O racismo prospera no silêncio — falem alto!
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0:01 - 0:03Sou advogado de direitos humanos.
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0:03 - 0:06Sou advogado de direitos humanos
há 30 anos -
0:06 - 0:08e vou contar o que sei.
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0:09 - 0:13Era uma vez um homem
sozinho numa sala. -
0:14 - 0:16Chamava-se Alton.
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0:17 - 0:20Então, outros sete homens,
sete estranhos, -
0:20 - 0:24irromperam na sala
e arrastaram-no de lá para fora. -
0:24 - 0:28Mantiveram-no numa posição
horizontal, de crucifixo. -
0:28 - 0:30Um em cada braço,
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0:30 - 0:32dois em cada perna,
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0:32 - 0:37e o sétimo homem mantinha
o pescoço de Alton numa tenaz -
0:37 - 0:39entre os braços.
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0:39 - 0:41Alton estrebuchava para respirar
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0:41 - 0:43e dizia "Não consigo respirar",
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0:43 - 0:47tal como George Floyd disse:
"Não consigo respirar". -
0:48 - 0:50Mas eles não ligaram.
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0:50 - 0:53Pouco depois, Alton morreu.
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0:55 - 1:01Quando me pediram para representar
a mãe dele, o irmão e a irmã dele, -
1:02 - 1:04no inquérito sobre a sua morte,
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1:05 - 1:09perguntaram-me:
"Como é que isto pôde acontecer?" -
1:09 - 1:11E eu não tinha resposta.
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1:12 - 1:16Porque Alton tinha lesões pelo corpo todo.
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1:17 - 1:21Tinha contusões no pescoço e no tórax.
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1:21 - 1:25Tinha contusões nos braços e nas pernas.
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1:25 - 1:29Tinha sangue nos olhos,
nos ouvidos e no nariz. -
1:31 - 1:34Mas afirmavam que não sabiam nada.
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1:34 - 1:38Afirmavam que não sabiam
explicar como é que ele tinha morrido. -
1:40 - 1:42Alton tinha dois problemas.
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1:43 - 1:49Primeiro, o corredor em que morrera
era o corredor duma prisão. -
1:51 - 1:54E segundo, ele era negro.
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1:55 - 2:00Por isso, vou falar-vos hoje
da pergunta que me fez a mãe de Alton. -
2:00 - 2:04Como é que uma coisa daquelas
podia acontecer no nosso país? -
2:05 - 2:07Como é que podem acontecer estas coisas
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2:07 - 2:10em países, pelo mundo inteiro?
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2:10 - 2:12Como é que ainda podem acontecer
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2:12 - 2:15e o que é que podemos fazer
para impedi-lo? -
2:18 - 2:19Durante 30 anos,
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2:19 - 2:23tenho representado as famílias
de pessoas de cor -
2:23 - 2:27que têm sido mortas
sob custódia do estado, no Reino Unido. -
2:27 - 2:31E já defendi os direitos humanos
em quatro continentes. -
2:31 - 2:34O que aprendi foi isto:
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2:34 - 2:37Se queremos fazer alguma coisa
contra o racismo, -
2:37 - 2:40primeiro temos de perceber o que ele é.
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2:41 - 2:43Falemos então dessa coisa chamada "raça".
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2:44 - 2:46O que é exatamente?
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2:47 - 2:49Um facto da nossa vida?
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2:49 - 2:52Uma das forças mais poderosas do mundo?
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2:52 - 2:55Uma coisa de que não gostamos
muito de falar? -
2:55 - 2:58É essas coisas todas
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2:58 - 3:00mas é outra coisa também.
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3:00 - 3:02É um mito.
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3:03 - 3:07Essa coisa da "raça" não existe.
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3:09 - 3:14A investigação científica demonstra
que a "raça" é uma ilusão. -
3:15 - 3:16Por exemplo,
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3:16 - 3:19alguém de ascendência europeia
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3:19 - 3:23pode estar geneticamente
mais próximo duma pessoa asiática -
3:24 - 3:27do que de outra pessoa
de ascendência europeia. -
3:28 - 3:31Portanto, se a "raça" não é
um facto biológico, -
3:31 - 3:33o que é ao certo?
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3:34 - 3:38É uma construção social.
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3:38 - 3:41O que significa que é uma invenção.
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3:41 - 3:44Mas por quem e por que razão?
