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Porque tomo café com quem me envia mensagens de ódio

  • 0:01 - 0:06
    A minha caixa de entrada está cheia
    de "emails" de ódio e de intimidação
  • 0:06 - 0:08
    e é assim há anos.
  • 0:08 - 0:12
    Em 2010, comecei a responder aos "emails",
  • 0:12 - 0:17
    sugerindo ao autor que nos encontrássemos
    para tomar um café e conversar.
  • 0:18 - 0:21
    Tive dezenas de encontros.
  • 0:22 - 0:25
    Eles ensinaram-me algo importante
    que gostaria de partilhar com vocês.
  • 0:28 - 0:31
    Nasci na Turquia, de pais curdos,
  • 0:31 - 0:34
    e mudámo-nos para a Dinamarca
    quando eu era criança.
  • 0:34 - 0:38
    Em 2007, candidatei-me a um assento
    no parlamento dinamarquês
  • 0:38 - 0:42
    como umas das primeiras mulheres
    de origem minoritária.
  • 0:42 - 0:44
    Fui eleita,
  • 0:44 - 0:48
    mas depressa descobri que nem todos
    ficaram felizes com isso,
  • 0:48 - 0:53
    pois comecei a receber com frequência
    mensagens de ódio.
  • 0:55 - 0:58
    Esses "emails" começavam
    mais ou menos assim:
  • 0:59 - 1:02
    "O que uma cabeça de turbante como você
    faz no nosso parlamento?"
  • 1:03 - 1:05
    Nunca respondi.
  • 1:05 - 1:07
    Apenas apagava os "emails".
  • 1:07 - 1:11
    Achava que eles e eu
    não tínhamos nada em comum.
  • 1:12 - 1:14
    Eles não me compreendiam,
  • 1:14 - 1:17
    e eu não os compreendia.
  • 1:18 - 1:21
    Então, um dia, uma colega no parlamento
  • 1:21 - 1:24
    disse que eu devia gravar
    os "emails" de ódio.
  • 1:24 - 1:28
    "Quando algo lhe acontecer,
    isso dará uma pista à polícia."
  • 1:28 - 1:30
    (Risos)
  • 1:30 - 1:34
    Reparei que ela disse
    "quando acontecer", e não "se".
  • 1:35 - 1:36
    (Risos)
  • 1:36 - 1:41
    Às vezes, também recebia
    cartas de ódio em minha casa.
  • 1:41 - 1:45
    Quanto mais me envolvia
    em debates públicos,
  • 1:45 - 1:48
    mais "emails" e ameaças recebia.
  • 1:49 - 1:52
    Passado um tempo, mudei-me secretamente
  • 1:52 - 1:56
    e tive de tomar precauções extras
    para proteger a minha família.
  • 1:58 - 2:02
    Em 2010, um nazi começou
    a assediar-me.
  • 2:02 - 2:06
    Era um homem que tinha atacado
    muçulmanas na rua.
  • 2:06 - 2:10
    Com o tempo, as coisas pioraram.
  • 2:10 - 2:15
    Estava no zoo com os meus filhos,
    e o telemóvel tocava incessantemente.
  • 2:16 - 2:18
    Era o nazi.
  • 2:19 - 2:22
    Tive a sensação de que ele estava perto.
  • 2:22 - 2:24
    Fomos para casa.
  • 2:24 - 2:26
    Quando chegámos,
  • 2:26 - 2:32
    o meu filho perguntou:
    "Porque é que ele te odeia tanto, mãe,
  • 2:32 - 2:34
    "se ele nem te conhece?"
  • 2:36 - 2:39
    "Algumas pessoas são idiotas",
    respondi-lhe eu.
  • 2:39 - 2:43
    Na época, achei que era uma resposta
    bastante inteligente.
  • 2:44 - 2:47
    E suspeito que seria a resposta
    que muitos de nós dariam.
  • 2:48 - 2:49
    Os outros...
  • 2:50 - 2:53
    são estúpidos, loucos, ignorantes.
  • 2:54 - 2:58
    Somos os bons, e eles são os maus,
    ponto final.
  • 2:59 - 3:02
    Algumas semanas depois,
    estava em casa de um amigo,
  • 3:02 - 3:08
    muito aborrecida e irritada
    com todo o ódio e racismo.
  • 3:09 - 3:12
    Foi ele quem me sugeriu
    que eu deveria ligar-lhes
  • 3:12 - 3:14
    e visitá-los.
