1 00:00:00,501 --> 00:00:08,762 New York Close Up 2 00:00:08,762 --> 00:00:16,125 "Rashid Johnson faz coisas para para colocarmos coisas" 3 00:00:16,125 --> 00:00:22,473 Rashid Johnson - Artista 4 00:00:22,473 --> 00:00:32,306 Quando eu estava fazendo as peças que... que se assemelham com prateleiras, eu tinha acabado de me deparar com esse livro do Lawrence Wiener, "Something to Put Something On" 5 00:00:32,306 --> 00:00:37,611 E um personagem diz para o outro: "Eu tenho uma coisa para você". 6 00:00:37,611 --> 00:00:38,621 E ele responde: "O que é?" 7 00:00:38,621 --> 00:00:40,735 Então ele diz: "Está sobre a mesa." 8 00:00:40,735 --> 00:00:44,210 O outro pergunta: "O que é uma mesa?" 9 00:00:44,210 --> 00:00:49,173 E ele diz: "Uma mesa é uma coisa para colocarmos coisas." 10 00:00:49,173 --> 00:01:00,998 E eu estava muito interessado nessa ideia de uma coisa para colocarmos coisas sobre. Uma espécie de semiótica de como algo existe, por que ele existe e de que forma nós o chamamos. 11 00:01:00,998 --> 00:01:06,211 Então, eu meio que comecei a fazer coisas para colocarmos coisas. 12 00:01:06,211 --> 00:01:14,235 Depois, a segunda pergunta para mim foi: "Bem, o que eu ponho sobre 'a coisa para colocarmos coisas'?" 13 00:01:14,235 --> 00:01:20,159 Hm, e então eu acho que aí você começa a ver as coisas que realmente estão ao meu redor. 14 00:01:20,159 --> 00:01:27,224 Se eram os livros que eu estava lendo, os discos que eu estava ouvindo, as coisas que eu estava aplicando no meu corpo. 15 00:01:27,224 --> 00:01:34,286 E todos esses materiais começaram a formar um gel para... para construir o que eu pensei, sabe, minha discussão. 16 00:01:39,389 --> 00:01:43,278 Penso que sempre houve essa coisa no meu trabalho, que eu sempre me interessei pelas coisas domésticas. 17 00:01:43,278 --> 00:01:50,343 E em torno de um tipo de sequestro de coisas que nos são familiares e que você conhece essencialmente a sua função. 18 00:01:55,066 --> 00:02:00,138 Eu cresci envolvido por essa discussão afrocêntrica. 19 00:02:00,138 --> 00:02:05,329 Nós celebrávamos o Kwanza e minha mãe usava dashikis e seu cabelo era estilo afro. 20 00:02:05,329 --> 00:02:22,494 Mas o que eu acho mais interessante é que um dia eles simplesmente pararam de vestir dashikis e não usavam mais cabelo afro e nós não celebrávamos mais o Kwanza. 21 00:02:22,494 --> 00:02:32,983 Sabe essa... essa mudança do afrocentrismo e desse interesse em pôr em prática a africanidade. 22 00:02:32,983 --> 00:02:41,106 A conquista de nossa africanidade, para seus pais se tornarem como essas mães de classe média, mães de jogadores de futebol e que tiveram você. 23 00:02:41,106 --> 00:02:50,605 Como essa mudança e essa dicotomia... eu acho que é por isso que o humor se tornou tão interessante para mim em torno dessa discussão. 24 00:02:50,605 --> 00:02:53,065 E em torno desse tipo de material com significado. 25 00:02:58,327 --> 00:03:06,189 Muitos dos trabalhos que eu cresci observando feitos por... por artistas negros, muitos retrataram um problema. 26 00:03:06,189 --> 00:03:13,578 Eu queria fazer algo que não falasse necessariamente de um problema. 27 00:03:13,578 --> 00:03:19,592 Então, desenvolvi um grupo que chamei de "Clube Escapista Social e Atlético Novo Negro". 28 00:03:19,592 --> 00:03:25,491 Acho que algumas fotos foram inspiradas em fotografias de James Van Der Zee e Harlem Renaissance. 29 00:03:25,491 --> 00:03:36,536 E então isso se tornou um tipo de recanto para essa sociedade secreta e eu comecei a imaginar esses encontros e esse debate que poderia acontecer. 30 00:03:36,536 --> 00:03:40,247 Com esses personagens nesse ambiente ficcional. 31 00:03:40,247 --> 00:03:48,286 Acho que muito foi investido nisso, como na história do escapismo. 32 00:03:48,286 --> 00:03:59,843 Sempre digo que os negros americanos tentaram ir do sul para o norte, aí podemos citar Marcus Garvey e ele diz que vamos voltar para a África. 33 00:03:59,843 --> 00:04:05,102 Depois, temos Sun Ra e ele diz: "Não se preocupem com isso, nós estamos indo para Saturno." 34 00:04:05,102 --> 00:04:13,730 E aí, sabe, eu sempre falo sobre um livro do Paul Beatty chamado "O garoto branco aleatório" no qual o protagonista sugere que todas as pessoas negras deveriam se matar. 35 00:04:13,730 --> 00:04:21,428 Então é um tipo de evolução dessa prática escapista, eu acho... para mim isso é muito engraçado... 36 00:04:31,042 --> 00:04:33,702 Aaron McGruder escreve uma história em quadrinhos chamada "Boondocks". 37 00:04:33,702 --> 00:04:40,592 Ele tem uma citação na qual ele diz: "Por que todas as pessoas negras pensam que foram perseguidas por cães e dispersadas por mangueiras?" 38 00:04:40,592 --> 00:04:48,260 E eu acho que onde ele está tentando chegar é que isso é importante para você, de muitas maneiras, viver sua própria história... 39 00:04:48,260 --> 00:05:00,401 E se você está constantemente sobrecarregado por uma grande história, que pode ter afetado sua existência, mas que não é a sua história específica... 40 00:05:00,401 --> 00:05:02,199 Então, você está fazendo um desserviço a si mesmo. 41 00:05:06,522 --> 00:05:09,361 Não é inteiramente sobre a parte difícil da história. 42 00:05:09,361 --> 00:05:20,215 É sobre o que você é capaz de fazer como autor de sua história e como você pode criar o futuro em vez de viver meramente no passado.