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O que Shakespeare pensaria de nós? | Dan Poole & Giles Terera | TEDxMadrid

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    (Vídeo)
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    [Shake-spismo]
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    Giles Terera: Shakespismo.
    Dan Poole: Shakespismo.
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    GT: Já teve Shakespismo? DP: Hã...
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    GT: Você está com Shakespismo?
    DP: Muitos têm esse problema.
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    GT: Shakespismo é... DP: Hã...
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    GT: Sabe quando você...
    DP: Ele pode destruir pessoas.
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    GT: Parece uma constipação.
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    DP: Minha mãe padeceu
    de Shakespismo muitos anos.
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    GT: Parece uma indigestão,
    só que de Shakespeare.
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    DP: Todos já sofremos com isso,
    é difícil de explicar...
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    na escola secundária, universidade...
    professores, crianças, adultos.
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    GT: O dicionário Oxford o define assim:
    "uma aversão extrema e irracional,
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    altamente infecciosa,
    a Shakespeare e suas palavras". DP: Ai!
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    GT: No ônibus, passando
    na porta do teatro, tem lá:
  • 0:51 - 0:54
    "Shakespeare, Ricardo III, Shakespeare".
  • 0:54 - 0:56
    É esse sentimento que dá ali...
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    DP: O problema do Shakespismo
    é que é transmissível.
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    É uma reação irracional.
  • 1:00 - 1:03
    Podemos literalmente passar para alguém.
  • 1:03 - 1:08
    GT: A primeira vez que notei que sofria
    de Shakespismo, eu tinha 16 anos.
  • 1:08 - 1:11
    O professor falou: "Próximo semestre,
    vamos estudar 'Macbeth'".
  • 1:11 - 1:15
    De repente, comecei a passar mal,
    e isso durou o semestre todinho.
  • 1:15 - 1:16
    Começamos a ler a peça.
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    Fui ao médico, e ele falou:
    "É... você pegou Shakespismo".
  • 1:19 - 1:20
    Aí, melhorei.
  • 1:20 - 1:24
    DP: Se houver quatro pessoas numa sala,
    só uma gosta de Shakespeare.
  • 1:24 - 1:27
    É grave assim o Shakespismo,
    tem a ver com escola...
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    GT: Conte às pessoas. Elas precisam saber.
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    DP: Shakespismo é algo
    que podemos resolver. Hã...
  • 1:32 - 1:33
    (Risos)
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    Shakespismo mata se você deixar,
    então não deixe.
  • 1:36 - 1:39
    GT: A pessoa pode ter 2 ou 80 anos
    de idade, e ainda assim sofrer disso.
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    É uma doença silenciosa.
    DP: Juntos podemos vencê-la.
  • 1:42 - 1:45
    GT: Se eu pronunciar agora
    a palavra "Shakespeare",
  • 1:45 - 1:49
    é isso... esse sentimento...
    é o Shakespismo.
  • 1:49 - 1:51
    [shakespearefilm.com]
  • 1:51 - 1:54
    (Fim do vídeo)
  • 1:54 - 1:55
    (Aplausos)
  • 1:55 - 1:56
    GT: (Espanhol) Obrigado.
  • 1:56 - 1:58
    (Aplausos)
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    Primeiro, queremos dizer que não voamos
    até aqui, nem viemos de avião.
  • 2:03 - 2:06
    GT e DP: Viemos de carro.
    GT: Pelo menos não foi de avião.
  • 2:06 - 2:08
    (Espanhol) Legal! Obrigado, obrigado.
  • 2:08 - 2:09
    (Risos)
  • 2:09 - 2:15
    Bem, há muito, muito tempo,
    num país muito, muito distante,
  • 2:15 - 2:16
    (Risos)
  • 2:16 - 2:20
    o jovem William Shakespeare,
    20 anos de idade, levantou-se uma manhã
  • 2:20 - 2:24
    e decidiu que queria deixar
    seu tranquilo e agradável lar no interior
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    e se mudar para Londres,
    pois queria se tornar ator.