  • 3:15 - 3:17
    "Eles vão matar-me"— disse eu.
  • 3:17 - 3:21
    "Eles nunca atacariam um membro
    do parlamento dinamarquês" — disse ele.
  • 3:21 - 3:25
    "E, de qualquer modo, se a matarem,
    você tornar-se-á uma mártir".
  • 3:26 - 3:27
    (Risos)
  • 3:27 - 3:30
    "Então, você só tem a ganhar com isso".
  • 3:30 - 3:32
    (Risos)
  • 3:34 - 3:37
    O conselho dele foi muito inesperado.
  • 3:37 - 3:40
    Quando cheguei a casa,
    liguei o meu computador
  • 3:40 - 3:43
    e abri a pasta com os "emails" gravados.
  • 3:44 - 3:47
    Havia literalmente centenas deles.
  • 3:47 - 3:51
    "Emails" que começavam
    com palavras como "terrorista",
  • 3:51 - 3:53
    "cabeça de turbante",
  • 3:53 - 3:55
    "ratazana", "prostituta".
  • 3:56 - 4:00
    Decidi contactar aquele que mais
    "emails" me havia enviado.
  • 4:01 - 4:03
    Chamava-se Ingolf.
  • 4:05 - 4:11
    Decidi contactá-lo uma só vez,
    para dizer que, pelo menos, tinha tentado.
  • 4:12 - 4:15
    Para minha surpresa e choque,
  • 4:15 - 4:17
    ele atendeu o telefone.
  • 4:17 - 4:22
    Eu soltei:" Olá, o meu nome é Özlem.
    Você enviou-me imensos 'emails' de ódio.
  • 4:22 - 4:24
    "Não nos conhecemos.
  • 4:24 - 4:27
    "Estava a pensar se poderíamos
    tomar um café e conversar?"
  • 4:28 - 4:30
    (Risos)
  • 4:32 - 4:35
    Fez-se um silêncio na linha,
  • 4:35 - 4:37
    Então, ele disse:
  • 4:38 - 4:40
    "Preciso de perguntar à minha esposa."
  • 4:40 - 4:41
    (Risos)
  • 4:42 - 4:43
    O quê?
  • 4:43 - 4:45
    O racista tem esposa?
  • 4:45 - 4:46
    (Risos)
  • 4:46 - 4:49
    Uns dias depois,
    encontrámo-nos em casa dele.
  • 4:49 - 4:53
    Nunca esquecerei quando ele abriu a porta
  • 4:53 - 4:57
    e me cumprimentou
    com um aperto de mão.
  • 4:57 - 4:59
    Fiquei tão desapontada.
  • 4:59 - 5:01
    (Risos)
  • 5:01 - 5:04
    Porque ele não era nada
    do que eu imaginava.
  • 5:04 - 5:07
    Esperava uma pessoa horrível,
  • 5:07 - 5:10
    uma casa suja e desarrumada.
  • 5:10 - 5:11
    E não era.
  • 5:12 - 5:14
    A casa dele cheirava a café
  • 5:14 - 5:18
    que foi servido num serviço de café
    idêntico ao que os meus pais tinham.
  • 5:19 - 5:22
    Acabei por ficar por duas horas e meia.
  • 5:23 - 5:27
    E tínhamos tantas coisas em comum.
  • 5:27 - 5:30
    Até os nossos preconceitos eram parecidos.
  • 5:30 - 5:32
    (Risos)
  • 5:32 - 5:35
    O Ingolf contou-me
    que, quando esperava pelo autocarro,
  • 5:35 - 5:38
    e o autocarro parava a dez metros dele,
  • 5:39 - 5:42
    era porque o motorista
    era um "turbante".
  • 5:43 - 5:45
    Eu reconheci o sentimento.
  • 5:45 - 5:47
    Quando era jovem,
  • 5:47 - 5:49
    e esperava pelo autocarro,
  • 5:49 - 5:51
    ele parava a dez metros de mim,
  • 5:51 - 5:54
    eu tinha certeza que o motorista
    era racista.
  • 5:58 - 6:00
    Quando eu cheguei a casa,
  • 6:00 - 6:03
    sentia-me dividida
    com minha experiência.
  • 6:03 - 6:06
    Por um lado, realmente gostei do Ingolf.
  • 6:07 - 6:11
    Era fácil e agradável conversar com ele,
  • 6:11 - 6:13
    mas por outro lado,
  • 6:13 - 6:18
    eu não suportava a ideia
    de ter tanto em comum
  • 6:18 - 6:21
    com uma pessoa que tinha claramente
    opiniões racistas.
