A era da maravilha da genética
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0:01 - 0:03Vou começar com Roy Amara.
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0:04 - 0:09O argumento de Roy é que o impacto
da maioria das novas tecnologias -
0:09 - 0:11tende a ser sobreavaliado, no início,
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0:11 - 0:13e depois, são subavaliadas a longo prazo
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0:13 - 0:15porque nos vamos habituando a elas.
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0:15 - 0:17"Vivemos dias de milagres e maravilhas..."
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0:17 - 0:20Lembram-se desta canção
lindíssima de Paul Simon? -
0:20 - 0:22Tinha dois versos.
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0:22 - 0:25O que é que havia nela que foi
considerado milagroso nessa época? -
0:26 - 0:29Abrandar as coisas
— a câmara lenta — -
0:29 - 0:31e as chamadas de longa distância.
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0:32 - 0:35Porque éramos interrompidos
pelas telefonistas, que diziam: -
0:35 - 0:37"Chamada de longa distância.
Quer desligar?" -
0:38 - 0:41Agora nem reparamos
nas chamadas pelo mundo inteiro. -
0:41 - 0:44Pode estar a acontecer algo semelhante
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0:44 - 0:46com a leitura e a programação da vida.
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0:47 - 0:49Mas antes de entrarmos nisso,
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0:49 - 0:52vamos falar de telescópios.
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0:53 - 0:57O impacto dos telescópios
foi sobreavaliado inicialmente. -
0:57 - 0:59Este é um dos primeiros
modelos de Galileu. -
1:00 - 1:03As pessoas pensaram que ia
dar cabo de todas as religiões. -
1:03 - 1:05(Risos)
-
1:07 - 1:10Mas não estamos a prestar
muita atenção aos telescópios. -
1:11 - 1:15Claro que os telescópios lançados
há 10 anos, como acabaram de ouvir, -
1:15 - 1:18puderam levar aquele Volkswagen até à lua,
-
1:18 - 1:24e podíamos ver as luzes
desse Volkswagen a brilhar na lua. -
1:25 - 1:28É o tipo de poder de resolução
que nos permitiu ver -
1:29 - 1:32pequenas manchas de poeira
a flutuar em volta de sóis distantes. -
1:32 - 1:36Imaginem por momentos que isto é um sol
a mil milhões de anos-luz de distância -
1:36 - 1:39e havia uma pequena mancha de poeira
em frente dele. -
1:40 - 1:42É assim que detetamos um exoplaneta.
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1:43 - 1:47O que é fantástico é que os telescópios
que estão hoje a ser lançados -
1:48 - 1:51permitem-nos ver
uma vela acesa na Lua. -
1:52 - 1:55E se as colocássemos
à distância de um prato, -
1:55 - 1:58podíamos ver duas chamas
separadas a essa distância. -
1:59 - 2:02É o tipo de resolução necessária
-
2:02 - 2:05para começar a fotografar
essa mancha de poeira -
2:05 - 2:06quando aparece em volta do sol
-
2:06 - 2:08e ver se ela tem
uma assinatura azul-verde. -
2:09 - 2:11Se tiver uma assinatura azul-verde,
-
2:11 - 2:13significa que a vida é comum no universo.
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2:13 - 2:18Quando virmos pela primeira vez uma
assinatura azul-verde num planeta distante -
2:18 - 2:20significa a presença da fotossíntese,
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2:20 - 2:21que há ali água.
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2:21 - 2:25E a probabilidade de descobrirmos
só um outro planeta com fotossíntese -
2:25 - 2:26é cerca de zero.
-
2:27 - 2:30É um acontecimento que altera tudo.
-
2:30 - 2:32Há um antes e um depois
de estarmos sozinhos no universo: -
2:32 - 2:35esqueçam a descoberta
de qualquer continente. -
2:37 - 2:38Quando pensamos nisso,
-
2:38 - 2:41estamos a começar a poder
retratar a maior parte do universo. -
2:41 - 2:44E de facto é uma época
de milagres e maravilhas. -
2:44 - 2:46Mas achamos tudo isso normal.
