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Por que eu não podia deixar o futebol me manter no armário | Shane Wickes | TEDxUniversityofNevada

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    Eu amo o futebol.
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    Comecei a jogar quando tinha 12 anos,
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    e isso tem sido uma presença dominante
    em minha vida desde então.
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    Do futebol juvenil ao do ensino médio
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    e da faculdade,
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    e agora como treinador,
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    o futebol tem desempenhado um papel
    enorme em me moldar como pessoa.
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    Recentemente, consegui o emprego
    dos sonhos de me tornar treinador
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    da escola em que estudei.
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    Em março, eu estava
    numa sessão de treinamento.
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    Era final de tarde, e eu estava cansado.
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    Essas sessões tendem a ser
    um pouco chatas às vezes.
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    Horas e dias ininterruptos
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    de apresentações sobre
    esquemas táticos do futebol.
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    Havia uma apresentação, no entanto,
    que parecia interessante.
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    Era intitulada "Disneylândia".
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    Essa apresentação mudou minha vida.
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    Ela não tratava dos esquemas
    táticos do futebol,
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    mas da verdade emocional
    do motivo pelo qual somos treinadores.
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    Somos treinadores para poder ter
    um impacto significativo na vida de jovens
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    e ajudá-los a se tornarem
    pessoas melhores.
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    Como treinadores, queremos ter
    o tipo de impacto que garante
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    que, um dia, nossos jogadores
    possam dar as mãos a seus filhos
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    e entrar na Disneylândia.
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    A moral dessa incrível mensagem era:
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    como treinadores, podemos
    aconselhar os jogadores
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    que é mais importante
    eles serem pessoas melhores
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    do que grandes jogadores de futebol.
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    Mas, se não formos honestos com eles
    e não praticarmos o que aconselhamos,
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    isso nunca vai funcionar.
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    Em outras palavras,
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    os adolescentes são especialistas
    em sacar papo furado.
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    (Risos)
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    Como treinadores, devemos estar dispostos
    a compartilhar nossa verdade.
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    Essa é a única maneira
    de termos o tipo de impacto
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    que realmente queremos ter.
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    A verdade do treinador
    que fez essa apresentação
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    era que o filho dele
    se tornou viciado em drogas
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    devido ao bullying e à pressão
    a que estava sujeito
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    porque o pai era treinador de futebol
    de sua escola em Eagle, Idaho,
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    um programa que, na época,
    não fez muito sucesso.
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    Passei de uma apresentação
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    sobre como executar a força
    contra uma defesa 3-4
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    para a palestra mais sincera, emotiva
    e inspiradora sobre filosofia de coaching
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    a que eu já tinha assistido.
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    Então, isso me fez pensar.
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    Qual é o meu papo furado?
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    O que é único a meu respeito
    que tenho a oferecer
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    e que terá um impacto significativo?
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    Qual é a minha verdade?
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    Minha verdade é esta.
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    Sou ex-jogador de futebol
    americano universitário.
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    Atualmente, sou treinador
    de futebol do ensino médio.
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    E eu sou gay.
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    Lutei com essa verdade por um longo tempo.
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    De modo pessoal, profissional
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    e em minha carreira
    de jogador e treinador.
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    Foi uma crise de identidade que teve
    um tremendo impacto em minha vida.
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    Muito antes de ouvir
    a apresentação "Disneylândia",
