HENRI CARTIER-BRESSON - Decisive Moment, The
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0:02 - 0:07O momento decisivo
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0:08 - 0:12Fotografias e palavras de Henri Cartier-Bresson
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0:15 - 0:18Comecei a fotografar quando era muito jovem,
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0:18 - 0:20não me lembro em que idade.
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0:20 - 0:23Eu comecei pintando e desenhando.
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0:23 - 0:28E para mim, a fotografia era um meio de desenhar. E isso é tudo.
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0:29 - 0:32Esboço imediato, feito com intuição.
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0:32 - 0:35E você não pode corrigi-lo.
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0:35 - 0:38Se você tem que corrigir, é na próxima imagem.
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0:38 - 0:42Mas a vida é muito fluida, enquanto às vezes as imagens desaparecem
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0:42 - 0:44e não há nada que você possa fazer,
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0:44 - 0:46você não pode dizer para a pessoa para sorrir de novo,
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0:46 - 0:49por favor, faça aquele gesto de novo.
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0:49 - 0:52A vida é de uma vez e para sempre.
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0:55 - 0:57Eu não estou interessado em documentar.
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0:57 - 0:59Documentar é extremamente tedioso
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0:59 - 1:03e no jornalismo eu sou péssimo repórter e fotojornalista.
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1:03 - 1:09Capa me disse, quando fiz uma exposição no MoMA em 1946:
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1:09 - 1:12"Tenha muito cuidado..."
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1:12 - 1:15"Você não deve ser etiquetado como fotógrafo surrealista..."
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1:15 - 1:17Todo meu aprendizado foi no surrealismo.
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1:17 - 1:20Eu ainda me sinto muito próximo dos surrealistas.
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1:20 - 1:24Mas ele disse "se você for etiquetado como surrealista"
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1:24 - 1:27"você não irá adiante, não terá trabalho"
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1:27 - 1:31"e será como uma planta de estufa."
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1:32 - 1:34"Só esqueça, faça o que gostar..."
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1:34 - 1:37"Mas a etiqueta deve ser fotojornalista."
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1:37 - 1:40E Capa estava extremamente sólido.
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1:40 - 1:42Então eu nunca mencionei o surrealismo,
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1:42 - 1:44isso é meu assunto privado.
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1:44 - 1:46O que quero, o que procuro,
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1:46 - 1:47isso é problema meu.
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1:47 - 1:49E eu não sou um repórter,
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1:49 - 1:52é acidentalmente, é lateralmente.
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1:52 - 1:54Se eu vou a um lugar
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1:55 - 2:00tento tirar uma foto que concretiza uma situação,
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2:00 - 2:02que num só olhar tem tudo
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2:02 - 2:05e que tem fortes relações de formas,
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2:05 - 2:07o que para mim é essencial.
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2:07 - 2:09Para mim é um prazer visual.
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2:09 - 2:12Há um ritmo no modo como a cabeça cai aqui,
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2:12 - 2:16isso vai de volta, há uma rima entre diferentes elementos,
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2:16 - 2:19há um quadrado aqui, um retângulo, outro retângulo...
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2:19 - 2:23São todos esses problemas que me preocupam.
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2:23 - 2:25A maior alegria para mim é a geometria,
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2:25 - 2:28o que significa estrutura.
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2:28 - 2:31Você pode sair procurando por formas, padrões e tudo isso,
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2:31 - 2:35mas é um prazer sensível e um prazer intelectual ao mesmo tempo
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2:35 - 2:37ter tudo no lugar certo.
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2:37 - 2:41É um reconhecimento de uma ordem, que está na sua frente.
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2:41 - 2:46Como nessa imagem, o retrato da avó e a garotinha,
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2:46 - 2:51são todas essas relações de curvas, de design, de linhas...
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2:51 - 2:54A diferença entre uma boa imagem e uma imagem medíocre
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2:54 - 2:56é uma questão de milímetros.
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2:56 - 3:00Uma diferença muito pequena, mas essencial.
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3:00 - 3:05E se eu tiro uma foto dali, é outro arranjo...