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2:48 - 2:50Acontece uma coisa
semelhante com a vida. -
2:50 - 2:53Falamos da vida de forma fragmentada.
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2:53 - 2:55Ouvimos falar do CRISPR
e ouvimos falar desta tecnologia -
2:55 - 2:57e ouvimos falar daquela tecnologia.
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2:57 - 3:00Mas o importante sobre a vida
é que ela resume-se a ser um código. -
3:02 - 3:06E a vida enquanto código é
um conceito importante porque, -
3:06 - 3:09tal como podemos escrever uma frase
-
3:09 - 3:12em inglês, em francês ou em chinês,
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3:13 - 3:16tal como podemos copiar uma frase,
-
3:16 - 3:19tal como que podemos emendar uma frase,
-
3:19 - 3:21tal como podemos imprimir uma frase,
-
3:21 - 3:24começamos a poder
fazer isso com a vida. -
3:25 - 3:29Significa que estamos a aprender
a ler essa língua. -
3:29 - 3:32Esta é a língua usada por esta laranja.
-
3:33 - 3:35Como é que esta laranja
executa o seu código? -
3:35 - 3:37Não o faz com uns e zeros
como faz um computador. -
3:37 - 3:39Espera numa árvore e, um dia,
-
3:39 - 3:41plop!
-
3:41 - 3:43Isso significa: executar.
-
3:43 - 3:46AATCAAG: "faz-me uma pequena raiz."
-
3:47 - 3:50TCGACC: "faz-me um pequeno caule."
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3:50 - 3:53GAC: "faz-me folhas."
AGC: "faz-me flores." -
3:53 - 3:56E depois GCAA: "faz-me mais laranjas."
-
3:57 - 4:01Se eu editar uma frase em inglês
num processador de texto, -
4:03 - 4:07o que acontece é que posso passar
duma palavra para outra palavra. -
4:08 - 4:11Se eu editar qualquer coisa nesta laranja
-
4:11 - 4:15e acrescentar GCAAC, com o CRISPR
ou outra coisa qualquer, -
4:16 - 4:18esta laranja passa a ser um limão,
-
4:19 - 4:21ou passa a ser uma toranja,
-
4:21 - 4:23ou passa a ser uma tangerina.
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4:23 - 4:25E se eu alterar uma só de mil letras,
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4:25 - 4:28vocês podem passar a ser
a pessoa que está aí sentada ao seu lado. -
4:29 - 4:31Vejam lá onde é que se sentam.
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4:31 - 4:32(Risos)
-
4:33 - 4:37Mas estas tecnologias,
no início, eram muito dispendiosas. -
4:37 - 4:39Era como as chamadas de longa distância.
-
4:39 - 4:43Mas o custo está a diminuir
50% mais depressa do que a lei de Moore. -
4:44 - 4:48Ontem a Veritas anunciou a primeira
sequenciação dum genoma por 200 dólares. -
4:48 - 4:51Assim, quando estamos a olhar
para estes sistemas, -
4:51 - 4:54não interessa, não interessa,
não interessa e, depois, interessa. -
4:54 - 4:58Vou dar-vos uma ideia geral de tudo isto.
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4:59 - 5:01Foi uma grande descoberta.
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5:02 - 5:04Há 23 cromossomas.
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5:04 - 5:05Fixe.
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5:05 - 5:08Observemos com uma versão de telescópio,
-
5:08 - 5:10mas, em vez de usar um telescópio
vamos usar um microscópio -
5:10 - 5:15para ampliar a parte inferior
destes cromossomas, o cromossoma Y. -
5:16 - 5:20Tem um terço do tamanho do X.
É recessivo e mutante. -
5:20 - 5:22Mas, atenção,
-
5:22 - 5:24é um macho.
