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O poder da vulnerabilidade

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    Bom, vou começar com isto:
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    alguns anos atrás, um planejador de eventos me ligou
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    porque eu ia participar de um evento de palestras.
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    E ela me ligou, e disse,
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    "Estou me debatendo sobre como
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    escrever sobre você no folhetinho."
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    E pensei, "Bom, qual é a dúvida?"
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    E ela disse, "Bem, eu vi você falar,
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    e vou te chamar de pesquisadora, acho,
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    mas temo que se eu chamar você de pesquisadora ninguém venha,
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    porque eles irão achar que você é chata e irrelevante."
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    (risos)
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    Eu disse: ok...
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    E ela disse, "Mas o que eu gostei da sua palestra
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    é que você é uma contadora de histórias.
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    Então eu acho vou simplesmente chamá-la de contadora de histórias."
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    E claro que a minha parte acadêmica e insegura
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    ficou , "Você vai me chamar do quê??"
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    E ela disse, "Vou chamar você de contadora de histórias."
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    E eu, "Por que não fada mágica?"
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    (risos)
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    Eu disse, "Me deixe pensar sobre isso um segundo."
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    Eu tentei procurar lá no fundo minha coragem.
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    E pensei: eu sou uma contadora de histórias.
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    Sou uma pesquisadora de dados qualitativos
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    Eu coleciono histórias. É isso que eu faço.
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    E talvez histórias sejam apenas dados com alma.
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    E talvez eu seja simplesmente uma contadora de histórias.
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    Então eu disse, "Quer saber?
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    Por que você não diz simplesmente que sou uma pesquisadora-contadora de histórias?"
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    E ela respondeu: "Haha...Isso não existe."
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    (risos)
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    Então... sou uma pesquisadora-contadora de histórias,
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    e vou falar com vocês hoje -
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    estamos falando sobre expandir a percepção -
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    então quero falar com vocês e contar algumas histórias
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    sobre uma parte de minha pesquisa
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    que expandiu fundamentalmente minha percepção
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    e na verdade, mudou de fato a forma como eu vivo e amo
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    e trabalho e sou mãe.
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    E é aqui que começa minha história.
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    Quando eu era uma jovem pesquisadora, estudante de doutorado,
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    em meu primeiro ano eu tinha um professor de pesquisa
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    que nos disse
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    "Eis o que acontece,
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    se você não puder medir, não existe."
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    E eu achava que ele estava apenas me bajulando
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    Eu dizia: "Sério??" e ele, "Definitivamente".
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    Então vocês têm que entender
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    que eu tenho um bacharelado em serviço social, um mestrado em serviço social,
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    e eu estava fazendo meu doutorado em serviço social,
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    então toda minha carreira acadêmica
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    estava rodeada por pessoas
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    que meio que acreditavam
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    no "A vida é uma bagunça, ame-a."
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    E eu sou mais do tipo "A vida é uma bagunça,
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    limpe-a, organize-a
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    e coloque-a em uma Bentô Box.
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    (risos)
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    Então acreditei que tinha encontrado meu caminho,
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    encontrado uma carreira que me levava --
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    de verdade, um dos grandes ditados em trabalho social
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    é "Curve-se ao desconforto do trabalho."
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    E e o meu é "Dê uma paulada no desconforto,
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    tire ele do caminho e consiga As em tudo.
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    Esse era meu mantra.
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    Então eu estava muito entusiasmada com isso.
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    Então pensei, quer saber, esta é a carreira para mim,
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    porque estou interessada em tópicos confusos.
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    Mas quero ser capaz de torná-los não confusos.
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    Eu quero entendê-los.
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    Quero mergulhar nessas coisas
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    que eu sei que são importantes
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    e abrir o código para que todos possam ver.
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    Então comecei com conexão.
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    Porque quando voce já é uma assistente social há 10 anos,
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    o que você percebe
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    é que conexão é o porquê de estarmos aqui.
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    É o que dá propósito e significado às nossas vidas.
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    É a razão de tudo.
