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Moda que celebra todos os tipos de corpos — ousada e sem desculpas

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    Como "designers" de moda,
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    as nossas decisões têm o poder
    de mudar a nossa cultura.
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    Nós escolhemos quem lança
    os nossos desfiles e campanhas
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    e, em última análise,
    quem é incensado e considerado bonito
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    e quem não é.
  • 0:17 - 0:20
    Ter esta plataforma
    é uma responsabilidade.
  • 0:20 - 0:23
    Pode ser utilizada para excluir pessoas
  • 0:23 - 0:25
    ou dar poder a outras.
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    Quando eu era miúda,
    eu era obcecada pela moda.
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    Observava todos os tipos diferentes
    de revistas de moda
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    na minha livraria local.
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    Estar na moda era ser alta,
    magra, com o cabelo longo e brilhante.
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    Era isso que eu via como o ideal,
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    e que era reforçado em toda
    a parte para onde eu olhava.
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    E para ser honesta, ainda é.
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    Eu queria ser igual às modelos,
    por isso deixei de comer.
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    Foi um tempo sombrio na minha vida.
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    O meu transtorno alimentar consumia-me.
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    Eu só pensava
    em contar cada caloria,
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    e acordar cedo antes da escola,
    todos os dias,
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    para poder correr uns quilómetros.
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    Levei anos até perceber o controlo
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    que o transtorno alimentar
    representava na minha vida.
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    Mas quando percebi, libertei
    muito espaço no cérebro
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    para pensar qual era
    a minha verdadeira paixão.
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    Durante muito tempo,
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    a indústria da moda esforçou-se
    por definir um ideal de beleza
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    que considerasse como ideais
    os modelos magros, jovens,
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    brancos, cisgéneros,
    fisicamente aptos.
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    É impossível não sermos bombardeados
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    com imagens de modelos
    retocadas usando o "Photoshop",
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    onde não se vê um único poro,
    nenhuma gordura nem estrias à vista.
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    Não é preciso procurar muito
    para encontrar exemplos.
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    Essa definição de beleza é prejudicial,
    perigosa e destrutiva,
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    e precisamos de destruí-la imediatamente.
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    (Aplausos)
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    Fico feliz por vocês concordarem.
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    (Risos)
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    O pior foi que percebi,
    ao longo dos anos,
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    que a minha experiência
    de transtorno alimentar
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    não é uma anomalia.
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    Na verdade, fazem parte do percurso.
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    Penso que há um estudo que
    diz que 91% das mulheres
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    — e provavelmente de todas
    as identidades de género —
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    se sentem infelizes com o seu aspeto.
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    É imperdoável que vivamos
    numa sociedade
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    onde é normal ou se espera
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    que as adolescentes cresçam
    a odiar-se a si mesmas.
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    Temos lutado pela aceitação da gordura
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    e pela autonomia corporal
    das mulheres desde os anos 60.
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    E tem havido progressos.
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    Temos modelos de Tamanho Grande
    como a Ashley Graham
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    e artistas com mensagens positivas
    sobre o corpo,
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    como a "rapper" Lizzo,
    que invadem os "media".
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    Graças a Deus.
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    (Risos)
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    Há marcas como a Area
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    que realizam campanhas sem utilizar
    retoques de Photoshop.
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    Mas continuamos inundados
    de expetativas irrealistas.
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    Eu adoro esta frase que a Lizzo diz:
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    "A positividade do corpo só existe
    porque a negatividade do corpo é a norma".
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    Então, como é que mudados o estigma
    em volta de um aspeto diferente
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    ou de não nos encaixarmos
    nesta estreita definição de beleza?
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    Eu creio que é celebrando a beleza
    em todas as diferentes formas,
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    ousadamente e sem desculpas.
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    Mas muitos "designers"
    continuam a reforçar
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    essa definição tacanha de beleza.
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    Pela maneira como são ensinados na escola
    e como entram no mundo real,
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    utilizam manequins
    que são apenas tamanho 32,
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    ou desenham corpos
    que são super esticados,
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    desproporcionados anatomicamente.
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    Corpos de outros tamanhos
    não são considerados
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    no processo de "design".
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    Nem sequer se pensa neles.
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    Então para quem é
    que esses "designers" estão a criar?
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    Mas a conversa em torno
    da exclusividade na moda
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    não começa e termina com o tamanho.
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    Trata-se de ver pessoas de todas
    as diferentes expressões de género,
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    de diferentes níveis de aptidões,
    de diferentes idades,
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    de diferentes etnias
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    festejadas pela sua beleza especial.
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    No meu trabalho como "designer" de moda,
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    criei uma marca chamada Chromat,
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    e estamos empenhadas em capacitar
    mulheres e não-binários #ChromatBABES,
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    de todas as formas e tamanhos,
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    através de roupas
    perfeitamente ajustadas a cada corpo.
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    Os fatos de banho tornaram-se,
    para mim, muito importantes,
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    por causa do poder que
    esta peça única pode ter
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    sobre como as pessoas
    se sentem sobre si mesmas.
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    Queríamos focar-nos em celebrar
    todos os tipos de corpos
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    com uma roupa que seja
    cheia de insegurança.