  • 2:29 - 2:32
    DP: Daí, 400 anos depois,
    fizemos exatamente a mesma coisa.
  • 2:32 - 2:33
    (Risos)
  • 2:33 - 2:37
    Bem, Shakespeare era um homem...
  • 2:38 - 2:40
    um homem que escrevia peças excelentes,
  • 2:40 - 2:43
    a não ser que prefiram acreditar
  • 2:43 - 2:45
    que alguém o ajudou a escrevê-las,
    mas isso não importa.
  • 2:45 - 2:50
    O que importa é que ele não deveria
    ser colocado num pedestal.
  • 2:50 - 2:53
    Ele não é um deus; é um homem
    que escreveu ótimas histórias.
  • 2:53 - 2:56
    GT: Tecnicamente...
    DP: E adoro uma boa história.
  • 2:56 - 2:58
    GT: Adoro uma boa história. Todos nós.
    DP: Todos adoramos.
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    "Romeu e Julieta", "Macbeth",
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    Romeu e Julieta apaixonados...
    o perigoso Macbeth...
  • 3:06 - 3:10
    E foi aí que nossa história
    começou: com uma história.
  • 3:10 - 3:13
    Cresci no norte da Inglaterra,
    numa cidadezinha mineradora.
  • 3:13 - 3:15
    GT: E eu, no sul.
  • 3:15 - 3:18
    DP: E Shakespeare cresceu
    em algum lugar por aqui.
  • 3:18 - 3:23
    Quando criança, tive
    muito problema com Shakespeare.
  • 3:23 - 3:26
    Aos 11 anos, estudando "Romeu e Julieta",
  • 3:26 - 3:29
    eu não entendi bem a história, sabe?
  • 3:29 - 3:31
    Eu meio que entendi que, no fim,
    os dois amantes morrem,
  • 3:31 - 3:33
    e que aconteceu uma briga de espadas,
  • 3:33 - 3:37
    mas o resto realmente não entendi,
    não peguei de jeito nenhum.
  • 3:37 - 3:40
    Mas deixem-me dar o contexto:
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    quando eu tinha 11 anos,
    minhas aulas de inglês
  • 3:43 - 3:45
    normalmente começavam com um soco na cara.
  • 3:46 - 3:50
    Eu sofria bullying de outro menino
    que, toda quarta, me socava no rosto.
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    Bem, já tínhamos lido a peça
    e, naquele dia, íamos assistir ao filme.
  • 3:54 - 3:57
    Daí, minha professora diz:
    "Dan, vá buscar a TV".
  • 3:57 - 4:00
    E eu naquela... esperando o soco.
  • 4:00 - 4:04
    Aí, fui até a sala, peguei a TV
    e "bum", bem no meio da cara.
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    Então, os primeiros 15 minutos
    do filme "Romeu e Julieta",
  • 4:08 - 4:10
    pra ser honesto, eu meio que perdi,
  • 4:10 - 4:13
    mas, quando comecei a assistir,
  • 4:14 - 4:19
    parecia um daqueles filmes antigos,
    nada a ver comigo.
  • 4:20 - 4:26
    Era uma versão da BBC,
    dos anos 1960 ou 1970,
  • 4:26 - 4:29
    filmada como peça de teatro.
  • 4:29 - 4:31
    Então, não me agradou.
  • 4:31 - 4:35
    Era uma versão fria,
    estoica, esse tipo de coisa.
  • 4:35 - 4:40
    Por isso, quem for ensinar Shakespeare,
    não faça desse jeito.
  • 4:40 - 4:44
    Além disso, nunca diga a uma pessoa
    que, se ela não for inteligente,
  • 4:44 - 4:46
    jamais vai entender Shakespeare.
  • 4:46 - 4:50
    GT: Isso não é legal,
    mas a razão de estarmos aqui hoje,
  • 4:50 - 4:52
    nós, vocês,
  • 4:52 - 4:56
    neste prédio tão bonito,
    de termos dirigido até aqui,
  • 4:56 - 4:57
    é por causa do TED.