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3:46 - 3:53Enquanto espécie, partilhamos 99,9%
de ADN com todas as outras pessoas. -
3:53 - 3:56Mas as características
exteriores visíveis, -
3:57 - 4:00como o tipo do cabelo e a cor da pele,
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4:00 - 4:04têm sido usadas para promover
essa mentira genética racista -
4:04 - 4:08sobre as supostas diferenças
genéticas raciais. -
4:10 - 4:13O racismo é endémico há séculos.
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4:13 - 4:18Os nazis, claro, foram muito hábeis
a promover a mentira racista. -
4:19 - 4:21Mas os EUA também foram.
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4:21 - 4:24Fizeram experiências eugénicas
e leis eugénicas. -
4:25 - 4:27Na Austrália,
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4:27 - 4:34as crianças de dupla herança aborígene
foram confiscadas aos pais -
4:34 - 4:38a fim de se criar uma Austrália branca.
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4:39 - 4:43Este tipo de mentalidade
está a aparecer de novo, -
4:43 - 4:45em grupos de extrema-direita
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4:45 - 4:49que aspiram a nações racialmente puras.
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4:50 - 4:52Como é que isso funciona?
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4:53 - 4:57Nós não temos desigualdades
sociais por causa da "raça". -
4:58 - 5:03Temos desigualdades sociais
que são justificadas pela "raça". -
5:05 - 5:07Comecei a perceber isto
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5:07 - 5:11quando estava a representar
ativistas contra o "apartheid". -
5:11 - 5:15Eles mostraram-me
como o "apartheid" era um sistema -
5:15 - 5:19de exploração e de discriminação social.
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5:19 - 5:21que era justificado pela "raça",
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5:21 - 5:25pela suposta superioridade dos brancos.
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5:25 - 5:29e pela suposta inferioridade dos negros.
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5:30 - 5:34O regime de "apartheid"
dizia que era a Natureza -
5:34 - 5:36e, portanto, era inevitável
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5:36 - 5:40e não se podia fazer nada
quanto a isso. -
5:40 - 5:47A mentira da Mãe Natureza torna aceitável
a discriminação e a injustiça. -
5:48 - 5:50Também a encontrei nos casos
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5:50 - 5:55em que as pessoas sofrem a herança
da colonização e do império. -
5:56 - 6:01Tenho visto efeitos semelhantes
entre pessoas da mesma cor, em África. -
6:02 - 6:07E como as pessoas de certas castas
são consideradas inferiores na Índia. -
6:09 - 6:11As vítimas podem ser diferentes,
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6:11 - 6:15mas o mecanismo
— os rótulos e as mentiras — -
6:16 - 6:18é exatamente o mesmo.
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6:19 - 6:23Vemos porque é que as pessoas aderem
tão facilmente a essa coisa da "raça". -
6:24 - 6:26Porque isso dá aos privilegiados,
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6:26 - 6:28às pessoas como nós,
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6:28 - 6:31um livre trânsito para saírem da cadeia.
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6:33 - 6:36A verdade é que a "raça" é um sistema.
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6:37 - 6:40É como o oxigénio, como a atmosfera.
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6:40 - 6:43Invade tudo na nossa sociedade.
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6:43 - 6:47Infeta toda a gente em que toca.
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6:47 - 6:50Protege o poder e o privilégio.
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6:52 - 6:53De quem?
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6:54 - 6:56Olhem à vossa volta.
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6:57 - 7:00O que acontece se as pessoas de cor,
pessoas como eu, -
7:00 - 7:05tentarem falar com brancos
sobre o racismo? -
7:06 - 7:11Muitos, mas mesmo muitos, brancos
acham muito difícil falar sobre isso. -
7:11 - 7:14Alguns brancos dirão
que não sabem o que isso é. -
7:15 - 7:18Outros dirão que, na nossa sociedade,
-
7:18 - 7:21não há racismo nenhum.
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7:23 - 7:28Portanto, se vocês são brancos
e pensam nisto tudo, -
7:28 - 7:31há um exercício intelectual
que podem fazer. -
7:33 - 7:35Porque a verdade é esta.
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7:35 - 7:39Vocês sabem, vocês já sabem.
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7:39 - 7:41Por isso, perguntem a vocês mesmos:
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7:42 - 7:46Gostariam que o vosso filho
ou a vossa filha, -
7:46 - 7:49o vosso irmão ou a vossa irmã.
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7:49 - 7:53casasse com um muçulmano
praticante do Médio Oriente? -
7:53 - 7:58Ou com alguém recém-chegado
do sul da Ásia, que seja hindu? -
7:59 - 8:03Ou alguém que procure asilo
vindo da África subsaariana? -
8:03 - 8:08Ou alguém que tenha atravessado
recentemente a fronteira EUA-México? -
8:09 - 8:13Podem não ter uma objeção total
-
8:13 - 8:16mas podem ficar preocupados.
