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A era da maravilha genética

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    Deixem-me começar com Roy Amara.
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    O argumento de Roy é que a maioria
    das novas tecnologias
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    tendem inicialmente a ser
    superestimadas quanto a seu impacto
  • 0:11 - 0:14
    e depois são subestimadas a longo prazo
    porque nos acostumamos com elas.
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    Os dias de hoje são realmente
    de milagres e maravilhas.
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    Lembram-se daquela canção
    maravilhosa do Paul Simon?
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    Há dois versos nela
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    sobre o que era considerado
    miraculoso naquela época.
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    A desaceleração das coisas,
    a câmera lenta,
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    e a chamada de longa distância.
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    Nossos telefonemas eram
    interrompidos por telefonistas dizendo:
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    "Chamada de longa distância.
    Você quer desligar?"
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    Atualmente, não achamos nada de mais
    ligar para o mundo todo.
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    Bem, algo semelhante
    pode estar acontecendo
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    com a leitura e a programação da vida.
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    Mas, antes de analisar isso,
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    vamos falar sobre telescópios.
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    Os telescópios foram superestimados
    originalmente quanto a seu impacto.
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    Este é um dos primeiros
    modelos de Galileu.
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    As pessoas achavam
    que isso iria destruir toda a religião.
  • 1:03 - 1:05
    (Risos)
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    Não estamos prestando
    muita atenção aos telescópios.
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    Mas, com os telescópios lançados
    há dez anos, como acabamos de ouvir,
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    se levássemos esse Volkswagen até a Lua,
  • 1:18 - 1:24
    poderíamos ver as luzes do seu farol lá.
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    Esse é o tipo de poder de resolução
    que nos permite ver
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    pequenas partículas de poeira
    flutuando ao redor de sóis distantes.
  • 1:32 - 1:33
    Imaginem por um instante
  • 1:33 - 1:36
    que isto fosse um sol
    a 1 bilhão de anos-luz de distância,
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    e tivéssemos uma pequena partícula
    de poeira na frente dele.
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    É assim que ocorre
    a detecção de um exoplaneta.
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    O mais legal é que os telescópios
    que estão sendo lançados agora
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    nos permitem ver
    uma simples vela acesa na Lua.
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    Se a separássemos por um prato,
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    poderíamos ver duas velas
    separadamente a essa distância.
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    Esse é o tipo de resolução que precisamos
  • 2:02 - 2:05
    para começar a visualizar
    essa partícula de poeira ao redor do Sol
  • 2:05 - 2:08
    e ver se ela tem
    uma marca azul-esverdeada.
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    Se tiver, isso significa
    que a vida é comum no Universo.
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    Na primeira vez que virmos uma marca
    azul-esverdeada em um planeta distante,
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    isso significa que há fotossíntese lá,
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    há água lá,
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    e as chances de vermos
    o único outro planeta com fotossíntese
  • 2:25 - 2:26
    são aproximadamente zero.
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    Esse é um evento que muda o calendário.
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    Há um antes e um depois
    de estarmos sós no Universo.
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    Esqueçam a descoberta
    de qualquer continente.
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    Enquanto pensamos sobre isso,
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    começamos a poder visualizar
    a maior parte do Universo.
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    Este é um momento de milagre e maravilha.
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    E não damos valor a isso.
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    Algo semelhante está acontecendo na vida.
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    Estamos ouvindo sobre a vida
    em informações esparsas.
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    Ouvimos sobre o CRISPR,
    sobre uma tecnologia e outra,
  • 2:57 - 3:00
    mas o ponto principal da vida
    é que ela acaba sendo um código.
  • 3:02 - 3:06
    E a vida como código é um conceito
    muito importante, porque significa
  • 3:06 - 3:08
    que, da mesma maneira que podemos escrever
  • 3:08 - 3:12
    uma frase em inglês, francês ou chinês,
  • 3:13 - 3:16
    do mesmo modo que podemos copiar,
  • 3:16 - 3:19
    editar
  • 3:19 - 3:21
    e imprimir uma frase,
  • 3:21 - 3:23
    estamos começando
    a conseguir fazer isso com a vida.