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    Não importa se você fala com pessoas
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    que trabalhem com justiça social, saúde mental, abuso ou negligência,
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    o que sabemos é que conexão,
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    a habilidade de se sentir conectado, é--
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    neurobiologicamente é assim que somos feitos -
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    é o porquê de estarmos aqui.
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    Entao eu pensei, quer saber, eu vou começar com conexão.
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    Bom, sabe aquela situação
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    quando você recebe uma avaliação do sua chefe,
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    e ela diz 37 coisas que você faz incrivelmente bem,
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    e uma coisa - uma "oportunidade de crescimento"?
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    (risos)
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    E você só consegue pensar é naquela oportunidade de crescimento, certo
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    Bom, aparentemente era o jeito que meu trabalho estava indo também,.
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    porque, quando você pergunta às pessoas sobre amor,
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    elas te contam sobre desilusões amorosas.
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    Quando você pergunta às pessoas sobre pertencer,
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    elas contarão a você suas experiências mais dolorosas
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    de exclusão.
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    E quando você pergunta às pessoas sobre conexão,
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    as histórias que elas me contaram forem sobre desconexão.
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    Então, muito rapidamente - cerca de seis semanas após o início da pesquisa-
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    Eu me dei com essa coisa inominada
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    que absolutamente desfazia conexões
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    de uma maneira que eu não entendia ou nunca tinha visto.
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    Então eu me afastei da pesquisa
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    e pensei, eu preciso descobrir o que é isto.
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    E essa coisa era vergonha.
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    E vergonha é muito facilmente compreendida
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    como o medo da desconexão.
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    Há algo sobre mim
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    que, se outras pessoas souberem ou virem,
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    fará que eu não mereça conexão?
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    As coisas que eu posso dizer sobre isso:
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    é universal; todos a temos.
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    As únicas pessoas que não sentem vergonha
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    não têm capacidade para empatia ou conexão humana.
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    Ninguem quer falar a respeito dela,
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    e quanto menos você a discute, mais a tem.
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    O que sustentava esta vergonha,
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    esse "Não sou boa o suficiente," --
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    esse sentimento que todos conhecemos:
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    "Não sou X o suficiente. Não sou magra o suficiente,
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    rica o suficiente, bonita o suficiente, inteligente o suficiente,
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    promovida o suficiente."
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    A base disso
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    era uma vulnerabilidade dilacerante,
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    essa ideia de que,
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    para que que a conexão aconteça,
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    temos que nos permitir ser vistos,
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    realmente vistos.
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    E vocês sabem como me sinto sobre vulnerabilidade. Eu detesto vulnerabilidade
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    Então pensei, esta é minha chance
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    de repeli-la com minha régua
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    Vou mergulhar, vou descobrir como isso funciona,
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    vou passar um ano, vou desconstruir totalmente a vergonha,
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    vou entender como a vulnerabilidade funciona,
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    e vou passar a perna nela.
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    Então eu estava pronta, e estava realmente empolgada.
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    Como você sabe, isso não vai acabar bem.
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    (risos)
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    Você sabem.
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    Então eu poderia falar muito sobre vergonha,
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    mas eu teria que pegar o tempo dos outros palestrantes.
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    Mas posso dizer a você a que isso se reduz --
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    e isso pode ser uma das coisas mais importantes que aprendi
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    na década fazendo essa pesquisa.
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    Meu um ano
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    se transformou em seis,
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    milhares de histórias,
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    centenas de longas entrevistas, focus groups
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    E a certas alturas as pessoas estavam me enviando páginas de diários
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    e me enviando suas histórias --
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    centenas de dados em seis anos.
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    E eu meio que entendi a coisa toda.
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    Eu meio que entendi, isso é o que é a vergonha
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    é assim que funciona
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    Escrevi um livro
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    publiquei uma teoria,
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    mas algo não estava certo --
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    e isso era que
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    se eu pegasse a grosso modo as pessoas que entrevistei
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    e as dividisse em pessoas
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    que realmente tinham um senso de merecimento ---
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    e é isso a que se resume,
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    um senso de merecimento --
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    eles têm um forte sentimento de amor e pertencimento --
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    e as pessoas que lutam para ter esse sentimento
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    e as pessoas que estão sempre imaginando se são boas o suficiente.