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8:17 - 8:22Uma hesitação a fazer cócegas
bem lá no fundo. -
8:22 - 8:25Não é por causa da cor da pele.
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8:25 - 8:29Não é por vocês saberem
que, em países como o nosso, -
8:29 - 8:31tal como estão hoje as coisas,
-
8:31 - 8:36as perspetivas de vida deles
serão afetadas por essa união. -
8:37 - 8:39E percebem que, de facto, sabem,
-
8:39 - 8:43que compreendem
porque é que as pessoas os vão julgar. -
8:43 - 8:46De mil e uma maneiras,
-
8:46 - 8:49esses julgamentos
vão afetar a vida deles -
8:49 - 8:52e a vida dos filhos que tiverem.
-
8:53 - 8:54Nesse momento,
-
8:54 - 8:58estão a estabelecer contacto
com uma verdade poderosa. -
8:58 - 9:04Vocês sabem que o racismo sistémico
é uma coisa real. -
9:05 - 9:08Então, porque é que não querem
falar sobre a "raça"? -
9:08 - 9:11Porque é desconfortável, claro.
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9:12 - 9:14Mas isso é só uma parte da resposta.
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9:15 - 9:18A verdade maior é muito mais devastadora.
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9:19 - 9:22A vossa reação não é
apenas para ficar na defensiva, -
9:22 - 9:25é um mecanismo de defesa.
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9:25 - 9:28Defende o sistema de privilégio
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9:28 - 9:31e a divisão desigual
da riqueza e do poder. -
9:32 - 9:36A fragilidade torna aceitável
a desigualdade racial. -
9:37 - 9:40Quem ganha e quem perde?
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9:40 - 9:42Observem os dados.
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9:44 - 9:45Nos rendimentos.
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9:45 - 9:47Na disparidade da riqueza.
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9:47 - 9:49Na exclusão escolar.
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9:49 - 9:50Nas perspetivas de carreira.
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9:50 - 9:52Nas rusgas policiais.
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9:52 - 9:55Observem como as pessoas de cor
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9:55 - 9:59estão a morrer de COVID
de forma desproporcionada. -
10:01 - 10:05Se o mito racial
torna as pessoas invisíveis -
10:06 - 10:10e a fragilidade acarreta silêncios,
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10:10 - 10:12com que opções é que ficamos?
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10:12 - 10:17A escolha binária é entre
ser racista ou não ser racista, -
10:18 - 10:20Ou haverá outra hipótese?
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10:21 - 10:24Porque quase toda a gente
nesta palestra TED -
10:24 - 10:27dirá que não é racista.
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10:28 - 10:30Mas temos que concordar:
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10:30 - 10:33não ser uma coisa não chega.
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10:34 - 10:39A terceira opção
é ser ativamente antirracista. -
10:40 - 10:43Portanto, se estão de acordo
que as vidas dos negros são importantes, -
10:43 - 10:45perguntem a vocês mesmos:
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10:45 - 10:48"Como é que as vidas dos negros
são importantes na minha vida?" -
10:48 - 10:51"O que é que eu já fiz para mostrar
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10:51 - 10:54"que as vidas dos negros
são importantes para mim?" -
10:54 - 11:00Adorando uma atitude antirracista
visível, consciente e ativa, -
11:00 - 11:04o que era invisível passa a ser visível.
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11:04 - 11:07O que estava silenciado
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11:07 - 11:11é gritado alto e bom som.
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11:12 - 11:15Mas isso ainda não chega.
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11:18 - 11:22Ao fim de semanas
de uma luta cerrada no inquérito, -
11:23 - 11:27o júri, só de brancos, regressou
ao tribunal no processo de Alton. -
11:29 - 11:32Houve um momento de silêncio total
-
11:32 - 11:35quando o porta-voz se levantou
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11:37 - 11:39e anunciou o veredito.
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11:41 - 11:44Tinha sido um homicídio ilegal.
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11:45 - 11:48Nesse momento, foi o pandemónio
na sala do tribunal. -
11:48 - 11:51Fez-se um barulho ensurdecedor.
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11:52 - 11:54As pessoas gritavam.
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11:54 - 11:57A irmã de Alton estava de pé
na coxia ao meu lado, -
11:57 - 12:00apontava para os guardas prisionais
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12:00 - 12:01e gritava-lhes:
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12:02 - 12:03"Vocês mataram o meu irmão!"
