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Ninguém quer saber a verdade | Rocío Vidal | TEDxMálaga

  • 0:15 - 0:20
    Quantos de vocês já mudaram de opinião
    sobre qualquer coisa em que acreditavam
  • 0:20 - 0:21
    na última semana?
  • 0:22 - 0:23
    Levantem as mãos.
  • 0:24 - 0:27
    Muito bem, vemos logo
    que estamos na TED, não é?
  • 0:27 - 0:30
    Os estudos não dizem o mesmo,
    mas vamos continuar.
  • 0:30 - 0:34
    É normal que nos custe mudar de opinião,
  • 0:34 - 0:37
    e isso deve-se a um gérmen no cérebro,
  • 0:37 - 0:39
    uma falha na matriz,
  • 0:39 - 0:44
    um erro de pensamento que causa
    99% das discussões no Twitter
  • 0:44 - 0:47
    e nove em cada dez discussões
    com o nosso cunhado, no Natal.
  • 0:47 - 0:48
    (Risos)
  • 0:48 - 0:50
    É o preconceito da confirmação.
  • 0:51 - 0:53
    É difícil, eu sei, o que é
    isso de preconceito?
  • 0:53 - 0:56
    Os preconceitos são defeitos,
    são erros do pensamento.
  • 0:56 - 0:59
    Utilizamo-los para sermos mais eficazes
  • 0:59 - 1:01
    e percebermos melhor a realidade,
  • 1:01 - 1:03
    mas também fazem
    com que ela seja distorcida.
  • 1:04 - 1:06
    Mas é claro que o preconceito
    da confirmação
  • 1:06 - 1:09
    é o que tem sempre razão,
    é o rei da coroa.
  • 1:10 - 1:15
    O preconceito da confirmação
    é que damos muito mais importância
  • 1:15 - 1:19
    às ideias que confirmam
    as nossas ideias já feitas.
  • 1:19 - 1:23
    E o nosso cérebro gosta de alimentar-se
    daquilo que já conhece
  • 1:23 - 1:27
    e rejeita tudo o que
    seja estranho, alheio,
  • 1:27 - 1:30
    tudo o que desafie as nossas
    ideias prévias.
  • 1:30 - 1:33
    Assim, meus amigos,
    hoje vamos ver uma batalha épica,
  • 1:33 - 1:37
    o preconceito da confirmação
    contra o pensamento crítico.
  • 1:38 - 1:40
    Como em tudo na vida,
    tudo começa com uma história.
  • 1:40 - 1:42
    Esta é a minha.
  • 1:42 - 1:46
    Eu fui sempre uma miúda
    um pouco indisciplinada
  • 1:46 - 1:49
    e, sobretudo, muito perguntadora,
    mas mesmo muito perguntadora.
  • 1:49 - 1:52
    Recordo que, na escola,
    em todas as disciplinas
  • 1:52 - 1:55
    eu fazia perguntas, porque
    sempre me custou muito
  • 1:56 - 1:59
    entender as coisas sem uma explicação.
  • 1:59 - 2:01
    Por isso, ficava frustrada,
    em muitas ocasiões,
  • 2:02 - 2:06
    porque muitas vezes, os professores
    respondiam-me às perguntas:
  • 2:06 - 2:10
    "É assim porque sim" ou
    "Não é assim porque não, e pronto".
  • 2:11 - 2:15
    Recordo, em concreto, aos oito anos,
    ao preparar-me para a comunhão
  • 2:16 - 2:21
    — digamos que a minha ideia de Deus
    sempre me foi um pouco incómoda
  • 2:21 - 2:23
    porque não conseguia entender
  • 2:23 - 2:26
    como era possível que um homem
    se transformasse em pomba
  • 2:26 - 2:28
    e como era possível
    que estivesse em toda a parte.
  • 2:28 - 2:30
    Fazia-me muita confusão,
    não percebia nada.
