O doloroso problema dos membros protéticos

O que levou David Sengeh a criar um membro protético mais confortável? Ele cresceu em Serra Leoa, e muitas das pessoas que ele ama perderam membros depois da guerra civil brutal que houve lá. Quando notou que as pessoas que tinham próteses não as estavam usando, ele se empenhou em descobrir o motivo para resolver o problema com sua equipe do MIT Media Lab.

Eu nasci e cresci em Serra Leoa,

um país pequeno e muito bonito

na África Ocidental,

um país rico em recursos físicos

e talento criativo.

Entretano,
Serra Leoa tem má fama

devido a uma década
de guerra nos anos 90,

quando vilas inteiras
foram incendiadas.

Estima-se que 8.000
homens, mulheres e crianças

tiveram seus braços e pernas
amputados nessa época.

Enquanto minha família e eu
fugíamos, por segurança,

de um desses ataques,
quando eu tinha 12 anos,

eu resolvi que eu
faria tudo o que pudesse

para garantir que meus filhos

não passassem
pelo mesmo que passamos.

Eles seriam, de fato,
parte da Serra Leoa

onde guerra e mutilações

não seriam mais uma
estratégia para ganhar poder.

Observando pessoas
que eu conhecia, pessoas amadas,

recuperando-se dessa devastação,

uma coisa que me
incomodava profundamente

era que muitos dos mutilados no país

não estavam usando suas próteses.

A razão, eu descobriria,

era que os encaixes protéticos

machucavam, porque eles
não encaixavam direito.

O encaixe protético é a parte

em que os mutilados encaixam
seu membro residual,

o qual se conecta
ao tornozelo protético.

Mesmo no mundo desenvolvido,

demora de três semanas
a, muitas vezes, anos

para um paciente conseguir
um encaixe confortável, se conseguir.

Protéticos ainda usam
processos convencionais

como moldagem e fundição

para criar encaixes protéticos
de um único material.

Tais encaixes muitas vezes
geram uma pressão

intolerável nos membros do paciente,

deixando-os com
dores e bolhas, devido à pressão

Não importa

qual a potência
de seu tornozelo protético.

Se o encaixe protético
for desconfortável,

você não usará sua perna,

e isso é simplesmente
inaceitável hoje em dia.

Então, quando conheci
o professor Hugh Herr,

cerca de dois anos e meio atrás,

e ele me perguntou se eu sabia
resolver esse problema,

eu disse: "Não, ainda não,

mas eu adoraria saber."

E assim, para o meu Ph.D.
no MIT Media Lab,

eu projetei encaixes
protéticos personalizados,

de maneira rápida e barata,

que são mais confortáveis

do que próteses convencionais.

Eu usei imagens
de ressonância magnética

para captar a forma real
da anatomia do paciente,

e usei modelagem
de elementos finitos para melhor prever

as pressões e tensões internas

nas forças normais,

e assim criar um encaixe
protético para fabricação.

Nós usamos
uma impressora 3D para criar

um encaixe protético
com vários materiais,

que alivia a pressão
onde necessário

na anatomia do paciente.

Resumidamente,
estamos usando dados

para criar novos encaixes
de maneira rápida e barata.

Num experimento
recente que fizemos

no Media Lab,

um de nossos pacientes,
um veterano de guerra

que foi amputado há 20 anos

e já tinha usado dezenas de pernas,

falou a respeito de uma
de nossas peças impressas:

"É tão suave, é como caminhar
sobre travesseiros,

e é muito 'sexy'."

(Risos)

Deficiência hoje em dia

não deveria impedir que ninguém

vivesse uma vida significativa.

Minha esperança e meu desejo
são que as ferramentas e processos

que desenvolvemos
em nosso grupo de pesquisa

possam ser usados para levar
próteses altamente funcionais

para os que precisam.

Para mim, um lugar
para começar a curar as almas

daqueles afetados
pela guerra e pelas doenças

é criando interfaces
confortáveis e acessíveis

para seus corpos.

Seja em Serra Leoa ou em Boston,

Espero que isso não só restabeleça,

mas de fato transforme
o senso de potencial humano deles.

Muito obrigado.

(Aplausos)