Gangorras: por uma educação mais sensível | Helena Almeida | TEDxJaraguadoSul
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0:10 - 0:16Quando o relógio marca 15 pras 4 da tarde,
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0:17 - 0:20é hora de ir buscar
os meus filhos na escola. -
0:21 - 0:25E entre uma série de afazeres, reuniões,
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0:25 - 0:31mercado, farmácia, leituras, aulas,
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0:31 - 0:35eu entro no carro e dirijo 40 quilômetros,
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0:35 - 0:39todo dia, de Jaraguá a Joinville,
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0:39 - 0:41de Joinville a Jaraguá.
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0:41 - 0:44Até a escola e de volta pra casa.
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0:47 - 0:49Chego na escola
e vou logo abrindo o portão. -
0:50 - 0:54Os filhotes vêm correndo. Abrem o sorriso.
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0:54 - 0:58E num tempo recorde,
pra não pegar muito trânsito, -
0:58 - 1:01eu pego as bolsas, coloco-as no carro,
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1:02 - 1:06peço para que tirem os sapatos
sujos de barro antes de entrarem, -
1:06 - 1:10eles entram, se sentam,
eu distribuo os lanchinhos, -
1:10 - 1:13prendo todo mundo
nas cadeirinhas e, finalmente, -
1:14 - 1:16dou "play" na música,
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1:16 - 1:17antes de seguirmos viagem.
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1:20 - 1:25Essa seria mais uma história
dessas que acontecem todo dia; -
1:26 - 1:33não houvesse ali algo
que, não só precisava ser ouvido, -
1:33 - 1:34mas escutado.
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1:36 - 1:40E é sobre um desses dias que eu gostaria
de compartilhar com vocês. -
1:41 - 1:44Final de tarde, entro no carro.
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1:45 - 1:47Chego na escola, abro o portão,
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1:49 - 1:55os filhos vêm, os sorrisos vêm,
as bolsas vêm... -
1:56 - 1:58até que eu me abaixo
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1:58 - 2:00e um deles me beija.
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2:02 - 2:05E com aqueles olhos bem arregalados
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2:05 - 2:07de jabuticaba,
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2:07 - 2:09ele me diz:
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2:10 - 2:15"Ah... a mamãe tem um cheiro bonito".
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2:16 - 2:20"A mamãe tem um cheiro bonito."
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2:20 - 2:23Cheiro... bonito.
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2:24 - 2:28E como boa leitora de Manoel de Barros,
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2:28 - 2:31eu senti que era preciso transver o mundo.
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2:33 - 2:38Eu senti que era preciso me demorar
naquilo que ele me dava como um presente. -
2:39 - 2:45E, pra além da dissonância
que essa frase produzia, -
2:45 - 2:47pra estranheza que ela me causava,
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2:49 - 2:52eu parei e me perguntei:
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2:53 - 2:57"Como é que se cheira
a beleza das coisas?" -
2:59 - 3:02"Como é que eu cheiro
a beleza das coisas?" -
3:03 - 3:09E vocês? Vocês lembram como é
o cheiro bonito da mãe de vocês? -
3:12 - 3:16Então eu senti que era preciso
trocar a pergunta. -
3:16 - 3:23"O que isso significa"
por: "O que isso me faz sentir". -
3:24 - 3:28E tudo isso pra tentar alcançar
estes verbos delirantes -
3:28 - 3:33que nos incitam a criar, a pensar.
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3:33 - 3:35Então, eu me demorei.
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3:35 - 3:38Carreguei essa frase no colo.
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3:38 - 3:41Deixei-a entre meus livros na estante.
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3:42 - 3:47Dei um tempo... e voltei a ela.
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3:48 - 3:51E, pra além de qualquer lógica e razão,
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3:51 - 3:56eu fui dando espaço pra escutar
aquilo que me acontecia. -
3:57 - 4:04Eu fui percebendo como essas palavras
perturbavam os sentidos normais da fala. -
4:04 - 4:11Como elas rompiam com as fronteiras
gramaticais e semânticas. -
4:12 - 4:15Eu sei... eu sei.