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3:05 - 3:07E são movimentos muito pequenos que estou fazendo,
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3:07 - 3:09não estou pulando para cima e para baixo.
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3:09 - 3:15É uma relação entre seu nariz, seus olhos, a janela atrás
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3:15 - 3:18e é meu prazer estabelecer essas relações.
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3:18 - 3:23E às vezes não há imagem, certo? Não há imagem.
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3:23 - 3:27Fotojornalismo, fotojornalismo... vale notar que
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3:27 - 3:29enquanto alguns jornalistas são maravilhosos escritores,
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3:29 - 3:31outros estão apenas colocando fatos
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3:31 - 3:32uns depois dos outros...
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3:32 - 3:34E fatos não são interessantes.
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3:34 - 3:36Fatos não são interessantes.
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3:36 - 3:38É o ponto de vista sobre os fatos que importa
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3:38 - 3:41e na fotografia é a evocação, se você evoca,
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3:41 - 3:44em francês se diz "évoquer".
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3:46 - 3:48Algumas fotografias são como uma história de Chekhov
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3:48 - 3:50ou de Maupassant:
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3:50 - 3:53é algo rápido e há todo um mundo ali.
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3:54 - 3:56As fotografias com que me importo
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3:56 - 3:59são fotografias que se pode olhar por mais de 2 minutos.
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3:59 - 4:02E isso é extremamente longo.
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4:03 - 4:04Uma fotografia para a qual você pode olhar
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4:04 - 4:06mais e mais vezes, de novo...
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4:06 - 4:09não muitas, não muitas...
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4:13 - 4:16RETRATOS
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4:16 - 4:20O mais difícil para mim é o retrato.
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4:20 - 4:22É muito difícil, é um sinal de interrogação
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4:22 - 4:23que você coloca em alguém, tentando dizer
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4:23 - 4:28quem é, ao que equivale, qual é o significado daquele rosto.
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4:28 - 4:30A diferença entre um retrato e um instantâneo
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4:30 - 4:33é que no retrato a pessoa concorda em ser fotografada.
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4:33 - 4:36Não é nada parecido com alguém que você vê,
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4:36 - 4:38que você capta na rua...
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4:41 - 4:46Eu gosto de fotografar as pessoas em seu ambiente,
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4:46 - 4:50o animal em seu habitat.
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4:51 - 4:54É fascinante entrar assim na casa das pessoas,
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4:54 - 4:58olhar para elas, mas você precisa ser como um gato,
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4:58 - 5:02não perturbar, andando nas pontas dos pés,
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5:02 - 5:05sempre nas pontas dos pés.
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5:06 - 5:09Mas certamente é como um biólogo e seu microscópio.
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5:09 - 5:10Quando você estuda alguma coisa,
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5:10 - 5:12isso não reage do mesmo jeito que
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5:12 - 5:13quando não é estudada.
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5:13 - 5:16E você tem que tentar colocar sua câmera
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5:16 - 5:19entre a pele de uma pessoa e sua camiseta...
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5:19 - 5:21Não é uma coisa muito fácil.
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5:21 - 5:23As atitudes das pessoas são tão diferentes
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5:23 - 5:25na frente de uma câmera:
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5:25 - 5:26alguns sem graça, alguns envergonhados,
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5:26 - 5:27alguns odeiam ser fotografados
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5:27 - 5:30e outros ficam se exibindo...
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5:30 - 5:34Você sente as pessoas muito rapidamente,
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5:34 - 5:36você vê as pessoas nuas pelo visor,
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5:36 - 5:38você as vê totalmente nuas
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5:38 - 5:41e às vezes é muito embaraçoso.
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5:41 - 5:43Eu me lembro que tive que fotografar para a Vogue
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5:43 - 5:46uma senhora muito velha de Boston,
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5:46 - 5:48uma maravilhosa senhora.
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5:48 - 5:51Ela sorriu para mim, mas um tipo de sorriso
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5:51 - 5:53que você não pode sorrir de volta para ela.
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5:53 - 5:57Ela queria verificar a imagem antes da publicação
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5:57 - 5:59e eu disse "sinto muito, nunca fiz isso,
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5:59 - 6:02é uma questão de confiança"
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6:02 - 6:04e ela concordou. Ela disse: "Oh, minhas rugas."
