Aceitem a vossa magia bruta e estranha
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0:00 - 0:03[Esta palestra contém conteúdo adulto]
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0:05 - 0:10A minha mãe ligou-me este verão
para me dar uns conselhos. -
0:11 - 0:16Tinha lido alguns trechos
da minha autobiografia, -
0:17 - 0:18que ainda nem tinha sido publicada,
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0:18 - 0:20e ficou preocupada.
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0:21 - 0:23Não foi por causa do sexo.
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0:23 - 0:24(Risos)
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0:25 - 0:28Foi a linguagem que a preocupou.
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0:29 - 0:30Por exemplo:
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0:32 - 0:34"Eu já fui muitas coisas
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0:34 - 0:36"ao longo do meu curioso percurso:
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0:37 - 0:39"um rapaz pobre, um preto,
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0:39 - 0:42"um estudante de Yale,
um estudante de Harvard, -
0:42 - 0:45"uma bicha, um cristão,
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0:45 - 0:47"o filho de uma viciada, supostamente,
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0:47 - 0:50"a semente de Satanás,
a reencarnação de Jesus, -
0:50 - 0:51"o Casey."
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0:51 - 0:54E isto foi somente até à página seis.
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0:54 - 0:55(Risos)
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0:55 - 0:58Dá para entender
a preocupação da minha mãe. -
0:59 - 1:04Ela queria sugerir uma pequena mudança.
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1:04 - 1:07Então ligou-me e começou a falar,
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1:08 - 1:11"Olha, tu és um homem.
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1:12 - 1:15"Tu não é uma bicha, nem um 'punk',
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1:15 - 1:17"e eu vou-te dizer qual é a diferença.
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1:17 - 1:19"Tu és importante, és inteligente.
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1:19 - 1:21"Vestes-te bem.
Sabes exprimir-te. -
1:21 - 1:23"As pessoas gostam de ti.
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1:23 - 1:25"Não andas por aí
a fazer gestos, feito um 'punk'. -
1:25 - 1:28"Não és um vagabundo pela rua.
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1:28 - 1:30"És uma pessoa íntegra
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1:30 - 1:33"que, por acaso, é 'gay'.
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1:33 - 1:35"Não te subestimes,
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1:36 - 1:38"és melhor que isso."
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1:39 - 1:42Ela achou que estava a fazer-me um favor.
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1:42 - 1:45e, de certa forma, estava mesmo.
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1:45 - 1:51Percebi o que estou
a tentar fazer da minha vida -
1:51 - 1:54e do meu trabalho como escritor.
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1:54 - 1:57Quero mandar uma simples mensagem:
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1:58 - 2:02o modo como aprendemos a viver
precisa de ser mudado. -
2:02 - 2:04Eu aprendi isso da forma mais difícil.
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2:04 - 2:07Eu não nasci do lado errado da margem,
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2:07 - 2:09mas do lado errado do rio inteiro,
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2:09 - 2:12o rio Trinity, no bairro de Oak Cliff,
no Texas. -
2:12 - 2:14Fui ali criado, em parte pela minha avó,
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2:14 - 2:16que era empregada doméstica,
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2:16 - 2:18e pela minha irmã,
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2:18 - 2:21que me adotou alguns anos depois,
quando a nossa mãe, -
2:21 - 2:23lutando contra uma doença mental,
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2:23 - 2:25desapareceu.
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2:25 - 2:27Foi esse desaparecimento,
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2:27 - 2:31que aconteceu quando eu tinha
13 anos e durou cinco anos, -
2:31 - 2:33que modelou a pessoa em que me tornei,
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2:33 - 2:36e que depois tive de deixar de ser.