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4:15 - 4:18Tudo isso que eu conto pode soar como:
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4:18 - 4:22acordes de uma utopia da infância,
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4:22 - 4:27ou uma valsa de puro romantismo maternal.
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4:27 - 4:29Mas, não. Não.
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4:30 - 4:34Eu gostaria de contrapor
isso ao que poderíamos chamar -
4:34 - 4:37de uma força "crianceira".
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4:38 - 4:43Mas, o que seria essa força "crianceira"?
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4:44 - 4:50Seria justamente esta capacidade
tão viva nas crianças -
4:50 - 4:53de jogar entre o real e o imaginário.
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4:54 - 4:59Esta capacidade de colocar em ação
um faz de conta entre aquilo que é -
4:59 - 5:02e aquilo que poderia ser.
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5:03 - 5:08Entre as obviedades
estabelecidas das coisas -
5:08 - 5:10e todas as suas potencialidades.
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5:12 - 5:16É quando um carrinho vira
de cabeça pra baixo, -
5:16 - 5:19quando um pedaço de madeira
vira um carro veloz. -
5:21 - 5:26É quando pistilos de flores
viram o que ele quiser. -
5:30 - 5:36É quando barbantes viram camas de gato,
é quando areia vira castelo, -
5:37 - 5:43é quando uma casca de árvore
vira um barco, um carrinho... -
5:44 - 5:47A força "crianceira" é tudo isso.
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5:47 - 5:51É essa arte de brincar com as fronteiras.
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5:51 - 5:53Mas...
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5:53 - 5:58será que só as crianças
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5:58 - 6:01seriam capazes de brincar
com as fronteiras? -
6:04 - 6:09Ronald Rael, um professor de arquitetura
duma universidade da Califórnia, -
6:10 - 6:15em parceria com a designer
Virginia San Fratello, construíram, -
6:15 - 6:21instalaram essas gangorras na fronteira
entre o México e os Estados Unidos. -
6:22 - 6:29E, suspendendo aqui os significados
estritamente políticos desse gesto, -
6:29 - 6:32nós poderíamos dizer que Rael e Fratello
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6:32 - 6:37brincaram literalmente
com o que é uma fronteira. -
6:39 - 6:44As gangorras, inclusive, são feitas
de um material que se assemelha -
6:44 - 6:47à estrutura do próprio muro,
da própria fronteira. -
6:48 - 6:55E elas não só expõem a fronteira,
como subvertem o seu uso, o seu sentido, -
6:55 - 7:01o seu significado, de um modo,
que poderíamos dizer, bem "crianceiro". -
7:04 - 7:07Então, tanto na fala do meu filho
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7:08 - 7:11quanto nessas gangorras
de Rael e Fratello -
7:13 - 7:17está colocada uma educação do sensível.
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7:18 - 7:22Um educar para que escutemos
de outro modo. -
7:23 - 7:26Um educar para que cheiremos
de outro modo. -
7:26 - 7:33Um educar para que vejamos
uma fronteira de outro modo. -
7:35 - 7:38Mas que educação é esta?
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7:39 - 7:45Que educação é esta que,
ante uma fronteira, não nos faz recuar? -
7:45 - 7:50Mas faz com que criemos,
inclusive, com ela. -
7:51 - 7:54Que educação é esta que nos ensina a ver,
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7:54 - 8:00rever, transver tudo que ainda não vimos?
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8:02 - 8:07Que educação é esta que não se preocupa
em corrigir uma frase, -
8:07 - 8:10em construir um outro muro.
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8:12 - 8:17Mas que nos ajuda a instalar gangorras
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8:17 - 8:21entre a nossa adultez e a infância.