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6:04 - 6:07E eu disse é o que você tem de interessante, as rugas,
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6:07 - 6:09afinal de contas, depende de como caem,
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6:09 - 6:13o que é verdade, é a vida, é uma marca da vida.
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6:13 - 6:15Depende de como as pessoas têm vivido
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6:15 - 6:17e tudo isso se escreve em seus rostos.
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6:17 - 6:18Depois de uma certa idade,
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6:18 - 6:21você tem o rosto que merece, eu acho.
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6:25 - 6:28Comumente, quando eu faço um retrato,
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6:28 - 6:30sinto vontade de fazer algumas perguntas
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6:30 - 6:33só para ver uma reação de uma pessoa
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6:33 - 6:36falando tão pouco quanto possível,
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6:36 - 6:38mas ainda assim você precisa estabelecer um contato
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6:38 - 6:40de algum tipo.
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6:40 - 6:43Enquanto que com Erza Pound, fiquei diante dele
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6:43 - 6:48durante talvez uma hora e meia em absoluto silêncio.
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6:48 - 6:51Nós nos olhávamos nos olhos
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6:51 - 6:56e eu tirei talvez, no total, uma boa fotografia
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6:56 - 6:58por todo o possível
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6:58 - 7:01e duas que não eram interessantes.
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7:01 - 7:04Aproximadamente 6 imagens em uma hora e meia
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7:04 - 7:07e absolutamente nenhum constrangimento.
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7:07 - 7:08Às vezes as pessoas perguntam:
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7:08 - 7:11"Quantas fotos você tira? Muitas por dia?"
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7:11 - 7:16Bem, não há regra. Às vezes, como nessa foto na Grécia,
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7:16 - 7:21eu vi o quadro como um todo e esperei alguém passar.
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7:21 - 7:25Tirei duas fotos, uma era um padre ortodoxo,
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7:25 - 7:29com uma cartola, e a garotinha.
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7:29 - 7:33Ela estava exatamente numa relação com as outras formas,
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7:33 - 7:36enquanto ele era algo desajeitado, era outra concepção
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7:36 - 7:39e às vezes não existe uma segunda escolha,
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7:39 - 7:41porque as pessoas desaparecem.
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7:41 - 7:44É por isso que essa profissão desenvolve essa enorme ansiedade.
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7:44 - 7:47Pois você está sempre esperando o que vai acontecer,
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7:47 - 7:49O quê? O quê? O quê? O quê?
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7:49 - 7:53É: O quê? Sim. Ãh? Hum? Assim... É o tempo todo.
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7:53 - 7:56Você fotografa, então sim, sim, talvez, sim...
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7:56 - 7:59Mas você não deve ultrapassar o limite e fotografar demais.
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7:59 - 8:01É como exagerar na comida ou na bebida.
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8:01 - 8:04Você precisa comer e beber, mas demais é excessivo.
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8:04 - 8:07Porque entre a hora que você aperta o botão
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8:07 - 8:09e aciona o obturador mais uma vez
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8:09 - 8:11talvez a imagem estivesse entre as duas ações,
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8:11 - 8:15é uma fração de segundo, é um instinto...
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8:16 - 8:20Em fotografia você precisa ser rápido, rápido, rápido.
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8:20 - 8:22Como um animal e uma presa, assim...
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8:22 - 8:25você captura, tira a foto e as pessoas não percebem
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8:25 - 8:28o que você fotografou.
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8:29 - 8:32É uma questão de quando e tudo no seu corpo se...
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8:34 - 8:36É lindo! Para mim a fotografia é um prazer físico,
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8:36 - 8:38não é preciso muito raciocínio...
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8:38 - 8:40Não é preciso nenhum raciocínio,
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8:40 - 8:43é preciso sensibilidade, um dedo e duas pernas.
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8:43 - 8:46É lindo quando você sente que seu corpo está trabalhando,
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8:47 - 8:49como se estivesse cheio de ar
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8:49 - 8:51e em contato com a natureza e assim por diante...
