Da faísca ao braseiro | Philippe Echaroux | TEDxMarseille
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0:20 - 0:21Se estou hoje aqui
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0:21 - 0:23é para me dirigir a...
não estou a ver bem... -
0:24 - 0:26a ti, aí atrás, a ti.
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0:26 - 0:28Puseste o teu casaco bonito,
pelo que vejo, -
0:28 - 0:31a camisa, vestiste o teu
perfeito disfarce de adulto, -
0:31 - 0:33a babá ao teu lado, igualmente.
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0:33 - 0:36Mas, quando olhamos mais de perto,
se eu pudesse aproximar-me, -
0:36 - 0:40penso que ainda veríamos o garotinho
lá dentro, que está a jogar no PC. -
0:40 - 0:41Ou então,
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0:42 - 0:43a ti!
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0:43 - 0:46Tu, o tipo de miúdo
que tem mil ideias por segundo -
0:46 - 0:48mas que nunca sabe
o que fazer com elas -
0:49 - 0:51Ou...
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0:53 - 0:54não sei.
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0:56 - 0:57Tu, tu aí!
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0:57 - 1:00Conheço-te, tinhas muitos sonhos,
muitos projetos, -
1:00 - 1:03mas deixaste-te apanhar pelo quotidiano,
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1:03 - 1:05e a rotina é confortável.
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1:05 - 1:08Afinal, quem te censurará
por teres uma vida bem organizada? -
1:09 - 1:13Enfim, para todos os "tus"
toda a gente aqui sentada hoje, -
1:13 - 1:16queria começar por vos fazer uma pergunta:
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1:16 - 1:21O que é que a criança que tu eras
pensa do adulto em que te tornaste? -
1:21 - 1:24Já tiveram tempo de fazer esta pergunta?
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1:24 - 1:28No meu caso, o antigo miúdo,
o antigo puto marselhês que eu era, -
1:28 - 1:30que ainda sou hoje,
teria sido o primeiro a ficar admirado -
1:30 - 1:33se lhe tivessem dito que haveria
de falar diante de tanta gente, -
1:34 - 1:35Eu pensava que só eram
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1:35 - 1:38aqueles que tinham vidas extraordinárias,
que salvavam vidas -
1:38 - 1:40ou que estavam atafulhados de diplomas.
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1:41 - 1:43Ora bem, uma vida extraordinária,
acho que não tenho. -
1:43 - 1:47Salvar vidas, é melhor
que não me meta nisso, riscado. -
1:47 - 1:50Os diplomas, a minha relação com a escola
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1:50 - 1:52era sobretudo uma coisa assim.
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1:52 - 1:54É uma metáfora: debaixo das pontes.
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1:54 - 1:59Digamos que tinha um perfil
mais autodidata do que escolar. -
1:59 - 2:02De qualquer modo, fiz a licenciatura
para agradar aos meus pais, -
2:02 - 2:04mas uma licenciatura um pouco especial,
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2:04 - 2:06uma licenciatura com caminhos
opcionais pelo meio. -
2:06 - 2:10É tudo isso o que aprendi
nesses numerosos caminhos pelo meio -
2:10 - 2:12que venho aqui partilhar convosco.
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2:12 - 2:14Comecei por usar os bancos
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2:14 - 2:17mas não propriamente
aqueles que os meus pais julgavam, -
2:17 - 2:19não os da faculdade,
mas os da sala de escalada. -
2:19 - 2:22Foi ali que aprendi
a canalizar a minha energia. -
2:22 - 2:26Depois, sendo natural de Marselha,
adoro os desportos ao ar livre, -
2:26 - 2:27e virei-me para o "kitesurf"
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2:27 - 2:30mas, na época, não era o que é hoje.
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2:30 - 2:32Era um desporto um pouco artesanal
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2:32 - 2:35mas aprendi a explorar, a experimentar,
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2:35 - 2:37não deixando de ter cuidado
com a segurança -
2:37 - 2:40porque, na época, era muito perigoso.
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2:40 - 2:44Depois, tive desejos de encontrar
um meio de expressão artística -
2:44 - 2:48mais clássica, apesar de achar
que os desportos são muito artísticos. -
2:48 - 2:50Dediquei-me à escrita.
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2:50 - 2:52Escrevi um conto filosófico,
quando tinha 23 anos. -
2:52 - 2:54Adorei.