  • 4:57 - 5:02
    Bem, o lema do TED é:
    "Ideias que merecem ser divulgadas".
  • 5:02 - 5:05
    "Ideias que merecem ser divulgadas".
  • 5:05 - 5:06
    Adoramos esse lema,
  • 5:06 - 5:10
    mas também achamos que há ideias
    que não merecem ser divulgadas.
  • 5:10 - 5:11
    (Risos)
  • 5:11 - 5:14
    Por exemplo, quando estávamos
    concluindo o curso de teatro
  • 5:14 - 5:16
    para nos tornar atores, em Londres,
  • 5:16 - 5:19
    veio um diretor enorme
    para nossa escola de teatro...
  • 5:19 - 5:22
    DP: (Espanhol) Gordo...
    GT: Ele era enorme...
  • 5:22 - 5:24
    para nos preparar para audições.
  • 5:24 - 5:27
    A ideia era apresentarmos um texto,
  • 5:27 - 5:28
    e ele nos orientar.
  • 5:28 - 5:33
    Bem, eu tinha acabado de descobrir
    Hamlet, eu adorava Hamlet.
  • 5:34 - 5:38
    Eu realmente entendia Hamlet,
    pelo menos achava que entendia.
  • 5:38 - 5:42
    Hamlet era jovem, estava com raiva,
    sentia falta do pai
  • 5:42 - 5:44
    e não confiava em ninguém.
  • 5:44 - 5:48
    Então, fiz o monólogo "Ser ou não ser"
  • 5:48 - 5:51
    e, quando terminei, aquele homenzarrão
    se vira pra mim e diz:
  • 5:51 - 5:54
    DP: "Tá, tá, vamos parar por aqui..."
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    GT: Espere aí. Ele era escocês.
  • 5:56 - 5:57
    DP: Verdade.
  • 5:57 - 5:59
    (Risos)
  • 5:59 - 6:00
    GT: Continue.
  • 6:00 - 6:03
    DP: (Com sotaque escocês)
    "Tá, podemos parar por aqui.
  • 6:03 - 6:08
    Você nunca vai fazer Hamlet;
    realmente não é o seu perfil."
  • 6:09 - 6:13
    GT: Nunca vou fazer Hamlet.
    Ele disse que eu nunca iria fazer Hamlet.
  • 6:13 - 6:15
    Eu adorava Hamlet, mas, ao sair da sala,
  • 6:15 - 6:18
    comecei a pensar que talvez
    aquele grandalhão estivesse certo
  • 6:18 - 6:20
    e que eu não devia fazer Hamlet.
  • 6:20 - 6:24
    E essa ideia começou a subir
    pelo meu braço,
  • 6:24 - 6:27
    passou pelo ombro e começou
    a sussurrar no meu ouvido,
  • 6:27 - 6:31
    aquela ideia de minhoca,
    uma minhoca da cabeça, como se diz,
  • 6:31 - 6:34
    que sussurra em seu ouvido
    e diz: "Psst. Psst.
  • 6:35 - 6:38
    Você não pode fazer Shakespeare.
  • 6:38 - 6:42
    Shakespeare não é pra você.
    Shakespeare é para os outros.
  • 6:42 - 6:44
    Você não pode ser Hamlet.
  • 6:44 - 6:47
    Hamlet não é preto, (Espanhol) estúpido".
  • 6:47 - 6:48
    (Risos)
  • 6:48 - 6:51
    DP: O quê? Ele não é preto?
  • 6:51 - 6:54
    (Aplausos)
  • 6:54 - 6:58
    GT: E o tal diretor tinha
    me infectado com aquela ideia.
  • 6:58 - 7:00
    Era Shakespismo da pior espécie.
  • 7:01 - 7:03
    Eu ouvia aquele minhoca
    na cabeça e acreditava nela,
  • 7:03 - 7:06
    e sabia que, se não me livrasse
    imediatamente daquela ideia,
  • 7:06 - 7:09
    ela ia subir pro cérebro e me devorar.
