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Porque é que devemos gostar da ciência nojenta

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    Sabiam que um dos primeiros
    medicamentos para a infertilidade
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    foi criado a partir da urina
    de freiras católicas,
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    e que até teve o envolvimento do Papa?
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    É totalmente verídico.
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    Nos anos 50, os cientistas sabiam
    que as mulheres que entram na menopausa
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    libertam grandes quantidades
    de hormonas de fertilidade, na urina.
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    Assim, o médico Bruno Lunenfeld
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    questionou se seria possível isolar
    essas hormonas da urina
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    e usá-las para ajudar as mulheres
    com dificuldades em engravidar.
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    O problema com esta ideia era que,
    para poder ser testada,
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    seriam necessárias grandes quantidades
    de urina de mulheres mais velhas.
  • 0:43 - 0:46
    E isso não é uma coisa fácil de encontrar.
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    Então, Lunenfeld e os seus colegas
    obtiveram uma permissão especial do Papa
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    a autorizar a recolha
    de litros e litros de urina
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    de centenas de freiras católicas
    de idade já avançada.
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    E, graças a isto,
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    procedeu-se ao isolamento das hormonas
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    que ainda hoje são utilizadas
    para ajudar as mulheres a engravidar,
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    exceto que atualmente
    são sintetizadas em laboratório,
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    não sendo assim necessárias
    grandes quantidades de urina.
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    Então, por que razão estou eu aqui,
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    perante um público excecionalmente
    intelectual, falando de urina de freiras?
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    Eu sou jornalista cientista
    e produtora de conteúdos multimédia
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    e sempre tive um fascínio
    por coisas nojentas.
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    Fascínio esse que me inspirou a criar
    uma série semanal no YouTube
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    chamada "Gross Science",
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    sobre as coisas viscosas, malcheirosas,
    que nos agoniam
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    na natureza, na medicina e na tecnologia.
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    Creio que a maioria de nós concorda
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    em considerar a urina como
    uma coisa um pouco nojenta.
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    É uma coisa de que não gostamos
    particularmente de falar,
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    e preferimos manter em privado.
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    Porém, quando Lunenfeld
    se aventurou no universo da urina,
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    acabou por descobrir uma coisa
    deveras útil para a humanidade.
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    Ao fim de cerca de ano e meio
    após o início dos meus vídeos,
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    posso dizer-vos que,
    quando exploramos o lado nojento da vida,
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    obtemos perspetivas
    que nunca esperaríamos encontrar,
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    e deparamo-nos com uma beleza
    que não imaginaríamos existir.
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    É importante conversarmos sobre
    coisas nojentas por inúmeras razões.
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    Primeiro de tudo,
    falar sobre coisas nojentas
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    é uma ótima estratégia didática,
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    e uma forma perfeita
    de preservar a curiosidade.
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    Como prova disso,
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    porque não falar-vos de mim,
    quando eu era pequena?
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    Eu era o que muitos considerariam
    uma criança nojenta.
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    De facto, a minha paixão
    pela ciência começou
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    quando os meus pais me ofereceram
    um "kit" de ciências, para fazer visco
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    e cresceu cada vez mais
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    durante as experiências nojentas
    nas aulas de biologia do 6.º ano.
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    Recolhíamos amostras
    das superfícies da sala de aula,
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    e fazíamos culturas das bactérias
    que recolhíamos,
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    dissecávamos egagrópilas,
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    que são estas pequenas bolas de material
    não digerido que as corujas regurgitam.
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    É um bocadinho nojento,
    mas também é fixe e interessante.
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    A minha obsessão
    com coisas nojentas em miúda
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    não era nada de invulgar.
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    Muitos miúdos adoram coisas nojentas,
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    como lutar na lama ou colecionar besouros,
    ou até comer macacos do nariz.
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    Qual será a razão?
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    Eu acho que as crianças
    são como pequenos exploradores.
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    Simplesmente querem
    viver o máximo de experiências possíveis.
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    Não fazem a mínima ideia
    de ser mais aceitável ou menos
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    tocar numa joaninha
    ou num percevejo.
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    Apenas querem compreender
    como tudo funciona
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    e retirar o máximo proveito da vida.
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    É pura curiosidade.
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    Mas depois aparecem os adultos.
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    Dizemos-lhes para tirarem o dedo do nariz
    e para não tocarem em lesmas ou sapos
  • 3:55 - 3:58
    ou outras coisas
    que encontrem no quintal,
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    porque é nojento.
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    Em parte fazemo-lo
    para os proteger, não é?
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    Tirar macacos do nariz
    é capaz de espalhar germes,
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    e ao tocarem em sapos
    podem ficar com verrugas,
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    mesmo que eu não acredite nisso.
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    Devemos poder tocar
    em qualquer sapo que quisermos.