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2:54 - 2:57Mas depressa percebi
que aquilo não era para mim. -
2:57 - 2:59Não era bastante rápido,
bastante direto. -
2:59 - 3:02Precisava de qualquer coisa
com uma forma mais sucinta. -
3:02 - 3:05Estávamos em 2008 e pensei:
"Bom, já tive uma vida boa, -
3:05 - 3:07"Chegou a altura
de encontrar um trabalho a sério". -
3:07 - 3:11Sentia necessidade de me sentir útil,
de trabalhar em contacto com pessoas -
3:11 - 3:14e de partilhar aquilo que eu tivera
a sorte de viver até aí. -
3:14 - 3:17Virei-me para uma carreira de trabalhador
social, educador especializado. -
3:18 - 3:21Mas, em 2008, num verão,
em que me aborrecia em Marselha, -
3:21 - 3:24comprei uma máquina fotográfica
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3:24 - 3:26e caí, por acaso, na fotografia.
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3:26 - 3:29E a fotografia rapidamente
me atraiu daquele modo. -
3:30 - 3:32É muito complicado dizer não
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3:32 - 3:34quando a fotografia nos chama
com esta gritaria. -
3:34 - 3:36Devem estar de acordo comigo.
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3:36 - 3:38É difícil dizer não a M. Chabal.
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3:38 - 3:40Então, disse-lhe: "Vou terminar
o meu diploma de educador." -
3:40 - 3:42Gosto de acabar o que comecei
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3:42 - 3:45e, além disso, gosto daquilo,
porque é que havia de parar? -
3:45 - 3:47Depois de obter o meu diploma,
pensei: -
3:48 - 3:51"Vais decidir — quer dizer, decidi —
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3:51 - 3:53"dar uma oportunidade à fotografia".
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3:53 - 3:58Quanto à oportunidade
o nosso amigo Zinédine percebe disso. -
3:58 - 4:02A oportunidade ou sorte é uma palavra
que torna tudo um pouco mais fácil. -
4:02 - 4:03Tem um certo poder super.
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4:03 - 4:05Porque, no início, pensei:
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4:05 - 4:08"Aquele fotógrafo tem a sorte
de fotografar aquele tipo", -
4:08 - 4:11ou "ele acaba de fazer aquela campanha,
tem cá uma sorte!" -
4:11 - 4:14Desde que me lancei, depressa
percebi que, por detrás da palavra sorte -
4:14 - 4:18escondiam-se as palavras "trabalho",
"obstinação", "ousadia" -
4:18 - 4:19e, sobretudo, a palavra "sacrifício"
-
4:19 - 4:22como o sacrifício de passar
muito tempo longe dos nossos. -
4:23 - 4:25Hoje, quando subo a um palco,
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4:25 - 4:27apresentam-me como um artista.
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4:27 - 4:29Apresentam-me assim,
arrumam-me nesse cacifo. -
4:29 - 4:33Quando somos artistas, o nosso trabalho
é ter ideias, a nossa matéria-prima. -
4:33 - 4:35Na verdade, não escolhemos,
é assim mesmo. -
4:35 - 4:38Somos assim mesmo,
as ideias vêm ter connosco. -
4:39 - 4:43Ter uma ideia, penso que podemos
imaginar isso como uma pequena faísca -
4:43 - 4:46é um pouco mágico, muito pequena,
não fazemos ideia de onde vem -
4:46 - 4:48mas é uma coisa qualquer,
pequenina, um começo. -
4:48 - 4:52Vai ser preciso aprender a transformar
essa pequena faísca num braseiro enorme. -
4:52 - 4:56Lamento, sou demasiado pequeno,
não posso imitar o braseiro enorme, -
4:56 - 4:59mas vocês percebem:
duma faísca para um braseiro. -
4:59 - 5:02Na minha profissão de artista
é mais simples existir -
5:02 - 5:05se fizermos aquilo
para que temos tendência. -
5:05 - 5:07Acho que vocês devem ter trabalho,
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5:07 - 5:10até talvez vos digam
que são um grande artista, -
5:10 - 5:12que vão ter êxito,
uma bela vida, -
5:12 - 5:14a posteridade,
e talvez tudo corra bem. -
5:15 - 5:19Escolhi uma abordagem
um pouco menos "rock and roll", -
5:19 - 5:21um pouco diferente.
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5:21 - 5:24Pensei: "Se um dia,
queres apresentar-te como artista, -
5:24 - 5:26"precisas de criar
a tua forma de te exprimires. -
5:27 - 5:30"Ou seja, para dizer de modo mais amplo,
a tua forma de existir". -
5:30 - 5:32Senão, vou considerar-me
como um "copiar, colar", -
5:32 - 5:34quando muito um pouco melhorado,
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5:34 - 5:35um simples intérprete
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5:35 - 5:37— não tenho nada contra os intérpretes —
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5:37 - 5:38daquilo que já existe,
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5:38 - 5:40mas não um artista,
no sentido que entendo. -
5:40 - 5:42Então, para me intitular artista
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5:42 - 5:45criei aquilo a que chamei
o Street Art 2.0. -
5:45 - 5:46É parecido com isto.
