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Da faísca ao braseiro | Philippe Echaroux | TEDxMarseille

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    Se estou hoje aqui
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    é para me dirigir a...
    não estou a ver bem...
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    a ti, aí atrás, a ti.
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    Puseste o teu casaco bonito,
    pelo que vejo,
  • 0:28 - 0:31
    a camisa, vestiste o teu
    perfeito disfarce de adulto,
  • 0:31 - 0:33
    a babá ao teu lado, igualmente.
  • 0:33 - 0:36
    Mas, quando olhamos mais de perto,
    se eu pudesse aproximar-me,
  • 0:36 - 0:40
    penso que ainda veríamos o garotinho
    lá dentro, que está a jogar no PC.
  • 0:40 - 0:41
    Ou então,
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    a ti!
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    Tu, o tipo de miúdo
    que tem mil ideias por segundo
  • 0:46 - 0:48
    mas que nunca sabe
    o que fazer com elas
  • 0:49 - 0:51
    Ou...
  • 0:53 - 0:54
    não sei.
  • 0:56 - 0:57
    Tu, tu aí!
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    Conheço-te, tinhas muitos sonhos,
    muitos projetos,
  • 1:00 - 1:03
    mas deixaste-te apanhar pelo quotidiano,
  • 1:03 - 1:05
    e a rotina é confortável.
  • 1:05 - 1:08
    Afinal, quem te censurará
    por teres uma vida bem organizada?
  • 1:09 - 1:13
    Enfim, para todos os "tus"
    toda a gente aqui sentada hoje,
  • 1:13 - 1:16
    queria começar por vos fazer uma pergunta:
  • 1:16 - 1:21
    O que é que a criança que tu eras
    pensa do adulto em que te tornaste?
  • 1:21 - 1:24
    Já tiveram tempo de fazer esta pergunta?
  • 1:24 - 1:28
    No meu caso, o antigo miúdo,
    o antigo puto marselhês que eu era,
  • 1:28 - 1:30
    que ainda sou hoje,
    teria sido o primeiro a ficar admirado
  • 1:30 - 1:33
    se lhe tivessem dito que haveria
    de falar diante de tanta gente,
  • 1:34 - 1:35
    Eu pensava que só eram
  • 1:35 - 1:38
    aqueles que tinham vidas extraordinárias,
    que salvavam vidas
  • 1:38 - 1:40
    ou que estavam atafulhados de diplomas.
  • 1:41 - 1:43
    Ora bem, uma vida extraordinária,
    acho que não tenho.
  • 1:43 - 1:47
    Salvar vidas, é melhor
    que não me meta nisso, riscado.
  • 1:47 - 1:50
    Os diplomas, a minha relação com a escola
  • 1:50 - 1:52
    era sobretudo uma coisa assim.
  • 1:52 - 1:54
    É uma metáfora: debaixo das pontes.
  • 1:54 - 1:59
    Digamos que tinha um perfil
    mais autodidata do que escolar.
  • 1:59 - 2:02
    De qualquer modo, fiz a licenciatura
    para agradar aos meus pais,
  • 2:02 - 2:04
    mas uma licenciatura um pouco especial,
  • 2:04 - 2:06
    uma licenciatura com caminhos
    opcionais pelo meio.
  • 2:06 - 2:10
    É tudo isso o que aprendi
    nesses numerosos caminhos pelo meio
  • 2:10 - 2:12
    que venho aqui partilhar convosco.
  • 2:12 - 2:14
    Comecei por usar os bancos
  • 2:14 - 2:17
    mas não propriamente
    aqueles que os meus pais julgavam,
  • 2:17 - 2:19
    não os da faculdade,
    mas os da sala de escalada.
  • 2:19 - 2:22
    Foi ali que aprendi
    a canalizar a minha energia.
  • 2:22 - 2:26
    Depois, sendo natural de Marselha,
    adoro os desportos ao ar livre,
  • 2:26 - 2:27
    e virei-me para o "kitesurf"
  • 2:27 - 2:30
    mas, na época, não era o que é hoje.
  • 2:30 - 2:32
    Era um desporto um pouco artesanal
  • 2:32 - 2:35
    mas aprendi a explorar, a experimentar,
  • 2:35 - 2:37
    não deixando de ter cuidado
    com a segurança
  • 2:37 - 2:40
    porque, na época, era muito perigoso.
