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Meriem Bennani: em Entre Idiomas | Art21 "New York Close Up"

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    Estamos em vias de instalar
    "Festa no CAPS".
  • 0:14 - 0:16
    Esta parede curva
    com três partes distintas
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    vai ser montada numa só,
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    pintada
  • 0:19 - 0:20
    e por fim instalada.
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    Vai ser um ecrã.
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    Tenho estes parâmetros
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    como o som,
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    a edição e a animação.
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    Está tudo concebido para o filme.
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    Depois acrescento o espaço,
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    quantos ecrãs,
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    a escala.
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    Tudo se vai organizando
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    e depois o toque final é:
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    o vídeo por fim aparece
    nas superfícies que construímos para ele.
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    O problema é que as coisas
    nunca estão bem niveladas.
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    Esta é a altura
    em que eu edito o meu filme,
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    mas usando o espaço em vez do tempo.
  • 1:04 - 1:07
    Vejo cena a cena
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    e, para cada cena,
    decido o que vocês veem e onde.
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    Posso fazer cortes,
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    mas também posso mostrar
    qualquer coisa em locais diferentes.
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    Isso tem um efeito em como
    vocês assistem ao filme.
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    [Meriem Bennani; Entre Idiomas]
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    As esculturas começaram a ocorrer
    já com os filmes em mente.
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    Eu nunca fiz uma escultura
    que não se destinasse a um filme.
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    Metemos-lhe coisas
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    que são características
    de outra forma de pensar.
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    [Ação!]
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    Aprendemos qualquer coisa
    com a animação
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    que tem a ver com o humor.
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    Depois podemos fazer
    esculturas engraçadas.
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    Eu tenho a versão final do vídeo
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    — que é o que vamos ver como um filme —
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    e depois as esculturas,
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    provêm de um mundo digital
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    que eu imagino.
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    Depois são fabricadas.
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    Todos elas provêm de locais opostos
    e encontram-se no meio.
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    (Campainha da escola)
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    Fui para o secundário
    em Rabat, Marrocos,
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    e filmei um grupo de adolescentes.
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    O tema de "Mission Teens"
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    é a cultura de língua francesa
    em Marrocos.
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    - Eu vivo no sistema francês
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    desde... basicamente desde o infantário.
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    Meriem Bennanni:
    A maior ferramenta
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    para a forma de os franceses
    manterem o poder
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    é a educação.
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    - Ter os filhos na Missão é...
    é um prestígio!
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    MB: O filme não é sobre a forma
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    como o francês
    não é um idioma marroquino
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    mas é sobretudo sobre
    porque é que o francês é político
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    e também uma ferramenta de poder.
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    Professora: Assim, a definição
    de Terceiro Mundo
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    é uma coisa que vocês
    precisam de dominar!
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    Meriem Bennani:
    Eu tive uma educação francesa.
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    Aprendi História de França,
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    geografia da França.
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    A minha forma de pensar
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    é a forma que desenvolvi
    de poder ser crítica,
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    todas essas coisas são produtos
    completos da escola francesa.
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    Eu tive de me emancipar disso
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    para conseguir falar sobre isso.
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    - A missão francesa
    é não nos focarmos muito
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    no país em que vivemos.
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    Saber que, mesmo sendo
    uma escola francesa
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    estamos em Marrocos e eu gostaria
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    que se focassem mais em Marrocos
    e no Islão e nessas coisas todas.
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    ♪ Sou uma casa elegante em Rabat...
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    MB: Também filmei casas
    dos bairros vizinhos
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    onde vive a maioria das pessoas
    que frequentam a escola francesa.
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    ♪ ... Arranjaram-me uma porta dourada.
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    Sou aquilo que todos admiram.
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    MB: Pela arquitetura
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    podemos ver qual o estilo de vida
    que as pessoas aspiram ter.
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    "Mission teens"
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    foi exibido pela primeira vez
    na Bienal Whitney,
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    dentro destas esculturas no terraço.
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    Chamei-lhes "estações de visualização".
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    ♪ ... palmeiras.
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    ... chão de mármore.
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    MB: Quando carregamos no botão,
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    rouba o vídeo do outro lado.
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    A outra pessoa do outro lado
    também carrega no botão.
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    Tudo se resume a ter de coexistir.
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    Os temas que escolho para o meu trabalho.
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    Não faço uma escolha consciente de ser
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    tipo "quero falar do pós-colonização".
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    Tento seguir
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    o que me atrai, espontaneamente.
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    Em "Party on the CAPS".
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    imaginei um mundo onde
    o teletransporte é possível
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    - Lembram-se quando o teletransporte
    substituiu os aviões?
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    MB: É como pensar na imigração no futuro.
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    - Não podem entrar.
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    - Não podem entrar.
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    MB: A Europa e a América
    iam entrar em pânico
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    por causa das fronteiras
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    se o teletransporte fosse possível.
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    - Calculo que ainda estão confusos.
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    Caps é uma ilha
    no meio do Atlântico.
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    É um local onde os polícias americanos
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    — que são uma nova versão
    da polícia de imigração e fronteiras —
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    colocaram as pessoas
    que foram intercetadas
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    a tentarem teletransportar-se
    de África para os EUA.
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    Depois, o local passou a ser
    um local de propriedade deles.
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    Toda a ilha de Caps
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    é uma analogia física
    para a ideia da diáspora
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    — como as pessoas pensam na diáspora
    quer tendo assimilado totalmente
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    quer regressando à terra de origem.
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    Mas há uma terceira alternativa
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    que se situa no meio.
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    Podemos fazer o ponto de partida
    onde estão as lentes?
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    Vejam, o ecrã deve ficar aqui.
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    Normalmente, quando
    uma coisa me interessa,
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    a princípio não consigo clarificar
    porque é que estou interessada nela.
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    Esse esforço para exprimir esse interesse,
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    é essa a obra.
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    Não consegui exprimir-me
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    nem expressar-me com palavras
    tão bem como gostaria.
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    Penso que isso tem a ver
    com o facto de estar aqui há 10 anos
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    e ter o inglês como segundo idioma,
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    e sentir que estou a perder um pouco
    do meu primeiro idioma,
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    o que é um sentimento muito estranho.
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    Sempre estive entre idiomas.
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    Descobri que desenvolver esta prática
    que vem de idiomas tão diferentes,
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    — a TV,
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    o cinema,
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    a escultura e as instalações —
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    misturando tudo, permitiu-me
    conseguir a nota certa
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    à minha moda.
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    Tradução de Margarida Ferreira.
Title:
Meriem Bennani: em Entre Idiomas | Art21 "New York Close Up"
Description:

