Transportando a tocha | Ruett Foster | TEDxIronwoodStatePrison 2014

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saibam mais em http://ted.com/tedx

Lembro-me que, em 1984,

as Olimpíadas tinham vindo
para a minha cidade.

Eu estava muito entusiasmado
por as Olimpíadas estarem ali.

Eu era um atleta e adorava correr.

Na verdade, eu era um
atleta muito talentoso.

Então, lembro-me que
pesquisei sobre isso

e descobri quando é que a tocha olímpica
ia passar pelo meu bairro.

Eu vivia no centro.

Lembro-me de que era cedo,
talvez 8 horas da manhã.

A pessoa que transportava a tocha
desceu a Avenida Central

e lembro-me da euforia que senti.

Pensei para mim
como seria fazer aquilo.

Eu sou um maratonista e o auge
da minha conquista académica

seria transportar a tocha.

Mas aquilo era um grande sonho;
tão grande que me esqueci dele.

(Risos)

Mas tudo bem.

Honestamente, eu deixei de me importar.

(Risos)

Um ano antes de a nossa vida
mudar drasticamente,

a minha esposa e eu estávamos
a ver qualquer coisa na televisão

e vimos aquela marcha silenciosa.

Nessa marcha, havia pessoas a marchar

porque tinham perdido entes queridos
pela violência das armas.

Elas eram o símbolo
de que a violência tinha de parar

e nós estávamos a unir-nos.

No ano seguinte, como podem ver,

eu estava naquela mesma marcha

porque mataram o nosso filho.

Foi uma coisa horrenda,
mas o que é que podemos fazer?

Continuamos a viver.

Passámos por aquilo e foi difícil.
Nós estávamos zangados,

furiosos, mas aguentámos aquilo
e, com a ajuda de Deus,

conseguimos transformá-lo
numa coisa muito maravilhosa.

Há uma série de coisas
que transpiraram depois do que aconteceu.

Ocorreram coisas muito intensas.

Mas, nesta vida, mantemo-nos
concentrados naquilo que deve ser.

Parte do nosso estilo é tocar
a vida de outras pessoas.

O nosso filho Evan, de sete anos,
perdeu a vida pela violência das armas.

Foi uma coisa horrenda.

Mas ele teve o seu discurso de campanha
na sua pequena aula de História

umas semanas antes de o terem matado.

Ele disse: "Se eu fosse presidente,

"ia falar com aqueles
que prejudicam outras pessoas

"e ia dizer-lhes que fossem à igreja".

Isso fez parte da nossa motivação

para irmos aos centros
de detenção de menores,

procurando instilar vida
em situações mortas.

O meu outro filho, Alec,
também sofreu um impacto na vida.

Sofreu um acidente num olho

e teve de fazer um transplante da córnea.

Precisou de várias cirurgias.

Foi muito doloroso
organizar um funeral

e também amparar o meu outro filho

para garantir que ele
não perdia a visão.

Foi um tempo muito difícil,

cheio de muitos obstáculos.

Mas encarámos aquelas situações

e adquirimos força pelo objetivo
que surgiu dentro de nós.

É inevitável que aconteçam tragédias.

Às vezes, quando as tragédias ocorrem,

podemos dificultar as coisas
ou tomar más decisões.

Mas superámos tudo aquilo.

Levantámo-nos

e permitimos que o Senhor nos guiasse.

Então, começámos
a ir aos reformatórios.

Fomos aos acampamentos

e levámos muito amor e carinho
àqueles indivíduos.

Esse prémio aqui, chamado
de "Mudando de Vida",

foi um dos prémios que recebemos.

Para a minha esposa e para mim,
para a nossa reputação,

é o prémio mais importante
que jamais podíamos receber.

O importante é que
foi votado por jovens presos.

Eles tinham de decidir, ao longo
dos anos em que estavam presos,

quem eram as pessoas que tinham
tido mais impacto na vida deles

de um modo positivo e influente

ao longo de uns anos.

Não fazíamos ideia de estar ali
para ouvir isso

e pensámos que seria uma
grande honra para alguém.

Chamaram pelos nossos nomes
o que significou imenso para nós

porque o trabalho que estávamos a fazer

estava a ter impacto na vida
daqueles jovens

que estavam a viver nos reformatórios.

Concluindo, eu partilhei
com vocês logo no começo

que eu estava na rua
no centro sul de Los Angeles

e pensei em como
seria transportar a tocha.

Basicamente, através do trabalho

que a minha esposa e eu temos estado
a fazer durante estes anos,

e fomos reconhecidos.

Quando as Olimpíadas chegaram
à cidade de Salt Lake em 2002,

em Los Angeles,

eu tive o privilégio
de transportar a tocha olímpica.

O que eu podia dizer sobre isso é
que todos temos uma tocha a transportar.

Todos temos um objetivo na nossa
vida, transportar essa tocha bem alta

e correndo muito,
com intenções sinceras.

Obrigado.

(Aplausos)