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2:37 - 2:41Antes de partir, a minha mãe
era o meu porto seguro. -
2:41 - 2:46Era a única pessoa que parecia
tão estranha quanto eu, -
2:46 - 2:48lindamente estranha,
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2:48 - 2:51uma mistura de Blanche DuBois
de "O elétrico chamado desejo", -
2:51 - 2:53com a cantora Whitney Houston,
dos anos 80. -
2:53 - 2:55(Risos)
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2:56 - 2:59Eu não estou a dizer que ela era perfeita,
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2:59 - 3:03mas as suas imperfeições
fizeram-me bem. -
3:03 - 3:05E talvez a magia seja essa:
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3:05 - 3:07aprender com os erros.
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3:07 - 3:10Quando ela começou a desaparecer
durante dias seguidos, -
3:10 - 3:12eu fazia a minha própria magia.
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3:12 - 3:14Foi aí que eu me dei conta
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3:14 - 3:18de que podia invocar a minha mãe,
se andasse de modo perfeito, -
3:18 - 3:22da escola primária,
no alto de uma colina íngreme, -
3:22 - 3:25até lá abaixo, à casa da minha avó,
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3:25 - 3:29colocando um pé só,
em cada quadrado da calçada. -
3:30 - 3:33Eu não podia pisar as linhas
que separavam os quadrados, -
3:33 - 3:35não podia pular um quadrado,
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3:35 - 3:38o caminho todo, até ao
último quadrado, até ao relvado, -
3:38 - 3:41que separava o nosso relvado
da nossa entrada para a garagem. -
3:41 - 3:44E juro-vos, funcionou
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3:45 - 3:47mas só uma única vez.
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3:47 - 3:51Mas, se a caminhada perfeita
não podia trazê-la de volta, -
3:51 - 3:55percebi que essa abordagem
tinha uma outra utilidade. -
3:55 - 3:58Todas as pessoas responsáveis
à minha volta -
3:58 - 4:00adoravam a perfeição,
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4:01 - 4:03a obediência, a submissão.
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4:03 - 4:06Bastava eu obedecer,
para me deixarem em paz. -
4:06 - 4:09Então, fiz um acordo,
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4:09 - 4:13uma coisa que voltei a ver mais tarde,
numa prisão do Stasi em Berlim, -
4:13 - 4:15num cartaz com os dizeres:
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4:15 - 4:18"Quem se adapta, vive toleravelmente."
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4:19 - 4:22Era um acordo que me assegurava
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4:22 - 4:25um lugar para morar
e um prato de comida; -
4:25 - 4:28um acordo que me encheu
de elogios de professores, -
4:28 - 4:30da família e de desconhecidos;
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4:30 - 4:32um acordo que tinha ar de ser bem pago.
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4:32 - 4:36Quando, aos 17 anos,
alguém de Yale me recrutou -
4:36 - 4:38para a equipa de futebol americano.
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4:38 - 4:41Aconteceu tudo muito de repente.
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4:42 - 4:45O homem de Yale disse
— toda a gente disse — -
4:45 - 4:49que aquilo era a melhor coisa
que me podia ter acontecido, -
4:49 - 4:51a melhor coisa para a comunidade inteira.
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4:51 - 4:55"Homem, não percas essa hipótese",
disseram-me. -
4:55 - 4:57Eu não tinha tanta certeza.
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4:57 - 5:00Yale parecia-me um outro mundo:
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5:00 - 5:03um lugar frio, estranho, hostil.
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5:04 - 5:06No primeiro dia da minha visita
de recrutamento, -
5:06 - 5:09enviei uma mensagem à minha irmã,
uma desculpa para não ir: -
5:09 - 5:11"Essas pessoas são muito esquisitas."
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5:11 - 5:14Ela respondeu: "Vais sentir-te em casa."
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5:14 - 5:17(Risos)
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5:18 - 5:20Aceitei o conselho
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5:20 - 5:22e esforcei-me muito para me adaptar.
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5:22 - 5:25Quando a conselheira
dos caloiros me disse -
5:25 - 5:27para não usar os meus bonés no campus:
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5:27 - 5:30"Estás em Yale.
Já não precisas de usar isso." -
5:31 - 5:34Eu percebi que esse seria
um dos pequenos preços -
5:34 - 5:37que eu teria de pagar.