-
5:25 - 5:27Enquanto observamos tudo isto
-
5:27 - 5:31— isto é uma espécie de mapa de um país —
-
5:31 - 5:33a uma resolução de
400 pares de bases por nível -
5:33 - 5:36depois ampliamos para 550,
e depois ampliamos para 850. -
5:36 - 5:40Podemos identificar cada vez mais genes,
à medida que ampliamos. -
5:40 - 5:43Depois ampliamos para o nível de estado
-
5:43 - 5:46e podemos começar a dizer
quem tem leucemia, -
5:48 - 5:50como contraíram a leucemia,
que tipo de leucemia tem, -
5:50 - 5:53o que mudou de que lugar
para qual lugar. -
5:53 - 5:56Depois aproximamo-nos
ao nível do Google Street View. -
5:57 - 6:00Isto é o que acontece
a quem tem cancro colorretal -
6:00 - 6:04para um doente muito específico
na resolução de letra-a-letra. -
6:06 - 6:09O que fazemos neste processo
é que recolhemos informações -
6:09 - 6:12e geramos quantidades
enormes de informações. -
6:12 - 6:15Esta é uma das maiores
bases de dados do planeta -
6:15 - 6:19e aumenta mais depressa do que conseguimos
criar computadores para a armazenar. -
6:20 - 6:23Podemos criar mapas espantosos
com este material. -
6:23 - 6:26Queremos compreender a peste
e porque é que uma peste é bubónica -
6:26 - 6:28e outra é um tipo diferente de peste
-
6:28 - 6:30e outra é um tipo diferente de peste?
-
6:30 - 6:32Este é um mapa da peste.
-
6:33 - 6:36Algumas são mortais
para os seres humanos, outras não. -
6:36 - 6:39A propósito, reparem,
quando chegamos aqui abaixo, -
6:39 - 6:41como é que se compara com a tuberculose?
-
6:42 - 6:45Esta é a diferença entre a tuberculose
e diversos tipos de pestes -
6:45 - 6:48e podemos fazer de detetives
com estas informações, -
6:48 - 6:51porque podemos agarrar
num tipo muito específico de cólera -
6:51 - 6:52que afeta o Haiti
-
6:52 - 6:55e podemos ver de que país é proveniente,
-
6:55 - 6:57de que região é proveniente
-
6:57 - 7:00e, provavelmente, qual o soldado
-
7:00 - 7:02que a levou dum país africano
para o Haiti. -
7:05 - 7:07Diminuir o "zoom".
-
7:07 - 7:09Não é o mesmo que ampliar.
-
7:09 - 7:12Este é um dos mapas mais fixes
jamais feito por seres humanos. -
7:12 - 7:15Agarraram em todas as informações
genéticas que têm -
7:15 - 7:17sobre todas as espécies
-
7:17 - 7:20e fizeram uma árvore da vida
numa só página -
7:20 - 7:22que podemos ampliar e reduzir.
-
7:22 - 7:26Isto é o que aparece primeiro,
como se diversificou, como se ramificou, -
7:26 - 7:29qual a dimensão deste genoma,
numa só página. -
7:30 - 7:32É uma espécie do universo
da vida na Terra -
7:32 - 7:35e está a ser constantemente
atualizado e completado. -
7:35 - 7:37Enquanto olhamos para isto,
-
7:37 - 7:40a mudança importante é que
a antiga biologia costumava ser reativa. -
7:40 - 7:43Antigamente havia muitos biólogos
que tinham microscópios -
7:43 - 7:47e tinham lupas e observavam
os animais no terreno. -
7:47 - 7:49A nova biologia é proativa.
-
7:49 - 7:53Não nos limitamos a observar
as coisas, fazemos coisas. -
7:53 - 7:55É uma mudança muito grande
-
7:55 - 7:58porque permite-nos
fazer coisas como esta. -
7:59 - 8:01Sei que ficaram entusiasmados
com esta imagem. -
8:01 - 8:02(Risos)
-
8:02 - 8:05Só gastámos quatro anos
e 40 milhões de dólares -
8:05 - 8:06para conseguirmos esta foto.