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5:47 - 5:48Street Art 2.0, o que é isso?
-
5:48 - 5:51Pensei: "Tenho vontade
de fazer arte de rua. -
5:51 - 5:55"Há quem use a clássica pintura à pistola,
ou a colagem, muitas coisas. -
5:56 - 5:59"Fazem isso muito bem, para quê
tentar fazer o que eles já fazem? -
5:59 - 6:01"Eles são campeões, super
bem sucedidos nesse campo. -
6:02 - 6:05"Porque não tentar criar
o meu modo de fazer arte de rua?" -
6:05 - 6:08Refleti um pouco, venho da fotografia,
-
6:08 - 6:12gosto de trabalhar a iluminação na foto,
pensei: "A minha ferramenta é a luz!" -
6:12 - 6:15"Tu compreende-la, domina-la,
estás à vontade com ela. -
6:15 - 6:18"Porque não propor uma arte de rua
baseada na projeção luminosa?" -
6:19 - 6:22Aqui atrás de mim, está
uma projeção luminosa na rua -
6:22 - 6:24que se mantém durante
um certo tempo, é efémera -
6:24 - 6:27e desaparece, quando apagamos
o nosso projetor. -
6:27 - 6:28Daí o termo 2.0.
-
6:28 - 6:31Substituí a pintura,
as latas de tinta ou a cola -
6:31 - 6:33pela tecnologia.
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6:33 - 6:36Além disso, adorava a ideia
de propor uma arte de rua -
6:36 - 6:38que era doce na forma
— é a luz — -
6:38 - 6:40não deixa vestígios
quando a apago. -
6:40 - 6:44Mas isso não me impedia
de causar impacto no fundo, -
6:45 - 6:48Portanto, tentei criar
a minha forma de fazer arte de rua. -
6:48 - 6:50Para falar de forma mais geral,
-
6:50 - 6:52tentei inventar a minha profissão.
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6:52 - 6:55Isto faz efeito, dizer num palco
-
6:55 - 7:00"Pois, eu crio a minha profissão"
que é desconfortável no quotidiano, -
7:00 - 7:02É realmente muito desconfortável.
-
7:03 - 7:04Passo a explicar.
-
7:05 - 7:08Quando afinei a arte de rua
— foi um bom momento — -
7:08 - 7:11fui ter com a grande família
da arte de rua -
7:11 - 7:14— imaginem um cãozinho com
uma bola nova, todo contente — e disse: -
7:14 - 7:17"Criei esta arte de rua,
o que é que acham?" -
7:17 - 7:18O quê?
-
7:19 - 7:21"É uma forma nova
de fazer o que todos adoramos. -
7:22 - 7:24"O que é que achas?"
-
7:24 - 7:25Ele vai felicitar-me?
-
7:25 - 7:27Não, nada disso.
-
7:27 - 7:28Enterraram-me o mais que puderam.
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7:28 - 7:30Criticaram-me,
tive direito a: -
7:31 - 7:33"Mas essa coisa não é arte de rua!"
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7:33 - 7:35Ou, pior ainda, ignoraram-me
completamente: -
7:35 - 7:37"Porque é que este tipo me contactou?"
-
7:37 - 7:39Aparte raras exceções,
-
7:39 - 7:42obrigado M. Christophe,
Mme Dominique, eles sabem quem são. -
7:43 - 7:46Dois anos depois,
ao fim de muito trabalho, -
7:47 - 7:51esta Street Art 2.0 encontra-se
em dois livros importantes de arte de rua -
7:52 - 7:54e, não me perguntem porquê,
nem como, porque eu não sei, -
7:54 - 7:57nos livros de francês do 3.º ano.
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7:57 - 7:58Porque é que eu vos digo isto?
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7:58 - 8:00(Risos)
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8:00 - 8:03Para um tipo que não era o melhor amigo
da escola, acho isso divertido. -
8:04 - 8:06Ponho-o a um cantinho da cabeça.
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8:06 - 8:08Porque é que vos conto isto?
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8:08 - 8:13Penso que há por aí muita gente
que tem vontade -
8:13 - 8:16ou, se se interrogarem,
-
8:16 - 8:20têm vontade de encontrar
um modo de se exprimirem, de existir. -
8:20 - 8:23Talvez já tenham encontrado soluções
-
8:23 - 8:25e andem à procura de as tornar viáveis.