  • 2:30 - 2:34
    Quando perguntava,
    a minha catequista respondia:
  • 2:34 - 2:35
    "Porque é o que a Bíblia diz,
  • 2:35 - 2:38
    "porque os caminhos do Senhor
    são inescrutáveis"
  • 2:38 - 2:40
    e esse tipo de coisas que se dizem.
  • 2:40 - 2:44
    Felizmente, em casa tive mais sorte
    e recordo de, um dia, a minha mãe dizer:
  • 2:44 - 2:47
    "Não tens de aceitar as coisas
    porque sim ou porque não,
  • 2:47 - 2:51
    "algumas te satisfarão
    e outras não, e não as aceitarás.
  • 2:51 - 2:53
    "Quando fores mais velha, perceberás".
  • 2:53 - 2:57
    Assim, agradeço à minha mãe
    por plantar a semente
  • 2:57 - 2:59
    do meu pensamento crítico.
  • 3:00 - 3:04
    Mas, digamos, que essa semente
    não germinou muito bem
  • 3:04 - 3:07
    e vou contar aqui, mas
    não vou dar mais pormenores.
  • 3:07 - 3:09
    Não é verdade,
    eu vou dar mais pormenores,
  • 3:09 - 3:11
    porque viemos aqui
    para contar as vergonhas.
  • 3:11 - 3:14
    Na adolescência, fui a maior
    defensora da Power Balance.
  • 3:14 - 3:18
    Se se lembram, era o nome
    da pulseira que dava superpoderes,
  • 3:18 - 3:20
    melhorava a saúde e tudo isso.
  • 3:20 - 3:24
    Vivia cheia de alegria,
    era um efeito placebo.
  • 3:25 - 3:28
    Eu também era a maior defensora
    do "El Secreto".
  • 3:28 - 3:30
    Não sei se conhecem este livro,
    a Lei da Atração,
  • 3:30 - 3:35
    que diz que, no final, o universo
    devolve-nos tudo o que damos
  • 3:35 - 3:38
    e que, se desejarmos muito uma coisa,
    consegui-la-emos.
  • 3:38 - 3:40
    Pois, eu também era
    esse tipo de defensora.
  • 3:40 - 3:43
    Durante esses anos obscuros
    da adolescência,
  • 3:43 - 3:48
    deixei de ser esse tipo de pessoa
    que pensa que, se desejar muito uma coisa,
  • 3:48 - 3:51
    muito, muito, muito, consegui-la-á,
  • 3:51 - 3:54
    para ser o tipo de pessoa que pensa
    que, se desejar muito uma coisa,
  • 3:54 - 3:58
    muito, muito, muito,
    o normal é acabar na fossa
  • 3:58 - 4:00
    (Risos)
  • 4:00 - 4:01
    e não acontecerá nada.
  • 4:01 - 4:04
    O fracasso faz parte da vida
    e não acontece nada.
  • 4:06 - 4:10
    Então, depois desses anos obscuros,
    amadureci um pouco
  • 4:10 - 4:14
    e chego à universidade e digo:
    "Vou estudar jornalismo.
  • 4:15 - 4:18
    "Quero descobrir o que é
    a informação, o que são os dados,
  • 4:18 - 4:21
    "o que é transmitir as coisas
    com objetividade".
  • 4:22 - 4:26
    Deceção! Tudo patranhas,
    a objetividade não existe.
  • 4:26 - 4:28
    Isso aprendemos logo
    na primeira aula de jornalismo.
  • 4:28 - 4:31
    Todos nós vivemos
    numa realidade enviesada,
  • 4:31 - 4:33
    enviesada pelas nossas crenças,
  • 4:33 - 4:35
    pela nossa visão distorcida da realidade,
  • 4:35 - 4:37
    pelas nossas ideias prévias
    sobre as coisas,
  • 4:37 - 4:39
    pelos nossos preconceitos.
  • 4:39 - 4:40
    Não acontece nada.
  • 4:40 - 4:43
    Durante o curso, aprendi
    que queria contribuir
  • 4:43 - 4:48
    com um pequeno grão de areia
    para equilibrar um pouco essa balança
  • 4:48 - 4:50
    tão desequilibrada com
    os nossos preconceitos.