-
8:06 - 8:07(Risos)
-
8:08 - 8:12Retirámos todo o
código genético duma célula -
8:13 - 8:17— não um gene, nem dois genes,
mas o código genético total duma célula — -
8:18 - 8:20criámos um código genético
totalmente novo, -
8:21 - 8:23introduzimo-lo na célula
-
8:23 - 8:25imaginámos uma forma de a célula
executar esse código -
8:25 - 8:28e criámos uma espécie totalmente nova.
-
8:29 - 8:32Esta é a primeira forma
de vida totalmente sintética. -
8:34 - 8:36O que é que fazemos com estas coisas?
-
8:36 - 8:39Estas coisas vão mudar o mundo.
-
8:39 - 8:42Vou dar-vos três tendências
a curto prazo, -
8:42 - 8:44em termos de como vai mudar o mundo.
-
8:44 - 8:48A primeira é que vamos assistir
a uma nova revolução industrial. -
8:48 - 8:50E estou a dizer isto de forma literal.
-
8:50 - 8:54Tal como a Suíça, a Alemanha
e o Reino Unido -
8:55 - 8:58mudaram o mundo com máquinas
como aquela que vemos neste átrio, -
9:00 - 9:01criando energia
-
9:01 - 9:04— da mesma maneira que o CERN
está a mudar o mundo, -
9:04 - 9:07usando novos instrumentos
e o nosso conceito do universo — -
9:08 - 9:11as formas de vida programáveis
também vão mudar o mundo -
9:12 - 9:14porque, quando conseguirmos
programar células -
9:14 - 9:17da mesma forma que programamos
um "chip" de computador, -
9:18 - 9:20podemos fazer quase tudo.
-
9:20 - 9:22Um "chip" de computador
-
9:22 - 9:25pode produzir fotografias,
pode produzir música, filmes -
9:25 - 9:28pode produzir cartas de amor,
pode produzir folhas de cálculo. -
9:28 - 9:30São apenas uns e zeros
a esvoaçar por aí. -
9:31 - 9:34Se pudermos enfiar ATCG nas células,
-
9:34 - 9:37esse "software"
faz o seu próprio "hardware", -
9:37 - 9:40o que significa que se reproduz
muito rapidamente. -
9:40 - 9:42Aconteça o que acontecer,
-
9:42 - 9:45se deixarmos o telemóvel
na mesinha de cabeceira, -
9:45 - 9:47não teremos mil milhões
de telemóveis no dia seguinte. -
9:47 - 9:52Mas, se fizermos isso
com organismos vivos, -
9:53 - 9:56podemos fabricá-los a uma escala enorme.
-
9:57 - 10:00Uma das coisas que podemos fazer
é começarmos a produzir -
10:00 - 10:03combustíveis quase isentos de carbono
-
10:03 - 10:05a uma escala comercial em 2025,
-
10:06 - 10:08o que estamos a fazer com a Exxon.
-
10:09 - 10:12Mas também podemos arranjar
substitutos para terras agrícolas. -
10:12 - 10:16Em vez de termos 100 hectares
para fazer óleos ou proteínas, -
10:16 - 10:18podemos fazê-los nestes tanques
-
10:18 - 10:21com 10 ou 100 vezes
mais produtividade por hectare. -
10:21 - 10:25Ou podemos armazenar informações,
ou podemos fazer todas as vacinas do mundo -
10:25 - 10:27nestes três tanques.
-
10:27 - 10:30Ou podemos armazenar
a maior parte da informação do CERN, -
10:30 - 10:32nestes três tanques.