  • 2:40 - 2:44
    Depois, tive desejos de encontrar
    um meio de expressão artística
  • 2:44 - 2:48
    mais clássica, apesar de achar
    que os desportos são muito artísticos.
  • 2:48 - 2:50
    Dediquei-me à escrita.
  • 2:50 - 2:52
    Escrevi um conto filosófico,
    quando tinha 23 anos.
  • 2:52 - 2:54
    Adorei.
  • 2:54 - 2:57
    Mas depressa percebi
    que aquilo não era para mim.
  • 2:57 - 2:59
    Não era bastante rápido,
    bastante direto.
  • 2:59 - 3:02
    Precisava de qualquer coisa
    com uma forma mais sucinta.
  • 3:02 - 3:05
    Estávamos em 2008 e pensei:
    "Bom, já tive uma vida boa,
  • 3:05 - 3:07
    "Chegou a altura
    de encontrar um trabalho a sério".
  • 3:07 - 3:11
    Sentia necessidade de me sentir útil,
    de trabalhar em contacto com pessoas
  • 3:11 - 3:14
    e de partilhar aquilo que eu tivera
    a sorte de viver até aí.
  • 3:14 - 3:17
    Virei-me para uma carreira de trabalhador
    social, educador especializado.
  • 3:18 - 3:21
    Mas, em 2008, num verão,
    em que me aborrecia em Marselha,
  • 3:21 - 3:24
    comprei uma máquina fotográfica
  • 3:24 - 3:26
    e caí, por acaso, na fotografia.
  • 3:26 - 3:29
    E a fotografia rapidamente
    me atraiu daquele modo.
  • 3:30 - 3:32
    É muito complicado dizer não
  • 3:32 - 3:34
    quando a fotografia nos chama
    com esta gritaria.
  • 3:34 - 3:36
    Devem estar de acordo comigo.
  • 3:36 - 3:38
    É difícil dizer não a M. Chabal.
  • 3:38 - 3:40
    Então, disse-lhe: "Vou terminar
    o meu diploma de educador."
  • 3:40 - 3:42
    Gosto de acabar o que comecei
  • 3:42 - 3:45
    e, além disso, gosto daquilo,
    porque é que havia de parar?
  • 3:45 - 3:47
    Depois de obter o meu diploma,
    pensei:
  • 3:48 - 3:51
    "Vais decidir — quer dizer, decidi —
  • 3:51 - 3:53
    "dar uma oportunidade à fotografia".
  • 3:53 - 3:58
    Quanto à oportunidade
    o nosso amigo Zinédine percebe disso.
  • 3:58 - 4:02
    A oportunidade ou sorte é uma palavra
    que torna tudo um pouco mais fácil.
  • 4:02 - 4:03
    Tem um certo poder super.
  • 4:03 - 4:05
    Porque, no início, pensei:
  • 4:05 - 4:08
    "Aquele fotógrafo tem a sorte
    de fotografar aquele tipo",
  • 4:08 - 4:11
    ou "ele acaba de fazer aquela campanha,
    tem cá uma sorte!"
  • 4:11 - 4:14
    Desde que me lancei, depressa
    percebi que, por detrás da palavra sorte
  • 4:14 - 4:18
    escondiam-se as palavras "trabalho",
    "obstinação", "ousadia"
  • 4:18 - 4:19
    e, sobretudo, a palavra "sacrifício"
  • 4:19 - 4:22
    como o sacrifício de passar
    muito tempo longe dos nossos.
  • 4:23 - 4:25
    Hoje, quando subo a um palco,
  • 4:25 - 4:27
    apresentam-me como um artista.
  • 4:27 - 4:29
    Apresentam-me assim,
    arrumam-me nesse cacifo.
  • 4:29 - 4:33
    Quando somos artistas, o nosso trabalho
    é ter ideias, a nossa matéria-prima.
  • 4:33 - 4:35
    Na verdade, não escolhemos,
    é assim mesmo.
  • 4:35 - 4:38
    Somos assim mesmo,
    as ideias vêm ter connosco.
  • 4:39 - 4:43
    Ter uma ideia, penso que podemos
    imaginar isso como uma pequena faísca
  • 4:43 - 4:46
    é um pouco mágico, muito pequena,
    não fazemos ideia de onde vem
  • 4:46 - 4:48
    mas é uma coisa qualquer,
    pequenina, um começo.