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    Havia somente uma variável
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    que separava as pessoas que tinham
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    um forte sentimento de amor e pertencimento
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    das pessoas que realmente lutavam por isso.
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    E era que, as pessoas que tinham
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    um forte sentimento de amor e pertencimento
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    acreditavam que elas mereciam amor e pertencimento.
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    Só isso.
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    Elas acreditam que merecem.
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    E para mim, a parte difícil
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    da única coisa que nos mantêm desconectados
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    é nosso medo de que não sejamos merecedores de conexão
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    Era algo que, pessoal e profissionalmente,
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    eu sentia que precisava entender melhor.
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    Então o que eu fiz
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    foi pegar todas as entrevistas
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    onde eu via merecimento, onde eu via pessoas vivendo desse jeito,
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    e dar uma olhada apenas nessas.
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    O que essas pessoas têm em comum?
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    Eu tenho um pequeno vício por material de escritório
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    mas isso seria outra palestra..
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    Eu estava com uma pasta de arquivo, uma caneta grossa
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    e eu estava, tipo, como vou chamar essa pesquisa?
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    E a primeira palavra que me veio à cabeça
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    foi coração-pleno..
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    Essas são pessoas de coração-pleno, vivendo desse senso profundo de merecimento
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    Então escrevi na parte de cima da pasta,
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    e comecei a olhar os dados
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    De fato, eu fiz isso primeiro
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    em quatro dias
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    de uma análise de dados muito intensa,
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    na qual eu voltei, retomei essas entrevistas, as histórias, os incidentes.
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    Qual era o tema? Qual era o padrão?
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    Meu marido saiu da cidade com as crianças
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    porque eu sempre entrava nessa loucura tipo Jackson Pollock,
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    onde eu ficava escrevendo
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    e no meu modo pesquisadora.
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    E eis o que eu descobri.
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    O que elas tinham em comum
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    era um senso de coragem.
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    E quero diferenciar coragem e bravura para vocês por um minuto.
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    Coragem -- a definição original de coragem
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    quando veio para a língua inglesa --
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    é da palavra latina cor, que significa coração --
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    e a definição original
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    era contar a história de quem você é com todo o seu coração
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    Então essas pessoas
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    tinham, muito simplesmente, a coragem
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    de serem imperfeitas
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    Elas tinham a compaixão
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    de serem gentis consigo mesmas primeiro e então com outros,
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    porque acontece que não podemos praticar compaixão por outras pessoas
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    se não conseguimos nos tratar com gentileza.
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    E a última coisa é que elas tinham conexão,
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    e - essa é a parte difícil --
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    como resultado de autenticidade,
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    elas estavam dispostas a abandonar quem pensavam que deveriam ser
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    a fim de serem quem elas eram,
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    algo que você absolutamente tem que fazer
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    para se conectar.
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    A outra coisa que elas tinham em comum
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    era isso.
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    Elas abraçavam a vulnerabilidade completamente
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    Elas acreditavam
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    que o que as tornava vulneráveis
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    as tornava lindas.
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    Elas não falavam de vulnerabilidade
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    com algo confortável,
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    nem falavam sobre isso ser doloroso --
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    como eu tinha ouvido antes na entrevista sobre vergonha.
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    Elas falavam que isso era necessário
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    Elas falavam sobre a disponibilidade
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    de dizer "eu te amo" primeiro,
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    a disponibilidade
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    de fazer algo
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    quando não havia garantias,
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    a disponibilidade
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    de respirar enquanto esperavam o médico ligar
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    depois de uma mamografia.
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    Elas estavam dispostas a investir em um relacionamento
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    que poderia ou não funcionar.
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    Elas achavam que isso era fundamental.
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    Eu pessoalmente achava que isso era traição.
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    Eu não conseguia acreditar que tinha jurado fidelidade
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    à pesquisa, na qual o trabalho --
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    sabem, a definição de pesquisa
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    é controlar e prever, estudar fenômenos
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    pelo motivo explícito
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    de controlar e prever.