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    Isso significa que estamos começando
    a aprender a ler essa linguagem,
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    que, obviamente, é usada por esta laranja.
  • 3:33 - 3:34
    Como esta laranja executa código?
  • 3:34 - 3:37
    Não faz isso por uns e zeros,
    como um computador.
  • 3:37 - 3:39
    Ela fica numa árvore, e um dia faz:
  • 3:39 - 3:40
    "Tum!"
  • 3:41 - 3:43
    E isso significa: execute.
  • 3:43 - 3:46
    AATCAAG: faça pra mim uma pequena raiz.
  • 3:47 - 3:50
    TCGACC: faça pra mim um pequeno tronco.
  • 3:50 - 3:53
    GAC: faça pra mim algumas folhas.
    AGC: faça pra mim algumas flores.
  • 3:53 - 3:56
    Depois, GCAA: faça pra mim
    mais algumas laranjas.
  • 3:57 - 4:01
    Se eu editar uma frase em inglês
    em um processador de texto,
  • 4:03 - 4:07
    podemos ir de uma palavra a outra.
  • 4:08 - 4:10
    Se eu editar algo nesta laranja
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    e incluir GCAAC,
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    usando o CRISPR ou uma outra coisa
    de que ouviram falar,
  • 4:16 - 4:18
    esta laranja se tornará um limão,
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    uma toranja,
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    ou uma tangerina.
  • 4:23 - 4:25
    E, se eu editar uma de mil letras,
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    você se tornará a pessoa
    sentada ao seu lado hoje.
  • 4:29 - 4:30
    Tomem mais cuidado onde se sentam.
  • 4:30 - 4:32
    (Risos)
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    Acontece que isso
    era muito caro no início.
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    Era como as chamadas de longa distância.
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    Mas o custo está caindo 50%
    mais rápido do que a Lei de Moore.
  • 4:44 - 4:48
    O primeiro genoma completo de US$ 200
    foi anunciado ontem pela Veritas.
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    Conforme analisamos esses sistemas,
  • 4:51 - 4:54
    isso não importa, isso não importa,
    isso não importa, e então importa.
  • 4:54 - 4:58
    Vou mostrar o mapa disso.
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    Esta é uma grande descoberta.
  • 5:02 - 5:03
    Existem 23 cromossomos.
  • 5:04 - 5:05
    Legal.
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    Vamos agora começar usando
    uma versão de telescópio,
  • 5:08 - 5:10
    mas, em vez disso,
    vamos usar um microscópio
  • 5:10 - 5:13
    para ampliar a parte inferior
    desses cromossomos,
  • 5:13 - 5:15
    que é o cromossomo Y.
  • 5:16 - 5:19
    Ele tem um terço do tamanho do X,
    é recessivo e mutante.
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    Mas, vejam:
  • 5:22 - 5:24
    apenas um macho.
  • 5:25 - 5:27
    Conforme analisamos isso,
  • 5:27 - 5:31
    é como se fosse o mapa de um país,
  • 5:31 - 5:33
    num nível de resolução
    de 400 pares de base.
  • 5:33 - 5:36
    Então, ampliamos para 550
    e depois para 850,
  • 5:36 - 5:40
    e começamos a identificar cada vez
    mais genes à medida que ampliamos.
  • 5:40 - 5:43
    Então, ampliamos para o nível de estado
  • 5:43 - 5:46
    e podemos começar a dizer
    quem tem leucemia,
  • 5:48 - 5:50
    como a contraíram, qual tipo de leucemia,
  • 5:50 - 5:52
    o que mudou de que lugar para qual.
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    Depois, ampliamos para o nível
    de visualização de rua do Google.