  • 4:48 - 4:52
    Vai ser preciso aprender a transformar
    essa pequena faísca num braseiro enorme.
  • 4:52 - 4:56
    Lamento, sou demasiado pequeno,
    não posso imitar o braseiro enorme,
  • 4:56 - 4:59
    mas vocês percebem:
    duma faísca para um braseiro.
  • 4:59 - 5:02
    Na minha profissão de artista
    é mais simples existir
  • 5:02 - 5:05
    se fizermos aquilo
    para que temos tendência.
  • 5:05 - 5:07
    Acho que vocês devem ter trabalho,
  • 5:07 - 5:10
    até talvez vos digam
    que são um grande artista,
  • 5:10 - 5:12
    que vão ter êxito,
    uma bela vida,
  • 5:12 - 5:14
    a posteridade,
    e talvez tudo corra bem.
  • 5:15 - 5:19
    Escolhi uma abordagem
    um pouco menos "rock and roll",
  • 5:19 - 5:21
    um pouco diferente.
  • 5:21 - 5:24
    Pensei: "Se um dia,
    queres apresentar-te como artista,
  • 5:24 - 5:26
    "precisas de criar
    a tua forma de te exprimires.
  • 5:27 - 5:30
    "Ou seja, para dizer de modo mais amplo,
    a tua forma de existir".
  • 5:30 - 5:32
    Senão, vou considerar-me
    como um "copiar, colar",
  • 5:32 - 5:34
    quando muito um pouco melhorado,
  • 5:34 - 5:35
    um simples intérprete
  • 5:35 - 5:37
    — não tenho nada contra os intérpretes —
  • 5:37 - 5:38
    daquilo que já existe,
  • 5:38 - 5:40
    mas não um artista,
    no sentido que entendo.
  • 5:40 - 5:42
    Então, para me intitular artista
  • 5:42 - 5:45
    criei aquilo a que chamei
    o Street Art 2.0.
  • 5:45 - 5:46
    É parecido com isto.
  • 5:47 - 5:48
    Street Art 2.0, o que é isso?
  • 5:48 - 5:51
    Pensei: "Tenho vontade
    de fazer arte de rua.
  • 5:51 - 5:55
    "Há quem use a clássica pintura à pistola,
    ou a colagem, muitas coisas.
  • 5:56 - 5:59
    "Fazem isso muito bem, para quê
    tentar fazer o que eles já fazem?
  • 5:59 - 6:01
    "Eles são campeões, super
    bem sucedidos nesse campo.
  • 6:02 - 6:05
    "Porque não tentar criar
    o meu modo de fazer arte de rua?"
  • 6:05 - 6:08
    Refleti um pouco, venho da fotografia,
  • 6:08 - 6:12
    gosto de trabalhar a iluminação na foto,
    pensei: "A minha ferramenta é a luz!"
  • 6:12 - 6:15
    "Tu compreende-la, domina-la,
    estás à vontade com ela.
  • 6:15 - 6:18
    "Porque não propor uma arte de rua
    baseada na projeção luminosa?"
  • 6:19 - 6:22
    Aqui atrás de mim, está
    uma projeção luminosa na rua
  • 6:22 - 6:24
    que se mantém durante
    um certo tempo, é efémera
  • 6:24 - 6:27
    e desaparece, quando apagamos
    o nosso projetor.
  • 6:27 - 6:28
    Daí o termo 2.0.
  • 6:28 - 6:31
    Substituí a pintura,
    as latas de tinta ou a cola
  • 6:31 - 6:33
    pela tecnologia.
  • 6:33 - 6:36
    Além disso, adorava a ideia
    de propor uma arte de rua
  • 6:36 - 6:38
    que era doce na forma
    — é a luz —
  • 6:38 - 6:40
    não deixa vestígios
    quando a apago.
  • 6:40 - 6:44
    Mas isso não me impedia
    de causar impacto no fundo,
  • 6:45 - 6:48
    Portanto, tentei criar
    a minha forma de fazer arte de rua.
  • 6:48 - 6:50
    Para falar de forma mais geral,
  • 6:50 - 6:52
    tentei inventar a minha profissão.