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5:37 - 5:40Eu paguei todos os preços,
ou tentei, -
5:40 - 5:43e claro que valeram a pena.
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5:43 - 5:46Tornei-me num líder no futebol
americano da universidade, -
5:46 - 5:49consegui entrar para uma sociedade
não muito secreta -
5:49 - 5:52e trabalhar em Wall Street
e, mais tarde, em Washington. -
5:52 - 5:54Estava tudo a ir tão bem,
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5:54 - 5:57que achei que devia ser
presidente dos EUA. -
5:57 - 6:00(Risos)
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6:01 - 6:03Mas como só tinha 24 anos,
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6:03 - 6:06e os presidentes também precisam
de subir degraus na carreira, -
6:06 - 6:09conformei-me em candidatar-me
para o Congresso. -
6:09 - 6:14Isso foi naquelas
eleições brilhantes de 2008, -
6:14 - 6:18quando um senador sério,
moderado, sublinhou: -
6:19 - 6:23"A mensagem principal
que é preciso passar -
6:23 - 6:26"é que Barack Obama é como nós."
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6:27 - 6:29A mensagem teve tanto sucesso
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6:29 - 6:32que a campanha tornou-se
o grande modelo da política moderna, -
6:32 - 6:35ou até para a vida moderna,
que também parece exigir -
6:35 - 6:40que devemos fazer de tudo,
para poder dizer no final da nossa vida, -
6:40 - 6:44com toda a satisfação:
"Eu fui como outra pessoa qualquer." -
6:44 - 6:48E isso seria também
a minha mensagem. -
6:48 - 6:54Uma noite, fiz uma última ligação
para o diretor da minha campanha. -
6:55 - 7:00Faríamos tudo para ganhar,
mas primeiro ele tinha uma pergunta: -
7:01 - 7:04"Há alguma coisa que eu precise de saber?"
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7:04 - 7:08Eu respirei fundo e acabei por dizer:
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7:08 - 7:11"Acho que precisa de saber
que eu sou 'gay'." -
7:12 - 7:13Silêncio.
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7:15 - 7:19"Hum. Entendo", disse ele
quase num sussurro, -
7:19 - 7:22parecia que tinha encontrado
dinheiro ou um passarinho morto. -
7:22 - 7:23(Risos)
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7:23 - 7:26"Ainda bem que me contou", disse.
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7:26 - 7:28"Claro que isso não
facilita o meu trabalho. -
7:28 - 7:30"Você está no Texas.
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7:30 - 7:34"Mas impossível não é.
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7:34 - 7:37"Mas, Casey, deixe-me
perguntar-lhe uma coisa -
7:37 - 7:43"como é que se vai sentir quando alguém
lhe chamar bicha num debate? -
7:44 - 7:46"Vamos ser honestos, OK?
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7:46 - 7:49"É possível que alguém tente
agredi-lo fisicamente. -
7:50 - 7:52"Só quero saber:
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7:52 - 7:55"Está mesmo preparado para isso?"
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7:56 - 7:57Eu não estava.
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7:57 - 8:00E não conseguia entender,
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8:01 - 8:03mal podia respirar,
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8:03 - 8:07pensar, ou dizer alguma coisa.
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8:07 - 8:10Só para esclarecer, o miúdo
que eu era naquela época, -
8:10 - 8:13teria encarado tudo,
inclusive uma possível agressão, -
8:13 - 8:16sacrificaria até a sua vida
por uma grande causa. -
8:17 - 8:19Mas havia algo chocante
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8:20 - 8:22— não devia ser assim, mas era —
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8:22 - 8:27na hipótese de que podia ser magoado
apenas por ser quem era, -
8:27 - 8:30coisa que ele nem tinha tentado fazer,
para começar. -
8:31 - 8:35Tudo o que ele
— tudo o que eu tentei fazer -
8:35 - 8:38e tentei ser era o que esperavam de mim.