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8:22 - 8:27Não soa no mínimo curioso
que uma das palestras TED, -
8:27 - 8:30na área da educação,
mais visualizadas no mundo, -
8:31 - 8:37proferida pelo professor Ken Robinson,
com mais de 60 milhões de visualizações... -
8:38 - 8:44Ele, considerado um dos maiores
pensadores mundiais -
8:44 - 8:46em criatividade e inovação,
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8:47 - 8:51e aqui, a sua tentativa
de responder uma pergunta: -
8:51 - 8:56"Será que as escolas
matam a criatividade?" -
9:00 - 9:07E essa sua pergunta já não seria
um sintoma de um desejo, -
9:07 - 9:11já não expressaria um desejo
de uma outra educação, -
9:11 - 9:13de um outro tipo de escola?
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9:15 - 9:18Quando vemos aqui, ao nosso entorno,
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9:18 - 9:22uma educação tradicional,
bancária, livresca, -
9:22 - 9:26uma educação que não dá
espaço pra perguntas... -
9:27 - 9:34Quando vemos uma educação do enquadrar,
do ranquear, do copiar, do repetir, -
9:34 - 9:36do decorar...
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9:37 - 9:43Uma educação que afasta
do sentir, do pensar. -
9:44 - 9:49Quando olhamos pra todas essas fronteiras,
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9:49 - 9:54essa educação que delimita
ainda mais fronteiras no nosso pensamento, -
9:55 - 9:58não seria prudente perguntar:
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9:58 - 10:03"Mas como fazer,
de todas essas fronteiras, -
10:03 - 10:06gangorras para criar?"
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10:07 - 10:12E se a imagem de Rael nos leva
a algo muito extraordinário, -
10:12 - 10:17nós podemos voltar aqui,
ao nosso cotidiano, bem ordinário, -
10:18 - 10:24e encontrarmos exemplos dessa educação
que faz criar, que faz inventar. -
10:25 - 10:30Então, agora, voltemos pro Brasil,
aqui, pra nossa realidade. -
10:30 - 10:35Como é lidar com os limites
dos recursos na educação? -
10:37 - 10:42Como fazer quando estamos
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10:42 - 10:47na fronteira entre propor
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10:47 - 10:51uma nova experiência às crianças
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10:51 - 10:56e não termos verba alguma
para a compra de material? -
10:56 - 10:57Como?
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11:01 - 11:06A gente tenta, a gente improvisa,
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11:06 - 11:08a gente inventa.
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11:09 - 11:13Nós vamos até essas usinas
de reciclagem de nossa região, -
11:13 - 11:18e lá encontramos
um tipo específico de resíduo, -
11:18 - 11:23gerado por todas as indústrias têxteis
aqui da nossa cidade. -
11:23 - 11:29Lá encontramos, debaixo dessas prensas,
como vocês podem ver nessas fotos, -
11:29 - 11:34muitos, muitos carretéis, vários,
de várias formas, cores e tamanhos. -
11:36 - 11:40Mas nós não simplesmente chegamos lá,
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11:40 - 11:43recolhemos esse material
debaixo dessas prensas -
11:43 - 11:47e deixamos na escola,
para que as crianças brinquem. -
11:48 - 11:49Não.
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11:50 - 11:57É preciso ter, aqui, uma dupla
sensibilidade e entender -
11:57 - 12:02que a educação das crianças
está totalmente atrelada -
12:02 - 12:05à educação dos seus professores,
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12:05 - 12:09ou melhor, à educação dos adultos.
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12:11 - 12:15Então, valorizando o investimento,
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12:15 - 12:21toda uma lógica de investimento
e apoio na formação de professores, -
12:21 - 12:24criando espaços, tempos de pesquisa,
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12:24 - 12:30de estudo, de experiência, nós levamos
mais de 300 tipos de carretéis -
12:30 - 12:35para uma palestra
com mais de 200 professores, -
12:35 - 12:39incitando-os a criar, a pensar
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12:39 - 12:43e, sobretudo, a brincar.
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12:45 - 12:51Mas quantos deles saíram de lá cientes
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12:51 - 12:57das reais demandas por uma educação
mais sensível e criativa? -
12:58 - 13:00Quantos deles?
