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Como projetar um melhor traje espacial para as missões humanas a Marte | Allison Anderson | TEDxMileHigh

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    Há 50 anos, em julho,
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    os humanos pisaram na Lua
    pela primeira vez
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    e redefiniram a forma
    como pensamos nosso planeta.
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    Toda vez que você viu uma pessoa
    andando na Lua ou no espaço,
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    ela estava usando um traje espacial.
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    O traje espacial representa o que é
    fazer parte da espécie humana:
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    explorar e alcançar algo
    que pensávamos ser impossível.
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    Mas esta não é apenas
    uma simples peça de roupa.
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    O traje espacial é um dos maiores feitos
    da engenharia técnica já alcançados.
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    Ele faz tudo que uma nave espacial faz
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    para manter uma pessoa viva
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    e ainda é vestível.
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    Mas apesar do quão avançado é,
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    usar o traje espacial
    é algo surpreendentemente perigoso.
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    Você nunca saberia
    apenas olhando para ele,
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    mas esse traje machuca os astronautas:
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    causa lesões, torções,
    pinçamento de nervos,
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    e até mesmo perda de unhas.
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    Vinte e três astronautas precisaram
    de cirurgia nos ombros
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    para tratar de lesões
    como ruptura do manguito rotador.
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    Se algo do tipo acontecesse
    na superfície da Lua ou Marte,
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    poderia arruinar a missão.
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    Resumindo, melhorar o traje espacial
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    é um dos maiores obstáculos
    para a exploração humana do espaço,
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    e ninguém fala nada a respeito.
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    Eu penso que uma das coisas
    mais importantes
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    que podemos fazer para a ciência avançar
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    é mandar um humano para Marte.
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    Já aprendemos bastante graças
    aos exploradores robóticos,
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    mas eles são muito limitados.
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    Uma pessoa na superfície daquele planeta
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    poderia revelar a história da formação
    do nosso Sistema Solar,
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    ou até mesmo do surgimento da vida.
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    Custará bilhões de dólares
    mandar pessoas para Marte,
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    mas não se vai para Marte,
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    só para ficar o tempo todo
    dentro de seu habitat.
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    Astronautas irão explorar e usar o traje
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    muitas vezes.
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    Com os planos atuais da NASA,
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    se você enviar cinco pessoas
    para a superfície de Marte por 500 dias,
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    seriam cerca de mil caminhadas espaciais
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    durante apenas uma missão.
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    Para dar uma ideia,
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    nós só fizemos pouco mais
    de 400 caminhadas espaciais
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    em toda a história
    do voo espacial tripulado.
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    Esse é um grande salto de capacidade.
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    Se vamos fazer isso acontecer,
    e eu acredito que iremos,
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    precisamos reprojetar
    radicalmente o traje espacial.
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    Eu me interessei por exploração espacial
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    na terceira série
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    quando minha professora passou o dia
    nos contando sobre os astronautas.
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    Foi a primeira vez que eu realmente
    entendi que as pessoas podiam ir lá.
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    Desde aquela vez, as viagens espaciais
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    têm sido a paixão que move a minha vida.
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    Mas só comecei a entender
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    como é difícil para os astronautas
    trabalharem dentro dos trajes espaciais
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    quando fiz pós-graduação.
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    O traje é pressurizado com oxigênio
    para permitir que as pessoas respirem,
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    mas essa pressão o deixa
    inflexível e rígido.
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    Imagine-se tentando
    fazer um animal de balão.
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    Quando você torce o balão,
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    ele força para voltar
    para sua posição inicial.
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    Engenheiros tentaram
    resolver esse problema
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    projetando as juntas do traje
    com pregas e rolamentos,
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    mas ainda assim força as pessoas
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    a se moverem de modo incômodo.
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    Pra se deslocar com o traje,
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    primeiro você tem que mover o seu corpo
    até fazer contato com a roupa,
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    somente então o traje
    começa a se movimentar.
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    Não dá para esticar o braço
    e tocar a cabeça dessa forma.
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    Em vez disso, astronautas têm
    que girar seus ombros para fora
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    e só então levantar seu cotovelo
    para tocar o capacete.
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    Isso já é difícil o bastante
    de se lembrar aqui na Terra,
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    e ainda mais se estiver
    sozinho fora da nave espacial,
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    viajando a mais de 27 mil km/h.
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    Servir é outro grande problema.
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    Em março de 2019,
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    a NASA precisou cancelar
    a primeira caminhada espacial feminina
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    porque os trajes disponíveis
    não cabiam nas tripulantes,
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    e levaria muito tempo
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    para colocar em órbita outro traje,
    que fosse do tamanho certo.
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    Então, a pressão e o tamanho
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    são responsáveis
    por prejudicar os astronautas
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    toda vez que eles trabalham com o traje.
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    E é por isso que tenho dedicado
    a minha carreira
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    a projetar um traje melhor.
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    O primeiro passo é entender
    como as pessoas se movem usando o traje.
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    Você não pode apenas olhar
    para dentro dele
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    para entender como e por quê
    os astronautas estão se machucando.
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    Então, eu e meus alunos do CU Boulder
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    estamos desenvolvendo sensores internos
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    para monitorar como as pessoas
    se movem e interagem com o traje.
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    Com esses dados,
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    esperamos ser capazes de prever
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    se o traje é ou não confortável
