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Saber quando é a "hora certa": sair do armário, sem temer | Maria Esposito | TEDxWhitehallWomen

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    Olá, TEDx e [incompreensível].
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    Estudamos na mesma faculdade.
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    (Risos)
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    Voz fora da câmera:
    Isso foi há poucos anos.
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    (Risos)
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    Maria Esposito: Trinta e três anos ...
    Voz fora da câmera: Não!
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    (Risos)
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    Voz fora da câmera: [Incompreensível].
  • 0:34 - 0:35
    (Risos)
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    É maravilhoso compartilhar
    um palco com ela de novo,
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    desde nossos bons velhos tempos
    de apresentação nos palcos.
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    Mas estou aqui pra falar de tempo.
  • 0:45 - 0:48
    Quantas vezes você já disse
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    que faria algo quando fosse a hora certa?
  • 0:53 - 0:56
    Bem, a verdade
    é que sempre é a hora certa.
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    Neste momento, em nosso mundo,
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    é a melhor época de todas pra sairmos...
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    não da União Europeia, mas do armário.
  • 1:07 - 1:09
    (Risos)
  • 1:12 - 1:15
    Vivo com minha companheira há 19 anos.
  • 1:16 - 1:19
    Durante dez desses anos,
    vivemos em união estável.
  • 1:19 - 1:22
    E fico feliz em dizer
    que, recentemente, nós nos casamos.
  • 1:22 - 1:24
    (Vivas)
  • 1:24 - 1:25
    Obrigada.
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    (Aplausos)
  • 1:31 - 1:33
    E nós conseguimos isso
  • 1:33 - 1:40
    porque somos da geração de pessoas
    que jamais pararam de sair do armário.
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    Às vezes, preciso sair
    do armário diariamente.
  • 1:44 - 1:46
    Às vezes, algumas vezes por dia.
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    Mas não é só porque gosto
    de declarar minha sexualidade
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    sempre que possível.
  • 1:51 - 1:54
    Não. Esse é o meu dia a dia.
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    Sabe, quando vou abrir uma conta no banco,
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    quando vou a um novo dentista,
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    qualquer coisa.
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    Meu favorito:
  • 2:01 - 2:03
    fazer check-in em hotéis.
  • 2:03 - 2:04
    (Risos)
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    Reservei um ótimo quarto duplo
    com cama de casal,
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    pra mim e pra minha esposa.
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    Nós chegamos
  • 2:10 - 2:13
    e descobrimos que o hotel
    tinha tomado a liberdade
  • 2:13 - 2:16
    de mudar nossa reserva
    para duas camas de solteiro...
  • 2:16 - 2:17
    (Risos)
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    supondo que duas mulheres seriam "amigas"
  • 2:21 - 2:24
    e que obviamente tínhamos cometido
    um erro em nossa reserva.
  • 2:24 - 2:26
    (Risos)
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    Recentemente,
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    tive de passar por uma série
    de tratamentos médicos,
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    que resultaram em algumas internações.
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    Foi um tratamento ginecológico,
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    então vocês não fazem ideia
    de quantas vezes tive que sair do armário.
  • 2:40 - 2:43
    (Risos)
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    Numa dessas ocasiões, eu estava lá,
    deitada na cama do hospital,
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    e minha companheira estava comigo -
  • 2:51 - 2:54
    ainda tínhamos união estável,
    pouco antes de nos casarmos -
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    e a enfermeira apareceu
    preenchendo alguns formulários.
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    Aí, de repente, ela olha pra mim e diz:
    "Quem é essa? É sua amiga?"
  • 3:03 - 3:05
    Eu disse: "Não, é minha companheira".
  • 3:05 - 3:08
    Ela gaguejou, se enrolou, e disse:
  • 3:08 - 3:11
    "Ah - Ah - Ah - Bem,
    'amiga', 'companheira', é igual",
  • 3:11 - 3:12
    e saiu correndo.
  • 3:12 - 3:14
    (Risos)
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    Bem, não sei quanto a vocês,
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    mas não sou de fazer sexo
    com minhas amigas.
  • 3:21 - 3:24
    (Risos)
  • 3:28 - 3:31
    Algo no mundo heterossexual
    realmente me intriga.
  • 3:31 - 3:32
    (Risos)
  • 3:33 - 3:38
    Mas, aí, vi uma pesquisa da Stonewall,
    que foi publicada em 2015,
  • 3:38 - 3:43
    que dizia que mais da metade
    dos profissionais de saúde
  • 3:43 - 3:47
    não acham que a orientação sexual
    tenha qualquer influência
  • 3:47 - 3:50
    nas necessidades de saúde das pessoas.
  • 3:51 - 3:53
    A pesquisa também revelou
  • 3:53 - 3:59
    que um em cada dez profissionais
    de saúde havia ouvido colegas
  • 3:59 - 4:02
    dizerem que a homossexualidade
    pode ser "curada".
