"Mulheres Selvagens"
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0:01 - 0:04Eles queriam-na fragmentada,
em papel machê, -
0:04 - 0:08praticamente destroçada,
murcha e sem amor, -
0:08 - 0:11uma ladaínha do exagero.
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0:11 - 0:12Queriam-na em baixo.
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0:13 - 0:14E no alto.
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0:14 - 0:16Rasa e larga.
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0:16 - 0:19Preenchida com todo o vazio deles.
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0:19 - 0:22Queriam que ela fosse mais como eles.
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0:23 - 0:25Não sabiam que a sua conceção
fora imaculada. -
0:25 - 0:28Que ela tinha nascido
na água de um rio com aroma a sândalo, -
0:28 - 0:31com uma língua de mel de uva safira doce,
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0:31 - 0:33ela era demais para os gananciosos.
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0:33 - 0:36Uma pequena porção dela
era mais do que eles conseguiam aguentar. -
0:36 - 0:38Oh, eles queriam-na insípida.
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0:38 - 0:39E estéril.
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0:39 - 0:42Sem alma, sem raízes africanas, inculta,
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0:42 - 0:44sob cerco nas ruas.
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0:44 - 0:49Queriam-na cabisbaixa, de rabo empinado,
mãos algemadas e tornozelos atados. -
0:49 - 0:52Queriam-na, sabendo que ela
não os podia querer de volta. -
0:52 - 0:53Oh, queriam-na sagrada,
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0:53 - 0:55batizada no seu divino,
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0:55 - 0:57queriam os seus segredos,
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0:57 - 0:59pérolas a porcos.
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0:59 - 1:02Queriam desvendar
o mistério do seu "design". -
1:02 - 1:06Fascinados pela sua glória,
hipnotizados pela sua natureza. -
1:06 - 1:07Oh, queriam-na completa.
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1:07 - 1:09Queriam-na inteira,
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1:09 - 1:11embora eles viessem fracionados,
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1:11 - 1:13com o coração a metade,
com a alma a metade, -
1:13 - 1:16sem consideração e conhecimento
sobre quem ela realmente era. -
1:16 - 1:18Oh, mas se eles soubessem...
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1:18 - 1:20Se eles a conhecessem,
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1:20 - 1:23choveriam cânticos de louvor
das nuvens dos seus olhos, -
1:23 - 1:25limpando a visão,
banhando o coração. -
1:26 - 1:28Curvar-se-iam de cada vez que a vissem.
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1:28 - 1:31Seriam a melhor versão de si mesmos
quando ela estivesse por perto. -
1:31 - 1:33Se eles a conhecessem,
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1:33 - 1:36saberiam que ela era a cola
da revolução deles, -
1:36 - 1:38o fluxo de vida do sangue
nas veias deles. -
1:38 - 1:40Se eles a conhecessem,
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1:40 - 1:42ela saberia,
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1:43 - 1:44ela sentiria
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1:45 - 1:48que o seu corpo é mais
do que um campo de batalha. -
1:48 - 1:51Mais do que uma fratura óssea
e um sectarismo sangrento. -
1:51 - 1:54Mais do que uma ponte
sobre a vossa consciência perturbada. -
1:54 - 1:58Mais do que usada, pisada,
trespassada, fuzilada. -
1:58 - 2:01Mais do que o vosso "Selma, Lord, Selma"
na ponte Edmund Pettus. -
2:01 - 2:04Mais do que os vossos assassinos
na ponte Danzinger, pós-Katrina. -
2:04 - 2:08Mais do que a desapropriação de Baltimore
para a "Estrada para lugar nenhum". -
2:08 - 2:10Se eles a conhecessem,
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2:10 - 2:12ela saberia.
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2:12 - 2:15(Canto)
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2:39 - 2:41As mulheres selvagens,
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2:41 - 2:44as mulheres selvagens
caminham com os búfalos. -
2:44 - 2:45Têm relâmpagos nas suas línguas,
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2:46 - 2:47enxota-moscas como armas.
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2:47 - 2:50As mulheres selvages
caminham com machetes. -
2:50 - 2:53Com sabedoria, com graça,
com facilidade. -
2:53 - 2:56As mulheres selvagens têm furacões
nos seus ventres, -
2:56 - 2:58libertando em dilúvio a sua lição.
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2:58 - 3:00Oh, as mulheres selvagens
voam livres. -
3:00 - 3:04Vejam só os seus costumes,
como elas rasgam e retalham. -
3:04 - 3:05Oh, quem a pode compreender,
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3:05 - 3:08o rio sinuoso Níger
que é esta mulher, -
3:08 - 3:11que não tem receio de se afastar
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3:11 - 3:15para apenas deambular
e, depois, tornar-se vento. -
3:15 - 3:18Ela, que só fala em rajadas
e em ciclones, -
3:18 - 3:22empurrando-nos para uma elevação,
uma consciência elevada, -
3:22 - 3:25ela gira e o mundo gira também.
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3:25 - 3:26Sintam-na girar,
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3:26 - 3:28tocando em várias vidas.
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3:28 - 3:32Ouçam-na falar,
um alarme em faísca. -
3:32 - 3:35Vejam-na dançar, convocando os mortos,
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3:35 - 3:37ressuscitando uma nova vida.
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3:37 - 3:40O paraíso ouve-a a bater à porta,
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3:40 - 3:43transportando, em segurança,
aqueles que pedem a sua ajuda. -
3:43 - 3:47As mulheres selvagens
abrem portais para novos mundos, -
3:47 - 3:50um novo discurso, novos sonhos.
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3:51 - 3:53Oh, meus muito amados,
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3:53 - 3:57tão afastados
dos caminhos do guardião, -
3:57 - 3:58tenham cuidado.
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3:58 - 4:03As mulheres selvagens não são
para serem domadas. -
4:03 - 4:06Apenas admiradas.
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4:06 - 4:12Apenas deixem-na entrar e vejam
como ela incendeia os vossos dias. -
4:13 - 4:15(Aplausos)
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4:15 - 4:17Obrigada.
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4:17 - 4:22(Aplausos)
- Title:
- "Mulheres Selvagens"
- Speaker:
- Sunni Patterson
- Description:
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Com relâmpagos na língua, Sunni Patterson declama o seu poderoso poema "Mulheres Selvagens", acompanhada pelos movimentos fascinantes da dançarina Chanice Holmes.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 04:36
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