  • 6:24 - 6:27
    Aos poucos, e dolorosamente,
  • 6:27 - 6:29
    acabei por perceber
  • 6:29 - 6:34
    qur tinha sido tão crítica para com
    os que me enviaram "emails" de ódio
  • 6:34 - 6:37
    como eles foram para comigo.
  • 6:39 - 6:44
    Isso foi o início para o que eu chamo
    de #dialogoecafe.
  • 6:45 - 6:47
    Basicamente, eu tomava café
  • 6:47 - 6:51
    com pessoas que me diziam
    as coisas mais horríveis,
  • 6:51 - 6:55
    para tentar entender o porquê
    do ódio por pessoas como eu,
  • 6:55 - 6:58
    quando eles nem me conheciam.
  • 6:59 - 7:02
    Tenho feito isso nos últimos oito anos.
  • 7:03 - 7:06
    Uma grande maioria que eu abordo
    concorda em se encontrar comigo.
  • 7:06 - 7:08
    A maioria deles são homens,
  • 7:08 - 7:10
    mas também conheci mulheres.
  • 7:10 - 7:14
    Fiz a regra de me encontrar com eles
    sempre na casa deles
  • 7:14 - 7:17
    para mostrar desde o começo
    que eu confio neles.
  • 7:17 - 7:21
    Levo sempre comida
    porque, quando comemos juntos,
  • 7:21 - 7:23
    é mais fácil descobrir
    o que temos em comum
  • 7:23 - 7:26
    e fazer as pazes juntos.
  • 7:26 - 7:31
    Ao longo do caminho,
    aprendi lições valiosas.
  • 7:31 - 7:34
    Quem envia "emails" de ódio
    são trabalhadores,
  • 7:34 - 7:36
    maridos, esposas,
  • 7:36 - 7:38
    pais como eu e vocês.
  • 7:38 - 7:40
    Não estou a dizer
  • 7:40 - 7:43
    que o comportamento deles seja aceitável,
  • 7:43 - 7:48
    mas aprendi a distanciar-me
    das opiniões de ódio,
  • 7:48 - 7:53
    sem me distanciar da pessoa
    que expressa esses pontos de vista.
  • 7:55 - 7:57
    E descobri
  • 7:57 - 8:02
    que as pessoas que visito estão só
    com medo de quem não conhecem,
  • 8:02 - 8:05
    como eu tinha medo delas,
  • 8:05 - 8:08
    antes de me fazer convidada
    para o café.
  • 8:09 - 8:13
    Durante essas reuniões,
    surge sempre um tema específico.
  • 8:13 - 8:17
    Mostra que não importa se converso
    com um humanista ou racista,
  • 8:17 - 8:19
    um homem, ou uma mulher,
  • 8:19 - 8:21
    um muçulmano ou um ateu.
  • 8:21 - 8:23
    Todos parecem pensar
  • 8:23 - 8:26
    que são os outros
    os culpados pelo ódio
  • 8:26 - 8:28
    e pela generalização de grupos.
  • 8:28 - 8:33
    Eles acreditam que os outros
    precisam de parar de demonizar.
  • 8:33 - 8:36
    Eles apontam os políticos,
    os "media", o vizinho
  • 8:36 - 8:39
    ou o motorista que para a dez metros.
  • 8:40 - 8:43
    Mas quando eu pergunto:
    "E você?
  • 8:43 - 8:45
    "O que é que você pode fazer?"
  • 8:45 - 8:48
    Geralmente, a resposta é:
  • 8:48 - 8:49
    "O que é que eu posso fazer?
  • 8:50 - 8:51
    "Eu não tenho influência.
  • 8:51 - 8:54
    "Não tenho poder."
  • 8:54 - 8:56
    Conheço essa sensação.
  • 8:56 - 8:58
    Durante muito tempo,
  • 8:58 - 9:04
    também pensei que não tinha
    nenhuma influência ou poder,
  • 9:04 - 9:07
    mesmo quendo era membro
    do parlamento dinamarquês.
  • 9:08 - 9:11
    Mas hoje, sei que a realidade é diferente.
  • 9:11 - 9:14
    Todos nós temos poder
    e influência onde estamos,
  • 9:14 - 9:16
    por isso, nunca,
  • 9:16 - 9:20
    nunca devemos subestimar
    o nosso próprio potencial.
