Como é ser refugiado? | Belma e Refik Sadikovic | TEDxBoise
-
0:04 - 0:07Refik Sadikovic: Como compartilhar
com vocês em tão pouco tempo -
0:07 - 0:09o que significa ser refugiado?
-
0:09 - 0:13A definição padrão de um refugiado
é quando você tem que fugir de seu país -
0:13 - 0:16por causa do medo e perseguição.
-
0:16 - 0:20Mas, "refugiado" significa muito mais
que a definição inventada pelos livros. -
0:20 - 0:23Significa correr, correr
e deixar tudo que você tem: -
0:23 - 0:26sua família, amigos, seu país,
-
0:26 - 0:30por causa da guerra, e porque
você não tem outra escolha. -
0:30 - 0:34Belma Sadikovic:
Mas, como é ser refugiado? -
0:35 - 0:39Imagine sua vida, e futuro
destruídos por bombas. -
0:39 - 0:43O som das sirenes, tiros,
-
0:43 - 0:47ver pessoas correndo, morrendo.
-
0:48 - 0:54Você é deixado com poucas coisas:
suas memórias, esperança de proteção, -
0:54 - 0:59e o desejo de uma vida nova
a salvo em algum lugar. -
0:59 - 1:02Mas nem todo desejo do refugiado
se torna realidade. -
1:02 - 1:08O fato é que menos de 1%
dos 20 milhões de refugiados no mundo -
1:08 - 1:11se restabelecem em um novo país.
-
1:12 - 1:15RS: Vários meios de comunicação
e discussões políticas -
1:15 - 1:17retratam pontos negativos
da vida dos refugiados -
1:17 - 1:21enquanto deixam de fora
as dificuldades e sucessos deles. -
1:22 - 1:27Mas, levaremos vocês através
da jornada de um refugiado -
1:27 - 1:32usando nossas histórias
e estágios de reassentamento. -
1:33 - 1:37BS: Em 7 de janeiro de 1993,
-
1:37 - 1:42minha mãe e eu escapamos
dos horrores da guerra na Bósnia. -
1:42 - 1:47E com oito anos, eu deixei tudo para trás:
-
1:47 - 1:52meus amigos, família,
e sonhos de uma criança. -
1:53 - 1:58Nevava durante uma noite
e me lembro de meu pai dizendo: -
1:59 - 2:06"Você precisar partir, e não se preocupe
comigo. Eu preciso ficar". -
2:06 - 2:09Eu me lembro dos olhos cheios
de lágrimas da minha mãe. -
2:10 - 2:17Essa foi a primeira vez que senti
na pele o que é ser refugiado. -
2:17 - 2:19RS: Eu tinha uma vida boa na Bósnia.
-
2:19 - 2:23Eu frequentava a escola,
aproveitava a paz e a liberdade. -
2:23 - 2:27Mas eu me lembro que um dia
em 1992, eu estava na classe, -
2:27 - 2:30e de repente, bombas.
-
2:30 - 2:32Tudo mudou para sempre.
-
2:33 - 2:38Logo depois, fui forçado a ir para guerra,
junto com os meus colegas de classe. -
2:38 - 2:42A guerra tomou tudo que eu tinha,
até a vida do meu pai. -
2:43 - 2:48Dois anos depois, eu fui gravemente ferido
e junto com 40 mil outros refugiados, -
2:48 - 2:50fui forçado a fugir do meu país.
-
2:50 - 2:56Essa foi a primeira vez que eu deixava
a minha casa. Eu não tinha outra escolha. -
2:58 - 3:02BS: Eu me lembro da manhã
em que meu pai contratou um homem -
3:02 - 3:05para levar minha mãe e eu
do outro lado da fronteira. -
3:06 - 3:11Quando sentei no carro, me disseram
que estávamos indo para Alemanha. -
3:11 - 3:17Através da janela embaçada, vi a
imagem do meu pai desaparecendo. -
3:18 - 3:23Com lágrimas nos meus olhos, eu acenei
-
3:23 - 3:26até não poder ver mais meu pai.
-
3:26 - 3:28Nada fazia sentido.
-
3:29 - 3:33RS: Depois de fugir da Bósnia, fui parar
em um campo de refugiados na Croácia, -
3:33 - 3:36junto com 40 mil refugiados.
-
3:36 - 3:40Fomos parados no meio da estrada
pelos militares croatas. -
3:41 - 3:45Fui gravemente ferido
uma semana antes de escapar. -
3:45 - 3:49O estilhaço que estou segurando
entrou na minha artéria perto do coração -
3:49 - 3:54e desceu para minha perna
e ficou lá por 15 anos. -
3:54 - 3:57A situação no campo era horrível.
-
3:57 - 4:02Não tínhamos assistência médica,
alimento, água ou lugar para dormir. -
4:02 - 4:07Para sobreviver, eu decidi
sair do campo e andar até a Áustria. -
4:07 - 4:09Lembro-me da minha mãe dizendo:
-
4:09 - 4:12"Vai, salva a tua vida,
não se preocupe conosco". -
4:13 - 4:16A jornada para a Áustria
foi muito difícil; -
4:16 - 4:21tive que andar por campos minados,
rios gelados e florestas. -
4:21 - 4:25Mas finalmente, consegui escapar
da brutalidade da guerra da Bósnia. -
4:27 - 4:31BS: Minha primeira experiência
como refugiada foi na Alemanha, -
4:31 - 4:36e a segunda foi nos Estados Unidos.
-
4:36 - 4:39Na Alemanha, nos foi concedida
permanência temporária, -
4:39 - 4:44e não podíamos retornar para Bósnia
porque era muito perigoso. -
4:45 - 4:48Então, solicitamos o visto
para entrarmos nos Estados Unidos, -
4:48 - 4:52e levou dois anos para o restabelecimento.