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    E agora minha missão
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    de controlar e prever
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    tinha trazido a resposta de que a maneira de viver é com vulnerabilidade
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    e parar de controlar e prever.
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    isso levou a uma pequena crise --
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    (risos)
  • 11:06 - 11:09
    -- que realmente parecia mais com isto.
  • 11:09 - 11:11
    (risos)
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    E aconteceu.
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    Eu chamei de crise, meu terapeuta chamou de despertar espiritual.
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    Um despertar espiritual soa melhor que uma crise
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    mas eu garanto a vocês que foi uma crise.
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    Eu tive que colocar meus dados de lado e achar um terapeuta
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    Deixe-me contar algo: vocês sabem que vocês são
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    quando ligam para seus amigos e dizem, "acho que preciso ver alguém
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    Você tem alguma recomendação?"
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    Porque uns cinco amigos meus tipo disseram,
  • 11:34 - 11:36
    "uuum, eu não queria ser seu terapueta."
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    (risos)
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    E eu , "O que isso quer dizer?"
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    E eles , tipo, "Estou só dizendo, sabe.
  • 11:44 - 11:46
    Não traga sua régua."
  • 11:46 - 11:49
    E eu, "Tá"
  • 11:51 - 11:53
    Então achei uma terapeuta.
  • 11:53 - 11:56
    Meu primeiro encontro com ela, Diana --
  • 11:56 - 11:58
    Eu levei minha lista
  • 11:58 - 12:01
    do jeito que os entusiasmados vivem, e sentei.
  • 12:01 - 12:03
    E ela disse, "Como vai você?"
  • 12:03 - 12:06
    E eu disse, "Estou ótima, estou bem."
  • 12:06 - 12:08
    Ela disse, "O que acontece?"
  • 12:08 - 12:11
    E essa é uma terapeuta que atende terapeutas,
  • 12:11 - 12:13
    porque temos que ir nessas,
  • 12:13 - 12:16
    por que seus radares de enrolação são bons.
  • 12:16 - 12:18
    (risos)
  • 12:18 - 12:20
    Então eu disse,
  • 12:20 - 12:22
    "A coisa é a seguinte, estou lutando"
  • 12:22 - 12:24
    E ela disse, "Qual é a luta?"
  • 12:24 - 12:27
    E eu disse , "Bom, eu tenho um problema com vulnerabilidade.
  • 12:27 - 12:30
    E eu sei que vulnerabilidade é o centro
  • 12:30 - 12:32
    da vergonha e do medo
  • 12:32 - 12:34
    e da nossa luta por merecimento
  • 12:34 - 12:37
    mas parece que também é a origem
  • 12:37 - 12:40
    da alegria, da criatividade,
  • 12:40 - 12:42
    do pertencimento, do amor.
  • 12:42 - 12:44
    E acho que tenho um problema,
  • 12:44 - 12:47
    e preciso de ajuda."
  • 12:47 - 12:49
    E eu disse, "Mas tem uma coisa:
  • 12:49 - 12:51
    sem mexer em coisas de família,
  • 12:51 - 12:53
    sem bobagens sobre minha infância."
  • 12:53 - 12:55
    (risos)
  • 12:55 - 12:58
    "Eu só preciso de algumas estratégias."
  • 12:58 - 13:02
    (risos)
  • 13:02 - 13:05
    (aplausos)
  • 13:05 - 13:07
    Obrigada.
  • 13:09 - 13:12
    Então ela fez assim.
  • 13:12 - 13:14
    (risos)
  • 13:14 - 13:17
    E então eu disse "É mal, não é?"
  • 13:17 - 13:20
    E ela disse, " não é bom, nem mal."
  • 13:20 - 13:22
    (risos)
  • 13:22 - 13:24
    "É apenas o que é."
  • 13:24 - 13:27
    E eu disse, "ai, meu Deus, isso vai ser uma droga."
  • 13:27 - 13:30
    (risos)
  • 13:30 - 13:32
    E foi, e não foi.
