Jacob Satterwhite: Quando temos cancro, julgamos que vamos morrer. Com a tecnologia moderna, podemos ressuscitar. Quando eu era miúdo, tive um cancro. No hospital, representei na "Fantasia Final". Eram as minhas escapadelas durante esse profundo período traumático. Acho que era o meu léxico natural enquanto criador. Talvez eu tenha sido sempre cético quanto à minha mortalidade. Tenho estado a fazer coisas para poder ver esses objetos e provar que ainda aqui estou. [A incredulidade de Jacolby Satterwhite] Áudio: Momentos de silêncio. Inicialmente, fui para os Pioneer Works como residente de tecnologia, para imprimir em 3D os desenhos da minha mãe de objetos de consumo. Os trabalhos da minha mãe são como uma subcapa ou uma base. São basicamente o fundamento por onde começo todas as ideias e como encaro essas ideias no presente. Áudio: Peço desculpa ♪ Peço desculpa por aquilo que te fiz passar... JS: Ela fez 150 canções a cappella que imitavam os êxitos tradicionais dos Top 40. A escrita da música era importante. Fazia-a no hospital psiquiátrico. Fazia-a em casa. ♪ A minha vida era uma loucura eu não a compreendia. JS: Com o Nick Weiss da Teengirl Fantasy. passámos dois anos a transformar estas a capella num registo de dança. Simultaneamente, eu também fazia visuais, porque eu queria fazer um álbum de realidade virtual. Sou um milenar viciado em Instagram e iPhone. Debruço-me sobre ele, uso-o como material, e tento torná-lo palpável e comovente uma coisa parecida com a pele. É uma coisa livre e espontânea. De certo modo, é como encontrar belas composições nas palavras. A exposição em Pioneer Works corporiza a minha obra por diversos meios incluindo a escultura, o vídeo, a representação, e a animação a 3D. Eu estava a explorar como fazer um mundo de escultura num espaço digital. Há quatro espaços que exploram diversos temas que eu revelei ao longo dos anos: O desporto. A parafernália do sonho americano. O dinheiro. E as farmacêuticas. Basicamente, é uma reação abstrata a essa cultura. Faz com que me sinta como uma personagem de um videojogo. Tu podias jogar comigo, pôr-me a passear. como se eu fosse uma terceira pessoa, a Lara Croft. Oh, meu Deus! isto é uma seca. Se fazemos tudo sozinhos, não sabemos qual o potencial da nossa arte. O potencial de as grandes ideias serem delegadas para uma equipa que manifesta uma coisa muito maior do que a mão individual. Vir aqui imensas vezes e falar com os construtores, arranjar as peças do puzzle que estavam no chão, às vezes, perdia a paciência. Envolvia muita introspeção e autodescoberta e muita disciplina. Trabalhar com as pessoas aqui fez-me melhorar um pouco. Nunca me senti tão entusiasmado com todas estas novas possibilidades. - Estás a falar dos originais? JS: Estou. - Oh, é a cor certa. Nos últimos dez anos da minha carreira, tenho criado sem limites usando paletas de todo o tipo. Desenhei Doubting Thomas usando-me a mim mesmo como modelo de todas as personagens desde que andei no secundário que narra a história da ressurreição de Jesus e o ceticismo quanto à sua mortalidade. A suprema metáfora na peça é usar o ritual para vos prender. Como tocar numa coisa qualquer que vos torne céticos para vos convencer que é real. Para mim, fazer arte, é apenas uma forma de me concentrar para ver que eu sou real. ♪ Diz-me como é possível. ♪ Eu não sei. ♪ Como é que eu cheguei aqui? ♪ Diz-me como é possível. ♪ Eu não sei ♪ Como é que eu acabei desta forma? JS: Ter um trabalho público que circula em galerias e museus é vulnerável porque estamos a tornar-nos em arquivos públicos, em formas que, provavelmente, não serão lisonjeiras no futuro. É uma representação masoquista, no mínimo. Criar com êxito é a arte de estar disposto a ficar embaraçado. Levei isso a peito. Meu Deus, eu andei embaraçado durante dez anos! A morte da minha mãe há três anos teve um enorme impacto em mim. Trouxe-me ainda mais ritual. e fez com que me focasse em temas de regeneração, cura e ressurreição. A arte tornou-se uma forma de escape para eu redirecionar os meus traumas pessoais. Agora, penso que estou a tentar procurar qualquer coisa mais presente, mais consciente. Tentar procurar onde será agora a minha casa. Tentar chegar ao âmago de quem sou. ♪ Iremos para outro lugar qualquer dia. Tradução de Margarida Ferreira.