Criar um sistema que reflete a comunidade é, em si, um processo de fortalecimento dessa comunidade. Quando conflitos dolorosos ou violentos ocorrem, criamos mais segurança para em nossas comunidades ao nos aproximarmos um dos outros, ao invés de nos afastarmos. Martin Luther King disse, "Se você quer paz, trabalhe por justiça". Precisamos muito de um sistema de justiça que seja verdadeiramente justo. Idealmente não estamos buscando substituir um sistema de justiça por outro, e sim iniciar diálogos e questionamentos a respeito da justiça, usando como base os sistemas que já temos. No Instituto Gandhi, não queremos dar somente uma retrospectiva histórica ao que pessoas como Gandhi ou King fizeram. Estamos querendo difundir estas ideias e princípios no mundo. E para nós, as práticas restaurativas são uma oportunidade para realmente incorporar a não-violência de forma sistêmica, de um modo que a nossa comunidade precisa desesperadamente. Começamos em comunidades em meados dos anos 90 no Rio de Janeiro, onde eu moro. E estas eram as comunidades que estavam excluídas da maior parte dos serviços estatais. Elas eram dirigidas pelo tráfico. Começamos a partir de conversas com a comunidade sobre o que vinha funcionando, e sobre o que não vinha funcionando, na forma como eles respondiam ao conflito. Lentamente, através da experimentação, começamos a perceber as dinâmicas. Procurávamos manter as coisas que funcionavam bem e abandonar as coisas que não funcionavam. E é assim que o trabalho se desenvolveu. Não é suficiente apenas dizer que estamos num nível de igualdade. Há mais passos necessários. Um círculo restaurativo é um encontro entre as pessoas que estão enfrentando conflitos dolorosos ou violentos. Eles se reúnem para fazer três coisas. Primeiro para restabelecer a capacidade de ouvir umas às outras. A segunda coisa é descobrir as boas razões pelas quais as coisas horríveis aconteceram. Quais eram os valores subjacentes que as pessoas estavam tentando cuidar quando elas disseram aquelas palavras dolorosas, quando fizeram aquelas coisas dolorosas. E em terceiro lugar, para decidir o que elas querem fazer em seguida. O que eu quero fazer é introduzir práticas restaurativas dentro de um contexto mais amplo de sistemas restaurativos. Iniciativas de comunidades que estão se auto-regenerando. De organizações, incluindo a Universidade, que estão começando a pensar de forma crítica e criativa sobre como criar as condições para uma vida comunitária resiliente. E, em Rochester, já podemos ver que tipo de contexto acontecendo em várias áreas diferentes. Há um projeto acontecendo aqui em Rochester neste momento: ajudando as pessoas recém-saídas da prisão a fazer a transição de volta com para suas famílias e suas comunidades. Assim, a minha esperança particular é ajudar a avançar a compreensão entre as pessoas que trabalham com jovens da comunidade em geral e como eles podem usar este trabalho. Mas gostaria de continuar a pensar sobre como podemos realmente empregar essas ferramentas e formas significativas na comunidade universitária. Portanto, um dos princípios-chave é o diálogo. É simplesmente sobre se importar e de escutar mais profundamente; ouvir não apenas às palavras, mas ao significado. Quando começamos a nos conectar nesse nível de significado, de repente descobrimos que, na verdade, temos os mesmos valores fundamentais. Uma produção da Universidade de Rochester. Por favor, visite-nos on-line e inscreva-se em nosso canal para mais vídeos.