O problema em medir uma economia

Se os derramamentos de petróleo, a desflorestação e o divórcio são todos bons para o PIB, porque é que este continua a ser o padrão de referência que usamos para medir a economia? A primeira ministra da Noruega e especialistas em economia explicam o debate.

Algumas das coisas
que são boas para o PIB,

mas péssimas para nós,

são, por exemplo, furacões
e outros desastres naturais,

guerras, tráfico de drogas e cibercrime.

Várias dessas coisas,
exigem serviços policiais

ou outros tipos de serviços de proteção

e é isto que faz subir o PIB.

[PIB ou Produto Interno Bruto é o
padrão que usamos para medir a economia]

O PIB mede todas as atividades
numa economia num único ano.

Podemos medi-lo tanto ao adicionar
tudo o que as pessoas gastam,

todos os rendimentos

ou toda a produção na economia,

como medir a altura de uma montanha

ou a profundeza de um rio.

Mas não se trata de algo objetivo.

É uma construção analítica.

No entanto, é uma definição arbitrária,

e vários julgamentos estão envolvidos.

E eu acho que ajudaria muito

se as pessoas começassem
a entender a incerteza

que está envolvida na medição do PIB.

[O PIB é poderoso.
Pode alterar eleições

e decidir quanto um país
pode pedir emprestado]

[Mas os economistas estão a
questionar a sua utilidade atual]

O termo remete-nos
à segunda guerra mundial,

quando havia uma necessidade de entender

os recursos que a guerra precisava
e os sacrifícios de consumo

que os idadãos tinham de fazer
para a isso acontecer.

Então um conjunto de estatísticas
nacionais datam de 1940.

[O PIB inclui variáveis como
desflorestação e divórcios,

mas negligencia recursos essenciais]

O PIB exclui algumas coisas importantes.

Exclui o custo ambiental
do crescimento económico,

e o valor do trabalho não pago
que as pessoas fazem em casa.

E também não tem em conta

o balanço nacional, isto é,

os recursos que usamos para desfrutar
o rendimento e o consumo actuais.

Se nos preocupamos
com a sustentabilidade,

é muito importante

começarmos também a medir
todos esses recursos de forma adequada.

[Então o que podemos fazer de diferente?]

[Uma alternativa seria focarmo-nos
no "crescimento inclusivo"]

[É o enquadramento do Fórum Económico
Mundial para o crescimento

que beneficia a sociedade como
um todo e que perdurará no futuro]

[A Noruega foi líder mundial
no índice em 2018]

Trata-se de igualdade de
oportunidades para as mulheres,

e de haver um sistema de financiamento
público de educação e de saúde

que torna os serviços acessíveis.

[A Noruega usa a sua
riqueza histórica em petróleo

para financiar serviços públicos
e a transição para uma energia limpa]

[Mais de 98% da sua energia hoje
provém de fontes renováveis]

[O fosso entre ricos e pobres na Noruega
é um dos mais pequenos do mundo]

[Funcionários da limpeza e construtores
civis recebem no mínimo $21 por hora]

Acredito que a história
e a cultura de todos

afeta o funcionamento da sociedade.

Todos os países podem contribuir
para a inclusão

e, ao mesmo tempo, perceber
como o seu país funciona.

Acho que temos beneficiado de
uma sociedade bastante pobre

que recentemente está a enriquecer

mas que enriqueceu após termos
estabelecido instituições fortes.

Uma das coisas que temos é
um amplo setor de ONGs

com muito trabalho voluntário,

que é onde a maior parte dos
noruegueses deseja viver a sua vida,

em colaboração com os outros.

E eu acho que isso constrói
laços apertados entre as pessoas.

[Enquanto o crescimento
económico tem resgatado

centenas de milhões de pessoas
da pobreza, nos últimos 30 anos]

[O PIB tem falhado em capturar alguns
dos maiores desafios da nossa época,

desde a desigualdade
às alterações climáticas]

[Então que esperança terá
para a economia do futuro?]

[Devemos dizer adeus, PIB?]

Atualmente existe bastante
vontade de ir além do PIB

e ter um melhor entendimento
do progresso económico.

Isto é parcialmente impulsionado
por toda a mudança digital

que tem acontecido na economia.

Precisamos de acompanhar
o que está a fazer,

o que por um lado
é bastante bom

por causa das inovações
que podemos usar,

mas também preocupante

se isso significar também que
haverá quebra nos empregos.

Então vamos querer acompanhá-lo.

E eu acho que este é o projeto
para os próximos anos

investigadores e políticos

terem essa conversa
sobre irmos além do PIB

para medir melhor
o progresso económico,

de uma forma mais aceite.

Legendado por Maurício Kakuei Tanaka
Revisto por Jenny Lam-Chowdhury