  • 5:57 - 6:00
    Então, isso é o que acontece
    com o câncer colorretal
  • 6:00 - 6:04
    de um paciente muito específico
    na resolução letra por letra.
  • 6:06 - 6:09
    Estamos reunindo informações
  • 6:09 - 6:11
    e gerando enormes quantidades delas.
  • 6:11 - 6:14
    Este é um dos maiores
    bancos de dados do planeta
  • 6:15 - 6:18
    e cresce mais rápido do que podemos
    construir computadores para armazená-los.
  • 6:20 - 6:23
    Podemos criar alguns mapas
    incríveis com isso.
  • 6:23 - 6:26
    Querem entender a peste
    e por que uma delas é bubônica,
  • 6:26 - 6:30
    outra é de um tipo diferente
    e uma é de outro tipo?
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    Bem, aqui está um mapa da peste.
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    Algumas delas são totalmente mortais
    para os humanos, outras não.
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    Notem, a propósito, quando vamos a fundo:
  • 6:39 - 6:41
    como a peste se compara à tuberculose?
  • 6:42 - 6:45
    Essa é a diferença entre a tuberculose
    e vários tipos de pestes,
  • 6:45 - 6:48
    e podemos brincar de detetive com isso,
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    porque podemos pegar
    um tipo muito específico de cólera
  • 6:50 - 6:52
    que afetou o Haiti,
  • 6:52 - 6:55
    e analisar de que país veio,
  • 6:55 - 6:57
    de qual região,
  • 6:57 - 7:02
    e provavelmente qual soldado a levou
    daquele país africano para o Haiti.
  • 7:05 - 7:07
    Vamos reduzir o zoom.
  • 7:07 - 7:08
    Não é apenas ampliar.
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    Este é um dos mapas mais legais
    já feitos por seres humanos.
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    Eles pegaram toda a informação genética
    existente sobre todas as espécies,
  • 7:17 - 7:20
    e colocaram numa árvore da vida
    em uma única página
  • 7:20 - 7:22
    que podemos ampliar e reduzir.
  • 7:22 - 7:26
    Isto é o que veio primeiro,
    como diversificou, como se ramificou,
  • 7:26 - 7:27
    o tamanho desse genoma,
  • 7:27 - 7:29
    em uma única página.
  • 7:30 - 7:32
    É uma espécie de Universo
    da vida na Terra,
  • 7:32 - 7:34
    constantemente atualizado e preenchido.
  • 7:35 - 7:37
    Quando analisamos isso,
  • 7:37 - 7:40
    a mudança muito importante é que
    a antiga biologia costumava ser reativa.
  • 7:40 - 7:45
    Costumava haver muitos biólogos que tinham
    microscópios com lentes de aumento,
  • 7:45 - 7:47
    e que saíam para observar animais.
  • 7:47 - 7:49
    A nova biologia é proativa.
  • 7:49 - 7:52
    Não apenas observamos, mas fazemos.
  • 7:53 - 7:55
    É uma mudança muito grande
  • 7:55 - 7:57
    porque nos permite fazer coisas como esta.
  • 7:59 - 8:01
    Sei que estão muito animados
    com essa imagem.
  • 8:01 - 8:02
    (Risos)
  • 8:02 - 8:06
    Levamos apenas 4 anos
    e US$ 40 milhões para consegui-la.
  • 8:06 - 8:07
    (Risos)
  • 8:07 - 8:09
    O que fizemos
  • 8:10 - 8:13
    foi extrair o código genético
    completo de uma célula...
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    não um gene, nem dois,
    mas o código genético completo...
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    criar um código genético totalmente novo,
  • 8:21 - 8:22
    inseri-lo na célula,
  • 8:22 - 8:25
    descobrir uma maneira de fazer
    a célula executar esse código
  • 8:25 - 8:28
    e criar uma espécie completamente nova.
  • 8:29 - 8:32
    Portanto, essa é a primeira forma
    de vida sintética do mundo.
