Homem Sustentável
O mundo que vemos à nossa volta é baseado numa história.
Cada cultura tem respostas diferentes para estas perguntas básicas:
Quem és?, O que é ser humano?, O que é importante?, O que é valioso?, De onde vimos?, Para onde vamos?, Como funciona o Mundo?...
cada cultura responde a isto de forma diferente.
E a ciência fornece algumas respostas,
diz basicamente que tu és um indivíduo isolado, entre outros indivíduos, num Universo que também está separado de ti.
E cada área concordou com esta caracterização do que é existir.
Psicologia - és uma "bolha de psicologia", uma mente envolta em carne.
Religião - és uma alma envolta em carne.
Física - és uma massa sujeita a forças impessoais, que são determinísticas.
Biologia - tu és basicamente um robô de carne programado pelos teus genes para maximizar os teus interesses reprodutivos.
Economia - és um actor racional procurando maximizar os teus interesses financeiros.
Todos concordaram sobre o que era existir.
As novas ciências contradizem isso.
A mecânica quântica parece violar a separação entre o "Eu" e o "outro".
Se estamos separados do Universo, então claro que queremos controlar essas forças externas, indiferentes ou hostis.
E o destino da Humanidade seria tornar-se senhora e mestre da Natureza,
transcender a Natureza.
E já não está a funcionar muito bem. Numa economia que se traduz em crescimento...
o crescimento infinito do reinado humano.
E estamos a perceber que isso tem um limite,
estamos a perceber que não há um Universo externo,
mas que tudo o que fazemos a este Mundo, estamos a fazê-lo de alguma forma a nós próprios.
Essa é uma ferida que sentimos constantemente, da qual sofremos.
Essa dor de existir... na nossa cultura, que é tão omnipresente que nem sequer nos damos conta, excepto quando estamos aborrecidos.
Aquela sensação de "Porque é que dói apenas existir?"
Quando somos novos sabemos que o Mundo é suposto ser muito mais bonito do que aquilo que nos é oferecido como "normal".
Nós percebemos isso, mas essa expectativa é traída uma e outra vez, e para a protegermos desenvolvemos o cinismo.
Enquanto os nossos ecossistemas caem por terra... os nossos sistemas políticos, educacionais, de saúde caem por terra...
As coisas já não funcionam tão bem e é mais difícil acreditar convictamente nas nossas histórias.
Estamos a caminhar em direcção a uma história diferente,
uma história diferente do "Eu", uma história diferente do Mundo, uma história diferente das pessoas.
Um "Eu" interligado, um "Eu" que vem de dentro...
Quer dizer que estas pequenas acções podem significar algo mais do que conseguimos entender.
Que a lógica do coração, que diz: "sim, eu sei que este é um acto importante, e sei que tudo o que faço é importante" já não contradiz a lógica da mente.
Que tem sido a lógica da separação.
E que efeito poderias tu, um ser tão pequeno, provocar com a pequena força que tens disponível,
quando os poderes exteriores têm muito mais força à sua disposição.
Cada acto que advém da compreensão da interligação do "Eu" interior, é um acto espiritual e também político.
Agindo a partir de uma história diferente, rompemos a sub-estrutura psíquica da nossa mitologia...
e oferecemos uma alternativa.
Isto é algo eminentemente prático,
e cada vez que oferecemos a alguém uma experiência que não encaixa na velha história, a história perde força.
A velha história é desfeita.
Pode ser um acto de generosidade,
pode ser um acto de perdão,
qualquer coisa que altere o nosso entendimento de que estamos separados e é cada um por si.
Servindo um propósito maior que nós próprios.
E ofereceria isso como a fórmula para mergulhar no fluxo de sincronicidade.
Tu não sabes como chegar de A a B, mas isso maior que tu sabe.
E "organiza" estas sincronicidades, estar no lugar certo à hora certa, estar no fluxo...
acho que todos os homens já sentiram isso
e normalmente quando o sentes, é quando o teu mundo está a desabar e estás num estado de incerteza.
E de repente tudo começa a fluir, tudo começa a funcionar.
E podemos entrar nesse estado quando nos libertamos do paradigma de controlo, e nos oferecemos ao serviço desta coisa maior que nós próprios,
e o que é esta coisa?
O que é que unifica todas estas diferentes coisas com as quais estamos comprometidos?
Vamos chamar-lhe o "Mundo mais bonito que o nosso coração sabe possível".
À medida que vais vivendo,
ou melhor, agora mesmo, sente essa parte de ti que sabe que estás aqui para servir.
E pergunta-te a ti mesmo se estás pronto para te dedicares mais profundamente a esse serviço.
Se o fizeres, prevejo que te será dada uma oportunidade inesperada para agir sobre essa intenção.
E será no limiar da tua coragem...
mas não mais além.