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    Então, a uma dada altura,
    ao ficarmos mais velhos,
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    esta vontade de explorar coisas nojentas
  • 4:21 - 4:23
    deixa de ser apenas curiosidade,
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    e passa também a ser
    uma forma de conhecer limites,
  • 4:26 - 4:29
    e testar quais os limites
    do que é permitido.
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    Então, as crianças, a certa altura,
    começam a ter competições de arrotos
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    ou competem para ver quem consegue
    fazer a cara mais horrorosa
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    Fazem-no porque é uma forma
    de transgressão, não é?
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    Mas há outro nível
    da definição de coisas nojentas.
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    Enquanto seres humanos, de certa forma
    alargamos o conceito de nojo à moral.
  • 4:52 - 4:54
    O psicólogo Paul Rozin diria
  • 4:54 - 4:58
    que muitas das coisas
    que classificamos como nojentas
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    são coisas que nos fazem lembrar
    que somos animais.
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    São coisas como fluidos corporais e sexo
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    e anomalias físicas e morte.
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    A ideia de que somos animais
    pode ser muito desconfortável
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    porque pode ser esse lembrete
    da nossa mortalidade.
  • 5:18 - 5:22
    Isso pode fazer-nos mergulhar
    numa profunda angústia existencial.
  • 5:23 - 5:25
    Rozin diria que há uma forma
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    em que o nojento e o evitar
    de coisas nojentas
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    torna-se uma forma
    de proteger o nosso corpo
  • 5:33 - 5:36
    e também de proteger a nossa alma.
  • 5:37 - 5:40
    Penso que, a certa altura,
    os miúdos começam a interiorizar
  • 5:40 - 5:44
    este elo entre o nojo
    das coisas e a imoralidade.
  • 5:44 - 5:50
    Embora eu não tenha dados concretos
    para comprovar o que vou dizer,
  • 5:50 - 5:55
    penso que, para muitos de nós,
    acontece por altura da puberdade.
  • 5:55 - 5:59
    Vocês sabem — eu sei.
  • 6:00 - 6:03
    Durante a puberdade
    o nosso corpo está a mudar
  • 6:03 - 6:06
    e transpiramos mais,
    as raparigas começam com os períodos,
  • 6:06 - 6:10
    nós pensamos em sexo,
    de uma forma que nunca pensámos,
  • 6:10 - 6:13
    E, através da capacidade humana
    para a abstração,
  • 6:13 - 6:15
    esta vergonha pode instalar-se.
  • 6:15 - 6:17
    Portanto, não pensamos propriamente:
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    "Oh, meu deus! está a acontecer
    uma coisa nojenta com o meu corpo!"
  • 6:21 - 6:24
    Pensamos: "Oh, meu deus,
    estou a ficar nojento.
  • 6:24 - 6:29
    "Será que há alguma coisa
    de errado comigo?"
  • 6:30 - 6:34
    O que acontece é que, se associarmos
    coisas nojentas com imoralidade,
  • 6:34 - 6:37
    perdemos uma boa parte
    da nossa curiosidade,
  • 6:37 - 6:40
    porque há muitas coisas no mundo
  • 6:40 - 6:42
    que são um bocado nojentas.
  • 6:42 - 6:44
    Pensem em ir dar um passeio pela mata.
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    Podem prestar atenção apenas
    às aves, às árvores e às flores
  • 6:49 - 6:50
    e tudo bem,
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    mas, na minha opinião, falha-vos
    uma imagem maior e mais extraordinária
  • 6:55 - 6:57
    da vida neste planeta.
  • 6:57 - 7:00
    Há ciclos de decadência
    que alimentam o crescimento da floresta
  • 7:00 - 7:03
    e há redes de fungos
    por baixo dos nossos pés
  • 7:03 - 7:06
    que ligam literalmente
    todas as plantas à vossa volta.
  • 7:06 - 7:07
    É uma coisa espantosa.
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    Portanto, penso que devíamos
    falar de coisas nojentas
  • 7:10 - 7:13
    desde cedo e com frequência.
    com os jovens,
  • 7:13 - 7:16
    para eles sentirem que podem
    falar desta imagem maior
  • 7:16 - 7:18
    da vida no nosso planeta.
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    Felizmente, para muitos de nós
    o fascínio com as coisas nojentas
  • 7:22 - 7:24
    não desaparece.
  • 7:24 - 7:27
    Nós só fingimos que não existe.
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    Mas, na verdade, todos passamos
    uma grande parte da vida
  • 7:31 - 7:34
    a tentar não sermos nojentos.
  • 7:34 - 7:36
    Se pensamos nisso a sério,
  • 7:36 - 7:41
    somos como sacos de fluidos
    e uns tecidos esquisitos,
  • 7:41 - 7:44
    rodeados duma fina camada de pele.