  • 4:50 - 4:53
    E aí nasceu "A gata de Schrödinger",
  • 4:53 - 4:56
    um canal de ciência,
    de pensamento crítico,
  • 4:56 - 5:00
    sem outras pretensões que não fossem
    despertar a curiosidade das pessoas,
  • 5:00 - 5:02
    sobretudo dos jovens,
  • 5:02 - 5:04
    e fazê-los pensar um pouco.
  • 5:04 - 5:07
    Desde que estou mais ativa
    nas redes sociais,
  • 5:07 - 5:09
    no YouTube e, sobretudo,
    também no Twitter,
  • 5:09 - 5:12
    apercebi-me de que
    nos temos transformado
  • 5:12 - 5:15
    em escravos das nossas opiniões.
  • 5:15 - 5:18
    Somos totalmente escravos na Internet.
  • 5:19 - 5:22
    Na Internet, tudo funciona
    por grupos, por pacotes ideológicos,
  • 5:22 - 5:24
    temos de comprar um pacote.
  • 5:24 - 5:29
    Se ficamos no meio, se discutimos,
    ou se não compramos,
  • 5:29 - 5:33
    proclamamos, em 280 caracteres,
    que ficamos em terra de ninguém,
  • 5:33 - 5:37
    quer seja falando de ciência,
    de política, de feminismo,
  • 5:37 - 5:40
    é tudo igual, os excessos não se vendem.
  • 5:40 - 5:44
    Não somos feitos para questionar
    o que vem de nós mesmos
  • 5:44 - 5:47
    e rejeitar tudo o que vem dos outros.
  • 5:47 - 5:52
    Portanto, aprendemos isso
    e também que ninguém está isento disso.
  • 5:53 - 5:57
    Como digo, ninguém está isento
    dos seus preconceitos.
  • 5:57 - 6:00
    Eu venho aqui com um discurso
    em prol do pensamento crítico,
  • 6:00 - 6:02
    em prol do ceticismo,
  • 6:02 - 6:05
    mas sou a primeira que,
    se o meu cérebro gosta de qualquer coisa,
  • 6:05 - 6:07
    compro logo à primeira.
  • 6:07 - 6:11
    Um exemplo muito claro
    ocorreu já pouco tempo.
  • 6:11 - 6:14
    Foi uma notícia que saiu
    em todos os meios de comunicação:
  • 6:14 - 6:19
    "Uma jornalista antivacinas, de 25 anos,
    morre com gripe porcina".
  • 6:19 - 6:21
    Meu Deus, eu li aquilo.
  • 6:21 - 6:25
    Os antivacinas são
    o inimigo público nr. 1.
  • 6:26 - 6:29
    O que é suculento, para o Twitter.
  • 6:29 - 6:32
    Já me estou a ver a escrever um "tweet":
  • 6:32 - 6:36
    "Prémio Darwin 2019,
    a seleção natural fez o seu trabalho".
  • 6:36 - 6:42
    É que apareceu, por todo o lado,
    e todos engolimos aquela notícia.
  • 6:42 - 6:47
    Mas era falsa, resulta que aquela
    suposta jornalista antivacinas
  • 6:47 - 6:50
    era um "tweet" fora de contexto
    de há imensos anos
  • 6:50 - 6:52
    que, certamente, era sarcástico.
  • 6:52 - 6:55
    A vacina anti gripe porcina
    nem sequer é obrigatória nos EUA.
  • 6:55 - 6:59
    Ou seja, uma patranha absoluta
    que todos engolimos.
  • 6:59 - 7:00
    Assim é a vida.
  • 7:00 - 7:05
    Vivo esta rejeição à primeira
    de ideias diferentes
  • 7:05 - 7:08
    todos os dias, nas redes sociais.
  • 7:08 - 7:12
    Tenho um conteúdo que pode afetar
    ou confrontar as ideias ou as crenças
  • 7:12 - 7:14
    de muita gente, em certas ocasiões.