  • 8:34 - 8:36
    Então, o que fazemos com isso?
  • 8:36 - 8:39
    Bem, isso vai mudar o mundo.
  • 8:39 - 8:41
    Vou lhes dar três tendências a curto prazo
  • 8:41 - 8:44
    em termos de como isso vai mudar o mundo.
  • 8:44 - 8:47
    A primeira é que vamos ver
    uma nova revolução industrial.
  • 8:48 - 8:49
    Na verdade, digo isso literalmente.
  • 8:50 - 8:54
    Da mesma maneira que Suíça,
    Alemanha e Grã-Bretanha
  • 8:55 - 8:58
    mudaram o mundo com máquinas
    como a que vemos nesse saguão,
  • 9:00 - 9:01
    elas criaram poder,
  • 9:01 - 9:04
    do mesmo modo que o CERN
    está mudando o mundo
  • 9:04 - 9:07
    pelo uso de novos instrumentos
    e nosso conceito do Universo,
  • 9:08 - 9:11
    formas de vida programáveis
    também vão mudar o mundo,
  • 9:12 - 9:13
    porque, já que programamos células
  • 9:13 - 9:16
    da mesma maneira que programamos
    chips de computador,
  • 9:18 - 9:19
    quase tudo é possível.
  • 9:20 - 9:23
    Assim, chips de computador
    podem produzir fotografias,
  • 9:23 - 9:26
    música, filmes,
  • 9:26 - 9:27
    cartas de amor, planilhas.
  • 9:27 - 9:30
    São apenas uns e zeros em circulação.
  • 9:31 - 9:33
    Se podemos fluir ATCGs pelas células,
  • 9:34 - 9:37
    esse software cria
    o próprio hardware dele,
  • 9:37 - 9:39
    o que significa que ele cresce
    muito rapidamente.
  • 9:40 - 9:42
    Não importa o que aconteça,
  • 9:42 - 9:46
    se deixarmos o celular ao lado da cama,
    não teremos 1 bilhão deles de manhã.
  • 9:47 - 9:48
    Mas,
  • 9:49 - 9:52
    se fizermos isso com organismos vivos,
  • 9:53 - 9:56
    poderemos criar isso em larga escala.
  • 9:57 - 10:00
    Uma das coisas que podemos fazer
    é começar a produzir
  • 10:00 - 10:03
    combustíveis quase neutros em carbono
  • 10:03 - 10:05
    em escala comercial até 2025,
  • 10:06 - 10:08
    o que estamos fazendo com a Exxon.
  • 10:09 - 10:11
    Mas também podemos
    substituir terras agrícolas.
  • 10:11 - 10:13
    Em vez de ter 100 hectares
  • 10:13 - 10:16
    para a produção de óleos ou proteínas,
  • 10:16 - 10:18
    podemos produzi-los nesses tanques
  • 10:18 - 10:21
    com 10 ou 100 vezes
    a produtividade por hectare.
  • 10:21 - 10:25
    Ou podemos armazenar informações,
    ou criar todas as vacinas do mundo
  • 10:25 - 10:26
    nesses três tanques.
  • 10:27 - 10:31
    Ou podemos armazenar neles a maioria
    das informações contidas no CERN.
  • 10:32 - 10:36
    O DNA é um dispositivo de armazenamento
    de informações muito poderoso.
  • 10:37 - 10:38
    Segunda tendência:
  • 10:38 - 10:41
    estamos começando a ver
    a ascensão da biologia teórica.
  • 10:42 - 10:44
    Os departamentos de medicina
  • 10:44 - 10:46
    são um dos lugares
    mais conservadores da Terra.
  • 10:46 - 10:51
    O modo de ensinar anatomia
    é parecido com o modo de 100 anos atrás:
  • 10:51 - 10:53
    "Bem-vindo, aluno; aqui está seu cadáver".