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    pensei em revelar
    que eu era gay no futebol.
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    No começo, eu dizia a mim mesmo:
  • 2:55 - 2:58
    "Você é gay e levará isso para o túmulo".
  • 2:58 - 3:00
    Percorri um longo caminho
    desde aquele dia.
  • 3:02 - 3:04
    (Aplausos) (Vivas)
  • 3:10 - 3:11
    Obrigado.
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    Percorri um longo caminho
    desde aquele dia,
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    mas o processo quase me custou a vida.
  • 3:18 - 3:22
    Escolhi revelar que era gay para a família
    e amigos a partir de agosto de 2014.
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    Contei à minha família
    mais próxima primeiro
  • 3:24 - 3:27
    e depois, cuidadosamente,
    a outros familiares e amigos,
  • 3:27 - 3:30
    tentando escolher a hora e o lugar certos.
  • 3:32 - 3:36
    Para ficar só em parte fora do armário,
    eu tinha que ser duas pessoas diferentes
  • 3:36 - 3:38
    e sempre estar bem atento
    a onde eu estava
  • 3:38 - 3:40
    e com quem eu estava.
  • 3:40 - 3:44
    Isso causava um estado constante
    de pânico e ansiedade.
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    Então, a pergunta se tornou:
  • 3:48 - 3:50
    "É importante para mim
    revelar minha sexualidade?"
  • 3:50 - 3:52
    Sim, e eis o motivo.
  • 3:53 - 3:56
    Meu tempo dentro e fora do armário
    me ajudou a perceber
  • 3:56 - 3:58
    que há outras pessoas na minha situação.
  • 3:58 - 3:59
    E não é uma situação legal.
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    Também me ajudou a perceber
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    que sair do armário não se trata
    de compartilhar meus hábitos na cama,
  • 4:04 - 4:08
    mas de me permitir viver
    minha vida em sua totalidade.
  • 4:08 - 4:09
    Deixem-me explicar.
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    Após conversar com um de meus
    colegas treinadores, ele me disse:
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    "Não falo sobre minha vida sexual
    com os jogadores, por que você falaria?"
  • 4:16 - 4:17
    É uma pergunta legítima,
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    mas um equívoco comum
    a respeito de sair do armário.
  • 4:20 - 4:23
    Mais uma vez, não estou falando
    da minha vida sexual.
  • 4:23 - 4:25
    Estou falando da minha vida.
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    Costuma-se dizer
    que sua vida particular é sua.
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    Mas imaginem ser colocado numa situação
    em que ir praticamente à qualquer lugar
  • 4:33 - 4:36
    e fazer atividades humanas normais
    e saudáveis com alguém que você ama
  • 4:36 - 4:41
    possa ter consequências substanciais
    em sua vida, reputação e carreira.
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    Você ganha uma perspectiva muito nova
    do que sua vida particular é na verdade.
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    Foi assim que ficar no armário
    afetou minha vida.
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    Era literalmente um armário.
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    Sem espaço, sem liberdade e sem conforto.
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    É um estilo de vida sufocante
    com efeitos mensuráveis.
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    Isso me esgotou,
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    até que, por fim,
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    eu abusava de álcool
    e medicamentos prescritos
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    para manter minha ansiedade sob controle.
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    Foi uma época terrível da minha vida.
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    Quando te colocam numa situação
    de ter que viver uma vida dupla,
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    isso tira a sua dignidade
    e mecanismos normais de enfrentamento.
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    Naquela época, o único lugar
    em que eu me sentia seguro era em casa.
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    Eu morava com meus pais,
    que me davam todo o apoio,
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    mas eu ainda não me sentia à vontade
    trazendo rapazes para perto deles.
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    Então, lá estava eu.
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    Sem lugar seguro,
    sem lugar para ser eu mesmo,
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    encarando um novo estilo de vida
    que eu não sabia conduzir.
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    A ansiedade e a depressão
    eram inevitáveis.
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    Reagi da única maneira
    que senti que conseguia na época:
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    drogas e álcool.
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    O futebol ensina muitas lições de vida
    para aqueles que jogam ou treinam:
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    perseverança, resistência,
    respeito, autoestima.
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    Mas a única coisa negativa
    que ele ensina mesmo
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    é que ser gay não é bom.
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    Para ser sincero,
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    a palavra "bicha" é usada
    quase tanto quanto a palavra "futebol".
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    Há um equívoco sobre a proeminência
    de gays no futebol,
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    e isso tem sérias consequências.
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    Sou o exemplo perfeito dessa questão:
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    jogador representante estadual
    no ensino médio,
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    capitão por dois anos do time da faculdade