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    ou se causará lesões
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    depois que alguém o vestir
    algumas centenas de vezes.
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    Quando os humanos derem os primeiros
    passos na superfície de Marte,
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    suas botas farão o primeiro impacto.
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    Astronautas não precisaram
    andar com os seus trajes
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    desde que os astronautas da missão Apollo
    deixaram a Lua em 1972.
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    Como a bota também é pressurizada,
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    o pé não fica estável lá dentro.
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    Seria como usar sapatos de caminhada
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    vários números maiores que o seu.
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    Toda vez que você dá um passo,
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    o calcanhar se levanta por trás,
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    causando bolhas no pé,
    desperdício de energia
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    e movimento desconfortável.
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    O ponto é,
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    se você tiver uma bolha em uma caminhada,
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    você só tem um passeio ruim.
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    Se você tiver uma bolha
    na superfície de Marte,
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    fica difícil fazer o seu trabalho.
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    E pode ser ainda mais doloroso que isso.
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    Um astronauta teve
    um problema com sua bota
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    e disse que a dor era
    como a de ser espetado por uma faca.
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    Para projetar uma melhor bota espacial,
    meu aluno, Aubie, desenvolveu
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    um sistema quadridimensional
    de captura de movimento
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    que analisa o formato
    do pé enquanto anda.
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    Com esses dados,
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    nós planejamos redefinir a forma
    como o pé se ajusta dentro da bota
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    para garantir que nossos astronautas
    possam explorar cada vez mais longe.
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    Mas se realmente quisermos
    revolucionar os trajes para Marte,
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    temos que proteger o corpo
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    de uma maneira totalmente diferente
    da que fazemos agora.
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    Eu acredito que a solução
    para um traje adaptado a Marte
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    está em um conceito elástico
    e aderente à pele
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    proposto pela primeira vez
    nos anos 1960, pelo Dr. Paul Webb.
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    Ele faz uso de um conceito
    chamado "contrapressão mecânica",
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    que significa que em vez
    de usar uma roupa inflada
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    para aplicar a pressão na pele,
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    o próprio traje comprime o corpo.
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    Infelizmente, esses trajes
    nunca ganharam tanta atenção
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    por ser muito difícil de aplicar a pressão
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    nas partes mais complexas do corpo,
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    como nas axilas.
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    Quando eu fazia pós-graduação,
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    meu orientador me enviou à Itália
    para trabalhar com uma companhia, Dainese,
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    que projeta trajes para corridas de moto.
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    David me falou:
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    "Esses são os melhores designers
    que você vai conhecer em sua vida.
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    Quero que você use suas habilidades
    de engenharia com as de design deles
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    e desenhe alguns protótipos de trajes
    de contrapressão mecânica".
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    Então, lá fui eu para a Itália.
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    Aquele verão foi uma das experiências
    mais criativas e inspiradoras
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    que eu já tive como engenheira.
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    Todo dia, Stefano e eu surgíamos
    com um novo protótipo de traje espacial,
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    testávamos e depois o modificávamos,
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    cada vez nos aproximando mais
    do traje de contrapressão mecânica.
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    Mas ainda estamos longe de chegar
    em algo pronto para o voo espacial.
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    Desde então, continuei trabalhando
    com esse grupo de amigos do MIT,
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    da Universidade de Minessota,
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    do Instituto Real de Tecnologia
    de Melbourne, na Austrália,
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    Companhia David Clark e NASA
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    para seguir avançando
    nessas questões de design.
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    No meu laboratório agora,
    estamos desafiando o que pensamos
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    sobre usar contrapressão mecânica
    nos trajes espaciais.
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    Em vez de escolher
    entre contrapressão mecânica
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    ou pressão por gás,
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    por que não podemos escolher os dois?
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    Se dividirmos o problema
    de design na metade
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    e aplicarmos, digamos, 50% da pressão
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    usando uma camada do traje
    comprimido e elástico
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    e os outros 50% pelo método tradicional
    de pressurização a gás que usamos hoje,
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    seriamos capazes de proteger
    nossos astronautas
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    com um traje menos inflexível e rígido,
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    mas também mais seguro
    devido aos reforços.
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    E um traje como aquele
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    poderia possibilitar
    a missão humana para Marte.
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    Eu acredito que terei a sorte
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    de ver pessoas andando
    na superfície de Marte antes de morrer.
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    Mas para fazer uma missão importante
    como essa valer à pena,
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    precisamos nos certificar
    de que os astronautas estejam seguros.
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    E precisamos nos certificar
    de que eles poderão explorar e pesquisar
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    dia, após dia, após dia.
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    É hora de pensar em um novo design
    para o nosso icônico traje espacial.
  • 9:14 - 9:15
    Obrigada.
  • 9:16 - 9:18
    (Aplausos)
Title:
Como projetar um melhor traje espacial para as missões humanas a Marte | Allison Anderson | TEDxMileHigh
Description:

O traje espacial é um dos maiores feitos já alcançados da engenharia técnica. Mas você sabia que ele causa lesões sérias aos astronautas? Hematomas, torções, pinçamento de nervos, perda de unhas e até mesmo lesões no manguito rotador (músculos-tendões) do ombro. Se vamos mandar astronautas para Marte de forma segura e bem-sucedida, precisamos primeiro redesenhar o icônico traje espacial. A engenheira aeroespacial Allison Anderson vai nos mostrar como.

Dra. Allison Anderson é uma professora assistente no Smead Department of Aerospace Engineering Sciences da Universidade de Colorado em Boulder e uma professora adjunta em Fisiologia Integrativa. Seu trabalho foca na engenharia biomédica aeroespacial e na fisiologia humana em ambientes extremos, com o objetivo de tornar possível as missões tripuladas a Marte. Ela recebeu Ph.D. do MIT e uma bolsa de pós-doutorado do National Space Biomedical Research Institute. Ela cresceu em uma fazenda no interior de Missouri, é a 4° de 5 filhos, e hoje é uma piloto particular.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:32

Portuguese, Brazilian subtitles

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