-
10:32 - 10:36O ADN é um instrumento de armazenagem
de informações muito poderoso. -
10:37 - 10:38Segunda tendência:
-
10:38 - 10:41Começamos a ver
o aumento da biologia teórica. -
10:42 - 10:44Os departamentos da escola de medicina
-
10:45 - 10:47são um dos locais
mais conservadores do planeta. -
10:47 - 10:49A forma como ensinam anatomia
-
10:49 - 10:52é semelhante à forma como ensinavam
anatomia, há cem anos. -
10:52 - 10:54"Bem-vindo, aluno.
Este é o vosso cadáver." -
10:54 - 10:57Uma das coisas em que as escolas
de medicina não são boas -
10:57 - 10:58é em criar novos departamentos,
-
10:58 - 11:00razão por que isto é tão invulgar.
-
11:00 - 11:04Isaac Kohane criou agora um departamento
-
11:04 - 11:07baseado na informática,
dados e conhecimento -
11:07 - 11:09na Escola de Medicina de Harvard.
-
11:09 - 11:12Em certo sentido, o que está a acontecer
-
11:12 - 11:14é que a biologia está a começar
a ter dados suficientes -
11:14 - 11:17para poder começar a seguir
os passos da física -
11:17 - 11:20que era a física da observação
-
11:20 - 11:22e os físicos da experimentação,
-
11:23 - 11:25e começou a criar a biologia teórica.
-
11:25 - 11:27É isto que vamos começar a ver
-
11:27 - 11:29porque temos imensos registos médicos,
-
11:29 - 11:31temos imensos dados sobre pessoas,
-
11:31 - 11:33temos os seus genomas,
temos os seus viromas, -
11:33 - 11:35temos os seus microbiomas.
-
11:35 - 11:37À medida que esta informação se acumula,
-
11:37 - 11:39podemos começar a fazer previsões.
-
11:40 - 11:44A terceira coisa que está a acontecer
é que isto está a chegar ao consumidor. -
11:46 - 11:49Todos podemos obter
a sequenciação dos nossos genes -
11:50 - 11:52e isso está a começar a criar
empresas como a 23andMe, -
11:52 - 11:55e as empresas como a 23andMe
vão passar a dar-nos -
11:55 - 11:56cada vez mais dados,
-
11:56 - 11:58não apenas sobre os nossos parentes,
-
11:59 - 12:00mas sobre nós e o nosso corpo
-
12:00 - 12:01e vão comparar as coisas
-
12:01 - 12:03e vão fazer comparações ao longo do tempo
-
12:03 - 12:05e tudo isso vai constituir
enormes bases de dados. -
12:06 - 12:09Mas também vai começar a afetar
uma série de outras atividades -
12:09 - 12:11de modos inesperados.
-
12:12 - 12:14Normalmente, quando anunciamos uma coisa,
-
12:14 - 12:19não queremos que o consumidor leve
o nosso anúncio para a casa de banho -
12:19 - 12:21e urine em cima dele.
-
12:22 - 12:24A não ser que sejamos o IKEA.
-
12:25 - 12:29Porque, quando vocês rasgam isto
duma revista e urinam em cima dele, -
12:29 - 12:31se ficar azul é porque estão grávidas.
-
12:31 - 12:32(Risos)
-
12:32 - 12:36E dão-vos um desconto na compra do berço.
-
12:36 - 12:37(Risos)
-
12:37 - 12:39Quando vejo o poder do consumidor
-
12:39 - 12:42que está a ir para além da biotecnologia,
-
12:42 - 12:45é mesmo isto que eu quero dizer.
-
12:46 - 12:50Agora estamos a começar a produzir,
na Synthetic Genomics, -
12:51 - 12:53impressoras de secretária
-
12:53 - 12:57que nos permitem conceber uma célula,
-
12:57 - 12:58imprimir uma célula,
-
12:58 - 13:00executar o programa na célula.