    entre um grupo seleto em sua história
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    para jogar em um programa
    de futebol da primeira divisão,
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    o treinador de futebol mais jovem
    da história da faculdade.
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    E eu estava disposto a me matar.
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    Porque eu achava que, mesmo que o programa
    fosse como uma segunda família para mim,
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    eu temia que eles me marginalizassem.
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    Era um peso esmagador
    que eu carregava comigo o tempo todo.
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    Meses e meses de privação de sono,
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    ansiedade grave e depressão.
  • 6:45 - 6:50
    E, sinceramente, a falta de vontade
    de viver começou a me acompanhar.
  • 6:51 - 6:52
    Era esmagador.
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    Eu estava desesperado
    por uma saída; qualquer uma.
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    Certa noite, peguei uma garrafa de vodka
    e alguns comprimidos.
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    Eu não via uma saída.
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    Só queria que aquilo acabasse.
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    Se eu não pudesse ser eu mesmo
    e ainda viver a minha vida,
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    qual seria o propósito?
  • 7:14 - 7:16
    Desmaiei no chão do banheiro,
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    e minha mãe me encontrou.
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    Tive a sorte de acordar no dia seguinte.
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    Escapei de uma overdose.
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    Foi o momento mais assustador
    da minha vida.
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    Quando acordei no dia seguinte,
    sabia que não estava pronto para desistir.
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    E, quando ouvi aquela
    palestra "Disneylândia",
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    eu sabia como, quando e por que
  • 7:41 - 7:44
    era importante para mim
    compartilhar minha história.
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    Fiquei preocupado por tanto tempo sobre
    como a comunidade do futebol reagiria.
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    Embora, a esta altura, só o tempo dirá,
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    minha experiência me deu uma teoria.
  • 7:54 - 7:55
    É simples.
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    Um dia, ser gay no futebol será normal.
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    Mas, para que isso aconteça,
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    aqueles de nós que são gays precisam
    se levantar e reconhecer esse fato.
  • 8:04 - 8:07
    Os treinadores que conheço
    são exemplos perfeitos.
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    Fui acolhido com todo o amor e apoio
    por meus colegas treinadores.
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    Mas agora o desafio é mudar isso.
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    E não apenas a nível particular.
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    As chances de um adolescente
    ou adulto gay abusar de drogas, álcool,
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    ou sentir ansiedade, depressão
    ou até mesmo tentar suicídio
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    são drasticamente altas.
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    Quando se trata de futebol,
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    a norma social que criamos
    deixa muitos sem esperança.
  • 8:33 - 8:35
    Fizemos um progresso incrível
  • 8:35 - 8:37
    no movimento de igualdade
    de direitos sob a lei.
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    Mas agora devemos abordar
    um problema diferente:
  • 8:40 - 8:44
    igualdade social e a mensagem
    que passamos aos jovens que jogam futebol.
  • 8:45 - 8:49
    Continuem a usar o esporte
    para inspirar, se relacionar
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    e compartilhar uma mensagem positiva.
  • 8:51 - 8:54
    Uma pessoa saudável
    não pode viver a vida no escuro.
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    E, se estiverem por aí,
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    levantem-se e reconheçam isso.
  • 8:59 - 9:00
    Obrigado.
  • 9:00 - 9:02
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Por que eu não podia deixar o futebol me manter no armário | Shane Wickes | TEDxUniversityofNevada
Description:

Shane Wickes ama o futebol. Nesta palestra, Shane compartilha sua verdade sobre o fato de ser um treinador de futebol gay; no entanto, ser gay no futebol às vezes tem causado sérios conflitos com sua capacidade de viver sua vida inteira com transparência e autenticidade.

Como ex-jogador de futebol americano universitário e atual treinador de futebol do ensino médio, Shane foi confrontado com uma escolha - deixar o esporte que tanto ama ou admitir uma verdade impopular na comunidade do futebol. Shane acredita firmemente no poder dos treinadores de moldar a vida dos jovens; mas, para isso, acredita que você deve estar disposto a compartilhar seu verdadeiro eu com aqueles que está tentando impactar. Essa foi uma tarefa particularmente difícil para Shane porque ele é gay.
Shane decidiu que, em vez de deixar o futebol, sua experiência poderia ser usada para esclarecer um assunto difícil. O objetivo final de Shane é espalhar a consciência sobre os efeitos nocivos que o clima do futebol moderno provoca e mostrar a outros jogadores e treinadores gays que eles não estão sozinhos.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:11

Portuguese, Brazilian subtitles

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