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12:03 - 12:05"Vocês mataram o meu irmão!"
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12:07 - 12:10A família queria, desesperadamente,
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12:10 - 12:15que os guardas prisionais
responsáveis pela morte de Alton -
12:15 - 12:17fossem acusados.
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12:17 - 12:20Todos nós queríamos o mesmo.
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12:20 - 12:24Mas nenhum deles foi acusado.
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12:24 - 12:28Então, levámos a tribunal
o procurador-geral, -
12:28 - 12:31o diretor dos processos públicos.
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12:31 - 12:34O mais alto magistrado do país,
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12:34 - 12:36o Juiz do Supremo Tribunal de Justiça,
-
12:36 - 12:40concordou que a decisão
de não fazer a acusação -
12:40 - 12:43estava eivada de um erro fatal
e, além disso, era ilegal. -
12:46 - 12:49Todos os dias, durante o caso de Alton,
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12:49 - 12:53o irmão dele sentava-se
nos degraus do tribunal -
12:53 - 12:55e dizia-me:
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12:55 - 12:58"Aperte com eles hoje, Dr. D."
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13:00 - 13:05Mas, quando se apercebeu
que nunca ninguém seria acusado -
13:05 - 13:07da morte do irmão,
-
13:08 - 13:09ficou destroçado.
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13:10 - 13:15Morreu poucos anos depois
num hospital psiquiátrico. -
13:18 - 13:21Então, como é que a morte
de Alton mexe convosco -
13:21 - 13:25e com o racismo e o privilégio
nas nossas sociedades? -
13:26 - 13:29O que é que eu quero de vocês?
-
13:29 - 13:34O que eu quero é que este trabalho
deixe de ser necessário. -
13:35 - 13:38As famílias enlutadas
vêm ter comigo -
13:38 - 13:41e vejo a esperança nos olhos delas.
-
13:41 - 13:47E tenho de lhes dizer que as hipóteses
de alguém vir a ser acusado -
13:47 - 13:50por estarem envolvidos
na morte dos seus entes queridos -
13:50 - 13:52são muito remotas.
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13:54 - 13:56Vi aqueles rostos enlutados
-
13:56 - 13:59na primavera da minha carreira.
-
13:59 - 14:01E continuo a vê-los
-
14:01 - 14:04agora que estou a entrar
no outono dela. -
14:04 - 14:07A estação do verão
esteve cheia de sangue. -
14:08 - 14:12E, de certo modo, eu penso
que tenho sangue nas minhas mãos -
14:12 - 14:15apesar de saber, racionalmente,
que não é o caso. -
14:15 - 14:17Mas não consegui recuperar
-
14:17 - 14:20Alton nem Gareth nem Zahid,
-
14:20 - 14:22nem nenhum dos outros,
-
14:22 - 14:26que era só o que
as famílias enlutadas queriam. -
14:29 - 14:32Então, peço-vos que olhem
para além das mentiras. -
14:34 - 14:38Sobretudo, para ver para além
duma das piores mentiras de todas. -
14:38 - 14:43Que o que fazemos não fará
nem pode fazer qualquer diferença. -
14:44 - 14:46Certamente disseram
o mesmo a Rosa Parks -
14:46 - 14:48e a Martin Luther King
-
14:48 - 14:50e a Nelson Mandela.
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14:51 - 14:54E eles continuaram em frente
e conseguiram qualquer coisa. -
14:55 - 14:57Eu tentei pensar neles
-
14:57 - 15:00quando interrogava
os guardas prisionais. -
15:00 - 15:02E dizia-lhes a todos:
-
15:02 - 15:05"Olhem para a Sra. Manning,
a mãe de Alton, -
15:05 - 15:09"e digam-lhe porque é que o filho morreu."
-
15:10 - 15:13Nenhum deles conseguiu olhar para ela.
-
15:14 - 15:18Queriam que ela fosse invisível.
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15:20 - 15:26Infelizmente, ao ver que ninguém
ia ser acusado pela morte do filho, -
15:27 - 15:29ela mergulhou numa profunda depressão
-
15:29 - 15:31e morreu.
-
15:32 - 15:36Mas eu nunca esquecerei
como, no meio do caos e do tumulto, -
15:36 - 15:39quando foi anunciado o veredito,
-
15:39 - 15:40eu virei-me para ela e disse:
-
15:41 - 15:44"Sra. Manning, lamento muito,
pela sua família." -
15:46 - 15:47Ela olhou para mim e disse:
-
15:47 - 15:51"Sr. Dias, o senhor é da família."