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8:38 - 8:41Eu era notável para
um rapaz de 24 anos: -
8:42 - 8:46inteligente, com um bom discurso,
vestia-me bem, era honesto. -
8:47 - 8:52Mas, afinal, o acordo que eu aceitara
não podia salvar-me, -
8:53 - 8:55nem pode salvar ninguém.
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8:56 - 8:58Talvez vocês já tenham
aprendido esta lição, -
8:58 - 9:02ou irão aprender, independentemente
da vossa opção sexual. -
9:02 - 9:06Os "gays" recebem uma dose cavalar
de repressão, sem dúvida, -
9:06 - 9:10mas a repressão é uma pílula amarga,
que todos acabam por tomar. -
9:12 - 9:15Temos de esconder
quem somos e o que fazemos: -
9:16 - 9:19o nosso amor, a nossa dor
e, para alguns, a nossa fé. -
9:19 - 9:22Embora mostrar-se ao mundo
possa ser difícil, -
9:23 - 9:27ficar imerso em si próprio,
pode ser ainda mais difícil. -
9:27 - 9:29Como disse Miles Davis:
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9:29 - 9:32"Demora bastante tempo
aceitarmo-nos a nós mesmos". -
9:32 - 9:35Com certeza, esse foi o meu caso.
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9:35 - 9:38Tive essa revelação
naquela noite, aos 24 anos, -
9:38 - 9:40mas segui em frente com a minha vida.
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9:40 - 9:44Tirei Gestão em Harvard,
fundei uma instituição de beneficência, -
9:44 - 9:47apareci na capa de uma revista,
fui palestrante TED. -
9:47 - 9:49(Risos)
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9:49 - 9:51Aos 20 e muitos anos,
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9:51 - 9:54conquistei praticamente tudo
o que um jovem deve conquistar. -
9:54 - 9:57Mas eu estava destruído:
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9:57 - 10:01não cheguei a ter um colapso nervoso,
mas cheguei perto, -
10:02 - 10:04muito triste, de qualquer forma.
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10:04 - 10:07Nunca pensara em ser escritor,
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10:07 - 10:11nem sequer levei a leitura a sério,
até aos 23 anos. -
10:12 - 10:14Mas a indústria literária
é a única que nos paga -
10:14 - 10:17para investigarmos os nossos problemas...
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10:17 - 10:19(Risos)
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10:23 - 10:26Assim, decidi tentar a possibilidade
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10:26 - 10:29de colar os meus cacos com as palavras.
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10:31 - 10:35O que saiu nas páginas foi tão estranho
quanto me pareceu naquele momento. -
10:35 - 10:38o que, no início,
alarmou algumas pessoas. -
10:38 - 10:41Um autor respeitado ligou-me
para me dar a sua opinião, -
10:41 - 10:44depois de ler os primeiros capítulos.
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10:44 - 10:47Começou a falar, parecia a minha mãe:
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10:48 - 10:50"Olha só,
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10:51 - 10:53"foste contratado para escrever
uma autobiografia. -
10:53 - 10:55"É algo bem objetivo.
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10:55 - 10:57"Precisa de ter começo, meio e fim,
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10:57 - 10:59"e basear-se em factos da tua vida.
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11:00 - 11:03"A propósito, há uma grande tradição
nas autobiografias deste país, -
11:03 - 11:08"feitas por pessoas à margem da sociedade
querendo afirmar a sua existência. -
11:08 - 11:12"Compra alguns desses livros
e aprende algo com eles. -
11:12 - 11:14"Estás a ir na direção errada."