  • 4:04 - 4:08
    Fiquei curiosa, porque tenho 57 anos
    e não fui curada até hoje.
  • 4:08 - 4:09
    (Risos)
  • 4:09 - 4:13
    Queria saber se estava qualificada
    pra uma licença médica de longo prazo.
  • 4:13 - 4:16
    (Risos)
  • 4:17 - 4:21
    Acho que vou ficar assim
    por muitos anos ainda, não?
  • 4:23 - 4:25
    Essas estatísticas...
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    Não é novidade que, em 2016,
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    quase metade das lésbicas
    não se assumam pra seus médicos.
  • 4:36 - 4:38
    É impressionante.
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    É preciso coragem pra se assumir,
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    e a cada dia preciso achar essa coragem
  • 4:44 - 4:48
    se quiser continuar a ser
    quem realmente sou.
  • 4:54 - 4:59
    Essas situações simples e corriqueiras
    para os heterossexuais
  • 5:00 - 5:04
    podem, para pessoas LGBT,
    ser carregadas de ansiedade.
  • 5:05 - 5:08
    Aquele breve segundo... pensem só...
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    aquele segundo antes de dar uma resposta
    que possa revelar sua sexualidade
  • 5:13 - 5:16
    é recheado de medo
    de uma enxurrada de julgamentos
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    que podem inundar sua mente,
    criando um tsunami de vergonha.
  • 5:23 - 5:29
    Parte da minha vergonha se manifestava
    em gerenciar a reação dos outros,
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    deixando-os confortáveis.
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    Eu me sentia culpada por fazê-los
    se sentirem desconfortáveis
  • 5:35 - 5:39
    e sentia que de alguma forma era minha
    responsabilidade abrandar a situação.
  • 5:55 - 5:57
    Fico muito emocionada contando isso.
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    Então, perdoem minha hesitação.
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    Mas, em meio a tudo isso,
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    eu escolhi, e ainda escolho,
    sair do armário.
  • 6:17 - 6:19
    Tenho um primo gay maravilhoso.
  • 6:20 - 6:23
    Recentemente, comemoramos
    o casamento dele.
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    Na festa de casamento,
    compartilhamos histórias,
  • 6:30 - 6:36
    e ele me contou que, aos 13 anos, em 1963,
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    ele havia chegado à conclusão
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    de que, pra ele,
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    ser gay significava
    que ele era um criminoso.
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    Aí, contei a ele, pela primeira vez...
  • 6:51 - 6:53
    nunca tinha contado isso a ele...
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    que, para mim, em 1972,
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    quando eu tinha 13 anos,
  • 6:59 - 7:02
    a forma como eu pensava e sentia
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    significava que eu tinha
    uma doença mental.
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    É preciso lembrar que somos
    de uma época antes de estrelas de novela,
  • 7:12 - 7:14
    antes de celebridades gays.
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    Não havia ninguém
    saindo do armário no YouTube.
  • 7:16 - 7:17
    Não tinha isso.
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    Não tínhamos ninguém
    como modelo de representatividade.
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    Vivíamos uma vida de segredos,
    e essa era a norma.
  • 7:26 - 7:30
    Inclusive, qualquer boate gay
    em qualquer cidade, pequena ou grande,
  • 7:30 - 7:33
    normalmente se chamaria
    "Secrets", segredos.
  • 7:33 - 7:35
    (Risos)
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    E ficava num porão de um bar,
    ou na parte dos fundos, escondida.
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    Até hoje,
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    todos sabem que o único sex shop
    para lésbicas em Londres se chama "Sh!".
  • 7:48 - 7:49
    (Risos)
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    Verdade. Fica numa rua antiga.
    Podem procurar.
  • 7:51 - 7:52
    (Risos)
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    Homens podem ir, de companhia.
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    Então, lá estávamos nós,
    na festa dele, comemorando,
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    mas falando sobre nossas lutas.
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    Falamos sobre a luta que é
    ouvir comentários, ver olhares tortos,
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    a aversão, o ódio...
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    Eram pequenas e constantes agressões
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    que se enraizaram em nosso corpo
    ao longo dos anos.
  • 8:24 - 8:27
    Mas, sabe, apesar disso tudo,
  • 8:27 - 8:32
    ambos concordamos que, de todas
    as conquistas em nossas vidas...
  • 8:32 - 8:38
    e tenho muito orgulho de dizer
    que meu primo é um renomado cravista...
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    de todas as conquistas
    que obtivemos na vida,
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    sair do armário ainda é a maior de todas.
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    Recentemente, fui muito impactada
  • 8:50 - 8:54
    por um documentário a que assisti
    sobre Martina Navrátilová,
  • 8:54 - 8:56
    chamado "Just Call Me Martina".
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    Alguém já assistiu?
  • 8:58 - 8:59
    Documentário fantástico.
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    Mas estava lá assistindo,
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    e ela falava sobre como, até recentemente,
  • 9:06 - 9:08
    ela se sentia inferior a todo mundo
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    porque ela não podia se casar
    com a pessoa que amava.
