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Os monólogos da vagina 2 | Maite Buenafuente | TEDxBarcelonaWomen

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    Já interpretava esta obra
    há mais de dois anos
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    quando, de repente, me apercebi
  • 0:17 - 0:21
    de que não havia nenhuma parte
    a falar do parto.
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    Era uma omissão por demais curiosa,
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    embora, quando comentei isso
    com um jornalista,
  • 0:28 - 0:31
    ele me tenha perguntado:
    "O que é que isso tem a ver?"
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    Há quase 21 anos,
    adotei um rapaz, Dylan,
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    que tinha praticamente a minha idade.
  • 0:38 - 0:42
    No ano passado, ele e a mulher, Shiva,
    tiveram uma filha.
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    Pediram-me para eu assistir ao parto.
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    Creio que, ao longo
    de toda a minha investigação,
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    não compreendera bem as vaginas,
    até esse momento.
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    Se me fascinavam, antes
    do nascimento da minha neta, Colette,
  • 0:59 - 1:03
    agora, sinto por elas
    uma profunda veneração.
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    Esta é a minha história:
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    Eu estava lá em casa.
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    Eu estava lá em casa,
    quando a vagina dela se abriu.
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    Estávamos todos ali,
    a mãe dela, o marido dela e eu
  • 1:29 - 1:32
    e uma enfermeira ucraniana
    com a mão inteira dentro da vagina dela,
  • 1:32 - 1:35
    apalpando e girando
    com uma luva de borracha
  • 1:35 - 1:37
    enquanto falava connosco,
    calmamente,
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    como se estivesse a abrir
    uma torneira muito perra.
  • 1:42 - 1:45
    Eu estava lá em casa,
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    quando as contrações
    a puseram de gatas,
  • 1:51 - 1:54
    quando os gemidos
    estranhos e desconhecidos
  • 1:54 - 1:56
    ressumavam pelos poros.
  • 1:57 - 2:01
    Continuei ali durante horas
    quando, de repente,
  • 2:01 - 2:07
    deixou escapar um grito selvagem,
    agitando os braços no ar, descontrolada.
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    Eu estava ali quando a vagina dela
    mudou de um tímido orifício sexual
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    para um túnel arqueológico,
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    uma vagina sagrada,
    um canal veneziano,
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    um poço profundo com uma criatura
    diminuta presa lá dentro,
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    à espera de ser resgatada.
  • 2:31 - 2:35
    Vi as cores da vagina a mudar,
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    vi o azul arroxeado,
    o vermelho ardente, cor de tomate;
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    o rosa acinzentado, o tom escuro,
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    vi o sangue como suor,
    ao longo das bordas,
  • 2:54 - 2:58
    vi o líquido amarelo, branco,
    a merda, os coágulos,
  • 2:58 - 3:02
    saindo de todos os orifícios,
    saindo com cada vez mais força.
  • 3:05 - 3:08
    Vi, através do orifício,
    a cabeça do bebé,
  • 3:09 - 3:11
    pedaços de cabelos escuros,
  • 3:11 - 3:18
    vi-o por detrás do osso
    — uma lembrança redonda, dura —
  • 3:19 - 3:21
    enquanto a enfermeira ucraniana
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    continuava a rodar, a rodar,
    a mão escorregadia.
  • 3:27 - 3:30
    Eu estava ali quando,
    cada uma — a mãe dela e eu —
  • 3:30 - 3:33
    agarrámos numa perna
    e a esticámos bem,
  • 3:33 - 3:35
    empurrando com todas as nossas forças
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    enquanto ela empurrava também.
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    Claro, enquanto o marido
    contava, em tom grave,
  • 3:41 - 3:44
    um, dois, três... um, dois, três,
  • 3:45 - 3:48
    dizendo-lhe que se concentrasse mais.
  • 3:51 - 3:54
    Então, olhámos para dentro dela,
  • 3:55 - 3:58
    não conseguíamos afastar
    os olhos daquele sítio.
  • 3:59 - 4:04
    Esquecemos a vagina,
    todos nos esquecemos,
  • 4:05 - 4:11
    o que explica a nossa falta
    de espanto e de encantamento.
  • 4:14 - 4:17
    Também estava ali
    quando o médico introduziu
  • 4:17 - 4:20
    as espátulas de Alice
    no país das maravilhas
  • 4:21 - 4:27
    e estava ali, enquanto a vagina dela
    se transformava numa ampla boca de ópera
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    que cantava com todas as suas forças.
  • 4:33 - 4:37
    Primeiro, assomou a cabecita,
  • 4:38 - 4:42
    depois o bracito acinzentado, agitado,
  • 4:42 - 4:46
    que girava e, depois, o corpo veloz
    com movimentos natatórios
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    nadando rapidamente
    para os nossos braços chorosos.
  • 4:55 - 5:01
    Eu estava ali, quando me virei
    e olhei para a vagina dela.
  • 5:04 - 5:06
    Fiquei ali ao pé.
  • 5:06 - 5:10
    vendo-a totalmente estendida,
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    totalmente exposta,
  • 5:16 - 5:21
    mutilada, inchada e dilacerada,
  • 5:23 - 5:28
    sangrando em cima das mãos do médico
  • 5:28 - 5:31
    que, tranquilamente, a cosia.
  • 5:35 - 5:38
    Fiquei ali e, enquanto a olhava fixamente,
  • 5:39 - 5:41
    a vagina dela, de repente,
  • 5:41 - 5:45
    transformou-se num grande
    coração vermelho, palpitante.
  • 5:49 - 5:51
    O coração é capaz de se sacrificar.
  • 5:53 - 5:55
    A vagina também.
  • 5:56 - 5:59
    O coração é capaz
    de perdoar e de curar,
  • 6:00 - 6:04
    pode mudar de forma
    para deixarmos entrar,
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    pode dilatar-se para deixarmos sair.
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    A vagina também.
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    Pode sofrer por nós
    e ensanguentar-se por nós,
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    morrer por nós e sangrar
  • 6:26 - 6:30
    e trazer-nos a este mundo
    tão difícil e tão maravilhoso,
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    A vagina também.
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    Eu estava ali em casa,
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    lembro-me bem.
  • 6:50 - 6:54
    (Aplausos)
Title:
Os monólogos da vagina 2 | Maite Buenafuente | TEDxBarcelonaWomen
Description:

Maite Buenafuente faz uma declaração apaixonada sobre o poder da vagina durante um parto. "Os monólogos da vagina" são uma obra de Eve Ensler, publicada em castelhano pela Editorial Planeta, S.A.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
07:02

Portuguese subtitles

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