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8:25 - 8:28Em todo o caso, penso que,
quando nos sentamos neste anfiteatro, -
8:28 - 8:29vimos procurar isso,
-
8:29 - 8:33vimos procurar um pequeno pontapé
no rabo para nos ajudar a lançar-nos. -
8:34 - 8:39Assim, digo-vos:
vocês vão incomodar, vão interrogar, -
8:39 - 8:42ninguém vai compreender-vos de início,
vocês vão ser uma luzinha -
8:42 - 8:44onde ela nunca existiu.
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8:44 - 8:47As pessoas adoram os cacifos,
mas deixem que elas se ocupem -
8:47 - 8:49de vos arrumar no cacifo
que as tranquiliza. -
8:49 - 8:51Estão sempre a perguntar-me:
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8:51 - 8:53"Tu és um artista da rua ou um fotógrafo?
Não percebo bem". -
8:53 - 8:56Não me compete ser eu
a arrumar-me num cacifo, -
8:56 - 8:57a minha função é criar.
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8:57 - 9:01Quanto mais vocês desarrumarem
melhor para vocês. -
9:01 - 9:05Há um pequeno ingrediente
na minha experiência -
9:05 - 9:07que é indispensável
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9:07 - 9:10e que vos ajudará a atravessar
todas as zonas de turbulência. -
9:10 - 9:12São os períodos de dúvida,
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9:12 - 9:14os períodos em que ficamos fartos,
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9:14 - 9:16temos tendência a cair
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9:16 - 9:18e precisamos de nos levantar.
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9:18 - 9:21Esse ingrediente um pouco mágico
é o "porquê?" -
9:22 - 9:25O "porquê?" é um pouco traiçoeiro,
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9:25 - 9:27porque, quando eu falo de "porquê?"
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9:27 - 9:30não falo do meu projeto
de ir fazer "surf" para Havaí, -
9:30 - 9:33porque vou comer sementes
de frutos biológicos -
9:33 - 9:34que mergulharei em húmus
-
9:34 - 9:36e comerei "cocktails", porquê?
-
9:36 - 9:40porque é fixe, vou pôr isso
no Instagram, vou ter muitos seguidores. -
9:40 - 9:42Não, não falo desse "porquê?",
de modo nenhum. -
9:43 - 9:45Quando falo do "porquê?"
-
9:45 - 9:48para mim é: qual é a mensagem,
o que é que vocês têm para dizer? -
9:48 - 9:50O que é que têm lá dentro?
Qual é a vossa chama interior -
9:50 - 9:53que faz com que possam
fazer passar a vossa pequena faísca -
9:53 - 9:57por qualquer prova que seja
e transformá-la num braseiro? -
9:57 - 10:00Afinal, quem é que vocês são
em relação aos vossos projetos? -
10:00 - 10:01Eu fiz arte de rua,
-
10:01 - 10:04era a minha ideia à partida,
a minha faísca, mas porquê? -
10:04 - 10:07Pensei que sempre tivera isso
dentro de mim, -
10:07 - 10:08— não sou obrigado a saber porquê —
-
10:09 - 10:12essa necessidade de tentar
fazer os outros reagirem -
10:12 - 10:15tentar inspirá-los, tentar torná-los
um pouco melhores. -
10:15 - 10:18Sempre tive necessidade
de mostrar aos outros: -
10:18 - 10:20"Olha! Eu consigo.
E tu, porque não? -
10:20 - 10:23"Não sou melhor que tu,
eu só tentei lançar-me", -
10:24 - 10:26Enquanto eu tiver isto dentro de mim,
-
10:26 - 10:28posso aguentar qualquer prova,
-
10:28 - 10:30a minha pequena faísca
talvez vá tremer. -
10:30 - 10:32Temos aqui um vento forte!
-
10:32 - 10:34Ela vai vacilar, vai tremer
-
10:34 - 10:37mas eu sei que, mais tarde ou mais cedo,
vai continuar a aumentar -
10:37 - 10:40e, quem sabe,
transformar-se-á num braseiro. -
10:40 - 10:41Sim, eu tenho sorte.
-
10:41 - 10:44Mas lembrem-se do que eu disse da sorte.
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10:44 - 10:47Hoje, tenho feito um caminho e tanto
-
10:48 - 10:52que me levou recentemente a fazer
uma estreia mundial de arte de rua. -
10:52 - 10:53na floresta amazónica.