E se um idioma não for suficiente?
A trabalhar na instalação da sua exposição na Galeria Clearing em Brooklyn, a artista Meriem Bennani relata um recente conjunto de ambiciosas obras em vídeo, revelando a sua mistura pessoal, humorística e política de animação digital, cenas documentais e escultura interativa. Inicialmente de Marrocos, Bennani, que reside na cidade de Nova Iorque, explica como “estar aqui durante 10 anos e ter o inglês como segundo idioma, e sentindo que estou a perder um pouco do meu primeiro idioma… descobri que desenvolver esta prática que vem de idiomas tão diferentes, da TV, do cinema, da escultura e das instalações, misturando tudo permitiu-me conseguir a nota certa, à minha moda.”
Para a sua obra para a Bienal Whitney 2019, “Mission Teens” (2019), Bennani filmou um grupo de adolescentes que falam francês na sua antiga escola secundária em Rabat, Marrocos, assim como as grandes casas da classe média e alta de Rabat. Bennani por sua vez complica habilidosamente a polícia pós-colonial da sua obra colocando os filmes numa série de “estações de visualização”, esculturas absurdas e exóticas como um oásis com palmeiras no terraço exterior de Whitney. O espetador não só é forçado a sentar-se e espreitar para dentro das esculturas como tem de coexistir e cooperar com outros espetadores para ver os filmes.
Voltando à galeria Clearing, a instalação de vídeos de oito canais, “Party on the Caps” (2018-2019) imagina um futuro fictício em que os imigrantes estão isolados numa ilha no meio do Oceano Atlântico e começam novas sociedades híbridas. Tal como a sua obra divertidamente misturada, “toda a ilha de Cap é uma analogia física para a ideia de diáspora, como as pessoas pensam nas diásporas quer tendo de assimilar totalmente ou regressado à terra de origem”, diz Bennani. “Mas há uma terceira alternativa que se situa no meio.”
Meriem Bennani (n. 1988, Rabat, Marrocos) vive e trabalha em Nova Iorque.
Saibam mais sobre a artista em: https://art21.org/artist/meriem-bennani/

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"New York Close Up" series
Duration:
07:48

Portuguese subtitles

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