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8:51 - 8:53É lindo!
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8:57 - 8:58Percebe?
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9:01 - 9:03Eu sou extremamente impulsivo, terrivelmente...
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9:03 - 9:07É realmente um pé no saco para meus amigos e família.
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9:07 - 9:09Eu sou um monte de nervos, mas eu tiro vantagem disso
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9:09 - 9:13na fotografia. Eu nunca penso, eu ajo rapidamente...
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9:17 - 9:19Você tem que se esquecer de si mesmo,
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9:19 - 9:22você tem que ser você mesmo e se esquecer de si mesmo,
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9:22 - 9:24de modo que a imagem surja muito mais forte,
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9:24 - 9:26o que você quer e o que você vê,
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9:26 - 9:28se você se envolve completamente no que está fazendo,
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9:28 - 9:30e não pensando.
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9:31 - 9:32Ideias são muito perigosas.
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9:32 - 9:34Você deve pensar o tempo todo, mas
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9:34 - 9:35quando você está fotografando
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9:35 - 9:36você não está tentando promover um argumento,
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9:36 - 9:39explicar ou provar alguma coisa.
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9:39 - 9:41Você não prova nada.
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9:41 - 9:43Isso vem por si mesmo.
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9:45 - 9:47A primeira impressão é essencial,
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9:47 - 9:51o primeiro vislumbre, o choque, a surpresa...
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9:51 - 9:53Ela pula em você!
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9:53 - 9:55Você a nutre com sua própria vida,
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9:55 - 9:58seu gosto, a bagagem intelectual que carrega.
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9:58 - 10:01Suas experiências, seu amor, seu ódio,
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10:01 - 10:03é completo e rico...
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10:05 - 10:08E a poesia é a essência de tudo.
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10:08 - 10:12Há dois elementos que estão de repente em conflito
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10:12 - 10:16e há uma faísca entre dois elementos.
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10:17 - 10:20Mas isso se dá muito raramente, você não pode procurá-la.
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10:20 - 10:23É como se você estivesse procurando inspiração.
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10:23 - 10:27A coisa toda vem e é enriquecendo a si mesmo e vivendo...
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10:27 - 10:30Digamos que eu espere por grandes imagens.
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10:30 - 10:33Bem, é raro conseguir grandes imagens.
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10:33 - 10:35Você precisa ordenhar um bocado a vaca
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10:35 - 10:39e obter muito leite para fazer um pouco de queijo.
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10:43 - 10:47Eu não sei o que significa ser dramaticamente novo.
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10:47 - 10:50Não existem novas ideias no mundo.
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10:50 - 10:53Há apenas um novo arranjo das coisas.
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10:53 - 10:56Tudo é novo, cada minuto é novo.
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10:56 - 10:59O que significa reexaminar.
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10:59 - 11:01A vida muda a cada minuto,
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11:01 - 11:03o mundo está sendo criado a cada minuto
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11:03 - 11:07e o mundo está caindo aos pedaços a cada minuto.
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11:07 - 11:10A morte está presente em toda parte.
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11:10 - 11:12Assim que nascemos.
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11:12 - 11:18E é uma coisa muito bonita, como dizer?, le tragique de la vie,
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11:18 - 11:22o que é trágico na vida.
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11:22 - 11:27Pois há sempre dois polos e um não pode existir sem o outro.
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11:27 - 11:31É por essas tensões que eu sou sempre movido.
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11:34 - 11:36Dessa imagem eu gosto de uma forma...
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11:36 - 11:40Eu estava dirigindo na Grécia, nas montanhas ao norte,
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11:40 - 11:43havia uma criança na estrada, cuidando de cabras.
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11:43 - 11:46Eu não sei, acenei ou algo assim e de repente
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11:46 - 11:49ele começou a andar sobre suas mãos.
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11:49 - 11:52Havia tanta exultação, tanta alegria,
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11:52 - 11:56naquele país estéril, naquela estrada empoeirada.
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12:00 - 12:03Eu gosto muito dos ingleses
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12:03 - 12:07e a Inglaterra é o país mais exótico para um francês.