-
13:01 - 13:03Já podemos imprimir vacinas
-
13:03 - 13:07em tempo real, tal como
um avião descola antes de aterrar. -
13:08 - 13:11Vamos exportar 78 máquinas
destas, este ano. -
13:12 - 13:17Isto não é biologia teórica,
é biologia de impressão. -
13:18 - 13:21Vou falar-vos de duas tendências
a longo prazo -
13:21 - 13:25que virão ter connosco
num prazo mais longo. -
13:26 - 13:29A primeira é que vamos começar
a redesenhar espécies. -
13:29 - 13:31Já ouviram falar nisso, não é?
-
13:31 - 13:34Vamos redesenhar árvores,
vamos redesenhar flores, -
13:34 - 13:36vamos redesenhar iogurte,
-
13:37 - 13:39queijo, tudo o que quisermos.
-
13:40 - 13:42Isso coloca-nos uma pergunta interessante:
-
13:43 - 13:46Como e quando vamos
redesenhar seres humanos? -
13:48 - 13:49Muitos de nós pensam:
-
13:49 - 13:52"Não, não queremos
redesenhar seres humanos." -
13:52 - 13:55A não ser, claro, que o nosso filho
tenha um gene de Huntington -
13:55 - 13:57e esteja condenado à morte.
-
13:57 - 14:01Ou a não ser que transmitamos
um gene de fibrose cística, -
14:01 - 14:03situação em que não só
nos queremos redesenhar -
14:03 - 14:06como queremos redesenhar
os nossos filhos e netos. -
14:07 - 14:10Estes são debates complicados
e vão acontecer em tempo real. -
14:11 - 14:13Vou dar-vos um exemplo atual.
-
14:14 - 14:17Um dos debates a decorrer atualmente
nas academias nacionais -
14:18 - 14:23é sobre ter o poder de pôr
um gene mutante em mosquitos -
14:23 - 14:26que mate todos os mosquitos
transmissores da malária. -
14:29 - 14:31Umas pessoas dizem:
-
14:31 - 14:35"Isso vai afetar o ambiente
de forma radical. É melhor não o fazer." -
14:35 - 14:37Outras pessoas dizem:
-
14:37 - 14:40"Isto mata milhões de pessoas por ano.
-
14:40 - 14:41"Quem são vocês para me dizerem
-
14:41 - 14:44"que não posso salvar
as crianças do meu país?" -
14:45 - 14:47Porque é que este debate
é tão complicado? -
14:47 - 14:49Porque, se lançarmos esse gene
-
14:49 - 14:51no Brasil ou no sul da Flórida
-
14:51 - 14:53— os mosquitos não respeitam fronteiras —
-
14:53 - 14:56estamos a tomar uma decisão
para o mundo -
14:56 - 14:58quando pomos no ar uma mutação genética.
-
15:02 - 15:05Este homem notável ganhou um Prémio Nobel
-
15:05 - 15:07e, depois de ganhar o Prémio Nobel,
-
15:07 - 15:09tem-se preocupado
-
15:10 - 15:12sobre como é que a vida começou
neste planeta -
15:12 - 15:15e qual a probabilidade
de ela existir noutros locais? -
15:15 - 15:18Por isso, tem contactado
com os seus alunos universitários -
15:18 - 15:21e diz aos seus alunos universitários:
-
15:21 - 15:24"Criem vida mas não usem
nenhuns instrumentos químicos modernos. -
15:24 - 15:27"Criem coisas que havia aqui
há 3000 milhões de anos. -
15:27 - 15:30"Não podem usar 'lasers'.
Não podem usar isto, nem usar aquilo." -
15:32 - 15:36Deu-me um frasquinho do que
criou há umas três semanas. -
15:37 - 15:38O que é que ele criou?
-
15:38 - 15:42Basicamente, criou o que parecem ser
bolhas de sabão, feitas de lípidos. -
15:42 - 15:45Criou um precursor do ARN.
-
15:45 - 15:49Fez com que esse percursor do ARN
fosse absorvido pela célula -
15:50 - 15:53e depois as células dividiram-se.
