta marca única
do seu humor irónico -
0:39 - 0:42é apenas um dos muitos traços
que encontramos nas suas agudas sátiras -
0:42 - 0:46da sociedade, da civilidade
e dos amores incondicionais. -
0:47 - 0:49Escritos no início do século XIX,
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0:49 - 0:52os romances de Austen descodificam
as vidas resguardadas -
0:52 - 0:54das classes mais altas
numa Inglaterra rural. -
0:54 - 0:57Desde rancores disfarçados
por detrás de gracejos -
0:57 - 0:59até a discussões que dissimulam
atrações ocultas, -
0:59 - 1:02a sua obra explora
a oposição desconcertante -
1:02 - 1:04entre emoções e etiqueta.
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1:04 - 1:07Mas embora o romance seja
um tema comum na sua obra, -
1:07 - 1:11Austen rejeitou o estilo sentimental
de escrita, tão popular na época. -
1:11 - 1:13Em vez de histórias de amor sublimes,
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1:13 - 1:17as suas personagens agem naturalmente,
por vezes desajeitadamente. -
1:17 - 1:20Trocam conselhos pragmáticos,
piadas amigáveis -
1:20 - 1:23e farpas menos amigáveis
sobre a arrogância dos seus pares. -
1:24 - 1:27Enquanto lutam com as intermináveis
regras da sociedade, -
1:27 - 1:29as personagens de Austen
encontram habitualmente o humor -
1:29 - 1:33no meio de toda a hipocrisia,
o decoro e as conversas fúteis. -
1:33 - 1:36Tal como Mr. Bennet graceja
com a sua filha preferida: -
1:36 - 1:39"Para que vivemos senão
para enganar os nossos vizinhos -
1:39 - 1:41"e depois, rirmo-nos deles?"
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1:41 - 1:45Embora as suas heroínas ridicularizem
os absurdos costumes sociais, -
1:45 - 1:47Austen compreendia plenamente
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1:47 - 1:49a importância prática
de manter as aparências. -
1:49 - 1:51Na época em que escreveu,
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1:51 - 1:55um casamento rico era uma necessidade
financeira para a maioria das jovens -
1:55 - 1:58e ela explora muitas vezes a tensão
entre a procura mítica do amor -
1:58 - 2:02e os benefícios económicos
de um bom matrimónio. -
2:02 - 2:07Mary Crawford, a astuta dama da sociedade
resume isto em "Mansfield Park": -
2:07 - 2:10"Eu gostaria que todos casassem
se o fizessem como deve ser. -
2:10 - 2:13"Não gosto de ver as pessoas
a desperdiçarem a sua vida". -
2:14 - 2:16Não admira que estes temas
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2:16 - 2:19também estejam presentes
na vida pessoal de Austen. -
2:19 - 2:21Nascida em 1775,
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2:21 - 2:24pertencia aos círculos sociais
que encontramos nos seus romances. -
2:24 - 2:26Os pais de Jane proporcionaram-lhe
uma boa educação -
2:27 - 2:30e deram-lhe espaço para ela escrever
e publicar a sua obra anonimamente. -
2:30 - 2:33Mas a escrita dificilmente
era um trabalho lucrativo -
2:33 - 2:36e, embora ela tivesse
alguns amores fugazes -
2:36 - 2:37nunca se casou.
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2:37 - 2:41Muitas das suas personagens
refletem traços da sua condição, -
2:41 - 2:45em geral, mulheres inteligentes
com uma personalidade arguta e pragmática -
2:45 - 2:47e uma vida interior rica.
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2:48 - 2:51Estas heroínas voluntariosas
são uma componente agradável -
2:51 - 2:53para as suas narrativas
românticas tumultuosas. -
2:54 - 2:57É o caso da irreverente Elizabeth Bennet,
em "Orgulho e Preconceito", -
2:57 - 3:00cuja devoção pela vida amorosa da sua irmã
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3:00 - 3:03não a deixa ver
um pretendente desajeitado. -
3:03 - 3:06Ou Anne Elliot, em "Persuasão", que,
com uma inquebrantável força de vontade, -
3:06 - 3:10opta por se manter solteira depois
do desaparecimento do seu primeiro amor. -
3:10 - 3:12E Elinor Dashwood,
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3:12 - 3:15que protege ferozmente a sua família
à custa dos seus desejos -
3:15 - 3:18em "Sensibilidade e Bom Senso".
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3:18 - 3:20Todas estas mulheres
enfrentam escolhas difíceis -
3:20 - 3:23sobre estabilidade amorosa,
filial e financeira -
3:23 - 3:26e resolvem-na sem sacrificarem
os seus valores -
3:26 - 3:29e sem perderem o sentido do humor.
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3:29 - 3:32Claro que estas personagens
estão longe de serem perfeitas. -
3:32 - 3:35Pensam com frequência
que têm todas as respostas. -
3:35 - 3:37Ao contar a história
segundo a perspetiva delas, -
3:37 - 3:41Austen faz com que o leitor acredite
que a sua heroína sabe sempre mais, -
3:42 - 3:46para depois puxar o tapete
sob os pés da protagonista e do leitor. -
3:46 - 3:50Em "Emma", a protagonista
sente-se rodeada por vizinhos enfadonhos -
3:50 - 3:52e por amigos que não estão
à altura do seu intelecto. -
3:53 - 3:56Enquanto os seus convidados
tagarelam infindavelmente sobre nada -
3:56 - 3:58o leitor começa a concordar
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3:58 - 4:02que Emma é a única personagem
estimulante naquela vizinhança tranquila. -
4:02 - 4:04Mas, apesar do seu enorme ego,
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4:04 - 4:09Emma nem sempre tem o controlo
que julga, na vida ou no amor. -
4:10 - 4:12E o recurso de Austen
à perspetiva íntima -
4:12 - 4:15torna essa revelação duplamente
surpreendente, -
4:15 - 4:18deixando Emma e o público
desconsertados. -
4:18 - 4:21Mas, em vez de diminuírem
a legião das suas heroínas, -
4:21 - 4:23estas falhas apenas confirmam
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4:23 - 4:26"a inconsistência de todas
as personagens humanas". -
4:27 - 4:31A complexidade delas deu a Austen
um destaque no palco e no cinema, -
4:31 - 4:34e tornou a sua obra facilmente adaptável
à sensibilidade moderna. -
4:34 - 4:36Por isso, é de esperar
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4:36 - 4:39que Jane Austen continue
a encontrar novas amigas leitoras -
4:39 - 4:41durante muitos e muitos anos.
- Title:
- O espírito malicioso de Jane Austen — Iseult Gillespie
- Speaker:
- Iseult Gillespie
- Description:
-
Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/the-wicked-wit-of-jane-austen-iseult-gillespie
Quer quando descreve discussões familiares, secretas declarações de amor ou mexericos saborosos, a escrita de Jane Austen, por vezes, parece ter sido escrita só para nós. O seu espírito mordaz, atrevido e brincalhão, dá vida às suas heroínas, cujo tom coloquial acolhe as leitoras com um piscar de olhos cúmplice. Iseult Gillespie explora a sátira social maliciosa e o humor único irónico de tagarelice fútil de Jane Austen.
Lição de Iseult Gillespie, realização de Compote Collective.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:43
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The wicked wit of Jane Austen | ||
Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for The wicked wit of Jane Austen | ||
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The wicked wit of Jane Austen | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The wicked wit of Jane Austen |