  • 7:09 - 7:14
    Então, lembrei de uma coisa,
    de uma fala de Hamlet,
  • 7:14 - 7:18
    e passamos o verão pensando nela
    enquanto assistíamos às Olimpíadas
  • 7:18 - 7:21
    com aqueles atletas incríveis, em Londres.
  • 7:21 - 7:26
    Hamlet não diz: "Que obra de arte
    é o homem branco".
  • 7:27 - 7:30
    DP: Também não diz:
    "Que obra de arte é o homem pobre".
  • 7:30 - 7:34
    GT: "Que obra de arte é o homem rico."
    DP: "Que obra de arte é o homem gordo."
  • 7:34 - 7:37
    GT: "Que obra de arte
    é o homem velho ou o homem jovem."
  • 7:37 - 7:40
    Ele diz: "Que obra de arte é o homem.
  • 7:40 - 7:45
    Tão nobre em sua razão,
    tão infinito em faculdades,
  • 7:45 - 7:50
    em forma e movimento
    quão rápido e admirável".
  • 7:50 - 7:55
    DP: "Na ação, tão próximo dos anjos,
    na compreensão tão semelhante a um deus."
  • 7:55 - 7:59
    GT: Essas são ideias
    que merecem ser divulgadas.
  • 8:01 - 8:06
    DP: E a escola de teatro?
    O que acontece quando você se forma?
  • 8:06 - 8:08
    Se tiver sorte, consegue um emprego,
  • 8:08 - 8:11
    e alguns de nós têm e arranjam trabalho,
  • 8:11 - 8:14
    mas o interessante é que,
    quem não tiver a oportunidade
  • 8:14 - 8:17
    de estudar Shakespeare no palco
    depois de sair da escola,
  • 8:17 - 8:19
    vira essa coisa,
  • 8:19 - 8:23
    o Shakespismo se torna um problema,
    uma verdade incômoda.
  • 8:23 - 8:25
    Será que consigo fazer? Não consigo?
  • 8:25 - 8:29
    Será que estou assombrado
    por "Shakespeare faz o ator?"
  • 8:30 - 8:31
    "Shakespeare faz o homem?"
  • 8:31 - 8:35
    E não tive a sorte
    de conseguir oportunidades.
  • 8:35 - 8:38
    Então, eu ficava pensando:
    "Consigo fazer? Sou bom o bastante?
  • 8:38 - 8:43
    Eu deveria estar fazendo Shakespeare?
    Deveria estar no palco? O que posso...".
  • 8:43 - 8:44
    GT: Calma, calma, está tudo bem.
  • 8:44 - 8:45
    (Risos)
  • 8:45 - 8:48
    E tudo isso tem a ver com o TED,
    ideias que merecem...
  • 8:49 - 8:50
    (Risos)
  • 8:50 - 8:52
    DP: Sem ele, não sou ninguém.
  • 8:52 - 8:54
    GT: Ah, sem ele, não sou ninguém.
  • 8:54 - 8:55
    DP: E aí, o que você faz?
  • 8:55 - 8:58
    Decidimos descobrir
    por que as pessoas tinham medo
  • 8:58 - 9:01
    e se sentiam intimidadas
    e desencorajadas pela linguagem.
  • 9:01 - 9:04
    O interessante é que, na vida,
  • 9:04 - 9:09
    tudo o que nos acontece
    emocional, física e psicologicamente
  • 9:10 - 9:12
    já aconteceu com todos
    os personagens de Shakespeare.
  • 9:12 - 9:16
    Eles viveram tudo antes de nós,
    está tudo ali de bandeja.
  • 9:17 - 9:18
    Então,
  • 9:18 - 9:20
    decidimos fazer um filme.
  • 9:20 - 9:22
    Bem, falar é fácil
  • 9:22 - 9:24
    e, na verdade, foi fácil falar,
  • 9:24 - 9:29
    mas fazer um filme é um poço de problemas,
  • 9:29 - 9:31
    como dinheiro, pra início de conversa.