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12:07 - 12:10É uma enorme diferença ir à Inglaterra
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12:10 - 12:12e ver os ingleses, mesmo agora.
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12:16 - 12:19Como posso dizer educadamente?
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12:20 - 12:22Quando estou na Inglaterra,
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12:22 - 12:25eu sinto como se estivesse sentado
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12:25 - 12:27numa poltrona muito confortável,
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12:27 - 12:30olhando para o palco e todos esses atores...
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12:30 - 12:37posso aplaudi-los mas eles têm várias regras, maravilha,
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12:37 - 12:43mas eu não devo participar, pular no palco e representar com eles.
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12:43 - 12:50Vê? É assim: você olha a peça, não se deve aplaudir muito alto,
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12:50 - 12:54e eu aprecio tremendamente.
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12:58 - 13:02Eu penso que tudo é interessante.
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13:02 - 13:03Se você está arranhado...
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13:03 - 13:05Mas ao mesmo tempo
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13:05 - 13:07você não pode só fotografar tudo o que vê,
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13:07 - 13:11há alguns lugares em que o pulso bate mais e outros...
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13:12 - 13:16Depois da guerra, não sei, mas tinha a sensação de que
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13:16 - 13:19ir a países coloniais era importante.
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13:19 - 13:22Que mudanças vão acontecer lá?
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13:22 - 13:25É por isso que passei 3 anos no Extremo Oriente.
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13:27 - 13:31Eu estava na Índia logo na morte de Gandhi,
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13:31 - 13:35depois da partição entre Índia e Paquistão...
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13:35 - 13:38É estar presente quando há uma mudança de situação,
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13:38 - 13:42quando há muita tensão.
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13:42 - 13:48Eu estava morando na Índia por cerca de um ano, até mais,
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13:50 - 13:56e o problema da demografia, imensidão de espaço, de pessoas,
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13:57 - 14:01me preocupava muito.
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14:02 - 14:06Eu gosto de viver num lugar, não gosto de ir por um período curto.
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14:06 - 14:08Rodin disse algo...
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14:08 - 14:13"O que é feito com tempo, o tempo respeitará." Ou algo parecido.
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14:16 - 14:21Eu passei na China os últimos seis meses do regime Kuo-Ming-Tang.
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14:21 - 14:24Eu assisti seu despedaçamento.
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14:25 - 14:29E eu estava lá quando os comunistas chegaram.
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14:29 - 14:33Eu fiquei lá por outros 6 meses.
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14:33 - 14:35Os chineses sempre estiveram entre
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14:35 - 14:40um regime caótico e um regime austero e puritano.
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14:41 - 14:45Por séculos tem sido de um ao outro.
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14:46 - 14:48Eu tive muita sorte de estar logo naquela mudança.
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14:51 - 14:56Uma tradição e o que resta de uma tradição...
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14:59 - 15:03E ao mesmo tempo uma atitude revolucionária
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15:03 - 15:06e uma nova concepção do homem.
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15:10 - 15:16Interessar as pessoas em lugares distantes,
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15:17 - 15:20chocá-las ou agradá-las, não é difícil.
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15:20 - 15:24Mas o mais difícil é no seu próprio país.
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15:25 - 15:27Você sabe demais...
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15:27 - 15:30Quando é no seu próprio bairro, é tanta rotina,
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15:30 - 15:34é bem difícil de sair... quando estou indo ao açougueiro...
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15:36 - 15:38De lugares em que estou o tempo todo,
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15:38 - 15:40eu conheço demais e não o suficiente...
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15:40 - 15:43E ser lúcido a respeito é o mais difícil.
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15:44 - 15:48Mas sua mente deve estar aberta. Aberta, consciente.
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15:48 - 15:52Consciente, assim, como se tivesse um radar, um holofote...
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15:55 - 16:01E é por isso que qualquer um fez 10 boas fotografias na vida.
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16:01 - 16:07O que é interessante é a consistência. Seguir adiante e adiante.
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16:08 - 16:12É sempre reexaminar as coisas, tentar ser mais lúcido e livre
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16:12 - 16:14e ir mais e mais fundo.