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    Nos nossos desfiles vemos curvas,
    celulites e cicatrizes usadas com orgulho.
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    Somos um desfile, sim,
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    mas também somos uma celebração.
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    Eu não comecei a desenhar há 10 anos
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    com a missão de mudar toda a indústria.
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    Mas as modelos que lançámos na época,
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    amigas minhas que imploraram
    para participar nos meus "shows",
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    eram tão radicais para algumas pessoas
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    — e, infelizmente, ainda são diferentes
    ou estranhas para algumas —
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    que se tornaram uma grande parte
    daquilo por que somos conhecidos.
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    No entanto, a inclusão não significa nada
    se for apenas a nível superficial.
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    Nos bastidores,
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    do fotógrafo ao diretor de elenco,
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    aos estagiários,
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    a quem está a tomar as decisões
    nos bastidores,
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    é igualmente importante.
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    É imperioso incluir diversos tomadores
    de decisões neste processo,
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    e é sempre melhor colaborar
    com diferentes comunidades,
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    do que tentar falar por elas.
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    Isto é uma importante
    peça do quebra-cabeças
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    em que muitos jovens não pensam
    quando estão a começar as suas carreiras,
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    mas contratar uma modelo mais gorda
    ou um fotógrafo transexual,
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    ou uma mulher de cor
    como diretora de elenco,
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    ou uma maquilhadora negra
    — olá, Fatima Thomas —
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    que intimamente sabe
    como é importante
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    poder trabalhar com todos os tons de pele:
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    é essencial para criar uma saída
    inclusiva abrangente,
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    como esta.
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    Como "designers" de moda
    que nadam muito,
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    queríamos reescrever as regras
    sobre ter um corpo de biquíni.
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    Então criámos uma equipa de vigilantes
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    para impor diretrizes em torno da inclusão
    e aceitação na piscina.
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    Em vez de "não mergulhar" e "não correr",
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    que tal "celebrar a celulite,"
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    "proibido o policiamento corporal,"
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    e "intolerância não tolerada".
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    E isso foi imposto pelas vigilantes
    Mama Cax, Denise Bidot,
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    Geena Rocero, Ericka Hart e Emme,
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    todas elas ativistas por direito próprio.
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    Sempre senti que era importante
    mostrar uma série de corpos diferentes
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    nos nossos desfiles e campanhas.
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    Mas, na verdade, só recentemente
    conseguimos expandir
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    a nossa escala de tamanhos
    de forma importante.
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    Primeiro, lançámos a nossa coleção
    de curvas, há cinco anos.
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    Estávamos muito animadas.
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    Mas quando foi lançado,
    o plano não resultou.
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    Ninguém ficou interessado.
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    Nenhuma das nossas lojas
    armazenou os tamanhos grandes
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    e, se o fizeram, estavam
    noutro local do edifício.
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    Uma vez, a nossa equipa de vendas disse:
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    "Sabes, é ótimo teres modelos trans
    e modelos com curvas nos desfiles.
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    "Aprecio o que estás a fazer.
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    "Mas quando os compradores
    vêm ver a coleção para o mercado,
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    "eles querem vender um sonho,
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    "eles querem ver algo
    que eles aspiram ser."
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    Ou seja, as nossas modelos não eram isso.
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    Mas eu percebi que é muito mais importante
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    abrir esse sonho para mais pessoas.
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    E quero que o consumidor saiba
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    que não é o seu corpo que precisa mudar,
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    são as roupas.
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    (Aplausos)
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    É necessário ter mais opções de moda
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    de todos os tamanhos
    e em todos os retalhistas.
  • 7:13 - 7:15
    Então, finalmente, em 2018,
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    a Nordstrom fez uma encomenda
    até ao tamanho 52.
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    Isso foi uma grande mudança para nós
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    ter um grande retalhista a investir
    ao adicionar essas unidades,
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    para podermos ir à fábrica,
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    — agora subimos até 4X,
    que é equivalente ao tamanho 54.
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    Ter esse investimento
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    ajudou-nos a realinhar todo
    o nosso processo de "design".
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    Agora temos corpos de tamanhos diferentes
    para esboçar e armar no estúdio.
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    E se mais escolas de moda
    ensinassem estas competências,
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    mais "designers" poderiam
    projetar para todos os corpos.
  • 7:45 - 7:48
    (Aplausos)
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    Então, como estilistas, o nosso trabalho
    é utilizar a nossa plataforma
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    para destruir essa definição
    estreita e restritiva de beleza.
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    O meu objetivo é que um dia,
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    as adolescentes cresçam sem sentir
    a mesma pressão que eu senti
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    para obedecer à norma.
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    Espero que o nosso trabalho contribua
    para a indústria da moda se abrir
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    e celebrar muitas identidades diferentes.
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    Obrigada.
  • 8:13 - 8:16
    (Aplausos)
Title:
Moda que celebra todos os tipos de corpos — ousada e sem desculpas
Speaker:
Becca McCharen-Tran
Description:

Os "designers" de moda têm o poder de mudar a cultura e Becca McCharen-Tran está a usar a sua plataforma para expandir a definição estreita de beleza do setor. Partilhando destaques do seu trabalho, McCharen-Tran analisa a inspiração por detrás dos seus projetos que abalam as normas e mostra como está a comemorar a beleza em todas as suas formas. "Quero que o consumidor saiba que não é o corpo que precisa mudar — são as roupas", diz ela.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:29
  • A revisão contém expressões e gramática PT-BR e não PT-PT, é necessário corrigir.

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