-
15:51 - 15:55Apontou para os guardas prisionais
e para o júri e disse: -
15:55 - 15:57"E eles são família.
-
15:57 - 15:59"Mas as famílias discutem e lutam,
-
15:59 - 16:01"e nós temos de resolver tudo isso.
-
16:02 - 16:04"Temos de encontrar uma forma."
-
16:04 - 16:07Como é que resolvemos isto e quando?
-
16:09 - 16:11O Dr. King ensinou-nos
-
16:12 - 16:17que é sempre boa altura
para as coisas certas. -
16:18 - 16:21Estas mortes polémicas
sob custódia do estado -
16:21 - 16:25ocorreram em prisões
e em esquadras da polícia. -
16:25 - 16:29Mas, finalmente, caíram
sob a luz dos projetores -
16:29 - 16:32pela terrível morte de George Floyd.
-
16:33 - 16:36Hoje, ninguém pode dizer que não sabia.
-
16:36 - 16:40A crise da COVID e a morte de George Floyd
-
16:40 - 16:43chocou-nos para além
de toda a complacência. -
16:44 - 16:46Puseram o mundo em ebulição,
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16:46 - 16:51porque o que foi visto
não pode ser invisível. -
16:52 - 16:56Este momento é um momento
histórico de mudança. -
16:58 - 17:01É altura de passar à ação
-
17:01 - 17:04nas nossas esferas de influência
-
17:04 - 17:06e todos as temos.
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17:06 - 17:08Temos o poder do voto,
-
17:08 - 17:10temos o poder do dinheiro,
-
17:10 - 17:13onde gastar o nosso dinheiro
e em que o gastar. -
17:13 - 17:17Temos o poder de confrontar o racismo
onde quer que o encontremos -
17:17 - 17:19e sempre que o encontremos.
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17:21 - 17:23Os que estão a escutar-me
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17:23 - 17:26que têm beneficiado desse privilégio,
-
17:26 - 17:30têm a oportunidade de alterar as coisas
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17:30 - 17:34e exigir que a sociedade mude.
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17:35 - 17:40Por fim, o que acontece
está agora nas nossas mãos. -
17:41 - 17:43Isto é o que eu sei.
-
17:43 - 17:48Quando alguém, sob custódia do estado,
diz: "Não consigo respirar" -
17:48 - 17:50está em perigo de morte.
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17:50 - 17:55Mas quando uma sociedade
não corta o oxigénio ao racismo, -
17:55 - 17:58não permite que todos respirem
todos os dias, -
17:58 - 18:03a esperança de justiça racial
e de igualdade nessa sociedade -
18:03 - 18:06também está em perigo de morte.
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18:07 - 18:10Não pode haver mais Altons,
-
18:10 - 18:12nem mais Gareths, nem mais Zahids.
-
18:12 - 18:16nem Olasenis, nem Jimmys e Seans,
-
18:16 - 18:18nem Sherrys e Breonnas,
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18:18 - 18:21nem Christophers e Georges.
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18:23 - 18:25Mas não se trata só de mortes,
-
18:26 - 18:27também se trata da vida.
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18:27 - 18:31E de os seres humanos
florescerem em conjunto. -
18:31 - 18:34Todos nós somos precisos para isso.
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18:35 - 18:38O racismo quer manter-se invisível.
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18:38 - 18:40Denunciem-no.
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18:40 - 18:42O racismo quer o vosso silêncio.
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18:42 - 18:44Façam barulho.
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18:44 - 18:47O racismo quer a vossa apatia.
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18:47 - 18:51Comprometam-se a usar a vossa voz,
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18:51 - 18:53o vosso privilégio e o vosso poder
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18:53 - 18:57para lutarem sempre pela justiça racial
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18:57 - 19:02e para se juntarem ao crescendo de vozes
que exigem a mudança. -
19:02 - 19:05Para fazer parte da esperança.
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19:06 - 19:08Querem juntar-se a nós?
- Title:
- O racismo prospera no silêncio — falem alto!
- Speaker:
- Dexter Dias
- Description:
-
O racismo prospera no nosso silêncio e apatia, diz Dexter Dias, advogado defensor dos direitos humanos. Conta-nos a história de um doloroso processo num tribunal do Reino Unido que ilumina os efeitos corrosivos da injustiça. Dias apela-nos a falar alto e a denunciar os mitos tóxicos sobre o racismo — para permitir que a esperança, a mudança e a justiça floresçam.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:21
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