  • 10:54 - 10:58
    As escolas de medicina não são boas
    na criação de novos departamentos,
  • 10:58 - 10:59
    razão pela qual isto é tão incomum:
  • 11:00 - 11:04
    Isaac Kohane criou um departamento,
  • 11:04 - 11:07
    baseado em informática,
    dados e conhecimento,
  • 11:07 - 11:08
    na Harvard Medical School.
  • 11:09 - 11:11
    De certo modo,
  • 11:11 - 11:14
    a biologia está começando
    a obter dados suficientes
  • 11:14 - 11:17
    para seguir os passos da física,
  • 11:17 - 11:20
    que costumava ser a física observacional
  • 11:20 - 11:22
    e os físicos experimentais,
  • 11:22 - 11:24
    e depois começou a criar
    a biologia teórica.
  • 11:24 - 11:27
    Bem, é isso que estamos começando a ver
  • 11:27 - 11:31
    porque temos tantos registros médicos
    e dados sobre as pessoas:
  • 11:31 - 11:35
    genomas, viromas, microbiomas.
  • 11:35 - 11:37
    À medida que essa informação se acumula,
  • 11:37 - 11:39
    podemos começar a fazer previsões.
  • 11:40 - 11:43
    A terceira tendência é que isso
    está chegando ao consumidor.
  • 11:46 - 11:49
    Também podemos ter
    nossos genes sequenciados.
  • 11:50 - 11:52
    Isso está começando a criar
    empresas como a 23andMe,
  • 11:52 - 11:55
    que vão nos dar
  • 11:55 - 11:58
    cada vez mais dados,
    não apenas sobre nossos parentes,
  • 11:59 - 12:00
    mas sobre nós e nosso corpo,
  • 12:00 - 12:02
    e vão comparar coisas ao longo do tempo,
  • 12:02 - 12:05
    que vão se tornar bancos
    de dados muito grandes.
  • 12:06 - 12:09
    Mas também está começando a afetar
    uma série de outras empresas
  • 12:09 - 12:11
    de maneiras inesperadas.
  • 12:12 - 12:16
    Geralmente, quando anunciamos algo,
    realmente não queremos que o consumidor
  • 12:16 - 12:20
    leve o anúncio ao banheiro
    para fazer xixi nele,
  • 12:22 - 12:24
    a não ser, é claro, que seja a IKEA.
  • 12:25 - 12:28
    Porque, quando você rasga
    o anúncio da revista e faz xixi nele,
  • 12:28 - 12:30
    ele fica azul se você estiver grávida.
  • 12:30 - 12:32
    (Risos)
  • 12:32 - 12:36
    E você receberá um desconto em seu berço.
  • 12:36 - 12:37
    (Risos)
  • 12:37 - 12:39
    Quando digo empoderamento do consumidor,
  • 12:39 - 12:42
    e isso está se espalhando
    para além da biotecnologia,
  • 12:42 - 12:44
    na verdade, quero dizer isso mesmo.
  • 12:46 - 12:50
    Estamos começando agora a produzir,
    na Synthetic Genomics,
  • 12:51 - 12:52
    impressoras de mesa
  • 12:53 - 12:57
    que nos permitem desenhar uma célula,
  • 12:57 - 12:58
    imprimi-la
  • 12:58 - 13:00
    e executar o programa na célula.
  • 13:01 - 13:03
    Agora podemos imprimir vacinas
  • 13:03 - 13:05
    em tempo real quando um avião decola,
  • 13:05 - 13:08
    e tê-las prontas antes de aterrissar.
  • 13:08 - 13:11
    Estamos enviando 78
    máquinas dessas este ano.
  • 13:12 - 13:17
    Isso não é biologia teórica;
    é biologia de impressão.
  • 13:18 - 13:21
    Vou falar sobre duas
    tendências de longo prazo,
  • 13:21 - 13:25
    que vão demorar um pouco
    para chegar até vocês.
  • 13:26 - 13:28
    A primeira é que estamos começando
    a redesenhar espécies.