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11:16 - 11:19Só que eu já não acreditava
no que nos ensinavam -
11:19 - 11:22— que a direção correta
é a direção segura. -
11:22 - 11:24Já não acreditava no que nos ensinavam
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11:24 - 11:27que os "gays" ou negros
ou pobres são marginais. -
11:28 - 11:31Acredito no que Kendrick Lamar diz
no seu álbum "Section.80": -
11:32 - 11:35"Eu não estou do lado de fora,
a olhar para dentro, -
11:35 - 11:37"não estou dentro, a olhar para fora,
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11:37 - 11:40"estou na merda do centro,
a olhar em volta." -
11:40 - 11:41(Risos)
-
11:41 - 11:43Esse era o lugar
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11:43 - 11:45de onde eu pretendia trabalhar,
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11:45 - 11:49indo na única direção que valia a pena,
a minha própria direção, -
11:49 - 11:53tentando ajudar as pessoas
a recusarem os acordos horríveis -
11:53 - 11:55que somos ensinados a aceitar.
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11:55 - 11:57Somos ensinados a convertermo-nos
-
11:57 - 12:01e converter o nosso trabalho
em algo simples, fácil de digerir; -
12:01 - 12:04somos ensinados a mutilarmo-nos
para que possam entender-nos. -
12:04 - 12:08a anularmo-nos,
para atrair as amizades certas. -
12:08 - 12:12Assim, as melhores escolas aceitar-nos-ão
conseguiremos os melhores trabalhos -
12:12 - 12:14e convidar-nos-ão para as melhores festas,
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12:14 - 12:17até que um dia, o Deus certo
nos convide para o paraíso certo -
12:17 - 12:19e feche o seu precioso portão
atrás de nós, -
12:19 - 12:21para nos curvarmos diante
Dele para sempre. -
12:21 - 12:24Essa é a recompensa, é o que dizem,
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12:24 - 12:25pela nossa obediência:
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12:26 - 12:29ser um anjo de pessoa,
que todos adoram, -
12:29 - 12:30estar morto.
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12:31 - 12:35A minha resposta é: "Não, obrigado."
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12:35 - 12:39Para o mundo e para minha mãe.
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12:40 - 12:41Bom, para ser sincero,
eu só disse: -
12:41 - 12:44"Está bem, mãe, eu ligo mais tarde."
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12:44 - 12:45(Risos)
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12:45 - 12:47Mas cá dentro, eu disse:
"Não, obrigado." -
12:48 - 12:52"Também não posso aceitar
o acordo dela. -
12:52 - 12:54Nem vocês devem aceitar.
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12:54 - 12:58Seria mais fácil para muitos de nós,
em salões como este, -
12:59 - 13:02sentirmo-nos a salvo,
-
13:02 - 13:05ficarmos confortáveis.
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13:06 - 13:08Nós falamos bem,
vestimo-nos decentemente, -
13:09 - 13:13somos inteligentes, as pessoas
gostam de nós, é o que parece. -
13:13 - 13:18Mas em vez disso,
devemos recordar a mulher de Lot. -
13:19 - 13:22Jesus de Nazaré disse-o
aos seus discípulos: -
13:22 - 13:25"Lembrem-se da mulher de Lot."
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13:26 - 13:30Caso vocês não tenham lido
a Bíblia recentemente, -
13:30 - 13:33Lot foi um homem que se mudou
com a família para Sodoma, -
13:33 - 13:38onde a sociedade era perversa,
e Deus decidiu destruí-la. -
13:38 - 13:41Porém, Deus, cruel,
mas misericordioso, -
13:41 - 13:45enviou dois anjos a Sodoma,
para alertar Lot e a família -
13:45 - 13:47para saírem de lá.
-
13:47 - 13:51Lot ouviu o aviso do anjo,
mas demorou. -
13:51 - 13:54Eles não tinham o dia todo,
pegaram Lot pela mão, -
13:54 - 13:57as duas filhas e a esposa,
-
13:57 - 13:59e tiraram-nos de Sodoma.
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13:59 - 14:01Os anjos gritaram:
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14:01 - 14:04"Corram para as montanhas e não
olhem para trás de forma nenhuma". -
14:04 - 14:08quando Deus lançou o fogo
sobre Sodoma e Gomorra -
14:08 - 14:11— não entendo porque é
que Gomorra foi metida nisso. -
14:11 - 14:14Lot e a família fugiram a correr,
-
14:14 - 14:16de toda aquela destruição,
-
14:16 - 14:18comendo poeira,
enquanto Deus matava todos. -
14:18 - 14:24Então, por alguma razão,
a mulher de Lot olhou para trás. -
14:25 - 14:28Deus transformou-a numa estátua de sal.