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10:53 - 10:55Mas, no início,
eu não tinha qualquer ligação -
10:55 - 10:58nem no mundo da fotografia
nem no mundo da arte. -
10:58 - 11:01e, pior que isso, não tinha
nenhuma confiança em mim. -
11:02 - 11:05Quando me falaram do tema de hoje
"o poder das ideias", -
11:06 - 11:09isso fez-me tomar consciência
de que, para mim, -
11:09 - 11:13o verdadeiro poder das ideias
é a própria ideia de poder fazê-lo. -
11:13 - 11:15Não vos contei a minha história
a troco de nada. -
11:15 - 11:16Reparem.
-
11:16 - 11:20Um badameco, pouco à vontade
no sistema escolar clássico, -
11:20 - 11:23que se procura, que é curioso,
que não sabe bem para onde vai, -
11:23 - 11:26mas que, sem o saber,
acreditou no poder das suas ideias, -
11:26 - 11:29que acreditou na ideia
de poder fazê-lo. -
11:29 - 11:31Isso ainda hoje me surpreende,
todos os dias. -
11:31 - 11:33Se me tivessem dito
que eu passaria -
11:33 - 11:35das minhas experiências
de arte da rua -
11:35 - 11:37nas ruas de Marselha
-
11:37 - 11:40para em encontrar a projetar mensagens
em plena Havana, cheia de gente, -
11:40 - 11:44mensagens de liberdade de expressão
sob o nariz do governo cubano, -
11:44 - 11:45— notem bem, não vos aconselho —
-
11:45 - 11:47(Risos)
-
11:47 - 11:50ou no coração da floresta amazónica
— também não aconselho — -
11:50 - 11:52ou nos livros de francês...
-
11:53 - 11:55Se me tivessem dito isso
há dois anos e meio, eu teria dito: -
11:55 - 11:57"Não, nem pensar, não."
-
11:58 - 12:01Não tenham medo de acreditar
no poder das vossas ideias -
12:01 - 12:04porque o nosso primeiro travão
somos nós, e eu ainda o vejo. -
12:04 - 12:08Um outro elemento que aprendi
nestes numerosos caminhos -
12:08 - 12:11é que as melhores ideias,
as que nos seguem, -
12:11 - 12:13que nos dão a mão
durante mais tempo na nossa vida, -
12:13 - 12:17não são forçosamente aquelas
que vamos procurar no computador -
12:17 - 12:21e que dizem: "Olha, fulano fez isto
beltrano fez aquilo". Não e não. -
12:21 - 12:23São as ideias que a nossa história pessoal
-
12:23 - 12:28— e também por isso espero que contem
a vossa história — coloca no nosso caminho. -
12:28 - 12:31Tenham confiança nisso, tenham confiança
na vossa história pessoal -
12:31 - 12:33e acabarão por ver,
se refletirem um pouco, -
12:33 - 12:37verão que os projetos
que vos perseguem mais -
12:37 - 12:38— podem observá-lo —
-
12:38 - 12:41são aqueles que apareceram
um pouco como por acaso, -
12:41 - 12:43porque a vossa história
os colocou no vosso caminho. -
12:43 - 12:45Aprendam a ter confiança nisso.
-
12:45 - 12:50Para terminar, para voltar à primeira
pergunta que fiz: -
12:50 - 12:53"O que é que a criança que vocês eram
-
12:53 - 12:55"pensaria do adulto
em que se tornaram?" -
12:55 - 12:58eu não sei, não encontrei o meu
-
12:58 - 13:01mas se esse garoto marselhês estivesse
aqui hoje, neste círculo vermelho, -
13:01 - 13:04penso que vos diria isto:
-
13:05 - 13:06[Pensa em sonhar!]
-
13:07 - 13:08Muito obrigado!
-
13:08 - 13:10(Aplausos)
-
13:11 - 13:12Obrigado.
- Title:
- Da faísca ao braseiro | Philippe Echaroux | TEDxMarseille
- Description:
-
Philippe Echaroux é fotógrafo retratista e artista de rua nascido em Marselha em 1983. É reconhecido pelos seus retratos de celebridades e como sendo o criador, a faísca original do Street Art 2.0. Inicia a fotografia por acaso, em 2008, enquanto prossegue os estudos de educador especializado para pessoas deficientes. No mesmo ano, recebe o prémio do concurso de fotografia internacional DIOR. Philippe inicia a sua carreira como fotógrafo de publicidade, com campanhas para grandes marcas. Ávido por um novo desafio e de sensibilidade decididamente social, Philippe Echaroux vira-se rapidamente para a arte de rua, uma arte acessível a toda a gente.
- Video Language:
- French
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 13:26
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for De l'étincelle au brasier | Philippe Echaroux | TEDxMarseille | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for De l'étincelle au brasier | Philippe Echaroux | TEDxMarseille | ||
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for De l'étincelle au brasier | Philippe Echaroux | TEDxMarseille | ||
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