  • 13:29 - 13:31
    Já ouviram falar sobre isso, não é?
  • 13:31 - 13:34
    Estamos redesenhando árvores, flores,
  • 13:34 - 13:36
    iogurte,
  • 13:37 - 13:39
    queijo, o que mais vocês desejarem.
  • 13:40 - 13:42
    Isso, é claro, levanta
    a interessante pergunta:
  • 13:43 - 13:45
    "Como e quando devemos
    redesenhar os seres humanos?"
  • 13:48 - 13:49
    Muitos de nós pensam:
  • 13:49 - 13:52
    "Ah, não, nunca pretendemos
    redesenhar seres humanos",
  • 13:52 - 13:55
    a não ser, é claro, que seu filho
    tenha a doença de Huntington
  • 13:55 - 13:56
    e esteja condenado à morte,
  • 13:57 - 14:01
    ou, a menos que você esteja transmitindo
    um gene da fibrose cística.
  • 14:01 - 14:03
    Nesse caso, você não só vai
    querer se redesenhar;
  • 14:03 - 14:06
    como vai querer redesenhar
    seus filhos e os filhos deles.
  • 14:07 - 14:10
    São debates complicados
    que vão acontecer em tempo real.
  • 14:11 - 14:13
    Vou lhes dar um exemplo atual.
  • 14:14 - 14:17
    Um dos debates em curso
    nas academias nacionais hoje
  • 14:18 - 14:23
    é que temos o poder de colocar
    um estímulo genético em mosquitos
  • 14:23 - 14:26
    para matar todos
    os que transmitem a malária.
  • 14:29 - 14:30
    Algumas pessoas dizem:
  • 14:31 - 14:33
    "Isso vai afetar o meio ambiente
    de maneira extrema.
  • 14:33 - 14:35
    Não façam isso".
  • 14:35 - 14:36
    Outras dizem:
  • 14:36 - 14:39
    "Essa é uma das coisas que matam
    milhões de pessoas anualmente.
  • 14:39 - 14:43
    Quem é você para me dizer que não posso
    salvar as crianças de meu país?"
  • 14:45 - 14:47
    Por que esse debate é tão complicado?
  • 14:47 - 14:50
    Porque assim que liberarmos
    isso no Brasil,
  • 14:50 - 14:51
    ou no sul da Flórida,
  • 14:51 - 14:53
    mosquitos não respeitam muros.
  • 14:53 - 14:55
    Estamos tomando uma decisão mundial
  • 14:55 - 14:57
    quando colocamos
    um estímulo genético no ar.
  • 15:02 - 15:05
    Este homem extraordinário
    ganhou um Prêmio Nobel
  • 15:05 - 15:06
    e, depois disso,
  • 15:06 - 15:08
    tem se preocupado
  • 15:10 - 15:12
    sobre como a vida começou neste planeta
  • 15:12 - 15:15
    e qual a probabilidade
    de que exista em outros lugares.
  • 15:15 - 15:18
    Ele tem ido até os alunos de pós-graduação
  • 15:18 - 15:20
    e dito a eles:
  • 15:21 - 15:22
    "Construam-me a vida,
  • 15:22 - 15:25
    mas não usem instrumentos
    nem produtos químicos modernos.
  • 15:25 - 15:27
    Construam-me o que estava aqui
    há 3 bilhões de anos.
  • 15:27 - 15:30
    Você não podem usar lasers,
    nem isso, nem aquilo".
  • 15:32 - 15:36
    Ele me deu um frasco
    do que havia construído há três semanas.
  • 15:37 - 15:38
    O que ele construiu?
  • 15:38 - 15:41
    Foi basicamente o que parecia ser
    bolhas de sabão feitas de lipídios.
  • 15:42 - 15:44
    Ele havia construído um precursor do RNA.
  • 15:45 - 15:49
    Ele teve o precursor do RNA
    absorvido pela célula
  • 15:50 - 15:52
    e, então, fez as células se dividirem.
