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Títol:
A incredulidade de olby Satterwhite | Art21 "New York Close Up"
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Descripció:
Como sabemos o que é que é real?
No meio de exposições a solo que marcam a sua carreira na Pioneer Works emm Brooklyn e na Fabric Workshop and Museum, em Filadélfia, o artista Jacolby Satterwhite contempla alguns dos problemas mais fundamentais em torno da relação entre um artista e as obras que ele cria. Referindo um fascínio de longa data pela pintura “A Incredulidade de São Tomás”, do pintor renascentista Caravaggio, e pela sua experiência traumática de ter sobrevivido a um cancro na infância, Satterwhite reflete que “talvez tenha sido sempre cético quanto à minha mortalidade e tenha feito coisas para poder ver esses objetos e provar que ainda aqui estou.”
Os vídeos, esculturas e animações de 3D de Satterwhite feitos a partir da linguagem visual de videojogos e da tecnologia digital para criar mundos vibrantes que estão densamente povoados com figuras dançantes, veículos fantásticos e produtos de consumo de uso quotidiano. A mostrar a instalação da sua exposição “You are at home”, em Pioneer Works, Satterwhite analisa como o seu processo cresceu drasticamente em dimensão e evoluiu para incluir a produção de um álbum musical. Inspirado nas canções amadoras da sua mãe, o álbum é tocado e instalado juntamente com as esculturas e o vídeo da exposição. “You are at home”, juntamente com o seu espetáculo simultâneo na Fabric Woekshop and Museu, marca as maiores e mais ambiciosas exposições do artista até à data. Enquanto o âmbito destas exposições tenha permitido a Satterwhite abrir o seu processo a uma equipa de colaboradores, a obra resultante mantém-se profundamente pessoal e é meticulosamente realizado. “A arte tornou-se uma forma de escape para mim, para redirecionar os meus traumas pessoais. Mas agora penso que estou a tentar procurar uma coisa mais presente e tentar chegar ao âmago de quem sou.”
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Jacob Satterwhite: Quando temos cancro,
julgamos que vamos morrer.
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Com a tecnologia moderna,
podemos ressuscitar.
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Quando eu era miúdo, tive um cancro.
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No hospital, representei
na "Fantasia Final".
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Eram as minhas escapadelas
durante esse profundo período traumático.
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Acho que era o meu léxico natural
enquanto criador.
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Talvez eu tenha sido sempre
cético quanto à minha mortalidade.
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Tenho estado a fazer coisas
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para poder ver esses objetos
e provar que ainda aqui estou.
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[A incredulidade de Jacolby Satterwhite]
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Áudio: Momentos de silêncio.
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Inicialmente, fui para os Pioneer Works
como residente de tecnologia,
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para imprimir em 3D os desenhos
da minha mãe de objetos de consumo.
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Os trabalhos da minha mãe
são como uma subcapa ou uma base.
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São basicamente o fundamento
por onde começo todas as ideias
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e como encaro essas ideias no presente.
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Áudio: Peço desculpa
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♪ Peço desculpa
por aquilo que te fiz passar...
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JS: Ela fez 150 canções a cappella
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que imitavam os êxitos
tradicionais dos Top 40.
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A escrita da música era importante.
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Fazia-a no hospital psiquiátrico.
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Fazia-a em casa.
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♪ A minha vida era uma loucura
eu não a compreendia.
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JS: Com o Nick Weiss da Teengirl Fantasy.
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passámos dois anos a transformar
estas a capella num registo de dança.
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Simultaneamente, eu também fazia visuais,
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porque eu queria fazer
um álbum de realidade virtual.
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Sou um milenar viciado
em Instagram e iPhone.
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Debruço-me sobre ele,
uso-o como material,
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e tento torná-lo palpável e comovente
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uma coisa parecida com a pele.
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É uma coisa livre e espontânea.
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De certo modo, é como encontrar
belas composições nas palavras.
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A exposição em Pioneer Works
corporiza a minha obra por diversos meios
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incluindo a escultura, o vídeo,
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a representação, e a animação a 3D.
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Eu estava a explorar como fazer
um mundo de escultura num espaço digital.
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Há quatro espaços
que exploram diversos temas
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que eu revelei ao longo dos anos:
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O desporto.
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A parafernália do sonho americano.
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O dinheiro.
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E as farmacêuticas.
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Basicamente, é uma reação
abstrata a essa cultura.
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Faz com que me sinta
como uma personagem de um videojogo.
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Tu podias jogar comigo,
pôr-me a passear.
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como se eu fosse uma terceira pessoa,
a Lara Croft.
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Oh, meu Deus! isto é uma seca.
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Se fazemos tudo sozinhos,
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não sabemos qual
o potencial da nossa arte.
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O potencial de as grandes ideias
serem delegadas para uma equipa
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que manifesta uma coisa muito maior
do que a mão individual.
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Vir aqui imensas vezes
e falar com os construtores,
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arranjar as peças do puzzle
que estavam no chão,
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às vezes, perdia a paciência.
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Envolvia muita introspeção
e autodescoberta
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e muita disciplina.
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Trabalhar com as pessoas aqui
fez-me melhorar um pouco.
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Nunca me senti tão entusiasmado
com todas estas novas possibilidades.
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- Estás a falar dos originais?
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JS: Estou.
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- Oh, é a cor certa.
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Nos últimos dez anos da minha carreira,
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tenho criado sem limites
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usando paletas de todo o tipo.
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Desenhei Doubting Thomas
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usando-me a mim mesmo
como modelo de todas as personagens
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desde que andei no secundário
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que narra a história
da ressurreição de Jesus
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e o ceticismo quanto à sua mortalidade.
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A suprema metáfora na peça
é usar o ritual para vos prender.
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Como tocar numa coisa qualquer
que vos torne céticos
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para vos convencer que é real.
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Para mim, fazer arte,
é apenas uma forma de me concentrar
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para ver que eu sou real.
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♪ Diz-me como é possível.
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♪ Eu não sei.
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♪ Como é que eu cheguei aqui?
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♪ Diz-me como é possível.
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♪ Eu não sei
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♪ Como é que eu acabei desta forma?
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JS: Ter um trabalho público
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que circula em galerias e museus
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é vulnerável porque estamos
a tornar-nos em arquivos públicos,
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em formas que, provavelmente,
não serão lisonjeiras no futuro.
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É uma representação masoquista,
no mínimo.
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Criar com êxito é a arte
de estar disposto a ficar embaraçado.
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Levei isso a peito.
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Meu Deus, eu andei embaraçado
durante dez anos!
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A morte da minha mãe há três anos
teve um enorme impacto em mim.
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Trouxe-me ainda mais ritual.
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e fez com que me focasse em temas
de regeneração, cura e ressurreição.
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A arte tornou-se uma forma de escape
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para eu redirecionar
os meus traumas pessoais.
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Agora, penso que estou a tentar procurar
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qualquer coisa mais presente,
mais consciente.
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Tentar procurar onde será
agora a minha casa.
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Tentar chegar ao âmago de quem sou.
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♪ Iremos para outro lugar
qualquer dia.
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Tradução de Margarida Ferreira.