  • 9:31 - 9:33
    Como fazer um filme
    se você nunca fez um filme?
  • 9:33 - 9:38
    Mas decidimos meter a cara e fazer.
  • 9:38 - 9:41
    Tem uma fala em que Macbeth
    pergunta a Lady Macbeth:
  • 9:42 - 9:44
    "E se falharmos?"
  • 9:45 - 9:47
    E ela responde:
  • 9:47 - 9:48
    GT: "Falhamos.
  • 9:48 - 9:49
    (Risos)
  • 9:49 - 9:55
    Mas junte toda sua coragem
    e não falharemos."
  • 9:55 - 9:57
    DP: Bem, era o que precisávamos.
  • 9:57 - 10:00
    Daí, juntamos toda
    nossa coragem e lá fomos nós.
  • 10:00 - 10:01
    GT: Bem, aquilo foi Macbeth,
  • 10:02 - 10:05
    mas podemos aplicar isso
    a qualquer situação imaginável:
  • 10:05 - 10:10
    "Junte toda sua coragem
    e não falharemos".
  • 10:10 - 10:13
    Shakespeare é universal.
  • 10:14 - 10:20
    Ben Johnson, famoso escritor inglês,
    amigo de Shakespeare,
  • 10:21 - 10:23
    disse quando este morreu:
  • 10:23 - 10:28
    "Shakespeare não foi de uma era,
    mas de todos os tempos",
  • 10:29 - 10:33
    e gostamos de pensar que Shakespeare
    não foi só para poucos,
  • 10:33 - 10:36
    mas para todo mundo.
  • 10:36 - 10:42
    Porque todos já fomos jovens,
    já nos apaixonamos, certo?
  • 10:42 - 10:44
    Certo?
  • 10:44 - 10:47
    (Espanhol) Sim, sim, sim!
    (Inglês) Todos já nos apaixonamos.
  • 10:47 - 10:51
    Todos já desejamos o que era de outrem.
    Todos já questionamos a vida.
  • 10:52 - 10:53
    Todos já quisemos matar alguém.
  • 10:53 - 10:54
    DP: O quê?
  • 10:54 - 10:57
    (Risos)
  • 10:58 - 11:02
    GT: (Espanhol) Sim, sim, sim!
    (Inglês) Todos já quisemos matar alguém.
  • 11:02 - 11:05
    DP: Na verdade, eu nunca
    quis matar ninguém.
  • 11:05 - 11:06
    GT: Faça-me o favor!
  • 11:06 - 11:09
    Então, durante nossas aventuras,
    você não quis me matar nem uma vez?
  • 11:09 - 11:14
    DP: Ah, ah... você... sim, sim. Uma vez.
  • 11:14 - 11:16
    GT: Muhammad Ali disse:
  • 11:16 - 11:19
    (Fingindo lutar boxe: Grr, grr, grr.)
  • 11:20 - 11:23
    "Sou o Shakespeare do boxe".
  • 11:23 - 11:28
    E JFK disse: "Não pergunte
    o que seu país pode fazer por você".
  • 11:28 - 11:30
    E Nelson Mandela,
  • 11:30 - 11:34
    quando esteve preso por 27 anos
    na Ilha Robben, na África do Sul,
  • 11:34 - 11:38
    mantinha como seu lema
    uma das falas de Júlio César.
  • 11:39 - 11:40
    Sabem qual?
  • 11:41 - 11:46
    "Os covardes morrem muitas vezes
    antes da própria morte.
  • 11:46 - 11:50
    Os valentes só morrem uma vez".
  • 11:51 - 11:53
    É verdade.
  • 11:53 - 11:55
    (Aplausos)
  • 11:59 - 12:01
    GT: (Espanhol) Ah... olá!
  • 12:01 - 12:02
    (Aplausos)
  • 12:02 - 12:03
    DP: (Espanhol) Olá!