  • 13:32 - 13:35
    E levou cerca de um ano
  • 13:35 - 13:37
    E vocês sabem como há pessoas
  • 13:37 - 13:40
    que, quando percebem que vulnerabilidade e sensibilidade são importantes
  • 13:40 - 13:43
    se rendem e se entregam.
  • 13:43 - 13:45
    A: isso não sou eu
  • 13:45 - 13:48
    e B: eu nem conheço gente assim.
  • 13:48 - 13:51
    (risos)
  • 13:51 - 13:54
    Para mim, foi uma briga de rua de um ano
  • 13:54 - 13:56
    Foi uma pancadaria
  • 13:56 - 13:58
    Vulnerabilidade pressionava, eu pressionava de volta
  • 13:58 - 14:01
    Eu perdi a briga,
  • 14:01 - 14:03
    mas provavelmente ganhei de volta minha vida.
  • 14:03 - 14:05
    E então quando eu voltei para a pesquisa
  • 14:05 - 14:07
    e passei os anos seguintes
  • 14:07 - 14:10
    realmente tentando entende o que eles, os coração-plenos,
  • 14:10 - 14:12
    que escolhas eles estavam fazendo.
  • 14:12 - 14:14
    e o que estamos fazendo
  • 14:14 - 14:16
    com a vulnerabilidade.
  • 14:16 - 14:18
    Por que lutamos tanto com ela?
  • 14:18 - 14:21
    Estou sozinha nessa luta contra a vulnerabilidade?
  • 14:21 - 14:23
    Não
  • 14:23 - 14:25
    Então eis o que aprendi
  • 14:26 - 14:29
    Anestesiamos a vulnerabilidade --
  • 14:29 - 14:31
    quando estamos esperando pela ligação
  • 14:31 - 14:33
    Foi engraçado, eu enviei alguma coisa no Twitter e no Facebook
  • 14:33 - 14:35
    que dizia, "Como você definiria vulnerabilidade?
  • 14:35 - 14:37
    O que faz você se sentir vulnerável?
  • 14:37 - 14:40
    E em uma hora e meia, eu tinha umas 150 respostas.
  • 14:40 - 14:42
    Porque eu queria saber
  • 14:42 - 14:44
    o que está por aí.
  • 14:45 - 14:47
    Ter que pedir ajuda ao meu marido
  • 14:47 - 14:50
    porque estou doente, e somos recém casados
  • 14:50 - 14:53
    começar sexo com meu marido
  • 14:53 - 14:55
    começar sexo com minha esposa
  • 14:55 - 14:58
    ser dispensado, convidar alguém para sair;
  • 14:58 - 15:00
    esperar o médico ligar;
  • 15:00 - 15:03
    ser demitida; demitir pessoas --
  • 15:03 - 15:05
    esse é o mundo em que vivemos.
  • 15:05 - 15:08
    Vivemos em um mundo vulnerável.
  • 15:08 - 15:10
    E uma das formas com que lidamos com isso
  • 15:10 - 15:12
    é anestesiar a vulnerabilidade
  • 15:12 - 15:14
    E eu acho que há evidências --
  • 15:14 - 15:16
    e essa não é a única razão pela qual essa evidência existe,
  • 15:16 - 15:18
    mas eu acho que é uma causa enorme --
  • 15:18 - 15:22
    somos os adultos mais endividados,
  • 15:22 - 15:25
    obesos
  • 15:25 - 15:28
    viciados e medicados
  • 15:28 - 15:30
    na história dos Estados Unidos.
  • 15:33 - 15:36
    O problema é - e eu aprendi isso na pesquisa --
  • 15:36 - 15:39
    que você não pode seletivamente anestesiar emoções
  • 15:40 - 15:43
    Você não pode dizer, aqui está a parte ruim.
  • 15:43 - 15:45
    Aqui está a vulnerabilidade, aqui está a dor, aqui está a vergonha
  • 15:45 - 15:47
    aqui está o medo, aqui está o desapontamento
  • 15:47 - 15:49
    e eu não quero sentir isso.