-
4:53 - 4:57Eu tinha 16 anos quando vim para Boise.
-
4:57 - 5:00E os primeiros anos foram os mais difíceis
-
5:00 - 5:02para a minha família e eu
-
5:02 - 5:05porque não falávamos inglês
-
5:05 - 5:08nem entendíamos a cultura americana.
-
5:08 - 5:13Um mês após a chegada,
meus pais foram procurar emprego. -
5:13 - 5:18E logo, conseguiram o segundo
trabalho para pagar as contas. -
5:18 - 5:23Eu segui trabalhando enquanto estudava.
-
5:24 - 5:27RS: Após viver na Áustria por três anos,
-
5:27 - 5:29meu status de refugiado expirou,
-
5:29 - 5:33e foi-me dito que tinha que deixar
o país, mas ir para onde? -
5:34 - 5:38Fui à embaixada americana na Croácia,
e solicitei o visto para ser reassentado. -
5:38 - 5:42Dois anos depois, me estabeleci em Boise.
-
5:42 - 5:47Os primeiros dias em Boise foram
difíceis, porque eu não falava a língua. -
5:47 - 5:54Lembro que no mercado tive dificuldades
de dizer que queria pasta de dente. -
5:54 - 5:59Mas depois de quatro semanas, fiquei feliz
por conseguir meu primeiro emprego, -
5:59 - 6:03Lembro da minha assistente social
dizendo: "Segure o seu emprego". -
6:03 - 6:07BS: Eu sempre sonhei
em entrar na universidade, -
6:07 - 6:12e os Estados Unidos me deram
a oportunidade de estudar. -
6:13 - 6:16Com a ajuda do meu professor, Sr. B,
-
6:16 - 6:19consegui terminar
o ensino médio com sucesso -
6:19 - 6:22e me matricular na universidade local.
-
6:22 - 6:26E hoje, estou terminando meu doutorado.
-
6:27 - 6:32Não só foi-me dada a oportunidade
da investir em educação, -
6:32 - 6:34mas recebi um presente:
-
6:34 - 6:39o de poder defender
a população de refugiados -
6:39 - 6:43e outros grupos marginalizados
em nossa comunidade. -
6:43 - 6:46RS: Desde que vim para Boise há 16 anos,
-
6:46 - 6:50eu estava trabalhando muito duro
para me estabilizar no novo país. -
6:52 - 6:55Eu trabalhava no departamento
de engenharia da Micron, -
6:55 - 6:59e fui encorajado a entrar na universidade
e continuar minha educação, -
6:59 - 7:03educação que foi destruída
por bombas na Bósnia. -
7:03 - 7:08Hoje, como estudante de doutorado
fico feliz em poder usar minha educação -
7:08 - 7:12e minhas experiências para ajudar
minha comunidade a prosperar. -
7:13 - 7:19BS: Com nossas histórias vocês viram
que um refugiado só quer ter uma vida: -
7:19 - 7:24uma vida sem medo, uma vida sem guerra.
-
7:24 - 7:28Mas a história dos refugiados
não acaba com o reassentamento, -
7:28 - 7:33nos integramos, nos tornamos
cidadãos americanos, -
7:33 - 7:37crescemos, fizemos amigos
e constituímos família. -
7:37 - 7:43Desejamos que nossa história
ajude a mudar a maneira com a qual -
7:43 - 7:49nossa sociedade vê os refugiados
que fogem para salvar a vida deles. -
7:50 - 7:56É tempo da nossa nação
começar a ver os refugiados -
7:56 - 8:00não como uma desvantagem,
mas como um patrimônio. -
8:00 - 8:05e não como um fardo,
mas como apropriados. -
8:05 - 8:10Não é isso que nosso país defende?
-
8:10 - 8:12BS: Obrigada!
RS: Obrigado! -
8:12 - 8:14(Aplausos) ( Vivas)
- Title:
- Como é ser refugiado? | Belma e Refik Sadikovic | TEDxBoise
- Description:
-
Aparte de todas as estatísticas e política de debates, a experiência de um indivíduo refugiado é profunda e pessoal. Os refugiados bósnios Refik e Belma Sadikovic compartilham suas histórias aqui; duas jornadas completamente diferentes fugindo da Bósnia devastada pela guerra e terminando em Boise, Idaho, onde eles se conheceram. Enquanto discussões recentes sobre a "situação dos refugiados" foca o primeiro desafio dos estágios iniciais de reassentamento, quando os refugiados dependem de serviços, recursos e suporte, a história de Sadikovics nos lembra o que acontece depois que os refugiados se restabelecem: eles se tornam bens da comunidade servindo os novos norte-americanos e as novas comunidades.
Belma Sadikovic é uma estudiosa em ascensão, dedicada ativista dos direitos humanos, e defende os refugiados em escala local e mundial; ela também é a cofundadora do "Boise State Refugee Alliance". Hoje, doutoranda, Belma usa suas experiências para ensinar seus alunos a tornarem-se mais autossuficientes. Belma é uma valorosa defensora dos refugiados que estão conquistando sua educação. Ela acredita que há um poder curador tremendo e energia positiva em prover oportunidades para os outros.
Em 2000, Refik estabeleceu-se como refugiado em Boise. Ele se tornou um engenheiro técnico respeitado na empresa "Micron", e foi encorajado a cursar a faculdade. Refik agora ensina na Universidade Estadual de Boise, onde faz doutorado. Ele é o cofundador do "Boise State Refugee Alliance" e defende os refugiados e direitos humanos. Após ter melhorado sua vida nos U.S., ele trabalha para ajudar outros refugiados e minorias a alcançar o sucesso acadêmico e profissional.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferênciaTED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx".*
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 08:38