  • 12:04 - 12:08
    GT: Charlie Chaplin sonhava fazer Hamlet.
  • 12:08 - 12:10
    Podem imaginar
    que filme maravilhoso seria?
  • 12:10 - 12:13
    Vejam, o negócio é que Shakespeare sabia
  • 12:13 - 12:17
    que um artista é capaz de ilustrar
  • 12:17 - 12:20
    exatamente o que você está
    sentindo ou pensando.
  • 12:21 - 12:22
    Cervantes fez isso.
  • 12:23 - 12:24
    Bob Dylan fez isso.
  • 12:25 - 12:26
    Michael Jackson fez isso.
  • 12:26 - 12:29
    E Shakespeare fez isso
    melhor do que ninguém.
  • 12:29 - 12:31
    Então, todo mundo
    ia assistir às suas peças.
  • 12:31 - 12:34
    O rei e a rainha iam assistir,
  • 12:34 - 12:38
    os ladrões, os mendigos
    e as prostitutas iam ver suas peças,
  • 12:38 - 12:41
    e todos os demais iam ver,
  • 12:41 - 12:43
    e ainda continuam a assistir.
  • 12:44 - 12:49
    Em Nova York ou no Reino Unido,
    ou no Japão, em Paris, em Madri,
  • 12:49 - 12:51
    todo mundo vai ver Shakespeare.
  • 12:52 - 12:54
    De fato, esta manhã estávamos pensando:
  • 12:54 - 12:55
    "O que Shakespeare pensaria
  • 12:55 - 12:59
    se pudesse nos ver todos aqui,
    agora, nesta tarde,
  • 12:59 - 13:01
    falando sobre suas peças, sua vida,
  • 13:01 - 13:04
    sobre suas palavras,
    seus personagens, seu trabalho?"
  • 13:05 - 13:09
    Achamos que ia dar um nó
    naquela carequinha dele.
  • 13:09 - 13:11
    (Risos)
  • 13:11 - 13:12
    DP: Careca?
  • 13:12 - 13:13
    (Risos)
  • 13:13 - 13:16
    GT: Sim. Careca, careca.
    Shakespeare era careca.
  • 13:16 - 13:18
    DP: Não era careca.
    GT: Era. Não tinha cabelo nenhum.
  • 13:18 - 13:21
    DP: Não, ele tinha aqui. Era...
  • 13:21 - 13:23
    GT: Não, não, não,
    essa era a parte calva, essa era...
  • 13:23 - 13:25
    Vamos continuar, vamos em frente.
  • 13:25 - 13:26
    Vamos lá.
  • 13:26 - 13:31
    DP: Então, entramos no carro,
    pegamos nossa câmera
  • 13:31 - 13:33
    e saímos pelo mundo.
  • 13:33 - 13:37
    Em cinco anos, viajamos por nove países.
  • 13:37 - 13:41
    Visitamos prisões, escolas...
  • 13:41 - 13:42
    GT: Universidades, faculdades.
  • 13:42 - 13:44
    DP: Conversamos com um monte de gente,
  • 13:44 - 13:49
    atores, de Jude Law
    a Ewan McGregor e Sir Ian McKellen,
  • 13:49 - 13:52
    a jovens estudantes e pessoas na rua,
  • 13:52 - 13:55
    frentistas de posto de gasolina.
  • 13:55 - 13:56
    Conversamos com todo mundo.
  • 13:56 - 13:59
    E, pra mim, o fascinante
    nessa jornada de cinco anos
  • 13:59 - 14:04
    foi simplesmente uma informação-chave
  • 14:04 - 14:05
    que é...
  • 14:05 - 14:09
    bem, não podemos contar agora,
    pois ainda não finalizamos o filme,
  • 14:09 - 14:14
    mas podemos compartilhar quatro pontos
  • 14:14 - 14:16
    que nortearam o resto do filme.
  • 14:16 - 14:18
    GT: O jovem que conhecemos na prisão...