  • 6:52 - 6:55
    Isto faz efeito, dizer num palco
  • 6:55 - 7:00
    "Pois, eu crio a minha profissão"
    que é desconfortável no quotidiano,
  • 7:00 - 7:02
    É realmente muito desconfortável.
  • 7:03 - 7:04
    Passo a explicar.
  • 7:05 - 7:08
    Quando afinei a arte de rua
    — foi um bom momento —
  • 7:08 - 7:11
    fui ter com a grande família
    da arte de rua
  • 7:11 - 7:14
    — imaginem um cãozinho com
    uma bola nova, todo contente — e disse:
  • 7:14 - 7:17
    "Criei esta arte de rua,
    o que é que acham?"
  • 7:17 - 7:18
    O quê?
  • 7:19 - 7:21
    "É uma forma nova
    de fazer o que todos adoramos.
  • 7:22 - 7:24
    "O que é que achas?"
  • 7:24 - 7:25
    Ele vai felicitar-me?
  • 7:25 - 7:27
    Não, nada disso.
  • 7:27 - 7:28
    Enterraram-me o mais que puderam.
  • 7:28 - 7:30
    Criticaram-me,
    tive direito a:
  • 7:31 - 7:33
    "Mas essa coisa não é arte de rua!"
  • 7:33 - 7:35
    Ou, pior ainda, ignoraram-me
    completamente:
  • 7:35 - 7:37
    "Porque é que este tipo me contactou?"
  • 7:37 - 7:39
    Aparte raras exceções,
  • 7:39 - 7:42
    obrigado M. Christophe,
    Mme Dominique, eles sabem quem são.
  • 7:43 - 7:46
    Dois anos depois,
    ao fim de muito trabalho,
  • 7:47 - 7:51
    esta Street Art 2.0 encontra-se
    em dois livros importantes de arte de rua
  • 7:52 - 7:54
    e, não me perguntem porquê,
    nem como, porque eu não sei,
  • 7:54 - 7:57
    nos livros de francês do 3.º ano.
  • 7:57 - 7:58
    Porque é que eu vos digo isto?
  • 7:58 - 8:00
    (Risos)
  • 8:00 - 8:03
    Para um tipo que não era o melhor amigo
    da escola, acho isso divertido.
  • 8:04 - 8:06
    Ponho-o a um cantinho da cabeça.
  • 8:06 - 8:08
    Porque é que vos conto isto?
  • 8:08 - 8:13
    Penso que há por aí muita gente
    que tem vontade
  • 8:13 - 8:16
    ou, se se interrogarem,
  • 8:16 - 8:20
    têm vontade de encontrar
    um modo de se exprimirem, de existir.
  • 8:20 - 8:23
    Talvez já tenham encontrado soluções
  • 8:23 - 8:25
    e andem à procura de as tornar viáveis.
  • 8:25 - 8:28
    Em todo o caso, penso que,
    quando nos sentamos neste anfiteatro,
  • 8:28 - 8:29
    vimos procurar isso,
  • 8:29 - 8:33
    vimos procurar um pequeno pontapé
    no rabo para nos ajudar a lançar-nos.
  • 8:34 - 8:39
    Assim, digo-vos:
    vocês vão incomodar, vão interrogar,
  • 8:39 - 8:42
    ninguém vai compreender-vos de início,
    vocês vão ser uma luzinha
  • 8:42 - 8:44
    onde ela nunca existiu.
  • 8:44 - 8:47
    As pessoas adoram os cacifos,
    mas deixem que elas se ocupem
  • 8:47 - 8:49
    de vos arrumar no cacifo
    que as tranquiliza.
  • 8:49 - 8:51
    Estão sempre a perguntar-me:
  • 8:51 - 8:53
    "Tu és um artista da rua ou um fotógrafo?
    Não percebo bem".
  • 8:53 - 8:56
    Não me compete ser eu
    a arrumar-me num cacifo,
  • 8:56 - 8:57
    a minha função é criar.
  • 8:57 - 9:01
    Quanto mais vocês desarrumarem
    melhor para vocês.
  • 9:01 - 9:05
    Há um pequeno ingrediente
    na minha experiência
  • 9:05 - 9:07
    que é indispensável
  • 9:07 - 9:10
    e que vos ajudará a atravessar
    todas as zonas de turbulência.