  • 15:49 - 15:52
    Vou tomar umas cervejas e comer um muffin de banana e nozes.
  • 15:52 - 15:54
    (risos)
  • 15:54 - 15:56
    Eu não quero sentir isso
  • 15:56 - 15:58
    E eu sei que isso é riso culpado
  • 15:58 - 16:01
    eu vivo de hackear suas vidas
  • 16:01 - 16:03
    Deus
  • 16:03 - 16:05
    (risos)
  • 16:05 - 16:08
    Você nao consegue anestesiar esses sentimentos pesados
  • 16:08 - 16:10
    sem anestesiar os outros sentimentos, nossas emoções.
  • 16:10 - 16:12
    Você nao pode anestesiar seletivamemnte.
  • 16:12 - 16:15
    Então quando os anestesiamos
  • 16:15 - 16:17
    anestesiamos a alegria
  • 16:17 - 16:19
    anestesiamos a gratidão
  • 16:19 - 16:21
    anestesiamos a felicidade.
  • 16:21 - 16:24
    E então ficamos infelizes,
  • 16:24 - 16:26
    procurando por propósito e sentido,
  • 16:26 - 16:28
    e então nos sentimos vulneráveis,
  • 16:28 - 16:31
    daí tomamos algumas cervejas e comemos um muffin de banana e nozes
  • 16:31 - 16:34
    E isso se torna esse ciclo perigoso
  • 16:36 - 16:39
    Uma das coisas que acho que temos que pensar a respeito
  • 16:39 - 16:41
    é porque e como anestesiamos
  • 16:41 - 16:44
    E falo apenas de vícios.
  • 16:44 - 16:46
    A outra coisa que fazemos
  • 16:46 - 16:49
    é que tornamos certo tudo que é incerto.
  • 16:50 - 16:53
    A religião se transformou, de uma crença em fé e mistério
  • 16:53 - 16:55
    para a certeza.
  • 16:55 - 16:58
    Estou certo, você está errado. Cale a boca.
  • 16:58 - 17:00
    É isso.
  • 17:00 - 17:02
    Apenas certeza.
  • 17:02 - 17:04
    Quanto mais medo temos, quanto mais vulneráveis estamos,
  • 17:04 - 17:06
    mais medo temos.
  • 17:06 - 17:08
    É assim que a política se está hoje em dia
  • 17:08 - 17:10
    Não há mais discurso
  • 17:10 - 17:12
    Não há mais conversa
  • 17:12 - 17:14
    Há apenas culpa.
  • 17:14 - 17:17
    Você sabem como a culpa é descrita na pesquisa.
  • 17:17 - 17:20
    Uma forma de descarregar a dor e o desconforto.
  • 17:21 - 17:23
    Nos aperfeiçoamos.
  • 17:23 - 17:26
    Se há alguém que quer que sua vida pareça com isso, sou eu,
  • 17:26 - 17:28
    mas isso não funciona.
  • 17:28 - 17:30
    Porque o que fazemos é pegar gordura do nosso traseiro
  • 17:30 - 17:32
    e colocar nas nossas bochechas.
  • 17:32 - 17:35
    (risos)
  • 17:35 - 17:37
    Inclusive, espero que em cem anos,
  • 17:37 - 17:39
    as pessoas olhem para trás e digam "Uau"
  • 17:39 - 17:41
    (risos)
  • 17:41 - 17:43
    E aperfeiçoamos, ainda mais perigosamente
  • 17:43 - 17:45
    nossos filhos.
  • 17:45 - 17:47
    Deixe me contar a vocês o que pensamos sobre filhos.
  • 17:47 - 17:50
    Estão prontas para a briga quando chegam aqui.
  • 17:50 - 17:53
    E quando seguramos bebezinhos perfeitos nos braços,
  • 17:53 - 17:55
    nosso trabalho não é dizer, "Olhe para ela, ela é perfeita.
  • 17:55 - 17:57
    Meu trabalho é mantê-la perfeita --
  • 17:57 - 18:00
    certiicar-me de que ela entre na equipe de tenis no quinto ano e em Yale no sétimo."