  • 7:14 - 7:18
    Por exemplo, no meu último vídeo,
    fui a um congresso sobre a Terra plana
  • 7:18 - 7:22
    para ouvir, educadamente,
    as opiniões daquelas pessoas
  • 7:22 - 7:24
    defensoras da teoria da Terra plana,
  • 7:24 - 7:28
    mas também para contestar um pouco
    a ciência desse congresso
  • 7:29 - 7:30
    sobre a teoria da Terra plana,
  • 7:30 - 7:32
    mas fui muito educada.
  • 7:32 - 7:34
    Os comentários que estão a ver no ecrã
  • 7:34 - 7:40
    são das últimas horas da conferência
  • 7:40 - 7:44
    e dizem-me que sou burra, tola,
    não faço a mínima ideia.
  • 7:44 - 7:48
    Sobretudo, chamou-me a atenção
    um comentário que dizia:
  • 7:48 - 7:52
    "O lugar das mulheres é na cozinha,
    não é a fazer de cientistas".
  • 7:52 - 7:54
    (Risos)
  • 7:54 - 7:56
    Fiquei surpreendida porque não sabia
  • 7:56 - 7:58
    que os homens das cavernas
    já tinham acesso à Internet.
  • 7:58 - 7:59
    (Risos)
  • 7:59 - 8:03
    Fiquei mesmo muito surpreendida.
  • 8:03 - 8:06
    É uma coisa maravilhosa
    como a tecnologia avançou!
  • 8:06 - 8:08
    (Aplausos)
  • 8:09 - 8:12
    Este comportamento
    que pode parecer irracional
  • 8:12 - 8:14
    ou muito difícil de explicar,
    porque é muito visceral,
  • 8:14 - 8:17
    tem realmente uma base científica
    que está estudada.
  • 8:17 - 8:22
    O psicólogo Jonathan Haidt,
    com base em muitos estudos,
  • 8:22 - 8:26
    tanto psicológicos e neurológicos
    como antropológicos,
  • 8:26 - 8:28
    chegou a várias conclusões.
  • 8:28 - 8:30
    A realidade é desanimadora,
  • 8:30 - 8:32
    a maioria das pessoas
    não procuram a verdade
  • 8:32 - 8:35
    mas sim reafirmar as suas opiniões.
  • 8:35 - 8:38
    Por isso, tanto a política,
    como a religião, como tudo,
  • 8:38 - 8:40
    dividem até as pessoas mais racionais.
  • 8:41 - 8:45
    A metáfora do elefante e do cornaca
    explica isso muito bem.
  • 8:46 - 8:51
    Digamos que o elefante é a nossa intuição
    e o cornaca é o raciocínio.
  • 8:51 - 8:56
    Perante uma nova ideia que surge,
  • 8:56 - 9:01
    logo nos primeiros segundos,
    o elefante começa a andar numa direção.
  • 9:01 - 9:05
    Logo nos primeiros segundos
    o elefante toma uma direção
  • 9:05 - 9:08
    e a única coisa que o cornaca pode fazer
  • 9:08 - 9:12
    é guiar o elefante nessa direção
    que ele tomou,
  • 9:13 - 9:16
    justificar e encontrar pretextos
    nessa direção.
  • 9:17 - 9:21
    Vou dar um exemplo claro,
    sentem-se bem, porque é duro.
  • 9:21 - 9:23
    Se vos perguntar agora:
  • 9:23 - 9:27
    Qual é a opinião que têm de dois irmãos
    que têm relações sexuais?
  • 9:29 - 9:32
    Segundo os estudos,
    isto é um caso real de laboratório
  • 9:32 - 9:36
    e dizem que, nos primeiros segundos,
  • 9:37 - 9:41
    o elefante vai à casa de "isso está mal",
    "isso está muito mal",
  • 9:41 - 9:46
    mas, se eu disser que são duas pessoas
    maiores de idade, que é consentido
  • 9:46 - 9:50
    e que tomam precauções, ou seja,
    não podem ter descendência,
  • 9:50 - 9:53
    quais seriam os inconvenientes principais?