  • 14:18 - 14:21
    Há uma companhia de teatro
    que leva Shakespeare a prisões.
  • 14:21 - 14:25
    Daí, fomos com esse grupo
    e conhecemos um jovem
  • 14:25 - 14:29
    que falou um texto de Shakespeare
    tão lindamente para nós,
  • 14:30 - 14:31
    e achamos incrível,
  • 14:31 - 14:35
    mas na prisão todos ficaram impressionados
    porque, até aquele momento,
  • 14:35 - 14:39
    aquele jovem não tinha dito
    uma única palavra em cinco anos.
  • 14:41 - 14:44
    DP: Também conversamos com Ewan McGregor,
  • 14:44 - 14:48
    que tinha acabado de atuar
    em "Otelo", no papel de Iago,
  • 14:48 - 14:52
    e ele foi muito sincero
    em nos contar como achou difícil,
  • 14:52 - 14:54
    difícil demais,
  • 14:54 - 14:57
    a ponto de ter de fazer hipnoterapia
  • 14:57 - 14:58
    para lidar com seu medo.
  • 14:58 - 15:01
    Ele estava sofrendo de Shakespismo.
  • 15:01 - 15:03
    GT: Conhecemos uma mulher na Dinamarca,
  • 15:04 - 15:06
    e havia uma produção de Hamlet lá.
  • 15:07 - 15:09
    Ela foi ver essa produção,
  • 15:09 - 15:13
    e achou muito tocante
    e profundo, em "Hamlet",
  • 15:13 - 15:17
    que Shakespeare tenha conseguido,
    apesar de ser inglês,
  • 15:17 - 15:23
    sinterizar perfeitamente o espírito
    e o modo de pensar dinamarquês.
  • 15:24 - 15:25
    DP: Conversamos com Mark Rylance,
  • 15:25 - 15:29
    que foi o primeiro diretor artístico
    do Globe Theatre em Londres.
  • 15:29 - 15:31
    E Mark falou sobre seu medo,
  • 15:31 - 15:35
    sobre essa aura de medo
    que cerca Shakespeare,
  • 15:35 - 15:38
    e conversamos sobre a questão
  • 15:38 - 15:41
    de que, se não for possível ensinar bem,
  • 15:41 - 15:45
    de uma maneira que não assuste as pessoas,
    então é melhor nem ensinar.
  • 15:45 - 15:49
    Dali, tivemos uma ideia maravilhosa,
  • 15:49 - 15:51
    e sentimos que os ideais universais
  • 15:51 - 15:53
    sobre os quais tínhamos
    conversado com as pessoas
  • 15:53 - 15:55
    pertenciam a outro lugar.
  • 15:55 - 15:58
    Pode passar o vídeo pra nós por favor?
  • 16:01 - 16:04
    (Durante o vídeo, os palestrantes
    falam trecho de "Henry V", ato 2, prólogo)
  • 16:06 - 16:09
    (Música dramática)
  • 16:15 - 16:18
    DP: "A juventude inglesa está em chamas,
  • 16:18 - 16:21
    Nos cabides, as roupas de festa.
  • 16:22 - 16:24
    Só os armeiros prosperam,
  • 16:24 - 16:27
    E a honra reina sozinha em todo peito.
  • 16:27 - 16:30
    Vendem-se pastos para comprar cavalos
  • 16:30 - 16:32
    Seguindo o modelo dos monarcas Cristãos,
  • 16:32 - 16:35
    Como alados Mercúrios ingleses.
  • 16:35 - 16:38
    Pois paira no ar a expectativa".
  • 16:39 - 16:44
    GT: "Ó Inglaterra! Tão grande por dentro,
  • 16:44 - 16:47
    Com tanto coração nesse teu corpo,
  • 16:48 - 16:51
    Que honras poderias alcançar
  • 16:52 - 16:56
    Se todos os teus filhos fossem bons."