  • 7:45 - 7:47
    Até certa medida,
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    várias vezes por dia, quer seja
    consciente quer inconscientemente,
  • 7:51 - 7:54
    preciso de ter cuidado
    para não libertar gases em público.
  • 7:54 - 7:56
    (Risos)
  • 7:56 - 8:00
    Estamos sempre a tentar
    desesperadamente não sermos nojentos
  • 8:00 - 8:03
    por isso penso que muitos de nós
    sentem uma espécie de gozo "voyeur"
  • 8:03 - 8:05
    em ouvir falar de coisas nojentas.
  • 8:05 - 8:07
    Isto acontece com os miúdos.
  • 8:07 - 8:08
    O número de professores
  • 8:08 - 8:11
    que mostram os meus vídeos
    nas suas aulas de ciências
  • 8:11 - 8:12
    é testemunho disso.
  • 8:12 - 8:15
    Mas penso que é a pura verdade
    também para os adultos.
  • 8:15 - 8:18
    Penso que todos adoramos
    ouvir anedotas nojentas
  • 8:18 - 8:23
    porque é uma forma socialmente aceite
    de explorar o lado nojento de nós mesmos.
  • 8:24 - 8:26
    Mas há outra razão
  • 8:26 - 8:29
    por que penso que falar
    de coisas nojentas é tão importante.
  • 8:29 - 8:33
    Há uns tempos, fiz um vídeo
    de pedras nas amígdalas — desculpem —
  • 8:34 - 8:39
    que são umas bolas de muco,
    de bactérias e alimentos
  • 8:39 - 8:42
    que se alojam nas amígdalas
    e têm um cheiro horrível,
  • 8:42 - 8:45
    por vezes saem quando tossimos
    e é mesmo horrível.
  • 8:46 - 8:49
    Muita gente já sofreu disso.
  • 8:49 - 8:52
    Mas muitas das pessoas que sofreram disso
  • 8:52 - 8:54
    nunca foram a um fórum falar disso.
  • 8:54 - 8:58
    Hoje, este vídeo que eu fiz
    é o meu vídeo mais popular.
  • 8:58 - 9:01
    Tem milhões de visualizações.
  • 9:01 - 9:03
    (Risos)
  • 9:04 - 9:09
    A secção dos comentários para este vídeo
    são uma espécie de secção de auto-ajuda
  • 9:09 - 9:12
    em que as pessoas falam da sua experiência
    com as pedras nas amígdalas
  • 9:12 - 9:14
    e há dicas e truques
    pare nos vermos livres delas.
  • 9:14 - 9:18
    Penso que há hoje esta forma ótima
    de as pessoas falarem duma coisa
  • 9:18 - 9:21
    de que nunca se sentiram à vontade
    para falar em público.
  • 9:21 - 9:24
    O que é maravilhoso,
    quando se trata de uma coisa
  • 9:24 - 9:26
    tão pateta como pedras nas amígdalas,
  • 9:26 - 9:30
    mas é triste quando um vídeo
    pode ter um efeito destes
  • 9:30 - 9:34
    quando se trata de uma coisa
    tão vulgar como os períodos,
  • 9:34 - 9:38
    Em fevereiro passado, publiquei
    um vídeo sobre a menstruação
  • 9:38 - 9:41
    e até hoje
    continuo a receber mensagens
  • 9:41 - 9:46
    de pessoas de todo o mundo
    que me fazem perguntas sobre os períodos.
  • 9:46 - 9:52
    Há muitos jovens
    — e outros não tão jovens —
  • 9:52 - 9:54
    que estão preocupados
    se o que acontece ao seu corpo
  • 9:55 - 9:56
    é uma coisa normal.
  • 9:56 - 10:00
    Claro que eu digo-lhes sempre
    que não sou médica
  • 10:00 - 10:02
    e que, se possível,
    devem falar com um médico.
  • 10:03 - 10:06
    Mas a verdade é que todos
    se devem sentir à vontade
  • 10:06 - 10:08
    para falar com um médico
    sobre o seu corpo.
  • 10:08 - 10:11
    É por isso que eu penso
    que é muito importante para nós
  • 10:11 - 10:14
    começar este diálogo sobre coisas nojentas
    desde tenta idade,
  • 10:14 - 10:15
    para que as crianças saibam
  • 10:15 - 10:18
    que está certo agir sobre o nosso corpo
  • 10:18 - 10:20
    e sobre a nossa saúde.
  • 10:20 - 10:23
    Há outra razão
    para falarem com o médico
  • 10:23 - 10:24
    sobre a saúde e coisas nojentas.
  • 10:24 - 10:26
    É porque é muito importante.
  • 10:26 - 10:30
    Os médicos e a comunidade científica
    só podem tratar de problemas
  • 10:30 - 10:33
    quando sabem que há
    alguma coisa a tratar.