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13:01 - 13:03Quantos de nós?
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13:05 - 13:06E nós?
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13:07 - 13:14Nós somos do tipo que promove
educação muro ou educação gangorra? -
13:15 - 13:22Nós somos do tipo que aposta
em escolas muros ou escolas gangorras? -
13:25 - 13:30Bem, a educação fala,
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13:31 - 13:37ou precisava falar muitas línguas,
quiçá todas as línguas. -
13:37 - 13:41A educação habita
todo e qualquer território, -
13:41 - 13:45e ela precisa ser um eterno convite
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13:45 - 13:49a esticar os nossos horizontes,
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13:49 - 13:55a ir além das fronteiras das palavras,
do pensamento, das certezas, -
13:55 - 13:59das convicções, das fórmulas prontas,
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13:59 - 14:01das experiências.
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14:02 - 14:04Por que, senão,
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14:04 - 14:11de que adiantaria haver educação
só de um lado da fronteira? -
14:12 - 14:16De que adiantaria haver educação
só de um lado da fronteira, -
14:16 - 14:18como se aquilo que está do outro lado
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14:18 - 14:24não pudesse me incomodar, me influenciar,
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14:24 - 14:29me interessar, me afetar?
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14:32 - 14:36Bem, eu aposto, luto, persigo,
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14:36 - 14:40sigo em busca de uma atitude pela educação
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14:40 - 14:44próxima ao que o educador
Carlos Skliar já nos alertava, -
14:44 - 14:47lá em 2005.
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14:47 - 14:49Dizia ele:
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14:49 - 14:55"Não se transforme em um típico
funcionário alfandegário, que está ali, -
14:55 - 14:58naquela perversa fronteira,
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14:58 - 15:02que está ali para vigiar
aquela perversa fronteira -
15:02 - 15:05de exclusão e de inclusão".
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15:07 - 15:13E você, ao escutar a si mesmo,
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15:14 - 15:17você sabe por onde anda
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15:17 - 15:19a sua força "crianceira"?
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15:21 - 15:23Você sabe encontrar
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15:23 - 15:28a sua capacidade de brincar
diante de uma fronteira? -
15:30 - 15:35E então, ao perceber
os seus limites, as suas fronteiras, -
15:35 - 15:39você conseguiria ter uma postura criativa
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15:39 - 15:45capaz de destruir os muros
e construir mais e mais pontes? -
15:46 - 15:52Uma postura criativa capaz de destruir
muros e construir mais e mais gangorras? -
15:57 - 15:59Pra terminar,
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16:00 - 16:03eu sempre gosto de lembrar
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16:03 - 16:07que o mundo é um só,
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16:07 - 16:10e a gente mora dentro.
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16:11 - 16:13E aqui dentro,
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16:13 - 16:15a educação,
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16:15 - 16:20pra além de qualquer
fronteira ou continente, -
16:20 - 16:24ela precisa, ela precisaria ter,
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16:24 - 16:25no mínimo,
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16:26 - 16:28no mínimo,
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16:28 - 16:31um cheiro bonito.
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16:31 - 16:32Muito obrigada.
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16:32 - 16:33(Aplausos)
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16:33 - 16:35(Música)
- Title:
- Gangorras: por uma educação mais sensível | Helena Almeida | TEDxJaraguadoSul
- Description:
-
Mestre em educação e doutoranda em filosofia, Helena Almeida compartilha conosco suas visões e trabalho dedicados a outras possibilidades de educação infantil - possibilidades que instalem gangorras nas fronteiras do nosso sensível, que instalem gangorras entre a nossa adultez e a infância e que, sobretudo, destruam os muros que limitam o alcance do nosso pensar. Pessoa arteira e crianceira, pedagoga "fora da caixa", professora, bióloga e fomentadora de jeitos desacostumados de se pensar a infância. Essa é Helena Almeida, uma profissional que acredita na possibilidade de construir uma educação cuja ética compreenda novas possibilidades de existir, sentir e pensar.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx - Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 16:44