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Como é ser refugiado? | Belma e Refik Sadikovic | TEDxBoise

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    Refik Sadikovic: Como compartilhar
    com vocês em tão pouco tempo
  • 0:07 - 0:09
    o que significa ser refugiado?
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    A definição padrão de um refugiado
    é quando você tem que fugir de seu país
  • 0:13 - 0:16
    por causa do medo e perseguição.
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    Mas, "refugiado" significa muito mais
    que a definição inventada pelos livros.
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    Significa correr, correr
    e deixar tudo que você tem:
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    sua família, amigos, seu país,
  • 0:26 - 0:30
    por causa da guerra, e porque
    você não tem outra escolha.
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    Belma Sadikovic:
    Mas, como é ser refugiado?
  • 0:35 - 0:39
    Imagine sua vida, e futuro
    destruídos por bombas.
  • 0:39 - 0:43
    O som das sirenes, tiros,
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    ver pessoas correndo, morrendo.
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    Você é deixado com poucas coisas:
    suas memórias, esperança de proteção,
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    e o desejo de uma vida nova
    a salvo em algum lugar.
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    Mas nem todo desejo do refugiado
    se torna realidade.
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    O fato é que menos de 1%
    dos 20 milhões de refugiados no mundo
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    se restabelecem em um novo país.
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    RS: Vários meios de comunicação
    e discussões políticas
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    retratam pontos negativos
    da vida dos refugiados
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    enquanto deixam de fora
    as dificuldades e sucessos deles.
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    Mas, levaremos vocês através
    da jornada de um refugiado
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    usando nossas histórias
    e estágios de reassentamento.
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    BS: Em 7 de janeiro de 1993,
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    minha mãe e eu escapamos
    dos horrores da guerra na Bósnia.
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    E com oito anos, eu deixei tudo para trás:
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    meus amigos, família,
    e sonhos de uma criança.
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    Nevava durante uma noite
    e me lembro de meu pai dizendo:
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    "Você precisar partir, e não se preocupe
    comigo. Eu preciso ficar".
  • 2:06 - 2:09
    Eu me lembro dos olhos cheios
    de lágrimas da minha mãe.
  • 2:10 - 2:17
    Essa foi a primeira vez que senti
    na pele o que é ser refugiado.
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    RS: Eu tinha uma vida boa na Bósnia.
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    Eu frequentava a escola,
    aproveitava a paz e a liberdade.
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    Mas eu me lembro que um dia
    em 1992, eu estava na classe,
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    e de repente, bombas.
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    Tudo mudou para sempre.
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    Logo depois, fui forçado a ir para guerra,
    junto com os meus colegas de classe.
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    A guerra tomou tudo que eu tinha,
    até a vida do meu pai.
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    Dois anos depois, eu fui gravemente ferido
    e junto com 40 mil outros refugiados,
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    fui forçado a fugir do meu país.
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    Essa foi a primeira vez que eu deixava
    a minha casa. Eu não tinha outra escolha.
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    BS: Eu me lembro da manhã
    em que meu pai contratou um homem
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    para levar minha mãe e eu
    do outro lado da fronteira.
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    Quando sentei no carro, me disseram
    que estávamos indo para Alemanha.
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    Através da janela embaçada, vi a
    imagem do meu pai desaparecendo.
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    Com lágrimas nos meus olhos, eu acenei
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    até não poder ver mais meu pai.
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    Nada fazia sentido.
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    RS: Depois de fugir da Bósnia, fui parar
    em um campo de refugiados na Croácia,
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    junto com 40 mil refugiados.
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    Fomos parados no meio da estrada
    pelos militares croatas.
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    Fui gravemente ferido
    uma semana antes de escapar.
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    O estilhaço que estou segurando
    entrou na minha artéria perto do coração
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    e desceu para minha perna
    e ficou lá por 15 anos.
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    A situação no campo era horrível.
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    Não tínhamos assistência médica,
    alimento, água ou lugar para dormir.
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    Para sobreviver, eu decidi
    sair do campo e andar até a Áustria.
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    Lembro-me da minha mãe dizendo:
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    "Vai, salva a tua vida,
    não se preocupe conosco".
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    A jornada para a Áustria
    foi muito difícil;
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    tive que andar por campos minados,
    rios gelados e florestas.
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    Mas finalmente, consegui escapar
    da brutalidade da guerra da Bósnia.
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    BS: Minha primeira experiência
    como refugiada foi na Alemanha,
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    e a segunda foi nos Estados Unidos.
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    Na Alemanha, nos foi concedida
    permanência temporária,
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    e não podíamos retornar para Bósnia
    porque era muito perigoso.
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    Então, solicitamos o visto
    para entrarmos nos Estados Unidos,
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    e levou dois anos para o restabelecimento.
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    Eu tinha 16 anos quando vim para Boise.
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    E os primeiros anos foram os mais difíceis
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    para a minha família e eu
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    porque não falávamos inglês
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    nem entendíamos a cultura americana.
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    Um mês após a chegada,
    meus pais foram procurar emprego.
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    E logo, conseguiram o segundo
    trabalho para pagar as contas.
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    Eu segui trabalhando enquanto estudava.
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    RS: Após viver na Áustria por três anos,
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    meu status de refugiado expirou,
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    e foi-me dito que tinha que deixar
    o país, mas ir para onde?
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    Fui à embaixada americana na Croácia,
    e solicitei o visto para ser reassentado.
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    Dois anos depois, me estabeleci em Boise.
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    Os primeiros dias em Boise foram
    difíceis, porque eu não falava a língua.
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    Lembro que no mercado tive dificuldades
    de dizer que queria pasta de dente.
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    Mas depois de quatro semanas, fiquei feliz
    por conseguir meu primeiro emprego,
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    Lembro da minha assistente social
    dizendo: "Segure o seu emprego".
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    BS: Eu sempre sonhei
    em entrar na universidade,
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    e os Estados Unidos me deram
    a oportunidade de estudar.
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    Com a ajuda do meu professor, Sr. B,
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    consegui terminar
    o ensino médio com sucesso
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    e me matricular na universidade local.
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    E hoje, estou terminando meu doutorado.
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    Não só foi-me dada a oportunidade
    da investir em educação,
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    mas recebi um presente:
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    o de poder defender
    a população de refugiados
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    e outros grupos marginalizados
    em nossa comunidade.
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    RS: Desde que vim para Boise há 16 anos,
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    eu estava trabalhando muito duro
    para me estabilizar no novo país.
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    Eu trabalhava no departamento
    de engenharia da Micron,
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    e fui encorajado a entrar na universidade
    e continuar minha educação,
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    educação que foi destruída
    por bombas na Bósnia.
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    Hoje, como estudante de doutorado
    fico feliz em poder usar minha educação
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    e minhas experiências para ajudar
    minha comunidade a prosperar.
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    BS: Com nossas histórias vocês viram
    que um refugiado só quer ter uma vida:
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    uma vida sem medo, uma vida sem guerra.
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    Mas a história dos refugiados
    não acaba com o reassentamento,
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    nos integramos, nos tornamos
    cidadãos americanos,
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    crescemos, fizemos amigos
    e constituímos família.
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    Desejamos que nossa história
    ajude a mudar a maneira com a qual
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    nossa sociedade vê os refugiados
    que fogem para salvar a vida deles.
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    É tempo da nossa nação
    começar a ver os refugiados
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    não como uma desvantagem,
    mas como um patrimônio.
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    e não como um fardo,
    mas como apropriados.
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    Não é isso que nosso país defende?
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    BS: Obrigada!
    RS: Obrigado!
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    (Aplausos) ( Vivas)
Title:
Como é ser refugiado? | Belma e Refik Sadikovic | TEDxBoise
Description:

Aparte de todas as estatísticas e política de debates, a experiência de um indivíduo refugiado é profunda e pessoal. Os refugiados bósnios Refik e Belma Sadikovic compartilham suas histórias aqui; duas jornadas completamente diferentes fugindo da Bósnia devastada pela guerra e terminando em Boise, Idaho, onde eles se conheceram. Enquanto discussões recentes sobre a "situação dos refugiados" foca o primeiro desafio dos estágios iniciais de reassentamento, quando os refugiados dependem de serviços, recursos e suporte, a história de Sadikovics nos lembra o que acontece depois que os refugiados se restabelecem: eles se tornam bens da comunidade servindo os novos norte-americanos e as novas comunidades.

Belma Sadikovic é uma estudiosa em ascensão, dedicada ativista dos direitos humanos, e defende os refugiados em escala local e mundial; ela também é a cofundadora do "Boise State Refugee Alliance". Hoje, doutoranda, Belma usa suas experiências para ensinar seus alunos a tornarem-se mais autossuficientes. Belma é uma valorosa defensora dos refugiados que estão conquistando sua educação. Ela acredita que há um poder curador tremendo e energia positiva em prover oportunidades para os outros.

Em 2000, Refik estabeleceu-se como refugiado em Boise. Ele se tornou um engenheiro técnico respeitado na empresa "Micron", e foi encorajado a cursar a faculdade. Refik agora ensina na Universidade Estadual de Boise, onde faz doutorado. Ele é o cofundador do "Boise State Refugee Alliance" e defende os refugiados e direitos humanos. Após ter melhorado sua vida nos U.S., ele trabalha para ajudar outros refugiados e minorias a alcançar o sucesso acadêmico e profissional.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferênciaTED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx".*

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
08:38

Portuguese, Brazilian subtitles

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