  • 16:56 - 16:57
    (Fim do vídeo)
  • 16:58 - 17:00
    O interessante nisso tudo
  • 17:01 - 17:03
    foi que a BBC e todos os repórteres
  • 17:03 - 17:07
    perguntaram a esses jovens
    por que eles estavam fazendo aquilo:
  • 17:07 - 17:10
    "Por que vocês estão fazendo isso?",
  • 17:10 - 17:14
    e todos responderam a mesma coisa:
    "Porque nossa voz não é ouvida.
  • 17:15 - 17:18
    Tudo que queremos
    é que nossa voz seja ouvida".
  • 17:19 - 17:23
    Então, quando alguém se virar
    e disser que vocês não podem sentir algo,
  • 17:24 - 17:30
    pensar algo, ou gostar
    de determinada coisa,
  • 17:30 - 17:33
    seja Shakespeare ou o que for,
  • 17:34 - 17:37
    quem deve decidir isso são vocês.
  • 17:37 - 17:39
    A escolha é sua.
  • 17:40 - 17:41
    DP: Nas visitas às prisões,
  • 17:41 - 17:43
    fomos com um cara chamado Dr. Bruce Wall,
  • 17:43 - 17:46
    que trabalha com reabilitação
    de jovens prisioneiros,
  • 17:46 - 17:49
    prisioneiros em geral, no mundo todo,
  • 17:49 - 17:53
    e uma das coisas que ele faz
    é pedir que eles repitam:
  • 17:53 - 17:56
    "Nós temos as ferramentas"...
    qual é a frase mesmo?
  • 17:56 - 17:59
    GT: "Deem-nos as ferramentas
    e nós faremos o resto".
  • 17:59 - 18:02
    DP: "Deem-nos as ferramentas
    e nós faremos o resto".
  • 18:02 - 18:04
    E, para nós, isso tem tudo a ver.
  • 18:04 - 18:06
    Se dermos as ferramentas
    às pessoas certas,
  • 18:06 - 18:08
    teremos pessoas que entendem,
  • 18:08 - 18:11
    que se conectam com o mundo
    de um jeito muito diferente.
  • 18:11 - 18:15
    Shakespeare definitivamente
    não é pra qualquer um, sabemos disso.
  • 18:15 - 18:20
    Mas deveria ser acessível àqueles
    que querem descobri-lo e conhecê-lo.
  • 18:20 - 18:23
    Afinal, ele era apenas um homem.
  • 18:24 - 18:25
    GT: (Espanhol) Obrigado.
  • 18:25 - 18:27
    DP and GT: (Espanhol) Muito obrigado.
  • 18:27 - 18:28
    (Aplausos)
Title:
O que Shakespeare pensaria de nós? | Dan Poole & Giles Terera | TEDxMadrid
Description:

Dan Poole e Giles Terera explicam o que é "Shakespismo", um tipo de "doença" que nos impede de amar e realmente entender Shakespeare. Deveríamos procurar uma cura, pois Shakespeare é tão relevante hoje quanto sempre foi, mesmo sendo apenas um homem.

Dan Poole atuou no Globe Theatre, Royal Court, Theatre Royal Haymarket, National Theatre e Edinburgh Festival. Há sete anos, é o diretor da Timebomb Pictures e tem produzido diversos comerciais, documentários e produções teatrais. Ele também escreve comédia, trabalha com locução e atua em cinema e televisão.

Giles Terera trabalhou intensamente com teatro no Royal National Theatre, West End, Royal Shakespeare Company, Old Vic, Young Vic, West End, Shakespeare's Globe, Chichester, Crucible Sheffield, West Yorkshire Playhouse e Edinburgh Festival. Ele também trabalha com cinema, rádio e televisão. É músico e compõe música para teatro e cinema.

Os dois amigos, que se conheceram na escola de teatro, decidiram criar o projeto Muse Of Fire, como resultado de experiências que tiveram quando mais jovens e em sua formação como atores. Sua aventura de cinco anos ao redor do mundo buscou descobrir o que Shakespeare significa para nós hoje, no século 21.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:35

Portuguese, Brazilian subtitles

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