  • 9:10 - 9:12
    São os períodos de dúvida,
  • 9:12 - 9:14
    os períodos em que ficamos fartos,
  • 9:14 - 9:16
    temos tendência a cair
  • 9:16 - 9:18
    e precisamos de nos levantar.
  • 9:18 - 9:21
    Esse ingrediente um pouco mágico
    é o "porquê?"
  • 9:22 - 9:25
    O "porquê?" é um pouco traiçoeiro,
  • 9:25 - 9:27
    porque, quando eu falo de "porquê?"
  • 9:27 - 9:30
    não falo do meu projeto
    de ir fazer "surf" para Havaí,
  • 9:30 - 9:33
    porque vou comer sementes
    de frutos biológicos
  • 9:33 - 9:34
    que mergulharei em húmus
  • 9:34 - 9:36
    e comerei "cocktails", porquê?
  • 9:36 - 9:40
    porque é fixe, vou pôr isso
    no Instagram, vou ter muitos seguidores.
  • 9:40 - 9:42
    Não, não falo desse "porquê?",
    de modo nenhum.
  • 9:43 - 9:45
    Quando falo do "porquê?"
  • 9:45 - 9:48
    para mim é: qual é a mensagem,
    o que é que vocês têm para dizer?
  • 9:48 - 9:50
    O que é que têm lá dentro?
    Qual é a vossa chama interior
  • 9:50 - 9:53
    que faz com que possam
    fazer passar a vossa pequena faísca
  • 9:53 - 9:57
    por qualquer prova que seja
    e transformá-la num braseiro?
  • 9:57 - 10:00
    Afinal, quem é que vocês são
    em relação aos vossos projetos?
  • 10:00 - 10:01
    Eu fiz arte de rua,
  • 10:01 - 10:04
    era a minha ideia à partida,
    a minha faísca, mas porquê?
  • 10:04 - 10:07
    Pensei que sempre tivera isso
    dentro de mim,
  • 10:07 - 10:08
    — não sou obrigado a saber porquê —
  • 10:09 - 10:12
    essa necessidade de tentar
    fazer os outros reagirem
  • 10:12 - 10:15
    tentar inspirá-los, tentar torná-los
    um pouco melhores.
  • 10:15 - 10:18
    Sempre tive necessidade
    de mostrar aos outros:
  • 10:18 - 10:20
    "Olha! Eu consigo.
    E tu, porque não?
  • 10:20 - 10:23
    "Não sou melhor que tu,
    eu só tentei lançar-me",
  • 10:24 - 10:26
    Enquanto eu tiver isto dentro de mim,
  • 10:26 - 10:28
    posso aguentar qualquer prova,
  • 10:28 - 10:30
    a minha pequena faísca
    talvez vá tremer.
  • 10:30 - 10:32
    Temos aqui um vento forte!
  • 10:32 - 10:34
    Ela vai vacilar, vai tremer
  • 10:34 - 10:37
    mas eu sei que, mais tarde ou mais cedo,
    vai continuar a aumentar
  • 10:37 - 10:40
    e, quem sabe,
    transformar-se-á num braseiro.
  • 10:40 - 10:41
    Sim, eu tenho sorte.
  • 10:41 - 10:44
    Mas lembrem-se do que eu disse da sorte.
  • 10:44 - 10:47
    Hoje, tenho feito um caminho e tanto
  • 10:48 - 10:52
    que me levou recentemente a fazer
    uma estreia mundial de arte de rua.
  • 10:52 - 10:53
    na floresta amazónica.
  • 10:53 - 10:55
    Mas, no início,
    eu não tinha qualquer ligação
  • 10:55 - 10:58
    nem no mundo da fotografia
    nem no mundo da arte.
  • 10:58 - 11:01
    e, pior que isso, não tinha
    nenhuma confiança em mim.
  • 11:02 - 11:05
    Quando me falaram do tema de hoje
    "o poder das ideias",
  • 11:06 - 11:09
    isso fez-me tomar consciência
    de que, para mim,
  • 11:09 - 11:13
    o verdadeiro poder das ideias
    é a própria ideia de poder fazê-lo.
  • 11:13 - 11:15
    Não vos contei a minha história
    a troco de nada.
  • 11:15 - 11:16
    Reparem.