  • 15:54 - 15:56
    Podemos não estar tão longe...
  • 15:58 - 16:01
    uma década, talvez duas...
  • 16:01 - 16:03
    de gerar vida começando do zero
  • 16:04 - 16:06
    a partir de protocomunidades.
  • 16:08 - 16:09
    Segunda tendência de longo prazo:
  • 16:10 - 16:14
    estamos vivendo a era digital,
  • 16:14 - 16:16
    estamos começando a viver
    a era do genoma,
  • 16:16 - 16:20
    da biologia, do CRISPR
    e da biologia sintética,
  • 16:21 - 16:24
    e tudo isso vai se unir à era do cérebro.
  • 16:25 - 16:26
    Estamos chegando ao ponto
  • 16:26 - 16:29
    em que podemos reconstruir
    a maioria das partes de nosso corpo
  • 16:29 - 16:31
    e, se quebrarmos um osso
    ou queimarmos a pele,
  • 16:31 - 16:32
    eles se regeneram.
  • 16:32 - 16:35
    Estamos começando a aprender
    como regenerar a traqueia
  • 16:35 - 16:37
    ou a bexiga.
  • 16:37 - 16:39
    Ambas foram implantadas em seres humanos.
  • 16:39 - 16:42
    Tony Atala está trabalhando
    em 32 órgãos diferentes.
  • 16:43 - 16:45
    Mas o núcleo vai ser isso,
  • 16:45 - 16:49
    porque isso é você,
    e o resto é apenas embalagem.
  • 16:50 - 16:54
    Ninguém vai viver
    além de 120, 130, 140 anos,
  • 16:54 - 16:55
    a menos que consertemos isso.
  • 16:56 - 17:00
    Esse é o desafio mais interessante,
    a próxima fronteira, junto com:
  • 17:00 - 17:03
    "Qual a prevalência da vida no Universo?"
  • 17:03 - 17:04
    "De onde viemos?"
  • 17:05 - 17:06
    e perguntas como essa.
  • 17:08 - 17:11
    Deixem-me terminar
    com uma suposta citação de Einstein:
  • 17:11 - 17:14
    [Você pode viver
    como se tudo fosse um milagre...
  • 17:14 - 17:16
    ou você pode viver
    como se nada fosse um milagre.]
  • 17:16 - 17:18
    A escolha é sua.
  • 17:19 - 17:21
    Vocês podem se concentrar
    no ruim, no assustador,
  • 17:21 - 17:23
    e certamente há muitas
    coisas assustadoras por aí.
  • 17:24 - 17:29
    Mas usem 10% de seu cérebro
    para se concentrar nisso, talvez 20%,
  • 17:29 - 17:30
    ou talvez 30%.
  • 17:31 - 17:33
    Mas lembrem-se:
  • 17:33 - 17:36
    estamos realmente vivendo
    em uma era de milagres e maravilhas.
  • 17:36 - 17:40
    Temos sorte de estar vivos hoje
    e ver essas coisas.
  • 17:40 - 17:42
    Temos sorte de poder interagir com pessoas
  • 17:42 - 17:45
    como as que estão construindo
    todas as coisas neste auditório.
  • 17:45 - 17:48
    Obrigado a todos vocês
    por tudo o que fazem.
  • 17:49 - 17:52
    (Aplausos)
Title:
A era da maravilha genética
Speaker:
Juan Enriquez
Description:

Ferramentas de edição de genes como o CRISPR nos permitem programar a vida em seu nível mais fundamental. Mas isso levanta algumas questões prementes: "Se conseguirmos gerar novas espécies a partir do zero, o que deveríamos construir? Deveríamos redesenhar a humanidade como a conhecemos?" Juan Enriquez prevê os possíveis futuros da edição genética, explorando a imensa incerteza e oportunidade dessa próxima fronteira.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:05

Portuguese, Brazilian subtitles

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