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14:29 - 14:33"Lembrem da mulher de Lot",
disse Jesus. -
14:34 - 14:36Mas eu tenho uma pergunta:
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14:37 - 14:39Porque é que ela olhou para trás?
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14:40 - 14:43Olhou porque não queria perder
todo aquele caos, -
14:43 - 14:47queria dar uma última olhadela
numa cidade em chamas? -
14:47 - 14:49Olhou para trás
porque queria ter certeza -
14:49 - 14:53que estavam longe do perigo
e respirar um pouco melhor? -
14:53 - 14:57Ás vezes, sou tão intrometido e egoísta,
que essas seriam as minhas razões. -
14:57 - 14:59se eu estivesse no lugar dela.
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14:59 - 15:05E se havia outra coisa
a acontecer com a mulher de Lot? -
15:06 - 15:11E se ela não conseguisse suportar
a ideia de deixar aquelas pessoas -
15:12 - 15:14a morrem queimadas,
-
15:14 - 15:16mesmo pela justiça divina?
-
15:17 - 15:19Seria possível?
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15:19 - 15:25Se assim fosse, essa olhadela para trás,
esse ato duma mulher desobediente -
15:25 - 15:27talvez não tenha sido
uma lenda de aviso. -
15:27 - 15:30Pode ter sido o ato
mais corajoso de toda a Bíblia, -
15:30 - 15:33ainda mais corajoso
do que o ato principal do Livro, -
15:33 - 15:35a crucificação.
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15:35 - 15:40Ensinaram-nos que, no Calvário,
numa velha cruz rugosa, -
15:40 - 15:43Jesus sacrificou a sua vida
para nos salvar a todos: -
15:43 - 15:46a milhões e milhões de desconhecidos,
por toda a eternidade. -
15:46 - 15:48É uma atitude simpática.
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15:48 - 15:50Ele ficou famoso, isso é certo.
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15:50 - 15:51(Risos)
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15:52 - 15:54Mas a mulher de Lot morreu,
-
15:54 - 15:57transformada numa estátua de sal,
-
15:57 - 16:01tudo porque não conseguiu
virar as costas aos seus amigos, -
16:01 - 16:04os homens perversos de Sodoma,
-
16:04 - 16:08e nem sequer escreveram
o nome dela na Bíblia. -
16:09 - 16:12Imaginem ter a coragem da mulher de Lot.
-
16:13 - 16:16É desse tipo de coragem que precisamos.
-
16:17 - 16:20Coragem para nos expormos.
-
16:20 - 16:23A coragem que recusa que
ou todos temos de ser bichas, -
16:23 - 16:27ou ninguém pode ser bicha,
para sermos livres. -
16:28 - 16:32A coragem para ficar junto
com outros vagabundos na rua, -
16:32 - 16:35com todos os miseráveis do mundo,
-
16:35 - 16:38para formar um exército de minorias,
-
16:38 - 16:42com a esperança que
com a carcaça da que somos feitos, -
16:42 - 16:45possamos construir um mundo melhor.
-
16:45 - 16:46Obrigado.
-
16:46 - 16:50(Aplausos)
- Title:
- Aceitem a vossa magia bruta e estranha
- Speaker:
- Casey Gerald
- Description:
-
A forma como nos ensinaram a viver precisa de mudar, diz o autor Casey Gerald. Muitas vezes, escondemos parte de quem somos para nos encaixarmos, para ganharmos elogios, para sermos aceites. Mas a que preço? Nesta palestra inspiradora, Gerald revela os sacrifícios pessoais que fez para obter sucesso nos altos escalões da sociedade americana — e mostra-nos porque é que está na hora de termos a coragem de viver na magia bruta e estranha de nós mesmos.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:03
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