  • 9:23 - 9:25
    As reuniões #dialogoecafe
    ensinaram-me
  • 9:25 - 9:29
    que as pessoas de todas
    as convicções políticas podem demonizar
  • 9:29 - 9:32
    os outros que tenham
    opiniões diferentes.
  • 9:32 - 9:34
    Sei do que estou a falar.
  • 9:34 - 9:38
    Quando era criança,
    odiava diferentes grupos.
  • 9:39 - 9:42
    Na altura, as minhas opiniões religiosas
    eram extremistas.
  • 9:43 - 9:47
    Mas a minha amizade com turcos,
    dinamarqueses, judeus e racistas
  • 9:47 - 9:49
    vacinaram-me
  • 9:49 - 9:52
    contra os meus próprios preconceitos.
  • 9:52 - 9:55
    Cresci numa família
    da classe trabalhadora,
  • 9:55 - 10:00
    e pelo caminho, encontrei muitas pessoas
    que insistiram em falar comigo.
  • 10:01 - 10:04
    Elas mudaram os meus pontos de vista.
  • 10:04 - 10:08
    Eles formaram-me como democrata
    e construtora de pontes.
  • 10:10 - 10:12
    Se vocês querem evitar
    o ódio e a violência,
  • 10:12 - 10:16
    temos de conversar com o maior número
    de pessoas possível
  • 10:16 - 10:18
    o mais tempo que pudermos,
  • 10:18 - 10:21
    sendo abertos tanto quanto possível.
  • 10:21 - 10:24
    Isso só pode ser alcançado
    por meio de debates,
  • 10:24 - 10:26
    conversas críticas
  • 10:26 - 10:31
    e insistência num diálogo
    que não demonize as pessoas.
  • 10:33 - 10:35
    Vou fazer-vos uma pergunta.
  • 10:36 - 10:40
    Convido-vos a pensar sobre isso
    nos próximos dias em casa,
  • 10:40 - 10:43
    mas precisam de ser honestos
    com vocês mesmos.
  • 10:43 - 10:46
    Deve ser fácil,
    ninguém mais saberá.
  • 10:47 - 10:49
    A pergunta é esta:
  • 10:51 - 10:53
    Quem é que vocês demonizam?
  • 10:55 - 10:59
    Vocês acham que os partidários
    do presidente Trump são deploráveis?
  • 11:01 - 11:07
    Ou aqueles que votaram no
    presidente Erdoğan são islamistas loucos?
  • 11:08 - 11:14
    Ou aqueles que votaram em Le Pen na França
    são fascistas estúpidos?
  • 11:15 - 11:20
    Ou talvez pensem que os americanos
    que votaram em Bernie Sanders
  • 11:20 - 11:22
    são "hippies" imaturos.
  • 11:22 - 11:23
    (Risos)
  • 11:24 - 11:28
    Todas essas palavras foram usadas
    para difamar esses grupos.
  • 11:30 - 11:34
    Talvez nesta altura,
    vocês achem que eu sou idealista?
  • 11:36 - 11:39
    Quero propor-vos um desafio.
  • 11:39 - 11:41
    Antes do final deste ano,
  • 11:41 - 11:45
    desafio-vos a convidar
    alguém que vocês demonizem
  • 11:45 - 11:50
    alguém com quem vocês discordem
    política e culturalmente
  • 11:50 - 11:53
    e com quem achem não ter
    nada em comum.
  • 11:54 - 11:58
    Eu desafio-vos a convidar alguém assim
    para o #dialogoecafe.
  • 11:59 - 12:01
    Lembram-se do Ingolf?
  • 12:01 - 12:05
    Estou a pedir-vos que encontrem
    um Ingolf na vossa vida,
  • 12:05 - 12:07
    contactem-no a ele ou a ela
  • 12:07 - 12:10
    e sugiram que se encontrem
    para um #dialogoecafe.
  • 12:11 - 12:15
    Quando começarem um #dialogoecafe,
    lembrem-se do seguinte:
  • 12:15 - 12:20
    Primeiro: não desistam se a pessoa
    se recusar ao primeiro contacto.
  • 12:20 - 12:24
    Às vezes demora quase um ano
    a arranjar um #dialogoecafe.
  • 12:25 - 12:26
    Segundo:
  • 12:26 - 12:28
    reconheçam a coragem da outra pessoa.
  • 12:28 - 12:31
    Vocês não são os únicos corajosos.