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16:14 - 16:19Eu não sei. Porque a câmera é uma arma.
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16:19 - 16:22Você não pode provar nada mas ao mesmo tempo
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16:22 - 16:27ela é uma arma. Não é um meio de propaganda, a fotografia.
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16:27 - 16:31De forma alguma. É um modo de gritar o modo como você se sente.
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16:32 - 16:38Eu amo a vida, eu amo seres humanos, eu também odeio pessoas.
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16:40 - 16:43Percebe? A câmera pode ser uma metralhadora.
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16:44 - 16:48Pode ser um divã psicanalítico.
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16:52 - 16:55Pode ser um beijo caloroso.
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17:00 - 17:05Pode ser um caderno de anotações, a câmera...
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17:07 - 17:11E até, para mim (é estritamente como me sinto),
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17:11 - 17:14eu gosto de tirar uma foto, estar presente,
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17:14 - 17:18é uma forma de dizer sim, sim, sim.
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17:19 - 17:24É como as três últimas palavras do "Ulisses" de Joyce,
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17:24 - 17:30que é uma das tremendas obras que já foram escritas,
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17:30 - 17:32é "sim sim sim".
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17:32 - 17:36E a fotografia é desse jeito, é "sim sim sim".
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17:36 - 17:40Não há nenhum "talvez". Todos os "talvez" devem ir pro lixo.
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17:40 - 17:43Porque é o instante, é a presença, é o momento, está lá.
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17:43 - 17:46E é o respeito disso e um gozo...
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17:46 - 17:50É um gozo tremendo de dizer "sim!".
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17:50 - 17:52Mesmo se for algo que odeia, "sim!".
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17:52 - 17:55É uma afirmação. Sim!
- Title:
- HENRI CARTIER-BRESSON - Decisive Moment, The
- Description:
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Cartier-Bresson achieved international recognition for his coverage of Gandhi's funeral in India in 1948 and the last (1949) stage of the Chinese Civil War. He covered the last six months of the Kuomintang administration and the first six months of the Maoist People's Republic. He also photographed the last surviving Imperial eunuchs in Beijing, as the city was falling to the communists. From China, he went on to Dutch East Indies (now Indonesia), where he documented the gaining of independence from the Dutch.
Photograph of Alberto Giacometti by Henri Cartier-BressonIn 1952, Cartier-Bresson published his book Images à la sauvette, whose English edition was titled The Decisive Moment. It included a portfolio of 126 of his photos from the East and the West. The book's cover was drawn by Henri Matisse. For his 4,500-word philosophical preface, Cartier-Bresson took his keynote text from the 17th century Cardinal de Retz: "Il n'y a rien dans ce monde qui n'ait un moment decisif" ("There is nothing in this world that does not have a decisive moment"). Cartier-Bresson applied this to his photographic style. He said: "Photographier: c'est dans un même instant et en une fraction de seconde reconnaître un fait et l'organisation rigoureuse de formes perçues visuellement qui expriment et signifient ce fait" ("Photography is simultaneously and instantaneously the recognition of a fact and the rigorous organization of visually perceived forms that express and signify that fact").[citation needed]
Both titles came from publishers. Tériade, the Greek-born French publisher whom Cartier-Bresson idolized,[peacock term] gave the book its French title, Images à la Sauvette, which can loosely be translated as "images on the run" or "stolen images." Dick Simon of Simon & Schuster came up with the English title The Decisive Moment. Margot Shore, Magnum's Paris bureau chief, did the English translation of Cartier-Bresson's French preface.
"Photography is not like painting," Cartier-Bresson told the Washington Post in 1957. "There is a creative fraction of a second when you are taking a picture. Your eye must see a composition or an expression that life itself offers you, and you must know with intuition when to click the camera. That is the moment the photographer is creative," he said. "Oop! The Moment! Once you miss it, it is gone forever."[7]
Cartier-Bresson held his first exhibition in France at the Pavillon de Marsan in the Louvre in 1955.
- Video Language:
- English
Marcelo R. S. Ribeiro edited Portuguese, Brazilian subtitles for HENRI CARTIER-BRESSON - Decisive Moment, The | ||
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