  • 18:00 - 18:02
    Esse não é nosso trabalho
  • 18:02 - 18:04
    Nosso trabalho é olhar e dizer,
  • 18:04 - 18:07
    "Sabe o que mais? Você é imperfeita, você está pronta para a briga,
  • 18:07 - 18:09
    mas você merece amor e pertencimento."
  • 18:09 - 18:11
    Esse é nosso trabalho.
  • 18:11 - 18:13
    Me mostre uma geração de crianças criadas assim,
  • 18:13 - 18:16
    e terminaremos com os problemas que acho que vemos hoje.
  • 18:16 - 18:20
    Fiingimos que o que fazemos
  • 18:20 - 18:23
    não tem efeito sobre as pessoas.
  • 18:23 - 18:25
    Fazemos isso em nossas vidas pessoais.
  • 18:25 - 18:27
    Fazemos isso nas empresas --
  • 18:27 - 18:29
    seja uma operação de salvamento, um derramamento de oleo,
  • 18:29 - 18:31
    um recall --
  • 18:31 - 18:33
    fingimos que o que estamos fazendo
  • 18:33 - 18:36
    não tem um impacto enorme sobre outras pessoas
  • 18:36 - 18:39
    Eu diria para as empresas, não somos marinheiros de primeira viagem.
  • 18:40 - 18:42
    Precisamos que vocês sejam autênticos e reais
  • 18:42 - 18:44
    e digam, "Sentimos muito.
  • 18:44 - 18:47
    Vamos consertar."
  • 18:50 - 18:52
    Mas existe um outro jeito, e vou deixar vocês com isso
  • 18:52 - 18:54
    Isso é o que descobri:
  • 18:54 - 18:56
    nos deixarmos ser vistos
  • 18:56 - 18:58
    vistos profundamente
  • 18:58 - 19:01
    vistos vulnervelmente
  • 19:01 - 19:03
    amar com todo nosso coração
  • 19:03 - 19:05
    mesmo que não haja garantia ---
  • 19:05 - 19:07
    e isso é muito difícil,
  • 19:07 - 19:10
    e eu posso dizer a vocês como mãe, isso é terrivelmente dificil --
  • 19:12 - 19:15
    praticar gratidão e alegria
  • 19:15 - 19:17
    nos moementos de terror,
  • 19:17 - 19:19
    quando pensamos, "Posso amar tanto assim?
  • 19:19 - 19:21
    Posso acreditar nisso com tanta paixão?
  • 19:21 - 19:24
    POsso ser tão ardente a esse respeito?"
  • 19:24 - 19:26
    apenas ser capaz de parar, e , em vez de catastrofizar o que poderia acontecer
  • 19:26 - 19:29
    dizer, "Sou apenas tão grata,
  • 19:29 - 19:32
    porque sentir-se tão vulnerável significa que estou viva."
  • 19:33 - 19:36
    E a última coisa, que eu acho que é provavelmente a mais importante,
  • 19:36 - 19:39
    é acreditamos que somos suficientes.
  • 19:39 - 19:41
    Porque acredito que quando começamos com
  • 19:41 - 19:44
    um sentimento que diga, "Sou suficiente, "
  • 19:45 - 19:48
    então paramos de gritar e começamos a escutar
  • 19:49 - 19:51
    somos mais bondosos e gentis com as pessoas ao nosso redor,
  • 19:51 - 19:54
    e somos mais bondosos e gentis conosco.
  • 19:54 - 19:56
    É tudo o que tenho. Obrigada.
  • 19:56 - 19:59
    Aplausos
Title:
O poder da vulnerabilidade
Speaker:
Brené Brown
Description:

Brene Brown estuda conexão humana - nossa habilidade de sentir empatia, pertencer, amar. Em uma palestra comovente e divertida no TEDxHouston, ela compartilha uma percepção profunda de sua pesquisa, que a levou a uma busca pessoal para conhecer a si mesma e entender a humanidade. Uma palestra para compartilhar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:59

Portuguese, Brazilian subtitles

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