  • 9:53 - 9:56
    Os estudos dizem que,
    por muitas explicações e razões
  • 9:56 - 10:02
    que dermos ao elefante,
    que a nossa intuição pôs a andar,
  • 10:02 - 10:04
    a única coisa que o cornaca pode fazer
  • 10:04 - 10:06
    é guiar esse elefante perdido.
  • 10:06 - 10:08
    O que é que havemos de fazer?
  • 10:09 - 10:10
    O poder sabe disto,
  • 10:10 - 10:14
    o poder sabe como gostamos
    de alimentar as nossas ideias prévias,
  • 10:14 - 10:17
    como gostamos de comer
    o nosso preconceito de confirmação.
  • 10:17 - 10:21
    Não é preciso ter teorias da conspiração
    para saber ou acreditar
  • 10:21 - 10:26
    que, nas últimas eleições nos EUA,
    ou no Brexit,
  • 10:26 - 10:30
    em certas decisões políticas,
    há empresas de manipulação de dados
  • 10:30 - 10:32
    como a Cambridge Analítica,
    que não sei se os aplicará,
  • 10:32 - 10:36
    mas demonstrou-se que utilizaram
    os nossos perfis das redes sociais,
  • 10:36 - 10:39
    os perfis psicológicos da personalidade,
  • 10:39 - 10:42
    para nos bombardear com notícias falsas
  • 10:42 - 10:47
    orientadas para tomarmos
    uma determinada decisão política.
  • 10:47 - 10:53
    Afetou as decisões do Brexit,
    as campanhas eleitorais dos EUA,
  • 10:54 - 10:58
    investiu-se mais na propaganda
    nas redes sociais do que na televisão.
  • 10:58 - 11:02
    Isso dá-nos uma pista
    sobre para onde vai esta tendência.
  • 11:02 - 11:08
    Já em Espanha, dado o panorama político
    tão candente que temos, será uma quimera?
  • 11:08 - 11:09
    Não sabemos.
  • 11:10 - 11:15
    Então, afinal, o que é que podemos fazer?
    Estamos perdidos?
  • 11:15 - 11:18
    Não, claro que não. Podemos fazer coisas.
  • 11:18 - 11:22
    Mas o importante é que tenhamos
    consciência do que nos aparecer
  • 11:22 - 11:25
    e, sobretudo, o que são
    as provas e o que não são.
  • 11:25 - 11:28
    Também nos afeta a nível da ciência,
  • 11:29 - 11:31
    como a pseudociência corre pela Internet.
  • 11:31 - 11:34
    Parece que, embora tenhamos
    todas as informações disponíveis,
  • 11:34 - 11:37
    o nosso pensamento crítico
    não atua como deveria atuar.
  • 11:37 - 11:40
    Por isso, os dados dizem-nos
    que uns 25% dos jovens
  • 11:40 - 11:43
    confiam em pseudoterapias,
    como o "reiki" ou a homeopatia
  • 11:43 - 11:48
    que causam cerca de 1300 mortes por ano
  • 11:48 - 11:50
    por se confiar em pseudoterapias,
  • 11:50 - 11:55
    em vez de confiar na medicina,
    que, essa sim, funciona.
  • 11:55 - 11:57
    que, essa sim, dá provas.
  • 11:57 - 12:00
    Isto é um problema
    que atinge muitos níveis.
  • 12:00 - 12:02
    Então, estamos perdidos?
    Não estamos?
  • 12:02 - 12:05
    Eu não tenho a solução
    para os problemas do mundo,
  • 12:05 - 12:07
    mas, a partir do meu grão de areia,
    a partir da divulgação,
  • 12:07 - 12:10
    o que tento fazer entender
    é que, para começar,
  • 12:10 - 12:12
    não há respostas para tudo,
  • 12:12 - 12:15
    que é bom fazermos perguntas
    e, sobretudo, desde pequenos,
  • 12:15 - 12:19
    não há nada que não possamos perguntar
    e não há nada que fique por responder.