-
15:54 - 15:56Podemos não estar assim tão longe
-
15:58 - 16:01— uma década, talvez duas décadas —
-
16:01 - 16:03de gerar vida a partir do zero
-
16:04 - 16:06de proto-comunidades.
-
16:08 - 16:09Segunda tendência a longo prazo:
-
16:10 - 16:14temos estado a viver numa época digital
-
16:14 - 16:16— estamos a começar a viver
a era do genoma, -
16:16 - 16:20da biologia e do CRISPR
e da biologia sintética — -
16:21 - 16:24e tudo isso vai fundir-se
na era do cérebro. -
16:25 - 16:26Estamos a chegar ao ponto
-
16:26 - 16:29em que podemos recriar
muitas partes do nosso corpo -
16:29 - 16:33da mesma forma que, se partirmos um osso
e queimarmos a pele, eles regeneram. -
16:33 - 16:35Estamos a começar a aprender
como regenerar traqueias -
16:35 - 16:37ou como regenerar bexigas.
-
16:37 - 16:40Estas coisas já foram
implantadas em seres humanos. -
16:40 - 16:43Tony Atala está a trabalhar
em 32 órgãos diferentes. -
16:43 - 16:46Mas o cerne da questão vai ser isto,
-
16:46 - 16:49porque nós somos cérebro
e o resto é só embalagem. -
16:50 - 16:54Ninguém vai viver para além
dos 120, 130, 140 anos, -
16:54 - 16:55a não ser que corrijamos isto.
-
16:56 - 16:58Este é o desafio mais interessante.
-
16:58 - 17:00É a próxima fronteira, juntamente com:
-
17:00 - 17:03"Até que ponto a vida
é vulgar no universo?" -
17:03 - 17:05"De onde viemos?"
-
17:05 - 17:07e perguntas como estas.
-
17:08 - 17:11Vou terminar com uma citação
apócrifa de Einstein. -
17:12 - 17:14[Podemos viver como
se tudo fosse um milagre, -
17:14 - 17:16[ou podemos viver como
se nada fosse um milagre.] -
17:16 - 17:18A escolha é vossa.
-
17:19 - 17:21Podemos focar-nos no mau,
podemos focar-nos no assustador -
17:21 - 17:24e, certamente, há muitas coisas
assustadoras nisto tudo. -
17:24 - 17:28Mas usem só 10% do cérebro
para se focarem nisso, -
17:28 - 17:30ou talvez 20%, ou talvez 30%.
-
17:31 - 17:33Mas lembrem-se,
-
17:33 - 17:36vivemos de facto numa era
de milagre e maravilha. -
17:36 - 17:40Temos a sorte de estarmos vivos hoje.
Temos a sorte de ver estas coisas, -
17:40 - 17:42Temos a sorte de poder interagir
com pessoas -
17:42 - 17:45como as pessoas que estão a criar
todas as coisas nesta sala. -
17:45 - 17:49Por isso, obrigado a todos
por tudo aquilo que fazem. -
17:49 - 17:52(Aplausos)
- Title:
- A era da maravilha da genética
- Speaker:
- Juan Enriquez
- Description:
-
Instrumentos de alteração de genes, como o CRISPR, permitem-nos programar a vida ao nível mais fundamental. Mas isso coloca algumas questões prementes. Se pudermos gerar novas espécies a partir do zero, o que é que devemos criar? Devemos redesenhar a humanidade tal como a conhecemos? Juan Henriquez prevê os possíveis futuros da alteração genética, explorando a enorme incerteza e oportunidade desta nova fronteira.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:05
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Norberto Amaral accepted Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Norberto Amaral edited Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Norberto Amaral edited Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Norberto Amaral edited Portuguese subtitles for The age of genetic wonder | ||
Norberto Amaral edited Portuguese subtitles for The age of genetic wonder |
Maria Pascual Picado
Gostava de editar estas legendas.
A última edição foi já há bastante tempo.