  • 12:31 - 12:35
    Os que vos convidarem
    para a casa deles também são.
  • 12:35 - 12:36
    Terceiro:
  • 12:36 - 12:39
    não julguem durante a conversa.
  • 12:39 - 12:43
    Façam com que a maior parte da conversa
    se foque no que há em comum.
  • 12:44 - 12:46
    Como eu disse, levem comida.
  • 12:46 - 12:50
    E finalmente, lembrem-se de terminar
    a conversa de uma forma positiva,
  • 12:50 - 12:53
    porque vocês vão encontrar-se de novo.
  • 12:53 - 12:56
    Uma ponte não é construída num dia.
  • 12:58 - 13:02
    Vivemos num mundo onde muitos se apegam
    a opiniões definitivas e extremistas
  • 13:02 - 13:04
    sobre os outros
  • 13:04 - 13:06
    sem conhecer muito sobre eles.
  • 13:06 - 13:12
    Claro que percebemos os preconceitos
    nos outros e não em nós mesmos.
  • 13:12 - 13:15
    E banimo-los das nossas vidas.
  • 13:15 - 13:18
    Apagamos os "emails" de ódio.
  • 13:18 - 13:21
    Saímos apenas com pessoas
    que pensam como nós
  • 13:21 - 13:24
    e falamos sobre os outros
    numa categoria de desdém.
  • 13:25 - 13:27
    Desfazemos amizades no Facebook,
  • 13:27 - 13:30
    e quando conhecemos pessoas
    que são discriminadas
  • 13:30 - 13:32
    ou pessoas e grupos desumanizados,
  • 13:33 - 13:37
    não insistimos em falar com eles
    para desafiar as suas opiniões.
  • 13:39 - 13:43
    É assim que as boas sociedades
    democráticas caem por terra
  • 13:43 - 13:47
    quando não verificamos a responsabilidade
    pessoal pela democracia.
  • 13:48 - 13:51
    Achamos que a democracia é garantida.
  • 13:51 - 13:53
    E não é.
  • 13:54 - 13:58
    A conversação é a coisa mais difícil
    numa democracia
  • 13:59 - 14:02
    e também a mais importante.
  • 14:04 - 14:06
    Então, aqui vai o desafio.
  • 14:07 - 14:09
    Encontrem o vosso Ingolf.
  • 14:09 - 14:10
    (Risos)
  • 14:10 - 14:12
    Comecem uma conversa.
  • 14:12 - 14:15
    As trincheiras entre as pessoas
    foram cavadas, sim,
  • 14:15 - 14:21
    mas temos a capacidade de construir pontes
    que atravessam as trincheiras.
  • 14:24 - 14:26
    E vou terminar, citando o meu amigo
  • 14:27 - 14:28
    Sergeot Uzan,
  • 14:29 - 14:33
    que perdeu o seu filho, Dan Uzan,
    num ataque terrorista
  • 14:33 - 14:36
    numa sinagoga judia em Copenhaga, em 2015.
  • 14:37 - 14:41
    O Sergeot rejeitou
    qualquer tipo de vingança.
  • 14:42 - 14:44
    Em vez disso, ele disse:
  • 14:46 - 14:48
    "O mal apenas pode ser derrotado
  • 14:48 - 14:52
    "pela gentileza das pessoas,
    umas pelas outras.
  • 14:52 - 14:55
    "A gentileza requer coragem".
  • 14:56 - 14:58
    Queridos amigos,
  • 14:58 - 15:00
    sejamos corajosos.
  • 15:00 - 15:01
    Obrigada.
  • 15:01 - 15:04
    (Aplausos)
Title:
Porque tomo café com quem me envia mensagens de ódio
Speaker:
Özlem Cekic
Description:

A caixa de "email" da Özlem Cekic tem estado cheia de mensagens de ódio desde 2007, quando esta ganhou um lugar no Parlamento Dinamarquês — tornando-se uma das primeiras mulheres muçulmanas a fazê-lo. No início, ela apenas apagava os "emails", ignorando-os como obras de fanáticos, até que um dia um amigo fez uma sugestão inesperada: contactar as pessoas que os escreveram e convidá-las para beberem um café.
Centenas de cafés depois, Cekic explica-nos como conversas cara a cara podem ser uma das forças mais poderosas para apaziguar o ódio — e desafia-nos a envolvermo-nos com pessoas com quem discordamos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:21

Portuguese subtitles

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