  • 12:20 - 12:22
    É preciso assumi-lo
    e aprender a conviver
  • 12:22 - 12:24
    com os vazios do nosso universo.
  • 12:24 - 12:28
    Também o conhecimento é atraente,
    o conhecimento é o máximo.
  • 12:28 - 12:30
    Só é preciso envolvê-lo bem.
  • 12:30 - 12:34
    Eu digo sempre que o meu canal
    é como dar um remédio a um gato.
  • 12:35 - 12:38
    Pomos a pastilha, envolvemo-la
    em qualquer coia atraente
  • 12:38 - 12:41
    e, toma lá conhecimento!
  • 12:41 - 12:42
    (Risos)
  • 12:43 - 12:47
    Se envolvermos as pessoas,
    elas ficam encantadas,
  • 12:47 - 12:49
    e os jovens gostam de aprender
  • 12:49 - 12:51
    Sobretudo, é preciso
    falar-lhes na sua linguagem.
  • 12:51 - 12:54
    sobretudo os jovens têm de aprender
    que o paradigma mudou.
  • 12:54 - 12:57
    Claro que é ótimo
    que, na escola e na família,
  • 12:57 - 13:00
    fomentemos a leitura, ler livros,
    tudo o que quiserem,
  • 13:00 - 13:04
    mas porque é que não podemos recomendar
    que também vejam um vídeo do YouTube?
  • 13:04 - 13:08
    Agora mesmo há muita gente
    que faz vídeos de ciência,
  • 13:08 - 13:12
    de música, de arte, de tudo
    o que uma pessoa gostaria de saber.
  • 13:12 - 13:15
    Porque não vamos ao nível
    em que eles estão na sua onda
  • 13:15 - 13:18
    e lhes damos aquilo de que eles precisam?
  • 13:18 - 13:23
    Gostaria que, quando eu era miúda,
  • 13:23 - 13:26
    me tivessem dado menos "porque sim"
    e menos "porque não"
  • 13:27 - 13:28
    e me tivessem explicado as coisas.
  • 13:28 - 13:31
    Porque, embora achemos
    que as crianças não percebem,
  • 13:31 - 13:35
    estamos a lançar as sementes
    para elas pensarem pela sua cabeça
  • 13:35 - 13:36
    e isso é muito importante.
  • 13:36 - 13:42
    Para terminar, só queria dizer
    que é muito bom escutar os aliados,
  • 13:42 - 13:45
    é muito bom alimentar o cérebro,
  • 13:45 - 13:49
    mas o que é interessante
    é escutar os inimigos
  • 13:49 - 13:52
    porque são eles que atravessam as defesas,
  • 13:52 - 13:54
    são os que encontram
    os nossos pontos fracos.
  • 13:54 - 13:57
    Quero saber o que é que falha
    nas ideias em que acredito,
  • 13:57 - 14:00
    se tenho de mudá-las ou modificá-las.
  • 14:00 - 14:02
    Não nos iludamos, a batalha
  • 14:03 - 14:06
    do preconceito da confirmação
    contra o pensamento crítico
  • 14:06 - 14:09
    está perdida desde o início,
    é essa a realidade.
  • 14:09 - 14:12
    Mas isso não significa que não seja
    uma batalha que valha a pena travar
  • 14:12 - 14:15
    porque é a única maneira
    de sermos livres.
  • 14:15 - 14:16
    Muito obrigada.
  • 14:16 - 14:20
    (Aplausos)
Title:
Ninguém quer saber a verdade | Rocío Vidal | TEDxMálaga
Description:

O pensamento crítico: uma coisa que a maioria de nós crê possuir e que só uma minoria sabe utilizar. Rocío Vidal insiste na necessidade de educar o pensamento crítico: embora sempre o tenha tido, nem sempre o soube utilizar.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:27

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