  • 11:16 - 11:20
    Um badameco, pouco à vontade
    no sistema escolar clássico,
  • 11:20 - 11:23
    que se procura, que é curioso,
    que não sabe bem para onde vai,
  • 11:23 - 11:26
    mas que, sem o saber,
    acreditou no poder das suas ideias,
  • 11:26 - 11:29
    que acreditou na ideia
    de poder fazê-lo.
  • 11:29 - 11:31
    Isso ainda hoje me surpreende,
    todos os dias.
  • 11:31 - 11:33
    Se me tivessem dito
    que eu passaria
  • 11:33 - 11:35
    das minhas experiências
    de arte da rua
  • 11:35 - 11:37
    nas ruas de Marselha
  • 11:37 - 11:40
    para em encontrar a projetar mensagens
    em plena Havana, cheia de gente,
  • 11:40 - 11:44
    mensagens de liberdade de expressão
    sob o nariz do governo cubano,
  • 11:44 - 11:45
    — notem bem, não vos aconselho —
  • 11:45 - 11:47
    (Risos)
  • 11:47 - 11:50
    ou no coração da floresta amazónica
    — também não aconselho —
  • 11:50 - 11:52
    ou nos livros de francês...
  • 11:53 - 11:55
    Se me tivessem dito isso
    há dois anos e meio, eu teria dito:
  • 11:55 - 11:57
    "Não, nem pensar, não."
  • 11:58 - 12:01
    Não tenham medo de acreditar
    no poder das vossas ideias
  • 12:01 - 12:04
    porque o nosso primeiro travão
    somos nós, e eu ainda o vejo.
  • 12:04 - 12:08
    Um outro elemento que aprendi
    nestes numerosos caminhos
  • 12:08 - 12:11
    é que as melhores ideias,
    as que nos seguem,
  • 12:11 - 12:13
    que nos dão a mão
    durante mais tempo na nossa vida,
  • 12:13 - 12:17
    não são forçosamente aquelas
    que vamos procurar no computador
  • 12:17 - 12:21
    e que dizem: "Olha, fulano fez isto
    beltrano fez aquilo". Não e não.
  • 12:21 - 12:23
    São as ideias que a nossa história pessoal
  • 12:23 - 12:28
    — e também por isso espero que contem
    a vossa história — coloca no nosso caminho.
  • 12:28 - 12:31
    Tenham confiança nisso, tenham confiança
    na vossa história pessoal
  • 12:31 - 12:33
    e acabarão por ver,
    se refletirem um pouco,
  • 12:33 - 12:37
    verão que os projetos
    que vos perseguem mais
  • 12:37 - 12:38
    — podem observá-lo —
  • 12:38 - 12:41
    são aqueles que apareceram
    um pouco como por acaso,
  • 12:41 - 12:43
    porque a vossa história
    os colocou no vosso caminho.
  • 12:43 - 12:45
    Aprendam a ter confiança nisso.
  • 12:45 - 12:50
    Para terminar, para voltar à primeira
    pergunta que fiz:
  • 12:50 - 12:53
    "O que é que a criança que vocês eram
  • 12:53 - 12:55
    "pensaria do adulto
    em que se tornaram?"
  • 12:55 - 12:58
    eu não sei, não encontrei o meu
  • 12:58 - 13:01
    mas se esse garoto marselhês estivesse
    aqui hoje, neste círculo vermelho,
  • 13:01 - 13:04
    penso que vos diria isto:
  • 13:05 - 13:06
    [Pensa em sonhar!]
  • 13:07 - 13:08
    Muito obrigado!
  • 13:08 - 13:10
    (Aplausos)
  • 13:11 - 13:12
    Obrigado.
Title:
Da faísca ao braseiro | Philippe Echaroux | TEDxMarseille
Description:

Philippe Echaroux é fotógrafo retratista e artista de rua nascido em Marselha em 1983. É reconhecido pelos seus retratos de celebridades e como sendo o criador, a faísca original do Street Art 2.0. Inicia a fotografia por acaso, em 2008, enquanto prossegue os estudos de educador especializado para pessoas deficientes. No mesmo ano, recebe o prémio do concurso de fotografia internacional DIOR. Philippe inicia a sua carreira como fotógrafo de publicidade, com campanhas para grandes marcas. Ávido por um novo desafio e de sensibilidade decididamente social, Philippe Echaroux vira-se rapidamente para a arte de rua, uma arte acessível a toda a gente.

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Video Language:
French
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
13:26

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