  • 9:13 - 9:17
    Fiquei assistindo e pensando:
    "Ai, meu Deus! É a Martina!"
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    Ela é ex-tenista e 59 vezes
    vencedora do Grand Slam!
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    Percebem?
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    Essa mulher é incrível!
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    Mesmo assim, até ela se sentia
    inferior a todo mundo
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    porque não podia se casar
    com a pessoa que ela amava.
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    Mas agora ela pode,
  • 9:36 - 9:41
    e é por causa da persistência
    da nossa geração em sair do armário
  • 9:42 - 9:46
    que conseguimos mudar a legislação
    e ganhar essa igualdade.
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    Mas não vamos confundir
    igualdade com equidade,
  • 9:51 - 9:58
    porque, embora tenhamos agora
    representação e igualdade jurídica
  • 9:58 - 10:00
    em diversas áreas,
  • 10:00 - 10:04
    será que podemos realmente dizer
    que vivemos num mundo
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    no qual podemos participar plenamente,
    independentemente da nossa sexualidade?
  • 10:11 - 10:13
    Ainda não tenho tanta certeza.
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    Mesmo com esses pequenos passos,
    na visão dos heterossexuais,
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    mas que são saltos grandes, gigantes,
    para as pessoas LGBT,
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    muita coisa ainda precisa melhorar.
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    A gente não sai do armário
    uma vez só na vida.
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    É um compromisso
    de coragem pra vida inteira.
  • 10:41 - 10:44
    Sabe, a nossa sexualidade
    não tem só a ver com sexo.
  • 10:44 - 10:49
    Tem a ver com a forma como vemos,
    encontramos, sentimos e tocamos o mundo.
  • 10:50 - 10:52
    E, principalmente, pra mim,
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    tem a ver com a forma como o mundo
    me encontra, vê, sente e me toca de volta.
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    Então, até que...
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    Sabe aquela coisa que vocês disseram
    que iriam fazer em pensamento
  • 11:08 - 11:10
    quando chegasse a hora certa?
  • 11:12 - 11:13
    Simplesmente façam.
  • 11:14 - 11:16
    Porque, pra mim,
  • 11:16 - 11:18
    até que chegue o momento
  • 11:19 - 11:25
    em que os 26% de trabalhadores gays,
    lésbicas, bissexuais e transgêneros
  • 11:25 - 11:30
    que não se sentem seguros em se assumirem
    no trabalho se sintam seguros...
  • 11:30 - 11:32
    Até que chegue o momento
  • 11:33 - 11:37
    em que os 72 países
    que ainda punem a homossexualidade
  • 11:38 - 11:41
    e em que ela ainda é ilegal
    mudem suas leis,
  • 11:42 - 11:43
    e em que os 10 países
  • 11:43 - 11:48
    que punem homossexuais
    com pena de morte parem com isso...
  • 11:49 - 11:51
    Até que chegue o momento
  • 11:52 - 11:57
    em que os 34% de jovens LGBTs
  • 11:58 - 12:00
    não cometam mais suicídio
  • 12:01 - 12:05
    e os 51% deles não se automutilem
    no Reino Unido hoje...
  • 12:07 - 12:08
    Até que chegue o momento
  • 12:08 - 12:12
    em que todos os LGBTs
    não precisem mais aguentar
  • 12:12 - 12:15
    o uso pejorativo da palavra "gay"...
  • 12:18 - 12:20
    Até que chegue esse momento...
  • 12:20 - 12:21
    E mais:
  • 12:22 - 12:24
    quando vivermos num mundo
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    em que não tenhamos
    que nos preocupar em sair do armário,
  • 12:28 - 12:30
    em que isso seja normal...
  • 12:31 - 12:33
    Até que chegue esse momento,
  • 12:33 - 12:34
    eu
  • 12:35 - 12:37
    e a minha linda esposa
  • 12:40 - 12:42
    continuaremos saindo do armário.
  • 12:42 - 12:43
    Obrigada.
  • 12:43 - 12:45
    (Aplausos)
Title:
Saber quando é a "hora certa": sair do armário, sem temer | Maria Esposito | TEDxWhitehallWomen
Description:

Maria Esposito é uma profissional da mídia.

Oriunda de Leicester, Maria é filha de um italiano fabricante de sorvetes e teve a experiência única de crescer numa fábrica de sorvetes! Mais tarde, ela estudou artes performáticas na Universidade De Montfort, imediatamente após sua graduação, trabalhou como atriz profissional durante 12 anos, até que foi para a BBC como editora de roteiros de comédia e produtora.

Em 1986, ela subiu aos palcos como comediante gay de stand-up, se apresentando em todo o Reino Unido e nos EUA. Maria foi uma das primeiras apresentadoras gays na TV e no rádio, comandando o especial da BBC Radio 4 chamado "A Sunday Outing", um programa gay, ao vivo e pré-gravado, de cinco horas de duração, e a série "Out", do canal 4.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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