  • 10:33 - 10:35
    Uma das coisas interessantes
    que aprendi
  • 10:35 - 10:37
    enquanto fazia o vídeo sobre os períodos
  • 10:37 - 10:40
    é que eu estava a falar
    com um cientista que me disse
  • 10:40 - 10:44
    que ainda há muita coisa
    que não sabemos sobre os períodos.
  • 10:44 - 10:48
    Há muita investigação básica
    que ainda não foi feita.
  • 10:48 - 10:53
    Em parte porque não havia
    muitas cientistas mulheres no terreno
  • 10:53 - 10:55
    para fazer perguntas sobre isso.
  • 10:55 - 10:59
    E também porque não é um tópico
    de que as mulheres falem em público.
  • 10:59 - 11:02
    Há assim uma lacuna naquilo que sabemos
  • 11:02 - 11:05
    porque não havia ninguém
    para fazer perguntas.
  • 11:05 - 11:09
    Há uma última razão para eu pensar
    que é importante falar de coisas nojentas.
  • 11:10 - 11:13
    É porque nunca sabemos
    o que vamos encontrar
  • 11:13 - 11:16
    quando retiramos todas
    as camadas nojentas.
  • 11:17 - 11:21
    Reparem na lebre-do-mar da Califórnia.
  • 11:21 - 11:25
    É uma lesma marinha que esguicha
    esta tinta roxa viva, adorável,
  • 11:25 - 11:27
    a qualquer criatura que tente comê-la.
  • 11:28 - 11:31
    Mas também acontece que é
    uma das criaturas mais depravada
  • 11:31 - 11:33
    no reino animal.
  • 11:33 - 11:35
    Estes tipos são hermafroditas
  • 11:35 - 11:38
    ou seja, têm genitais
    masculinos e femininos.
  • 11:38 - 11:40
    Quando chega a altura de acasalarem,
  • 11:40 - 11:45
    juntam-se 20 indivíduos
    numa espécie de comboio,
  • 11:45 - 11:48
    e acasalam todos juntos.
  • 11:48 - 11:50
    (Risos)
  • 11:51 - 11:55
    Uma lebre-do-mar insemina
    o parceiro em frente
  • 11:55 - 11:57
    e recebe o esperma
    do que está atrás dela,
  • 11:57 - 11:59
    o que é uma poupança de tempo espantosa,
  • 11:59 - 12:01
    quando pensamos nisso.
  • 12:01 - 12:03
    (Risos)
  • 12:05 - 12:08
    Mas se os cientistas tivessem
    visto isto e dissessem:
  • 12:08 - 12:11
    "OK, não vamos mexer nisto
    nem com pinças",
  • 12:11 - 12:14
    teriam perdido o mais importante
    das lebres-do-mar
  • 12:14 - 12:15
    o que as torna realmente notáveis.
  • 12:16 - 12:19
    Acontece que estas lebres-do-mar
  • 12:19 - 12:22
    têm um pequeno número
    de neurónios muito grandes
  • 12:22 - 12:26
    o que as torna excelentes
    para a investigação da neurociência.
  • 12:26 - 12:31
    Com efeito, o cientista Eric Kandel
    usou-as na sua investigação
  • 12:31 - 12:34
    para perceber como se guardam as memórias.
  • 12:34 - 12:36
    E sabem que mais?
  • 12:36 - 12:38
    Ganhou um Prémio Nobel
    pelo seu trabalho.
  • 12:39 - 12:42
    Por isso, saiam para a rua e apanhem
    besouros, brinquem na porcaria
  • 12:42 - 12:44
    e façam perguntas.
  • 12:44 - 12:47
    Mantenham o vosso fascínio
    pelas coisas nojentas
  • 12:47 - 12:49
    e não tenham vergonha disso
  • 12:49 - 12:51
    porque nunca se sabe
    o que é que vamos encontrar.
  • 12:51 - 12:54
    Como digo no fim de todos os meus vídeos:
  • 12:54 - 12:55
    "Blhec"."
  • 12:55 - 12:56
    Obrigada.
  • 12:57 - 12:59
    (Aplausos)
Title:
Porque é que devemos gostar da ciência nojenta
Speaker:
Anna Rothschild
Description:

O que é que podemos aprender com o lado viscoso, malcheiroso da vida? Nesta palestra divertida, a jornalista científica Anna Rothschild mostra-nos a sabedoria oculta das "coisas nojentas" e explica porque é que fugir da medicina e da tecnologia nojenta e assustadora da Natureza, nos isola de importantes fontes de conhecimento sobre a nossa saúde e o mundo. "Quando exploramos o lado nojento da vida, descobrimos coisas que nunca imaginámos que íamos descobrir, e com frequência revelamos a beleza que não pensávamos que houvesse", diz Rothschild.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:12

Portuguese subtitles

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